“Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.” (Hebreus 1:4)
A humanidade de Jesus é facilmente percebida no livro de Hebreus. Basta uma leitura com um pouco de atenção para perceber que Jesus era meramente humano. A estrutura central de Hebreus é uma comparação entre o sacerdócio levita e o sacerdócio de Cristo. Quem escreveu Hebreus tinha por objetivo mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao levita. Não há, neste livro, intenção de fazer afirmações que confirmem Jesus como Deus. Nesta parte do estudo, vamos compreender o capítulo 1 de Hebreus, e ver que as suas afirmações são no sentido de mostrar que Jesus foi apenas um pouco superior aos anjos.
O capítulo 1 de Hebreus tem sido um ponto de apoio para os trinitarianos e os demais que, de certa forma, procuram encontrar provas da divindade de Jesus. Geralmente, este texto é abordado de fora para dentro, isto é, a partir de uma ideia pré-concebida. As pessoas não fazem o caminho contrário, isto é, permitir que o texto fale primeiro. O livro de Hebreus é, por excelência, o que mais apresenta a humanidade de Jesus. Hebreus diz que a razão de ser do novo sacerdócio, o perfeito, reside no fato de que Jesus é um homem sem pecado. É o fato de Jesus vencer todas as lutas contra a carne que possibilitou sua glorificação sobremaneira. Não há qualquer indício em Hebreus que sua vitória contra o pecado tenha sido porque Ele seria Deus. Pelo contrário, Deus não pode ser tentado, logo, se Jesus fosse Deus, não poderia ter sido provado e se tornado vencedor. Não poderia ser o sumo sacerdote que derramou seu próprio sangue para abrir um novo e vivo caminho. O capítulo 1 de Hebreus introduz o assunto elogiando Jesus como um pouco superior aos anjos, não O qualificando como Deus.
Comecemos por:
Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas; (Hebreus 1:1-3)
Os versos 1 e 2 mostram o que Deus fez e por quem fez. A ação de Deus é “falar” e o canal foram os profetas, depois o Filho. Nos últimos dias, Deus trouxe uma mensagem consistente através de Jesus. Deus também constituiu Jesus herdeiro de tudo, até porque o mundo foi criado para Ele. Isto está de acordo com Salmos 2, que diz “pede-me e te darei as nações por possessão”. O verso 3 apresenta uma descrição de Jesus. Primeiro, sobre seus atributos pessoais, depois, elementos históricos. Pessoalmente, Ele é a glória (peso, força, fama de Deus), a personalidade de Deus e tem poder para sustentar todas as coisas por sua palavra. Historicamente, por sua própria iniciativa purificou nossos pecados e, depois, assentou-se à direita de Deus.
Não há absolutamente nada nestes versos e em todo capítulo 1 que pode ser usado como prova de uma suposta divindade de Jesus. O que faz as pessoas pensarem isso é o fato de que quatro fragmentos do texto são isolados do seu contexto, são eles: 1 – “…por quem fez também o mundo…”, 2 – “…sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder…”, 3 – “…Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos…”, 4 – “…E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos…”.
Extraindo estes quatro fragmentos de texto e aplicando indiscriminadamente a Jesus, nossa mente será levada a pensar que Ele é de fato um criador que esteve no princípio com Deus. Acontece que extrair um texto do seu contexto é um artifício completamente errado. Cada uma dessas frases acima deve ser entendida em relação ao conjunto de outras afirmações que os cercam e principalmente debaixo do assunto que está presente no escrito.
1 – “…por quem fez também o mundo…”,
A maioria dos intérpretes, baseados nesta passagem, diz que Jesus foi o instrumento pelo qual Deus fez o mundo natural. Nada mais errado. O texto não está falando da criação deste mundo. E, muito menos, falando que foi através de Jesus que os céus e terra foram criados. O sentido do texto não é “através”, como instrumento, mas “para quem”, como motivo. O mundo não é o literal, mas o mundo como sistema de coisas (cultura), os impérios, nações, tribos etc. Deus fez para Jesus, não fez com Jesus. É fácil entender isso ao prestarmos atenção na frase anterior que diz ser Deus quem constituiu Jesus “herdeiro de tudo”. Como poderia ser isso? Quem criou o mundo ser constituído herdeiro do mundo que ele mesmo criou? Não há lógica nisso. A verdade é que foi apenas Deus que criou o céu e terra: “Assim diz o Senhor, teu redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo;” (Isaías 44:24). Céus e terra pertencem somente a Deus: “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”, (Salmos 24:1). Agora, o mundo como sistema de coisas foi criado para Jesus, como está escrito: “Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão”, (Salmos 2:7-8). Jesus como filho herdeiro não poderia ser o criador. Deus foi quem criou sozinho e deu a Jesus. O mundo foi criado por Jesus, não no sentido de “através de quem”, mas no sentido de “para quem”.
