Teologia Sistemática – Alva G. Huffer

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Teologia Sistemática
De Alva G. Huffer | The Restitution Herald | Oregon, Illinois, EUA | Copyright, 1960 | By Alva G. Huffer | Número do catálogo da Biblioteca do Congresso: 60-23460

Dedicado com sincera afeição cristã ao último presidente da Faculdade Bíblica Oregon, Otto E. Dick, Oregon, Illinois.


Prefácio #

O trabalho deste livro começou há uma década. O esboço original foi preparado em mimeógrafo, em formato de plano de estudos, e utilizado como livro-texto na Faculdade Bíblica de Oregon, Illinois, durante os anos de 1953-1954, tendo o Sr. Clarence E. Lapp como instrutor do curso. Desde então, o autor revisou e ampliou o conteúdo para sua publicação no formato atual. Escrito originalmente para estudantes de escolas teológicas, este livro é igualmente destinado a qualquer pessoa que deseje estudar a Palavra de Deus de maneira sistemática.

Embora um estudo aprofundado de Teologia Sistemática deva abranger todas as doutrinas da Bíblia, este livro não é necessariamente completo ou exaustivo. A limitação de espaço impediu a inclusão de alguns temas teológicos e a discussão mais detalhada de outros. O autor não pretende ter extraído todo o ouro e as gemas preciosas das verdades bíblicas. Antes, visa revelar os depósitos onde essas riquezas podem ser encontradas, estabelecer conexões entre elas, e oferecer ferramentas para inspirar os estudantes da Bíblia a explorarem, por conta própria, as profundezas da Palavra de Deus.

Gostaríamos de expressar nossa gratidão às seguintes editoras e indivíduos que gentilmente concederam permissão para a citação de seus materiais:

  • Abingdon-Cokesbury Press, New York e Nashville;
  • Revista The Alliance Witness (anteriormente The Alliance Weekly), New York;
  • Baker Book House, Grand Rapids, Michigan;
  • Bible House of Los Angeles, Los Angeles, Califórnia;
  • Revista Christian Life, Chicago, Illinois;
  • Christian Publications, Inc., Harrisburg, Pensilvânia;
  • Concordia Publishing House, Saint Louis, Missouri;
  • Revista Look, direitos reservados © 1953 por Cowles Magazines, Inc., New York;
  • Dallas Theological Seminary, Texas;
  • Wm. B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, Michigan;
  • Harper & Brothers, New York, publicadores de The Bible: A New Translation, © 1922, 1935 e 1950 por James Moffatt;
  • Sr. Norman B. Harrison, Minneapolis, Minnesota;
  • The Judson Press, Filadélfia, Pensilvânia;
  • The Macmillan Company, New York;
  • McClure Naismith Brodie and Company, Glasgow, Escócia;
  • Monica McCall, Inc., New York;
  • Moody Press, Chicago, Illinois;
  • Thomas Nelson & Sons, New York;
  • Revista Life, New York, por citações de Lincoln Barnett;
  • Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan.

O arranjo tipográfico do texto segue o padrão de Lectures in Systematic Theology, de C. Thiessen, publicado por Wm. B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, Michigan.

Nos empenhamos para conceder reconhecimento adequado a todos os autores citados. Caso algum crédito tenha sido inadvertidamente omitido, faremos o possível para corrigir eventuais erros em edições futuras.

O autor expressa sua gratidão a muitos companheiros ministros do Evangelho, especialmente a William M. Wachtel, William J. Dick, Vernis D. Wolfe e Dean M. Moore, que o encorajaram constantemente ao longo dos anos de pesquisa e escrita; a Otto E. Dick, que revisou boa parte do manuscrito e ofereceu sugestões valiosas sobre sua composição; a Harold J. Doan e Paul C. Johson, responsáveis pela publicação e impressão do livro; e a Nathan Morey, que auxiliou na compilação dos índices e na revisão tipográfica.

Este livro foi concebido com oração, para que o Pai Celestial o utilize para Sua eterna glória e como bênção para Seu povo.

Soli Deo Gloria!

Alva G. Huffer
Grand Rapids, Michigan
Outubro de 1959

Capítulo 01 – A Natureza e a Importância da Teologia Sistemática #

Teologia Sistemática é o mais significante estudo que alguém pode considerar. A pessoa mais importante do universo é Deus. O fato mais básico da realidade é que a raça humana é dependente desta pessoa para sua existência e é responsável perante Ele em tudo. O homem é normalmente religioso. Ele tem um desejo natural de adorar a Deus e aprender sobre Aquele que encontra-se no ápice de toda a vida. Não será surpresa descobrir, então, que o estudo de Deus e Sua relação com o universo constitui o mais profundo pensamento que pode ocupar a mente humana.

I. Definição de Teologia

Teologia é a ciência que trata do estudo de Deus e Sua relação com o universo. O termo “teologia” é derivado de duas palavras gregas – theos, Deus, e logos, palavra, razão ou expressão. De maneira geral, teologia refere-se a todas as doutrinas cristãs. De modo específico, teologia refere-se à primeira divisão da Teologia Sistemática, chamada a doutrina de Deus.

II. O que é a Teologia Sistemática

A Teologia Sistemática é um estudo organizado e intensivo dos fatos revelados a respeito de Deus e Seu plano de salvação para a humanidade. A Teologia Sistemática considera todas as doutrinas da Bíblia arranjadas e estudadas de uma maneira científica e ordenada.

W. Lindsay Alexander disse que a Teologia Sistemática é “um resumo da verdade religiosa arranjada cientificamente”. Lewis Sperry Chafer escreveu: “Teologia Sistemática pode ser definida como um apanhado, arranjado cientificamente, comparando, expondo e defendendo todos os fatos e toda e qualquer fonte sobre Deus e Suas obras” (Teologia Sistemática. Dallas: Dallas Seminary Press, 1947. Vol. I, p. 6).

Deus fez a mente humana de uma forma que é natural para o homem o desejo de organizar a informação adquirida. Este instinto de organização presente no homem gera a necessidade de um estudo sistemático da teologia.

Ordem e sistema são características de Deus e Suas obras. Deus sempre trabalha de forma ordenada. Alguém pode observar ordem e sistemas em tudo, por toda a natureza, desde a estrutura do átomo até o movimento das estrelas. A obra de Deus na criação, registrada no primeiro capítulo de Gênesis, revela uma criação progressiva de um plano e programa definitivo. Deus instruiu Noé a construir a arca de uma maneira ordenada e com medidas específicas. A construção do tabernáculo foi de acordo com um divino e minucioso diagrama. O plano desenvolvido por Deus para a salvação foi progressivo, ordenado e sistemático.

Desta maneira, um estudo sistemático da teologia encontra sua base e necessidade não somente no instinto de organização do homem, mas também na natureza de Deus e Sua obra. Paulo exortou: “Façam todas as coisas com ordem e decência” (I Coríntios 14:40).

O estudo da Teologia Sistemática é possível porque Deus revelou a Si mesmo através de Sua Palavra inspirada, a Bíblia. A Bíblia é a oficina do teólogo e seu baú de tesouros. Ela é o laboratório do teólogo para paciente pesquisa, uma mina da onde escava riquezas, uma janela aberta para o universo da verdade. A Bíblia é para o estudante de teologia o que a planta é para o botânico, o que os elementos são para o químico e o que as estrelas são para o astrônomo.

III. Cinco Outros Ramos da Teologia

Teologia Sistemática é um dos seis grandes ramos da Teologia Cristã. As outras cinco divisões da teologia são Teologia Natural, Teologia Exegética, Teologia Bíblica, Teologia Histórica e Teologia Prática.

Teologia Natural é o estudo dos fatos concernentes a Deus e Seu universo como são revelados na natureza.

Teologia Exegética é o estudo da Bíblia nas línguas originais – Hebraico, Aramaico e Grego.

Teologia Bíblica é o estudo dos fatos revelados sobre Deus e Suas obras como apresentadas na Bíblia, livro por livro, e escritor por escritor.

Teologia Histórica é dividida em duas partes: História da Doutrina e História da Igreja. História da Doutrina traça a história de várias doutrinas da teologia. História da Igreja traça a história da igreja e suas mudanças internas e externas. Alguém observou que a História da Doutrina é a história do pensamento da igreja, enquanto que a História da Igreja é a história da vida da igreja.

Teologia Prática é o estudo da aplicação das verdades da teologia sobre as necessidades do homem. A Teologia Prática também é dividida em duas partes: Homilética e Teologia Pastoral. Homilética trata da preparação e entrega de sermões. Teologia Pastoral trata de todas as fases do trabalho do pastor.

A Teologia Sistemática é o mais importante ramo da teologia por várias razões. Ela resume a obra das outras divisões. Ela reúne verdades reveladas pelos vários ramos da teologia e os apresenta num sistema unificado de verdades.

IV. Importância da Teologia Sistemática

1. A Verdade Bíblica Vista como um Todo. O estudo da Teologia Sistemática habilita o estudante da Bíblia a ver a Bíblia como um todo. Isto lhe concede uma visão geral da verdade das escrituras. Em seu estudo, ele deve sempre ter em mente a imagem e estrutura através das sete divisões da Teologia Sistemática.

2. Todas as doutrinas da Bíblia estão Incluídas. Um estudo exaustivo da Teologia Sistemática inclui todas as doutrinas da Bíblia. Algumas vezes podemos ficar tão fascinados com uma doutrina bíblica que esquecemos da existência de outras verdades da Bíblia. Desta maneira, doutrinas vitais são negligenciadas ou omitidas na mente de alguém. A Teologia Sistemática procura considerar todas as doutrinas bíblicas e estudá-las de uma maneira ordenada.

O fato de alguém crer em poucas doutrinas da Bíblia não é suficiente. Devemos conhecer todos os ensinamentos da Palavra de Deus. Quando alguém falha em aceitar toda as doutrinas da Bíblia, sua teologia é incompleta e inadequada. O homem que enfatiza uma verdade da Bíblia para excluir todas as demais verdades não é um teólogo, ele é um dogmático. Ele deve não somente crer e pregar a verdade, mas também crer e pregar toda a verdade.

3. Relações entre as Doutrinas Reconhecidas. A Teologia Sistemática procura descobrir todas as doutrinas da Bíblia e apresentá-las numa relação adequada. Como a história é mais do que datas, eventos e estatísticas, assim a teologia é mais do que a compilação de verdades religiosas. Assim como a história descreve as causas e relações associadas aos eventos do passado, a teologia revela a inter-relação entre as doutrinas da Bíblia. As sete divisões da Teologia Sistemática são interdependentes e inter-relacionadas.

O estudante da Teologia Sistemática vai reconhecer, por exemplo, a relação entre a santidade de Deus, o pecado do homem, o sacrifício de Cristo e a justificação pela fé. Ele vai observar o relacionamento entre a imortalidade de Deus, a natureza física do homem, a ressurreição de Cristo e a futura ressurreição dos crentes. Ele vai perceber a inter-relação entre o ministério terreno de Cristo como sacrifício, Seu ministério celestial como o Senhor que habita em nós e seu novo ministério na terra como futuro rei. Estas inter-relações entre doutrinas constituem a linha de ouro da Teologia Sistemática.

4. Alicerce do Pensamento Ordenado. A Teologia Sistemática é importante porque treina a pessoa para estudar as doutrinas da Bíblia de maneira ordenada. Isto forma um alicerce para o pensamento. Constrói um canal através do qual a riqueza da verdade bíblica pode fluir na mente e no coração. Este estudo provê um meio pelo qual a informação concernente às doutrinas da Bíblia possam ser classificadas, cientificamente arranjadas e arquivadas. As sete divisões da Teologia Sistemática proporcionam as categorias em que os fatos da Bíblia podem ser corretamente agrupados.

5. Resposta para os Sistemas Pervertidos. A Teologia Sistemática é importante porque serve como uma resposta para a teologia pervertida e os sistemas filosóficos de pensamento pervertido.

V. Ciência e Teologia Sistemática

A Teologia Sistemática é uma ciência. Seu estudo é muito mais importante do que o estudo das ciências naturais, como a astronomia, química, física, geologia, botânica, zoologia e psicologia. As ciências naturais direcionam os pensamentos do homem através do universo material; a teologia concentra sua atenção sobre o Criador do universo. A ciência busca descobrir as leis da natureza, a teologia contempla aquele que é Legislador, Juiz e Rei. Cada ciência natural direciona seus estudos a uma porção limitada daquilo que Deus criou. A Teologia, por outro lado, considera aquele que é a fonte de toda a criação. Apresenta uma visão ampla e eterna de Seu plano para o universo.

Através dos séculos, como observou Henry C. Thiessen, a teologia é conhecida como a rainha das ciências e a Teologia Sistemática tem sido reconhecida como a coroa da rainha. Quando alguém dedica sua vida ao estudo dos fatos revelados acerca de Deus, estará engajado no trabalho mais importante da terra. Sendo a mais importante de todas as áreas de pesquisa, o estudo da Teologia Sistemática deve ser o mais notável desafio de vida para o homem atual.

O estudo da Teologia Sistemática requer a mesma disciplina, paciência, precisão e dedicação ao trabalho exigidos no estudo de qualquer ciência natural. Estudantes de ciências gastam anos de estudo cansativo e paciente para encontrar fatos novos a respeito do universo material. Da mesma maneira, estudantes de teologia devem ser zelosos e dedicados ao seu trabalho.

Em acréscimo ao estudo paciente e dedicado, os estudantes de teologia precisam ter uma atitude humilde diante de Deus e de seus estudos sobre Ele. Devem reconhecer a autoridade e inspiração da Bíblia. Devem ter o desejo de aceitar a verdade quando ela é descoberta. Eles devem ter uma afeição santa para com Deus e encher suas vidas com orações fervorosas. Sugerimos que o estudante de teologia e aqueles que se interessam por um estudo contínuo da Teologia Sistemática formulem um sistema de arquivo teológico preservando notas, artigos, recortes, livretos e referências das várias doutrinas da Bíblia. Ordene seus arquivos de acordo com as sete divisões da Teologia Sistemática e a mais importante doutrina considerada em cada divisão. Talvez alguém deseje manter arquivos adicionais para guardar material de estudo da teologia como História da Igreja, História da Doutrina e o estudo da Bíblia livro por livro. Certifique-se de manter o sistema de acordo com a Teologia Sistemática.
Em acréscimo ao estudo paciente e dedicado, os estudantes de teologia precisam ter uma atitude humilde diante de Deus e de seus estudos sobre Ele. Devem reconhecer a autoridade e inspiração da Bíblia. Devem ter o desejo de aceitar a verdade quando ela é descoberta. Eles devem ter uma afeição santa para com Deus e encher suas vidas com orações fervorosas. Sugerimos que o estudante de teologia e aqueles que se interessam por um estudo contínuo da Teologia Sistemática formulem um sistema de arquivo teológico preservando notas, artigos, recortes, livretos e referências das várias doutrinas da Bíblia. Ordene seus arquivos de acordo com as sete divisões da Teologia Sistemática e a mais importante doutrina considerada em cada divisão. Talvez alguém deseje manter arquivos adicionais para guardar material de estudo da teologia como História da Igreja, História da Doutrina e o estudo da Bíblia livro por livro. Certifique-se de manter o sistema de acordo com a Teologia Sistemática.

Capítulo 02 – As Sete Divisões da Teologia Sistemática #

As sete divisões da Teologia Sistemática são Teologia, Antropologia, Hamartiologia, Cristologia, Soterologia, Eclesiologia e Escatologia.

Como as ciências naturais, as sete divisões da Teologia Sistemática são designadas por nomes derivados de palavras gregas. O estudo de Deus é chamado de Teologia, que vem da palavra grega theos, Deus; o estudo do homem é chamado de Antropologia, que vem da palavra grega anthropos, homem; o estudo do pecado é chamado de Hamartiologia, que vem da palavra grega hamartia, pecado; o estudo de Cristo é chamado de Cristologia, que vem da palavra grega Christos, o Ungido; o estudo da salvação é chamado de Soterologia, que vem da palavra grega soteria, salvação; o estudo da igreja é chamado de Eclesiologia, que vem da palavra grega ecclesia, igreja; o estudo do futuro é chamado de Escatologia, que vem da palavra grega eschatos, as últimas coisas.

A Teologia Sistemática começa com a doutrina de Deus e conclui com a doutrina do futuro. Uma divisão da Teologia Sistemática naturalmente leva à outra, e coloca a base para as divisões seguintes. Nossos pensamentos viajam numa ordem lógica de doutrina em doutrina – Deus, homem, pecado, Cristo, salvação, a igreja e o futuro.

As sete grandes divisões da Teologia Sistemática na ordem apropriada são:

  1. Teologia – a Doutrina de Deus
  2. Antrolopologia – a Doutrina do Homem
  3. Hamartiologia – a Doutrina do Pecado
  4. Cristologia – a Doutrina de Cristo
  5. Soterologia – a Doutrina da Salvação
  6. Eclesiologia – a Doutrina da Igreja
  7. Escatologia – a Doutrina do Futuro

Teólogos têm classificado as doutrinas da Teologia Sistemática de várias maneiras. John Calvino escolheu as quatro divisões do Credo Apostólico para a estrutura de sua obra Institutas da Religião Cristã. Muitos trinitários têm agrupado todas as doutrinas debaixo dos títulos Teologia, Cristologia e Pneumatologia relativamente a Deus, Jesus e o Espírito. Alguns teólogos têm escolhido o estudo de Cristo como seu ponto de partida. Outros começam com a doutrina do homem para depois concluir com a doutrina de Deus. Outros métodos de classificação das doutrinas incluem o método alegórico, no qual o homem é retratado como um errante perambulando em busca de sua habitação eterna, e o método histórico, tratando da história de redenção. À vista destes métodos, nós sentimos que as sete divisões que listamos formam o arranjo mais natural e lógico para a classificação das doutrinas da Teologia Sistemática.

O arranjo em sete partes da Teologia Sistemática é a ordem em que estas doutrinas recebem especial atenção na Bíblia. O Velho Testamento apresenta bastante material sobre a natureza de Deus, a natureza do homem e a origem do pecado. As doutrinas de Cristo, salvação, igreja e futuro são enfatizadas sucessivamente no Novo Testamento.

Podemos encontrar esta ordem de tratamento, de forma extensiva, nos primeiros capítulos de Gênesis. Gênesis 1 começa com Deus e descreve Sua obra da criação. Gênesis 2 relata a formação do homem. Gênesis 3 retrata a origem do pecado. Gênesis 4 tipifica Cristo e Sua morte na história do sacrifício de Abel. Os primeiros 4 capítulos de Gênesis, portanto, apresentam sucessivamente as quatro divisões da Teologia Sistemática, chamadas de Teologia, Antropologia, Hamartiologia e Cristologia. Se alguém quiser dar continuidade, talvez encontre dicas de salvação, da igreja e do futuro na tipologia presente na história do dilúvio.

O arranjo das sete divisões da Teologia Sistemática coincide também com a ordem da ênfase nas doutrinas durante as grandes controvérsias nos sucessivos períodos da história da igreja. A doutrina de Deus, homem e pecado foram objeto de controvérsia durante os primeiros cinco séculos da história da igreja. O período da Reforma deu especial atenção para as doutrinas associadas à salvação e à igreja. Escatologia, a divisão conclusiva da Teologia Sistemática, recebe especial atenção neste período também conclusivo da era da igreja.

Capítulo 03 – Fonte de Autoridade da Teologia #

A Bíblia é a única fonte autorizada de verdades para a Teologia Sistemática. Ela é a única autoridade para a doutrina e a conduta cristã. É a única e infalível regra de fé e prática; é o teste da verdade. A Palavra de Deus é a autoridade final onde as questões teológicas devem ser referidas. É a única medida que alguém pode usar para formular doutrinas verdadeiras a respeito de Deus e Seu relacionamento com o universo.

I. Teologia e Verdade

O Cristianismo é baseado em fatos. A Teologia da verdadeira religião cristã é precisa; incorpora a verdade; está de acordo com a realidade. As doutrinas teológicas da Bíblia estão de acordo com a mente de Deus, que é a verdade e a fonte de toda a verdade.

As religiões pagãs são caracterizadas pela ignorância, superstição e fantasiosa especulação. O Cristianismo está fundado sob fatos, fé e a revelação da verdade de Deus. As mitologias pagãs estão cheias de histórias que nunca aconteceram e aventuras de heróis que nunca existiram. A religião Cristã, ao contrário, está fundamentada sobre fatos históricos. A narrativa bíblica descreve homens que realmente viveram e eventos que de fato ocorreram.

O fundador do Cristianismo é uma pessoa real. Seu nascimento sobrenatural, ministério terrestre, crucificação, ressurreição para a imortalidade e a ascensão aos céus são eventos históricos. A Teologia que expõe o verdadeiro significado de Sua vida e obras está de acordo com os fatos e conforme a realidade. Um sinônimo bíblico para a mensagem de salvação do evangelho é a verdade. Quando alguém crê no evangelho, conheceu a verdade.