Um exemplo para elucidar definitivamente o assunto extraído da explicação do site Mundo Educação. “Ela declarou todo seu amor por mim. (Por, preposição que pode significar através de, para ou durante)”. [1] O fato de uma pessoa declarar seu amor por uma pessoa, não significa que ela falou com a boca e a língua da outra pessoa. Da mesma forma, o fato de Deus ter criado o mundo por Jesus, não significa que a pessoa de Jesus estava presente no ato da criação. Além do mais, o mundo criado, que se trata em Hebreus 1, não era o mundo natural, mas o mundo cultural. Deus criou as nações para dar como herança a Jesus. Em suma, nada há nessa afirmação “por quem fez o mundo” que comprove Jesus como Deus.
2 – “…sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder…”,
“Todas as coisas” significa o universo inteiro? Não! O universo tem as suas leis físicas estabelecidas pelo próprio Deus que o mantém firme. Jesus não sustenta o universo, sustenta o inabalável reino de Deus, conforme escrito em Hebreus 9:28. Dois termos precisam ser levados em conta: palavra e poder. A palavra aqui mencionada é a palavra de poder, isto é, palavra que procede de um poder. A palavra de um rei nunca vota atrás. Tudo o que um rei fala, deve sustentar. Exemplos bíblicos, são os casos de Ester e Daniel. Como visto, Deus deu a Jesus poder sobre as nações do mundo, isto implica que Ele tem poder de falar ao mundo. Ele veio para falar do reino de Deus. Jesus é Rei dos reis e Senhor dos senhores, suas palavras, suas leis, seus ensinos vieram de Deus. Assim, as coisas que Ele sustenta pela “palavra do seu poder” são coisas do reino de Deus sobre o mundo. O texto não faz referência ao universo material criado por Deus, mas ao mundo espiritual.
3 – “…Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos… [ ] … por isso Deus, o teu Deus…”
Os versos 8 e 9 dizem claramente que Jesus é Deus. Porém, ao examinamos mais de perto veremos que não é o Deus, mas alguém importante que no aspecto qualitativo pode ser assim chamado. Esta afirmação provém de uma poesia dedicada ao rei virtuoso. Diz o verso 1 dos Salmos 45: “O meu coração ferve com palavras boas, falo do que tenho feito no tocante ao Rei. A minha língua é a pena de um destro escritor.” Nesta poesia é perfeitamente compreensível que um elogio ao rei possa ser a qualificação de Deus. Mas, não passa disso. Os versos 6 e 7 apenas afirmam que o rei é como um deus, não o Deus. Todo o vocabulário do salmo aponta para um rei terreno. As palavras trono, cetro, destra, reino, rei, equidade, justiça, inimigos, espada, majestade, palácio, rainha e príncipe não deixam dúvida que se trata de uma menção honrosa a um rei humano. Este salmo trata de um rei valoroso que Deus “…ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros”, (Salmos 45:7), isto é, um rei acima dos outros reis, um Rei de reis. Os versos 8 e 9 de Hebreus é um extrato deste salmo, usado de forma comparativa, com intuito de elogiar Jesus. Nada há neste texto de Hebreus que possamos usar como prova de que Jesus é Deus. Só prova que Ele é um rei acima dos outros reis.
4 – “…E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obras de tuas mãos…”.
Sem dúvida, este texto fala do Deus criador. Foi Deus que fez o mundo literal, não foi Jesus. Deus criou tudo sozinho, não houve participação de outra pessoa: “Assim diz o Senhor, teu redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo;” (Isaías 44:24). O erro está em associar os versos 10 a 12 a Jesus, dando a entender que Ele criou os céus e terra. Isto é errado. O autor mencionou a criação como obra de Deus para demonstrar a antiguidade de Deus e valorizar o convite que Ele fez a Jesus: “e a qual dos anjos disse jamais: assenta-te à minha destra”. Isto é, por mais antiga que seja a criação, Deus nunca se dirigiu a um anjo para enobrecê-lo. Não é sobre Jesus que o autor está falando nesses versos, mas sobre o Deus criador.