II. Importância da Verdade

A verdade é importante? Faz diferença o que alguém acredita? Existe uma conexão direta entre a religião que alguém professa e o seu destino eterno? O conhecimento preciso é essencial para a salvação? Muitas pessoas afirmam que a fé religiosa não é importante, que a Teologia é desnecessária. Eles declaram que não faz diferença aquilo que alguém acredita desde que ele seja sincero e tenha boas intenções. Eles insistem que todos os caminhos religiosos levam a Deus, que as estradas onde os homens viajam podem ser variadas, mas o destino final para todas é o mesmo. Eles ensinam que todos os homens religiosos vão para o mesmo lugar.

Alguns homens sentem que as religiões pagãs são tão válidas quanto o Cristianismo. Eles pensam que Hinduísmo, Budismo, Taoismo e o Islamismo são tão bons quanto o Cristianismo. Eles sugerem que o Cristianismo deveria se unir com os melhores elementos de todas as religiões para criar uma religião universal. O Cristianismo, no entanto, não é meramente uma religião entre muitas; ele é a religião. Jesus é o único Salvador; Cristianismo é o único caminho para Deus. Todos os outros caminhos religiosos são ruas sem saída. Jesus disse “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; Ninguém vem ao pai senão por mim.” Paulo declarou: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” Pedro falou: “Não há nenhum nome pelo qual importa que sejamos salvos.” O contato redentor com Deus só pode ser estabelecido através de Cristo.

O que alguém acredita é importante. Mas apenas sinceridade não é suficiente. É essencial que se creia na verdade. O pensamento sincero de que um frasco de veneno retirado de uma maleta de primeiros socorros é mesmo um frasco de remédio, não muda o seu conteúdo. O pensamento sincero de que alguém está na estrada certa quando na verdade ele está viajando na direção errada, não vai levá-lo ao seu destino. Milhões de pessoas pagãs que adoram ídolos e sinceramente acreditam que através deles alcançarão a salvação, na verdade estão perdidas e condenadas à destruição.

A fé é essencial para a salvação e o conhecimento da verdade é essencial para a fé. “A fé vem pelo ouvir e o ouvir da palavra de Deus” (Romanos 10:17). As quatro palavras-chave do Cristianismo são: Fatos, Fé, Sentimento e Fruto (no inglês: facts, faith, feeling and fruit). Os dois primeiros são requisitos; os dois últimos são resultados. A fé deve ser baseada em fatos; acreditar deve ser resultado da informação. A única fonte de autoridade para esta informação é a Bíblia.

O que alguém acredita faz toda a diferença. Para Adão e Eva fez grande diferença acreditar na mentira da serpente em lugar da verdade de Deus. A salvação é dependente da fé que alguém possui no evangelho. O evangelho é “o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16). A importância de se crer no evangelho é enfatizada na grande comissão dada por Cristo: “Ide por todo o mundo e anunciai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado” (Marcos 16:15, 16).

III. Autoridade Final para a Verdade

Vendo que o Cristianismo está baseado na verdade e que o conhecimento da verdade é vital para a salvação, alguém poderá perguntar sobre o teste da verdade. Que medida alguém poderia usar para determinar o que é verdadeiro e o que é falso? Que padrão poderia usar para formular doutrinas verdadeiras sobre Deus? Qual é a autoridade final para a qual as questões teológicas deveriam ser encaminhadas? Qual é a fonte de verdadeira autoridade para a Teologia Sistemática?

Alguns homens buscam determinar a verdade divina consultando a posição das estrelas no céu, a formação das nuvens, o voo dos pássaros, as linhas nas mãos de alguém, o contorno da cabeça, folhas de chá, leitura de cartas, jogo de dados e a análise de sonhos. Estas e outras superstições similares não podem ser fontes válidas de informação a respeito da vontade e verdade de Deus.

Além disso, a prova final da verdade não é a razão humana, experiências subjetivas dos cristãos, tradição, livros sagrados das religiões pagãs, credos, concílios da igreja ou papas.

A Igreja Católica Romana afirma ter uma autoridade superior à Bíblia. Ela declara que escreveu a Bíblia e decidiu quais livros deveriam ser incluídos na Bíblia. Desta forma, ela sustenta que tem autoridade para estabelecer doutrinas e práticas não mencionadas na Bíblia. Por esta razão, a igreja de Roma tem formulado algumas doutrinas apócrifas como a trindade, a imortalidade da alma, purgatório, sucessão apostólica dos papas, penitências, transubstanciação da hóstia no verdadeiro corpo de Cristo e do vinho no verdadeiro sangue de Cristo, orações a Maria e outros santos mortos, a imaculada conceição de Maria, a infalibilidade dos papas, a ascensão de Maria aos céus, indulgências e o inferno de fogo para os pecadores hoje.

A posição Católica Romana é falsa. A Bíblia não é um livro Católico Romano. Ela não foi escrita por Católicos Romanos. A Igreja Católica Romana não é sequer mencionada na Bíblia. O Cânon com os livros do Novo Testamento foi completado no final do primeiro século. A Igreja Católica Romana não veio a existir senão depois de vários séculos após a Bíblia estar completa. Os Católicos não foram aqueles que decidiram quais livros seriam incluídos na Bíblia e quais seriam omitidos. A escrita da Bíblia foi concluída e seus livros tiveram sua autoridade e inspiração reconhecidos antes que a Igreja Católica viesse a existir. A Igreja Católica Romana resultou de um processo gradual em que o Império Romano era cristianizado externamente e a Igreja era paganizada internamente. Como o Cristianismo se tornou a principal religião do Império, os homens se tornaram membros da Igreja retendo muito de seus credos pagãos. Os credos pagãos e suas práticas foram gradualmente absorvidos pela vida e a Teologia da Igreja. Um processo de secularização e paganização durante os primeiros séculos da era da Igreja gradualmente resultou na existência da Igreja Romana.

Somente a Bíblia é a autoridade final para a doutrina Cristã. A Igreja não tem o direito de formular qualquer doutrina que não seja ensinada na Bíblia. A Palavra de Deus é a medida que alguém pode usar para determinar o que é verdadeiro e o que é falso. Ela é a fonte de autoridade da verdade para a Teologia Sistemática.

PARTE 01 #

Capítulo 04 – A Doutrina de Deus #

A primeira divisão da Teologia Sistemática é a Teologia, a doutrina de Deus. Em sua aplicação geral, Teologia refere-se a toda doutrina cristã. Em sua aplicação específica, estará limitada ao estudo de Deus em Si mesmo, Sua existência, personalidade, unidade, atributos, posição em relação ao universo, etc. Quando usada neste sentido, às vezes é designada Teologia Própria. O que iremos estudar na primeira divisão da Teologia Sistemática é a doutrina específica sobre a pessoa de Deus.

I. O Ponto de Partida

As primeiras quatro palavras da Bíblia não descrevem a origem do planeta, mas sim o ponto de partida da Teologia Sistemática – “No princípio criou Deus”.
Começar com Deus é começar com o máximo. Começar uma jornada com a Sua luz é começar com a fonte original da verdade. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 1:7). Crer em Deus e estudar os fatos revelados a Seu respeito são os primeiros requisitos da Teologia Cristã.

O Criador declarou: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” (Apocalipse 21:6). Alfa e ômega são a primeira e a última letra do alfabeto grego. Grego é a língua em que o Novo Testamento foi escrito. Usando o alfabeto português, Deus teria dito: “Eu sou o A e o Z”. Nada existe antes da letra A nem depois da letra Z. A primeira e a última letra do alfabeto constituem as fronteiras do pensamento. Todo o campo da imaginação humana está confinada entre estas duas extremidades. Deus é o primeiro em existência; Ele é a fonte da verdade. Aquele que busca a verdade deve começar com Deus.

A doutrina de Deus forma a base e o alicerce para todas as outras doutrinas bíblicas. As próximas seis divisões da Teologia Sistemática são dependentes desta primeira e principal divisão. Antropologia, Hamartiologia, Cristologia, Soteriologia, Eclesiologia e Escatologia encontram sua origem na Teologia. Quando o estudante da Bíblia ignora a doutrina de Deus, ele se separa desta fonte de conhecimento que possibilita o entendimento das outras doutrinas bíblicas. As pessoas possuem uma visão imprecisa sobre o homem, pecado, Cristo, salvação, a Igreja e o futuro, porque elas têm uma visão incorreta sobre Deus.

A compreensão da doutrina de Deus constitui a base para a verdadeira espiritualidade. Embora alguns homens tenham uma cabeça religiosa sem um coração religioso, a genuína religião no coração é produzida pela adequada religião na cabeça. A religião separada de Deus é centrada no homem e vazia. Os homens têm uma fé inadequada em Deus porque eles têm um conhecimento insuficiente sobre Deus. Eles encontram dificuldade para orar porque não consideram a natureza da pessoa a quem estão orando. O coração dos homens raramente se curva em verdadeira adoração porque eles não reconhecem a transcendência maravilhosa e o infinito valor de Deus. Para ter uma adequada fé cristã e uma vigorosa vida espiritual, a pessoa precisa começar com Deus.

A doutrina de Deus é a reflexão mais importante que o homem pode considerar. É o assunto mais nobre que alguém possa estudar. Os fatos a respeito da natureza e das obras de Deus constituem a mais significante realidade no universo. Jesus disse: “E esta é a vida eterna, que Te conheçam a Ti só como único Deus e a Jesus Cristo a quem enviaste” (João 17:3). É de extrema importância que os crentes sejam completamente informados sobre a natureza, características e obras de Deus. Os cristãos passarão a eternidade com Deus; eles deveriam desejar maior intimidade com Ele hoje.

II. Teísmo Escritural

1. O que é Teísmo. Teísmo, quando usado de maneira apropriada, é o termo que designa a verdadeira doutrina de Deus. Uma compreensão apurada de Deus e Suas obras somente pode ser adquirida pelo estudo de Sua palavra. O Teísmo cristão genuíno é escritural.

Quando o homem pensa seriamente sobre si mesmo e o universo, várias questões surgem em sua mente. Existe um Deus? Quem é Deus? Deus revelou a Si mesmo para o homem? Qual a vontade de Deus? Qual é a relação de Deus com o universo? Qual é a origem do homem, propósito e destino em relação a Deus? O Teísmo proporciona as respostas para estas questões.

2. O que Afirma o Teísmo. O Teísmo Escritural afirma a existência de um Deus vivo e verdadeiro. Deus é o ser supremo, autoexistente, autorrevelado, infinito e perfeito. Este único Deus é a pessoa em cuja imagem o homem foi feito. Deus é infinito, eterno, imutável, perfeito em conhecimento, onipresente e onipotente. Seu caráter é santidade, amor e verdade.

Este ser vivente é a fonte de toda existência. Ele é o Criador e Mantenedor do universo. Ele está implícito no universo através de Sua presença e poder invisíveis, ainda que Ele esteja acima de Sua criação em existência, natureza e superioridade. Deus é Rei, Legislador e Juiz. Como Redentor, Deus está redimindo para Si mesmo o homem pecador através de Seu Filho, Jesus Cristo. Todos os homens dependem de Deus para existir. Eles Lhe devem adoração, obediência e amor.

Capítulo 05 – Teorias Antiteístas #

Em oposição aos fatos verdadeiros revelados na Palavra de Deus, os homens têm formulado muitas teorias falsas a respeito de Deus e do universo. Todas as teorias que negam os fatos afirmados pelo teísmo escritural são antiteísticas.

Originalmente, a raça humana era monoteísta. O Homem adorou o único e verdadeiro Deus e conheceu os fatos que Ele lhes revelou a respeito de Si mesmo. Através do pecado, entretanto, o homem virou as costas para Deus e degenerou-se na escuridão do paganismo. O homem caído mudou a glória de Deus em idolatria (Romanos 1:21-23) e mudou a verdade de Deus para mitologia (Romanos 1:25). Vivendo na escuridão, separado de Deus, o homem formulou várias teorias antiteístas na intenção de explicar o significado da existência.

Algumas das principais teorias antiteístas que nós podemos considerar são ateísmo, agnosticismo, panteísmo, politeísmo e deísmo.

Os fatos verdadeiros do teísmo cristão e as falsas teorias antiteísticas são demonstradas na tabela a seguir.

  • Fatos Teísticos                              Teorias Antiteísticas
  • Existência de Deus                        Ateísmo
  • Autorrevelação de Deus               Agnosticismo
  • Autoexistência de Deus                Panteísmo
  • Personalidade de Deus                 Materialismo
  • Monoteísmo                                 Politeísmo
  • Unidade Simples de Deus            Trinitarianismo, Triteísmo
  • Providência de Deus                    Deísmo

1. Ateísmo

O ateísmo nega a existência de Deus. Ateísmo é o oposto do teísmo. O Homem foi criado e é normal para ele acreditar na existência de Deus. O ateísmo é anormal.

O ateísmo, de acordo com sua etimologia, significa uma negação da existência de Deus. Era aplicado pelos gregos antigos a Sócrates e outros filósofos, para indicar que eles falharam em aceitar a religião popular. No mesmo sentido, foi aplicado aos primeiros cristãos. Desde que o uso do termo Teísmo foi definitivamente fixado em todas as línguas modernas, o Ateísmo necessariamente ocupa a posição de negação da existência de um Criador pessoal e Governante Moral. Muito embora a fé em um Deus pessoal seja resultado do reconhecimento espontâneo do Deus que se manifesta de forma consciente e nas obras da natureza, o ateísmo ainda é possível como um estado anormal de consciência induzida pela especulação sofisticada ou pela tolerância de paixões pecaminosas, é possível precisamente como um idealismo subjetivo (Hodge, A. A. Outlines of Theology. Grand Rapids: Eerdmans, 1949, pp. 46, 47).

Existem dois tipos distintos de ateísmo: ateísmo dogmático e ateísmo virtual. Ateísmo dogmático refere-se ao tipo de ateísmo em que o homem aberta e categoricamente afirma que Deus não existe. Eles negam explicitamente a existência de Deus. Ateísmo virtual refere-se ao tipo de ateísmo em que o homem sustenta teorias que são contrárias à crença em um Ser Supremo ou que definem Deus pelo uso de termos que virtualmente negam sua existência.

Além dos ateus dogmáticos e ateus virtuais, existem muitos não ateus que, mesmo não negando a existência de Deus, ignoram Deus e vivem como se Ele não existisse.

Durante o presente século, existe um esforço intenso para propagar o ensinamento do ateísmo. O ateísmo dogmático, por sinal, é um dos princípios fundamentais do comunismo marxista moderno. Ainda que o comunismo tenha feito conquistas políticas, elas estão sujeitas a estes ensinamentos. Nesta nação, uma cruzada intensa está em curso contra o comunismo. Mas ao mesmo tempo o ateísmo, materialismo, evolução e filosofias similares são permitidas e ocupam um lugar dominante na educação Americana moderna.

A extensão do ateísmo nas faculdades e universidades americanas e até em alguns seminários é demonstrada pelo Dr. Wilbur M. Smith no seu livro Therefore Stand(Boston: Wilde Cu., 1946).

Em 1925, Charles Smith, um ex-estudante de divindade, fundou a organização definitiva para a propagação do ateísmo especialmente em faculdades e universidades. Ela foi chamada de Associação Americana para o Avanço do Ateísmo.

O ateísmo está condenado à falência total. O homem normalmente acredita na existência de Deus. O ateísmo é anormal. O ateísmo luta numa batalha perdida. Viaja num caminho errado de mão única. Algum sucesso aparente é apenas temporário. Quando o homem retorna à normalidade, ele volta a crer na existência de Deus. Henry C. Thiessen descreveu a inadequação do ateísmo:

A posição ateísta é algo muito insatisfatório, instável e arrogante. É insatisfatória porque falta a todos os ateus a segurança do perdão de seus pecados; todos têm uma vida fria e vazia; todos eles desconhecem a paz e a amizade com Deus. É instável porque é contrário a mais profunda convicção humana. Tanto as Escrituras quanto a história mostram que o homem necessariamente e universalmente acredita na existência de Deus. O ateísmo virtual testifica isto pelo fato de adotarem uma abstração para explicar o mundo e suas vidas. É arrogante porque eles fingem ser oniscientes. O conhecimento limitado pode inferir a existência de Deus, mas é necessário um conhecimento exaustivo de todas as coisas, inteligências e tempos para estabelecer dogmaticamente que não existe Deus. O ateísmo dogmático deve ser explicado como sendo uma condição anormal. Assim como o pêndulo do relógio pode ser deslocado para o centro por uma força interna ou externa, também a mente humana pode ser deslocada de sua posição normal por uma falsa filosofia. Quando a força é removida, ambos, o pêndulo e a mente humana, voltarão para sua posição normal (Thiessen, Henry C. Lectures in Systematic Theology. Grand Rapids : Eerdmans, 1951, pp. 65, 66).

Por que existem homens ateus? O ateísmo é uma tentativa racional de abrandar a consciência culpada pela negação da existência de Deus e, como decorrência disto, a negação da inexistência do pecado. Louis Berkhof explicou:

Em última análise, o ateísmo resulta de um estado moralmente pervertido do homem e de seu desejo de escapar de Deus. Isto cega deliberadamente e suprime o mais fundamental instinto do homem, a necessidade mais profunda de sua alma, a maior aspiração do espírito humano e o anseio do coração que busca por um Ser superior (Berkhof, Louis. Systematic Theology. Grand Rapids : Eerdmans, 1949, p. 22).

2. Agnosticismo

O Agnosticismo nega que Deus possa ser conhecido. Os agnósticos afirmam que não dispomos de informação suficiente para saber se Deus existe ou não. O agnóstico insiste que ele não é ateu. Ele diz “eu não digo que Deus não existe; eu não sei se existe um Deus”.

O agnosticismo ensina que o nosso conhecimento é limitado às coisas que podem ser demonstradas. É impossível, portanto, para o homem saber qualquer coisa sobre a existência de Deus, a natureza de Deus ou o propósito do universo. O agnosticismo nega o fato de que Deus revelou a Si mesmo para o homem e que o homem é capaz de conhecer a Deus.

Desde os tempos dos Sofistas Gregos (500-400 a.C.) até o presente, muitos sistemas de filosofia têm incorporado dúvida, ceticismo e agnosticismo. Alguns dos filósofos agnósticos do passado são David Hume (1711-1776), Immanuel Kant (1724-1804), Sir William Hamilton, Auguste Comte (1798-1857), Herbert Spencer (1820-1903) e Thomas H. Huxley (1825-1895).

Bertrand Russell é um dos líderes do agnosticismo neste século. Russell é um britânico, nascido em 1872. No artigo “O que é um Agnóstico?”, publicado pela revista Look, em 1953, Bertrand Russel escreveu:

O agnóstico suspende o julgamento, dizendo que não há provas suficientes nem para afirmar, nem para negar. Ao mesmo tempo, um agnóstico pode sustentar que a existência de Deus, ainda que não seja impossível, é muito improvável; ele ainda sustenta que isto é tão improvável que não vale a pena ser considerado na prática. Neste caso, ele não está distante do ateísmo. Sua atitude talvez seja aquela que um cuidadoso filósofo teria em relação aos deuses da antiga Grécia. Se me pedissem para provar que Zeus, Poseidon, Hera e o resto dos deuses do Olimpo não existem, eu poderia encontrar argumentos conclusivos. Um agnóstico talvez pense que o Deus Cristão é improvável como os deuses do Olimpo, e, neste caso, ele é, na prática, alguém como os ateus.

3. Panteísmo

Panteísmo é a crença de que Deus é a soma total de todas as coisas criadas. O panteísmo afirma que Deus e o universo são idênticos. Eles declaram que Deus é tudo e tudo é Deus. De acordo com esta teoria, Deus não tem uma existência separada de Suas criaturas. O panteísmo nega a personalidade de Deus.

O Panteísmo tem sido uma das mais prevalentes filosofias religiosas do homem. Ela é a filosofia oculta que sustenta o Hinduísmo. Ela foi considerada pelos filósofos gregos e místicos medievais. Ainda é considerada por muitos filósofos e vários cultos religiosos modernos. Alguns dos filósofos que lideram a defesa do panteísmo nos tempos modernos são Giordano Bruno (1549-1600), Baruch Spinoza (1632-1677), F. W. J. Schelling (1775-1854) e Hegel (1770-1831).

Contrário ao panteísmo, o teísmo defende a verdade de que Deus é uma pessoa e que Ele tem uma existência à parte de Sua criação. Deus e o universo não são idênticos; eles são duas unidades separadas de existência. Deus é o criador, o universo foi criado. O universo deve sua existência a Deus; Deus não deve sua existência a ninguém. O universo teve um início definido no tempo; Deus existe desde a eternidade. Houve um tempo em que o universo não existia. Neste tempo, Deus existia sozinho.

Dois termos designam a relação de Deus com o universo. Imanência refere-se ao fato de que o poder de Deus está presente em todo lugar através do universo. Transcendência refere-se ao fato de que Deus é infinitamente superior a Sua criação e tem uma existência independente de Suas obras. O panteísmo enfatiza demais a imanência de Deus para excluir Sua transcendência. O oposto extremo do panteísmo é o deísmo. O deísmo enfatiza demais a transcendência de Deus para excluir sua imanência.