O primeiro fragmento fala que o mundo foi criado para Jesus; o segundo que Jesus foi concebido para sustentar tudo neste mundo com o poder de sua palavra; terceiro, que Ele é um rei acima dos outros; quarto, é tão honrado que em toda eternidade de Deus, Ele foi o único a quem Deus ofereceu Sua destra.
O contexto imediato destas quatro passagens não permite entendermos algo diferente. Deus criou o mundo para dar a Jesus; Jesus sustenta todas as coisas que falou de acordo com seu poder; Ele é um Rei como Deus no reino de Deus e foi Deus quem O convidou para assentar à Sua destra. O texto de Hebreus quer evidenciar que Jesus é o grande sumo sacerdote à destra de Deus, como está escrito em Salmos 110: “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés […] Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Salmos 110:1 e 4)
A arquitetura do texto
Para provar isso, a técnica do autor foi citar alguns textos das Escrituras, as quais sustentam sua afirmação. Estas citações estão articuladas por sete frases conectivas, quais: “Porque, a qual dos anjos disse jamais:”, “E outra vez:”, (v.5); “E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz:”, (v.6); “E, quanto aos anjos, diz:”, (v. 7); “Mas, do Filho, diz”, (v.8); “E também diz:”, (v.10); “E a qual dos anjos disse jamais:” (v.13). [Nosso grifo] Todas estas frases, com exceção da do verso 10, articulam textos das Escrituras que sentenciam a posição de Jesus em relação aos anjos. Basta ler com atenção cada trecho de texto entre estas frases conectivas para compreender o assunto.
Por estas sete citações das Escrituras, o autor mostra que Jesus é maior que os anjos. Até o verso 6, ele fala da grandeza de Jesus. Verso 7, fala do pouco significado dos anjos, eles são apenas espíritos ministradores para servir a favor dos salvos (v. 14). Verso 8 e 9, fala da glória soberana de Jesus. Versos 10 a 12, descreve que mesmo considerando a eternidade Deus, nenhum anjo foi convidado para assentar à direita dEle.
Em suma, o assunto do capítulo 1 de Hebreus é a posição de excelência de Jesus em relação aos anjos. Hebreus mostra que Jesus é maior que os anjos, não que é Deus. O simples fato dEle ser maior do que os anjos não é prerrogativa para afirmarmos que Jesus é Deus. Nada há, neste capítulo da Bíblia que transforme Jesus em Deus. Ele é dependente de Deus, por isso não pode ser Deus. Precisou que Deus o exaltasse. Está escrito em Filipenses 2:9: “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente…” Depois de uma leitura atenciosa por toda a carta aos Hebreus, confirma-se que o autor está mostrando a posição superior do sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio de Aarão. A intenção é mostrar que Jesus está numa posição supra se comparado ao homem natural.
Cabe uma pergunta importante: Qual a vantagem de provar que Jesus é maior que os anjos, se anjos são apenas servos dos homens? Ou, qual a vantagem de provar que Jesus é maior que os anjos, se Ele é Deus? Nenhuma!
Veja mais sobre o assunto em clicando aqui:
[1] https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/acordo-ortografico/acentos-diferenciais-pode-por.htm. Acessado em: 03 Nov. 2018.
Aqui é a Sofia Martins, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor, parabéns nota 10.
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EU CREIO PIAMENTE QUE DEUS E ESPIRITO E O FILHO DE DEUS O CRISTO E ESPIRITO,E DEUS GEROU A PRIMEIRA CRIATURA O CRISTO,E DEPOIS .DEPOIS CRIOU OS ANJOS,POIS ELE E O UNICO FILHO DE DEUS,OS SALVOSD SÃO FILHOS POR ADOÇÃO, ESQUESA AMATERIA ESTOU FALANDO DA ALMA(ESPIRITO)
E onde ficou a imagem de sua pessoa com referência a João 1 o próprio DEUS.
E genesis 1:3
Sabem o que entendi que vocês se distorcem em suas postagens .