4. Politeísmo

Politeísmo é a crença em vários deuses. Isto é o oposto do monoteísmo, que é a crença em um único Deus. A humanidade foi originalmente monoteísta. Este fato é afirmado não apenas na Bíblia, mas também na história e na antropologia. A humanidade foi criada inteligente, civilizada e monoteísta. A raça humana degenerou do jardim para a selva, da civilização para a selvageria e do monoteísmo para o politeísmo.

A origem do politeísmo é descrita em Romanos 1:20-23: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.”

5. Deísmo

Deísmo é a filosofia que nega a providência de Deus ou o governo do universo. Deístas acreditam que Deus criou o universo em algum momento da antiguidade, mas desde então não tem mais nenhuma relação com ele. Eles explicam que o universo foi impulsionado pelo criador, como alguém “dá corda” num relógio deixando-o por si desde então. O deísmo nega a inspiração da Bíblia, milagres, resposta às orações e a presença de Deus neste mundo.

O teísmo inglês surge como o resultado dos primeiros dois séculos de controvérsia sobre questões religiosas. As descobertas de Copérnico e a obra de Francis Bacon também contribuíram de alguma forma. Lord Herbert, de Cherbury (1581-1648), é conhecido como “o pai do deísmo”. Thomas Hobbes (1588-1679), Charles Blount (1654-1693), Anthony Collins (1676-1729), Matthew Tindal (1657-1733), Lord Bolingbroke (1678-1751) e Thomas Paine (1737-1809) eram deístas ingleses. Na França, o movimento deísta só despontou um século depois de ter surgido na Inglaterra. Voltaire (1694-1778) e Rousseau (1712-1778) podem ser classificados como deístas franceses. Algumas teorias evolucionárias modernas são deísticas em sua explicação do universo. (Thiessen. Op. cit., p. 75)

Capítulo 06 – A Existência de Deus #

Tendo exposto o ensinamento bíblico a respeito da doutrina de Deus e tendo investigado algumas teorias antiteístas, devemos agora considerar a existência de Deus. Antes de estudarmos os argumentos clássicos sobre a existência de Deus, é importante reconhecermos que a existência de Deus é assumida pela Bíblia como uma verdade e a crença em Sua existência é encontrada em todas as nações.

1. Assumido como Verdade pelas Escrituras

A existência de Deus é reconhecida como um fato pelos escritores da Bíblia. É considerada como uma realidade que não exige provas. As primeiras palavras da Bíblia anunciam o fato e a existência de Deus: “No princípio, criou Deus” (Gênesis 1:1).

Crer na existência de Deus é um fato assumido pela fé Cristã. Os cristãos declaram: “Eu acredito em Deus”. Sem sombra de dúvida, os crentes afirmam que Deus é. O escritor de Hebreus insiste “porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).

Dr. William Newton Clarke escreveu:

A doutrina cristã sobre Deus não inicia com uma prova, inicia com um anúncio que é feito pela fé Cristã de acordo com a revelação Cristã. A fé não é exercitada para encontrar um Deus desconhecido, ou para certificar-se de que Deus existe: é ouvir a Sua voz e iniciar-se com confiança em Sua realidade. É assumir a existência de Deus como a primeira certeza, e prosseguir em aprender sobre Ele tudo o que puder ser aprendido… Talvez existam outras maneiras de se chegar ao conhecimento de Deus, mas a maneira Cristã é o caminho do reconhecimento em vez da demonstração (Clarke, William Newton. The Christian Doctrine of God. New York : Scribners, 1909, p. 56).

Capítulos inteiros da Bíblia são dedicados a assuntos específicos, como a segunda vinda de Cristo (1Tessalonicenses 4; Mateus 25, etc.), sacrifício de Cristo (Isaías 53), a ressurreição (1Coríntios 15), fé (Hebreus 11), amor (1 Coríntios 13) e os atributos de Deus (Salmos 139). Mas não existem capítulos, no entanto, que são inteiramente devotados a provar que Deus existe. Os autores das Escrituras reconheceram a existência de Deus como um fato tão evidente em si mesmo que não requer provas.

Na lógica formal, alguém argumenta a partir do conhecido para o desconhecido e do mais aparente para o menos aparente. William G. T. Shedd explica que a Bíblia não busca provar a existência de Deus porque este é um dos fatos mais óbvios. Ele escreveu:

A razão pela qual as Escrituras não fornecem argumentos contra o ateísmo especulativo por meio de uma explicação lógica é que o silogismo inicia com uma premissa que é mais óbvia e certa do que a conclusão extraída dali, e as Escrituras não admitem que qualquer premissa seja necessária para se chegar à conclusão de que existe um Ser supremo, isto é mais intuitivamente certo do que a conclusão em si (Shedd, W. G. T. Dogmatic Theology. Grand Rapids : Zondervan Publishing House, 1953, Vol. I. p. 196).

2. Os Homens Normalmente Acreditam em Deus

Deus criou o homem com uma habilidade natural para reconhecer Sua existência. Quando o homem em condições normais pensa seriamente sobre o universo, o reconhecimento da existência de Deus surge naturalmente em sua mente. Quando uma criança é ensinada que Deus existe, ela espontaneamente percebe que isto é uma verdade. O homem foi criado para ser naturalmente religioso. É natural para o homem acreditar em Deus; é anormal para ele ser um ateu.

Ninguém se surpreende ao descobrir, portanto, que a fé na existência de um ser supremo ou mais de um é encontrada em todo homem. O paganismo corrompeu a glória de Deus em idolatria e a verdade de Deus em mitologia, mas o reconhecimento da Sua existência ainda está presente. A falsificação prova a realidade da verdade. Em todas as raças e tribos da terra e em todas as civilizações da história, a existência de uma ou mais divindades foi reconhecida pelos homens. Este fato surpreendente é um testemunho da existência de Deus. Um missionário que serviu na África escreveu:

Antes de tudo, todos os pagãos sabem que existe um Deus. Não há ateus entre as tribos pagãs. Quão tola é a fé ateísta reservada para homens em terras onde a cultura “professa que eles mesmos são sábios”. Nunca foi descoberto sobre a face da terra uma tribo de pessoas, ainda que pequena ou depravada, que não acredite em algum tipo de deus ou não tenha algum sistema de adoração. Não importa quão ignorante ou degradada, toda tribo e raça humana tem alguma religião (Weiss, G. Christian. “They Know More Than You Think”, Christian Life, October 1950, p. 13).

João Calvino menciona uma observação similar de Cícero, de que a fé num ser supremo ou divindades era encontrada em todos os homens (Calvin. Institutes of the Christian Religion. Grands Rapids : Eerdmans, 1949, Vol. I, p. 54).

A existência de Deus é conhecida como uma verdade primária. É uma intuição racional. Um fato que não requer provas. É como um axioma de geometria. Este fato, assim como a existência do espaço e do tempo, deve ser assumido na mente para formar a base de toda observação e pensamento (Strong, A. H. Systematic Theology. Philadelphia : Judson Press, 1907, pp. 52-54).

3. Argumentos Clássicos da Existência de Deus

Existem três argumentos clássicos sobre a existência de Deus. Estes argumentos, derivados da observação humana sobre a natureza e seu raciocínio a respeito de Deus, têm sido utilizados pelos pensadores da religião desde os tempos antigos. Eles são o argumento Cosmológico, o argumento Teleológico e o argumento Antropológico.

O argumento Cosmológico infere a existência de Deus como a Primeira Causa. A palavra cosmológico é derivada da palavra grega kosmos, mundo ou organizado ordenadamente.

O argumento Teleológico infere a existência de Deus como o Grande Projetista. A palavra teleológico é derivada da palavra grega telos, projeto ou fim.

O argumento Antropológico infere a existência de Deus como um Legislador Moral e Juiz. A palavra antropológico é derivada da palavra grega anthropos, homem.

Estes três argumentos estão inter-relacionados e complementam um ao outro. Cada sucessivo argumento confirma a conclusão anterior e fornece informação adicional a respeito de Deus.

O argumento Cosmológico revela Deus como a Primeira Causa eterna e autoexistente. O argumento Teleológico revela que esta grande Primeira Causa possui inteligência e vontade. O argumento Antropológico nos leva um passo a mais. Ele revela esta Primeira Causa inteligente e pessoal como alguém que possui santidade, justiça e verdade.

Estes três argumentos são, na verdade, três partes de um argumento maior. Cada argumento considerado isoladamente é incompleto. Considerados juntos, eles formam um valioso argumento para a existência de Deus.

1. O Argumento Cosmológico. A existência de criaturas requer a existência de um Criador. Todo efeito tem que ter uma causa adequada. O universo nem sempre existiu. Houve um tempo em que o universo não existia. O universo tem que ter uma origem. O Originador, a Fonte, a Primeira Causa de toda a existência é Deus. Entre tudo o que existe, somente Deus não tem causa, não tem um princípio. Antes de Deus criar o universo, Ele existia sozinho. Deus é a Primeira Causa do universo.

O escritor de Hebreus usa este argumento quando diz: “Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus” (Hebreus 3:4).

Archibald Alexander Hodge, professor do Seminário Teológico de Princeton (1877-1886), utilizou o Argumento Cosmológico na forma de silogismo:

Premissa Maior: Toda nova existência ou mudança em algo previamente existente deve ter uma causa preexistente e adequada.

Premissa Menor: O universo como um todo e em todas as suas partes constitui um sistema de mudanças.

Conclusão: Portanto, o universo deve ter uma causa exterior a si mesmo, e a causa final e absoluta deve ser eterna, sem origem e imutável (Op. cit. p. 33).

Então o universo é eterno ou não eterno. Ele existe desde a eternidade ou ele teve uma origem no tempo. Se o universo teve uma origem, tem que haver um Originador que fez surgir sua existência. O Originador é Deus.

O universo não existe desde sempre. A matéria não é eterna. O universo teve uma origem definida e um Originador. A ciência moderna tem descoberto muitos fatores que provam que o universo teve um início definido no tempo. Um destes fatores é a expansão do universo. O fato de que todas as galáxias estão se distanciando umas das outras através do espaço indica que elas estiveram, em algum momento, num ponto central.

Se alguém assume que todas as galáxias que nós vemos hoje estão viajando para fora através das eras do tempo cósmico, numa mesma direção relativa e numa mesma velocidade relativa – as distantes mais rápido, e as mais próximas numa velocidade menor –, o corolário inicial que emerge disto é que todas começaram do mesmo lugar e ao mesmo tempo.

Cálculos realizados com as medições atuais de sua taxa de distanciamento indicam que sua jornada cósmica teve início a aproximadamente cinco bilhões de anos. O fato extraordinário sobre este cenário é que isto coincide com as recentes descobertas sobre a idade provável de substâncias radioativas encontradas sobre a crosta terrestre, e a idade das mais antigas estrelas segundo as modernas teorias sobre a evolução estelar. Todos os indícios da ciência apontam para um tempo de criação quando o fogo cósmico foi iniciado e o enorme desfile do universo presente veio a existir (Barnett, Lincoln. “The World We Live in: The Starry Universe” Life, Dezembro de 1954, p. 64).

Para uma discussão adicional sobre a cronologia do universo, o leitor é referido a Bernard Ramm’s The Christian View of Science and Scripture, pp. 151-156 (Grands Rapids: Eeardmans, 1954).

2. O Argumento Antropológico. Os dois primeiros argumentos consideram provas derivadas do universo como um todo. O argumento antropológico considera indicações da existência de Deus derivadas do próprio homem.

A consciência humana testifica que existe um Governante Moral, Legislador e Juiz. Sem a existência de Deus, a consciência do homem não pode ser explicada. Augustus H. Strong escreveu:

A natureza moral do homem prova a existência de um santo Legislador e Juiz. Os elementos de prova são: (a) A consciência reconhece a existência de uma lei moral que tem autoridade suprema. (b) Violações conhecidas desta lei moral são seguidas de sentimento de desconforto e temor de juízo. (c) Esta lei moral, visto que não é autoimposta, e estas ameaças de julgamento, visto não serem autoexecutáveis, respectivamente demandam a existência de uma santa vontade que imponha a lei, e um poder punitivo que execute as ameaças da moral natural” (Op. cit., p. 82).

O argumento para a existência de Deus derivado da natureza moral do homem é apresentada em parte em um dos famosos livros de C. S. Lewis, The Case for Christianity (New York: Macmillan, 1951).

A natureza intelectual do homem prova a existência de uma Primeira Causa inteligente. A natureza emocional do homem indica a existência de Alguém que em Si mesmo é o objeto de satisfação da afeição humana. O coração humano não encontra descanso “enquanto não descansar em Deus” (Augustine), porque Deus fez o homem. O poder de escolha do homem pressupõe a existência de um Ser que em Si mesmo é o alvo que atrairá as mais nobres ações do homem e garantirá seus maiores progressos (Strong. Op. cit., pp. 81-83).

3. O Argumento Ontológico. Em adição aos três argumentos mencionados acima, existe mais um argumento clássico para a existência de Deus. É o argumento Ontológico. Este argumento busca provar que Deus é infinito a partir do fato de que o homem, que é finito e imperfeito, tem a ideia de um Ser perfeito e infinito.

O argumento Ontológico foi proposto por Anselmo, Arcebispo de Canterbury (1693-1109), em seuProslogium, por Descartes (1596-1650), em sua obra Meditations, e por Samuel Clarke (1705), em sua Demonstration of the Being and Atributes of God.

4. O Testemunho do Sobrenatural

A autorrevelação de Deus para a humanidade através de eventos sobrenaturais constitui uma indicação adicional de Sua existência. Deus deixou testemunhos de Sua existência não apenas no universo material e na natureza moral do homem, mas também na história de vida dos homens. A revelação de Deus sobre Si mesmo através do sobrenatural torna implícita a Sua existência.

A Bíblia, como um livro divino, prova a existência de Deus. Sem a existência de um Autor divino, a Bíblia não pode ser explicada. O fato de este maravilhoso livro existir já prova a existência do Seu autor. A Bíblia registra a autorrevelação de Deus à humanidade. A Bíblia, portanto, é uma fonte autêntica de material para comprovar Sua existência.

O cumprimento de incontáveis profecias bíblicas com detalhes minuciosos prova a existência de Alguém que previu estes eventos (Isaías 45:21; 46:9-11). Milagres que ocorreram na história e foram registrados na Bíblia somente podem ser explicados de forma satisfatória como obra do poder sobrenatural de Deus.

A vida sobrenatural de Cristo, incluindo seu nascimento singular, sua habilidade de realizar milagres e Sua ressurreição para a imortalidade, indica a existência de Deus. Um ateu observou que nem tanto a Bíblia, mas sim o Cristo da Bíblia era o que ele não conseguia explicar.

A conversão cristã e a tremenda influência do cristianismo sobre o mundo só podem ser explicadas pela existência de Deus. O testemunho de milhares de pessoas que têm experimentado notáveis transformações indica a obra sobrenatural de Cristo e a existência de Deus. Assim como se assegura a existência do sol a um homem cego pelo calor de seu brilho, os cristãos asseguram a existência de Deus pelo efeito transformador do Seu poder.

Capítulo 07 – A Autorrevelação de Deus #

Agnósticos e céticos afirmam que o homem não pode saber se Deus existe ou não. Eles insistem que, se Deus existe, é impossível ao homem conhecer qualquer coisa sobre Ele. De acordo com eles, Deus esconde a Si mesmo na escuridão e o homem deve permanecer em perpétua ignorância quanto à Sua natureza.

O teísmo cristão, por outro lado, afirma categoricamente que a existência de Deus é certa, e que os homens podem conhecer muito sobre Deus. A autorrevelação de Deus é o antídoto para o agnosticismo.

1.       Deus Pode Ser Conhecido

Os homens podem adquirir um conhecimento decisivo com respeito à existência de Deus, Sua natureza, atributos, obras e planos para o futuro. Ainda que nós não possamos saber tudo a respeito de Deus em Sua infinita perfeição e não podemos saber tudo o que Deus sabe, nós podemos conhecer muito sobre Deus porque Ele tem Se revelado ao homem.

O conhecimento humano sobre Deus resulta da resposta do homem para a autorrevelação de Deus. Em todas as coisas Deus toma a iniciativa; Ele é sempre o primeiro. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro. Nós abrimos a porta do nosso coração para Ele porque primeiro Ele esteve à porta e bateu, buscando entrar. O pecador busca a Deus porque Deus buscou primeiro pelo pecador. O homem adquire conhecimento sobre Deus porque primeiro Deus revelou a Si mesmo para o homem. O que o homem descobre é baseado naquilo que Deus revela. O que o homem adquire é possibilitado pelo que Deus concede. Deus fala, o homem ouve. Deus revela, o homem contempla. Deus revela a Si mesmo, o homem aprende sobre Ele.

Certamente, nós nunca conheceríamos a Deus se Ele não tivesse revelado a Si mesmo. Mas o que nós queremos dizer com “revelação”? Nós entendemos por revelação aquele ato de Deus pelo qual ele Se descobre e comunica uma verdade para a mente; quando Ele manifesta a Suas criaturas algo que não poderia ser conhecido de outra maneira. A revelação pode ocorrer num ato único e instantâneo ou pode se estender por longo período de tempo; e esta comunicação de Si mesmo e Sua verdade pode ser percebida pela mente humana em vários níveis de plenitude (Thiessen. Op. cit. p. 31).

2.       Como Deus Tem Se Revelado

Deus tem revelado a Si mesmo de uma forma geral para a humanidade como um todo. Ele tem Se revelado de maneira especial para os crentes. De maneira geral, Deus tem Se revelado através das obras da criação, da consciência do homem e Sua intervenção na história das nações. De maneira especial, Deus tem se revelado através da Bíblia e da vida de Jesus Cristo.

A revelação geral de Deus tem a intenção de demonstrar a Sua existência, a culpa do homem pelo pecado e sua necessidade de salvação. A revelação especial de Deus tem a intenção não apenas de revelar a natureza de Deus e a necessidade humana de salvação, mas também mostrar a providência de Deus para salvação através de Sua graça e da morte sacrificial de Cristo.

Revelação Geral de Deus. Os homens podem aprender alguns fatos sobre Deus pela observância das coisas que Deus criou. Num certo grau, a criatura revela o Criador. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Romanos 1:20). “E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (Atos 14:17).

Deus tem Se revelado como Legislador moral e santo Juiz pela consciência do homem. Paulo disse, “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Romanos 2:14,15).

Depois, Deus tem Se revelado para a humanidade através de Seu trabalho providencial na história das nações. Os juízos divinos históricos – o dilúvio, dispersão das nações da Torre de Babel, destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas sobre o Egito, o cativeiro de Israel, etc. – foram revelações de Deus. Previsões de Deus que se cumpriram sobre as nações antigas foram autorrevelações divinas. Em Sua providência, Deus usou uma nação para punir outra nação e colocou Suas mãos para guiar o destino de nações (Leia Habacuque). De acordo com Ezequiel, o reconhecimento da obra de Deus entre as nações será o principal resultado do cumprimento das profecias futuras. A frase chave de Ezequiel é “e eles saberão que Eu sou Deus”.

Revelação Especial de Deus. A grande mensagem de Deus para a humanidade está gravada nas Escrituras. A Bíblia é o principal meio através do qual Deus tem se revelado para a raça humana. “A escritura do Antigo e Novo Testamento são os únicos órgãos mediante os quais, durante a presente dispensação, Deus transmite a nós o conhecimento de sua vontade sobre o que devemos crer a respeito d’Ele mesmo, e quais obrigações Ele requer de nós” (Hodge, A.ª Op. cit., p. 82). Para aprender sobre Deus, a pessoa deve estudar e meditar sobre a Sua Palavra.

A Bíblia registra a revelação que Deus faz de Si mesmo através do Seu Filho unigênito, Jesus Cristo. Em sua vida imaculada, Jesus refletiu o caráter santo de Deus. Em Seus ensinos e milagres, Jesus revelou a vontade de Deus e a Sua mensagem para o homem. Em Sua morte sacrificial, Jesus revelou o amor infinito de Deus e a providência para a salvação. Em sua gloriosa ressurreição para a imortalidade, Jesus revelou o poder infinito de Deus e a promessa da futura ressurreição para os crentes. “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de várias maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hebreus 1:1,2). Jesus é uma janela aberta através da qual alguém pode ver claramente a autorrevelação de Deus. O estudo da inspirada Palavra de Deus, certamente, é um requisito para alguém aprender sobre a autorrevelação de Deus através de Cristo.

3.       Inspiração da Bíblia

Os sessenta e seis livros da Bíblia constituem a inspirada Palavra de Deus. Não é que a Bíblia contenha a Palavra de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus.

A Bíblia é genuína. Os livros da Bíblia são autênticos. Eles não são falsificações. Os livros realmente foram escritos pelos homens a quem são atribuídos. Por exemplo, o evangelho de Marcos foi escrito por Marcos, a Epístola aos Romanos foi escrita por Paulo e o Apocalipse foi escrito por João. Eles não são espúrios. Eles não foram escritos por homens em séculos posteriores. Eles são genuínos.

A Bíblia é confiável. Os livros da Bíblia relatam eventos que realmente aconteceram e descreve homens que de fato viveram. Os ensinos doutrinários gravados na Bíblia são verdadeiros. Os homens que escreveram a Bíblia eram honestos. Seus escritos harmonizam entre si perfeitamente. A história e a arqueologia confirmam a veracidade da Bíblia. Estes mostram que a Bíblia não é ficcional, mas confiável.

Os sessenta e seis livros da Bíblia são canônicos e constituem o cânon completo das Sagradas Escrituras. Eles são os únicos livros que se qualificam como os que incorporam com autoridade a divina revelação.

A Bíblia é inspirada. Ela teve uma origem sobrenatural. Ela é a Palavra de Deus, a mensagem de Deus para o homem. “Pois toda Escritura Sagrada é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16 NTLH). “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).

Pela inspiração verbal entende-se que nos escritos originais o espírito guiou a escolha das palavras utilizadas. Entretanto, a autoria humana foi respeitada na medida em que as características dos escritores foram preservadas e seus estilos e vocabulários eram empregados, mas sem a intromissão do erro.

Pela inspiração plena entende-se que a precisão assegurada pela inspiração verbal é extensiva à toda parte da Bíblia, de forma que todas as partes são ao mesmo tempoinfalíveis quanto à verdade e definitivas como inspiração divina (Chafer. Op. cit., Vol. I., p. 71).

A inspiração da Bíblia é evidenciada pelo fato da própria Bíblia afirmar que é a inspirada Palavra de Deus. Os escritores do Velho Testamento, por exemplo, usaram muitas colocações como “assim disse o Senhor” mais de 3800 vezes. Jesus e os apóstolos reconheceram o Antigo Testamento como sendo inspirado e confiável. Os apóstolos declararam ter recebido o Espírito e falado sob Sua influência e autoridade.

A surpreendente unidade da Bíblia escrita por mais de quarenta homens durante um período de tempo de mais de dezesseis séculos mostra sua origem divina.

O exato cumprimento das profecias, o alto padrão de conduta exigido dos homens, a tremenda influência que tem exercido na vida humana, o fato de ter sobrevivido a séculos de oposição e sua confirmação pela arqueologia, história, e verdadeira ciência são algumas entre tantas evidências da inspiração da Bíblia.

Capítulo 08 – A Personalidade de Deus #

Deus é uma pessoa viva. Ele possui vida, autoexistência e caráter. Os três elementos da personalidade são inteligência, sensibilidade e vontade. Sendo uma pessoa, Ele tem habilidade para pensar, sentir e escolher. A Bíblia prova que Deus é uma pessoa atribuindo a Ele características da personalidade. Deus tem a habilidade de pensar, sentir e escolher. Ele vê, ouve, sabe, fala, ama, deseja e trabalha.

A verdadeira religião é possível porque Deus é uma pessoa a quem o crente pode amar, adorar, conhecer e obedecer. Um relacionamento pessoal entre Deus e o homem torna-se possível porque Deus é uma pessoa e o homem foi criado à Sua imagem. Quando o crente ora, ele sabe que Deus o vê, vai ouvir e responder. A salvação é o processo mediante o qual os pecadores são conduzidos a um relacionamento redentor com esta pessoa divina através da obra mediadora de Jesus Cristo.

1.       Uma Pessoa Viva

Ele que criou, sustenta e governa o universo é uma pessoa viva. “e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles”(Atos 14:15). O Criador é maior que a criatura. O Autor da vida deve ter a vida em Si mesmo de maneira que possa doar vida a Suas criaturas.

Os homens possuem vida e personalidade. Eles tem o poder de autoconsciência e autodeterminação. Visto que Deus é maior que o homem, Deus deve ser uma pessoa viva. Paulo usou um argumento similar quando ele tratava com os filósofos em Atenas. “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. Sendo nós pois geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou a prata, ou a pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.” (Atos 17:28,29).

Em todo lugar na Bíblia, Deus é revelado como uma pessoa que está viva e ativa. Ele revelou a Si mesmo para Moisés com “EU SOU O QUE SOU”(Êxodo 3: 14). Ele é chamado do “o Deus vivo” pelo menos trinta vezes na Bíblia. O Pai do Senhor Jesus Cristo é o Deus vivo (Mateus 16:16)

2.       Autoexistência

O Deus vivo e pessoal é autoexistente. A fonte de Sua existência está contida n’Ele. Todos os homens e criaturas no universo são dependentes de Deus para a vida. Eles receberam sua existência de Deus. Se não fosse por Deus, eles não poderiam viver. Deus, por outro lado, possui vida em Si mesmo. Ele existe independente de Suas obras. Deus vive desde antes da criação do universo. O universo depende de Deus, mas Deus não depende do universo para existir.

3.        Negação da Personalidade de Deus

  1. Idolatria. Os homens que adoram ídolos negam a personalidade de Deus. Denunciando a idolatria que prevalecia nas antigas nações, os profetas bíblicos fortemente enfatizaram a verdade de que Deus uma pessoa viva. Eles mostraram que aqueles ídolos eram inanimados, sem vida, impessoais. “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Teem boca, mas não falam, teem olhos, mas não vêem; teem ouvidos, mas não ouvem; narizes teem, mas não cheiram: teem mãos, mas não apalpam; teem pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam. Confia, ó Israel, no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo.” (Salmos 115:4 a 9). Descrevendo Deus, em contraste com os ídolos, Jeremias declarou, “Mas o Senhor Deus é a verdade, Ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno”. (Jeremias 10:10). Os profetas bíblicos mostraram a superioridade de Deus sobre os ídolos afirmando que os ídolos são coisas enquanto Deus é uma pessoa. Os homens fazem ídolos, mas Deus fez os homens. Se os construtores de ídolos são pessoas, quanto mais é verdade que Deus é uma pessoa!
  2. Materialismo. Muitas filosofias modernas negam a personalidade de Deus. Muitos homens referem-se a Deus como uma Força ou Lei impessoal. Eles O comparam com a eletricidade, a gravidade ou a energia atômica. Descrevem Deus como um poder infinito e impessoal. Outros homens pensam em Deus meramente como um ideal. Eles dizem que Deus é somente outro nome para bondade, verdade ou beleza. Este pensamento é frequentemente expresso na literatura.
  3. Panteísmo. O panteísmo nega a personalidade de Deus. O panteísmo identifica Deus com a sua criação. Ensina que Deus é tudo e tudo é Deus. Deus não teria uma existência à parte de Suas criaturas. Afirmam que se o universo deixasse de existir, Deus deixaria de ser. Por vezes Ele é descrito como a “Alma do Mundo”, “Pensamento Universal” ou “Princípio Divino”.

Muitos cultos religiosos modernos incorporaram o panteísmo. Alguns destes cultos que negam a personalidade de Deus são a Ciência Cristã, Igreja da Unidade, Ciência Divina, Teosofia e Espiritualismo.

Os cristãos bíblicos rejeitam o panteísmo. Eles afirmam crer em Deus que é uma pessoa viva e amorosa. Junto com Paulo eles declaram: “esperamos no Deus vivo.” ( I Tim. 4:10).

4.       Natureza Física de Deus

Qual a natureza física de Deus? Ele possui um corpo como os homens também possuem? Deus é orgânico ou inorgânico? Ele é material ou imaterial? Existem duas teorias sobre a natureza física de Deus: (1) a Teoria Imaterialista e (2) a Teoria Antropomórfica.

  1. A Teoria Imaterialista. Alguns homens acreditam que Deus é uma pessoa mas que Ele não tem um corpo físico material. A Confissão de Fé de Westminster declara: “Há somente um Deus, vivo e verdadeiro, o qual é infinito em Seu ser e perfeição, um espírito puríssimo, invisível, sem corpo ou membros, ou paixões.” De acordo com esta teoria, Deus criou o homem em Sua imagem moral e intelectual, mas não em Sua imagem física. As escrituras que mencionam que Deus tem uma cabeça, cabelo, mente, face, olhos, ouvidos, narinas, boca, voz, braços, mãos, pés e habitando lugares são explicados como sendo meras expressões humanas utilizadas pelos escritores da Bíblia para demonstras o infinito de forma compreensível aos homens finitos. Os homens que acreditam que Deus é imaterial geralmente chamam suas teorias de “a espiritualidade de Deus”. Para provar sua teoria, eles citam João 4:24, “Deus é Espírito.”
  2. A Teoria Antropomórfica. Outros homens creem que Deus tem um corpo físico material, real e literal. Esta teoria afirma que Deus criou o homem à Sua imagem física assim como em Sua imagem intelectual e moral. Os homens que acreditam que Deus tem uma natureza material aceitam literalmente as escrituras que descrevem Deus como tendo corpo físico. Os que aceitam esta fé explicam que o verso “Deus é Espírito” (João 4:24), não tem a intenção de descrever Deus em contraste com a matéria, mas sim que Deus pode ser encontrado onde quer que o coração humano O busque.

Capítulo 09  – A Unidade de Deus #

Deus é um. Só existe uma pessoa que é Deus. Antes que o universo viesse a existir, o Deus vivo, pessoal e autoexistente estava sozinho. Este ser infinito e perfeito é único. Não há outro igual. Ele é o único na Sua classe. Em Sua natureza, personalidade e atributos Deus é completo e indivisível.

A unicidade de Deus inclui dois pensamentos primários: a unidade de Deus e a singularidade do caráter de Deus. A unidade de Deus refere-se ao fato de que existe apenas uma pessoa no universo que é a fonte suprema e o governante de todas as coisas. A singularidade do caráter de Deus refere-se à verdade de que Sua natureza é indivisível.

1.       A Maior Verdade da Bíblia

O fato de que existe apenas um Deus é um ensinamento marcante na Bíblia. Foi a mensagem básica dos profetas e apóstolos. É a verdade fundamental do evangelho.

“Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos” (Efésios 4:6). “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Timóteo 2:5). “Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele” (I Coríntios 8:6).

  1. Um Deus. A Bíblia claramente afirma que existe um Deus. Os escritores da Bíblia mostram que Deus é um só indivíduo, um Ser único. Deus é um, só existe uma pessoa que é Deus. A palavra “um” vem do gregoheise do hebraico echad.
  • Efésios 4:6                                      Um só Deus e Pai de todos
  • I Timóteo 2:5                                 Porque há um só Deus
  • I Coríntios 8:4                                Não há outro Deus, senão um só
  • I Coríntios 8:6                                Há um só Deus, o Pai
  • Tiago 2:19                                       Tu crês que há um só Deus; fazes bem
  • Gálatas 3:20                                    Deus é um
  • Mateus 19:17                                  Não há bom senão um só, que é Deus
  • Marcos 10:18                                  Ninguém há bom senão um, que é Deus
  • Marcos 12:29                                  O Senhor nosso Deus é o único Senhor
  • Deuteronômio 6:4                         O Senhor nosso Deus é o único Senhor
  • II Samuel 7:22                                 Não há outro Deus senão tu só
  • I Crônicas 17:20                              Não há Deus fora de ti
  • Zacarias 14:9                                   Um será o Senhor e um será o Seu nome
  • Malaquias 2:10                               Temos todos um mesmo Pai
  1. O Único Deus. A Bíblia ensina a unidade simples de Deus não apenas afirmando que Ele é um, mas também afirmando que Ele é o único Deus. A palavra “único” significa só, por Si, aparte, estar solitário. A palavra “único” vem do gregomonose do hebraico bad.
  • João 17:3                                              Único Deus verdadeiro
  • I Timóteo 1:17                                    Ao único Deus seja honra
  • I Timóteo 6:15                                    Único poderoso Senhor
  • Judas 4                                                   Negam a Deus, único dominador
  • Judas 25                                                Ao único Deus, salvador nosso
  • II Reis 19:15                                         Só Tu és Deus
  • II Reis 19:19                                         Só tu és o Senhor Deus
  • Neemias 9:6                                          Tu só és Senhor
  • Salmos 83:18                                        A quem só pertence o nome de Jeová
  • Salmos 86:9,10                                     Só Tu és Deus
  • Isaías 44:24                                           Sozinho eu criei todas as coisas (NTLH)
  1. Não há nenhum outro. Todos os outros estão excluídos. Não há ninguém mais.

Deus é o único, junto d’Ele não existe ninguém. Preste bastante atenção nos seguintes textos das escrituras que afirmam a verdade de que Deus está sozinho.

  • Marcos 12:32                                               Não há outro além dele
  • I Coríntios 8:4                                              Não há outro Deus, senão um só
  • Deuteronômio 4:35                                    Nenhum outro senão ele
  • Deuteronômio 4:39                                    Nenhum outro há
  • Deuteronômio 32:39                                  Mais nenhum Deus comigo
  • I Samuel 2:2                                                  Não há outro fora de ti
  • I Reis 8:60                                                      Não há nenhum outro (NTLH)
  • Isaías 43:10                                                   Antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá
  • Isaías 43:ll                                                      Fora de mim não há Salvador
  • Isaías 44:6                                                      Fora de mim não há Deus
  • Isaías 44:8                                                      Eu não conheço nenhum
  • Isaías 45:5                                                      Eu sou o Senhor e não há outro
  • Isaías 45:6                                                      Fora de mim não há outro
  • Isaías 45:14                                                    Nenhum outro Deus há mais
  • Isaías 45:18                                                    Eu sou o Senhor, e não há outro
  • Isaías 45:21                                                    Não há outro Deus senão eu
  • Isaías 45:22                                                    Eu sou Deus, e não há outro
  • Isaías 46:9                                                       Não há outro semelhante a mim
  • Jeremias 10:10                                               O Senhor é o Deus verdadeiro (NTLH)
  • Joel 2:27                                                           Ninguém mais

2.       Indicações da singularidade de Deus

  1. Atributos Infinitos de Deus. A singularidade de Deus é essencial pelo fato de Deus ser infinito. A realidade permite a existência de uma única pessoa que seja absolutamente perfeita. Só pode existir uma pessoa que é suprema. A preeminência exclui a todos, menos um. Quando alguém fala do original, da fonte, da primeira causa, do maioral, do mais alto, do supremo, do definitivo, do último, ele se refere a uma posição que somente uma pessoa pode ocupar. A infinita superioridade de Deus requer que Ele seja uma unidade singular, um só indivíduo, um ser único.

Para que exista mais de um Deus infinito haveria uma contradição de pensamento. Se várias pessoas existissem como Deus, eles se limitariam entre si. Eles teriam que ser finitos. Nenhum poderia ser tudo em todos – o único supremo Deus.

A ideia de Deus é apropriada a um indivíduo, e não admite a aplicação para mais de um. Não pode haver nada acima de Deus, ou igual a Ele, ou que não dependa d’Ele. Ele não é apenas o primeiro e o melhor, mas o maioral dos seres; e consequentemente, Ele se destaca no universo. O que queremos dizer por Deus como um ser que é infinito e absolutamente perfeito? A ideia de dois deuses iguais é uma ideia absurda. Pode existir mais de um rei, porque a realeza só implica em que cada rei é investido de autoridade soberana nos seus próprios domínios; mas não pode haver uma pluralidade de deuses, porque, pela natureza das coisas, somente um pode ser possuidor de toda perfeição possível (Wakefield, Samuel.Christian Theology. New York: Nelson Phillips, 1873, pp. 140, 141).

  1. A Unidade da Natureza. A unidade da natureza revela a unidade de Deus. Todas as coisas criadas não formam um multiverso, mas um universo. O universo evidencia em si mesmo a obra de uma mente, um poder, uma vontade – um Deus. Cada nova descoberta científica enfatiza a verdade sobre a unidade da natureza e singularidade de Deus.

A estrutura e constituição do mundo apresenta para nós uma harmonia, uma ordem, uma uniformidade de projeto, demonstrando que seu Criador e Mantenedor é um. Nós vemos evidências de uma só vontade e uma só inteligência; e, portanto, há um só Deus.

Se a administração uniforme e perfeitamente regular de uma comunidade prova a unidade do poder governante, a uniformidade que observamos em tudo, nas leis e operação da natureza, não seria uma prova de que seu Criador e Governante é um só? A única conclusão racional destas fontes de evidências é, portanto, que o “Senhor nosso Deus é um” (Ibid, 141, 142).

  1. Natureza Psicológica do Homem. O homem encontra uma singularidade de vida na singularidade de Deus. A unidade de personalidade e propósito é descoberta na fidelidade ao único Deus. “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Deuteronômio 6:4, 5). Porque Deus é supremo, os homens devem adorá-lo acima de tudo. Porque Deus é único, os homens devem amá-lo como um indivíduo. O único Deus que é tudo em todos insiste na total lealdade de Suas criaturas.

A psicologia reconhece a necessidade de um princípio organizador na vida humana. Todo círculo precisa de um centro. Todo sistema solar necessita de um sol. Cada vida necessita da suprema fidelidade para dar-lhe unidade e propósito. Na suprema fidelidade para com o Deus único, o homem encontra um centro para seu círculo e um propósito adequado para sua vida.

3.       Três Religiões Monoteístas

Existem três grandes religiões que declaram a crença na unidade de Deus. Estas religiões são o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo. O monoteísmo, evidentemente, é a crença na existência de um Deus. É o oposto do politeísmo.

  1. Judaísmo. A religião de Israel é baseada na crença de um Deus que Se revelou à nação através da lei e dos profetas. A oração mais importante do judaísmo declara a unidade de Deus (Deuteronômio 6:4).

Tendo sido dispersas da Torre de Babel, as nações quase que universalmente foram submersas no paganismo e na idolatria. Através de Abraão, Deus formou Sua própria nação especial, a colocou na Palestina, no entroncamento dos continentes, e ordenou que ela deveria ser testemunha missionária d’Ele, o único Deus verdadeiro. Deus propôs que Israel deveria ser um “reino sacerdotal” (Êxodo 19:6). Os israelitas deveriam adorá-lo como único Deus e se transformar no instrumento para a conversão de outras nações do politeísmo para o monoteísmo.

Não é nenhum segredo que o grande entrave para os judeus aceitarem o cristianismo é a falsa doutrina da trindade defendida por uma enorme porção da cristandade. Os judeus alicerçados no puro monoteísmo sabem que ninguém pode acreditar de forma consistente em ambas as doutrinas da trindade e no ensino bíblico sobre o único e verdadeiro Deus.

  1. Islamismo. Chamado de Mohamedanismo, depois que seu fundador Mohamed viveu no século VII, o Islamismo acredita na existência de uma deidade chamada Alá. O Islamismo emprestou alguns elementos do judaísmo e cristianismo. Como o judaísmo, creem em Abraão como um de seus patriarcas. Também consideram Moisés e Jesus como bons homens, mas creem que Maomé é o profeta chefe de Alá.
  2. Cristianismo.O Cristianismo é superior a todas as religiões. É a única religião verdadeira. Jesus é o único salvador. Ele é o único caminho para Deus, não há possibilidade de salvação sem Ele.

O cristianismo é baseado no monoteísmo. O Deus do Antigo Testamento é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O cristianismo no Império romano esteve em constante conflito com o paganismo. A unidade de Deus naturalmente se tornou a doutrina fundamental da igreja apostólica. Onde quer que fossem, os primeiros missionários da Igreja proclamavam a verdade sobre a Unidade de Deus. Aos seus convertidos diziam: “dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro” (I Tessalonicenses 1:9).

Escrevendo para a Igreja na cidade idólatra de Corinto, Paulo afirmou: “sabemos que um ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só. Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra, (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele” (I Coríntios 8:4-6).

4.       Falsas Teorias do Paganismo

A verdade sobre a unidade de Deus tem sido negada pelo paganismo e pervertida pela Cristandade. O paganismo rejeita a verdade sobre a unicidade de Deus e coloca em seu lugar a crença em muitos deuses.

  1. Politeísmo.O oposto do monoteísmo, a fé num único Deus, é o politeísmo. O politeísmo é a crença na existência de muitos deuses. Ao invés de adorar um Deus infinito que é perfeito em todos os seus atributos e supremo governante de sua criação, o paganismo adora muitas deidades finitas. Os deuses e deusas imaginados pelo politeísmo são imperfeitos em atributos e limitados em sua esfera de influência. No princípio, a raça humana era monoteísta. Depois de terem voltado as costas para Deus, a raça humana degenerou-se para o paganismo e politeísmo. A origem do politeísmo é descrita em Romanos 1:20-23.
  2. Dualismo.Uma outra filosofia pagã que é contrária ao monoteísmo é o dualismo. Dualismo é a crença na existência de dois deuses que eternamente se opõem um ao outro, sendo um deles bom e o outro mal. Esta era a doutrina do zoroastrismo persa. A deidade boa do Zoroastro era Ahura Mazda, o deus da luz. A deidade má era Angra Manyu, o deus das trevas. Durante os primeiros séculos da era da igreja, a filosofia dualista foi manifestada no Gnosticismo e Maniqueísmo. Mais tarde foi uma mistura de Zoroastrismo e Cristianismo.

5.       Falsas Teorias da Cristandade

Enquanto a verdade sobre a unidade de Deus tem sido negada pelo paganismo, ela é pervertida pela cristandade nominal. A cristandade perverte a simples unidade de Deus em doutrinas como o trinitarianismo, triteísmo e falsas teorias semelhantes.

  1. Trinitarianismo. O trinitarianismo é a crença de que Deus é um em essência, mas existe em três pessoas. Os trinitários advogam que só existe uma substância, uma inteligência e uma vontade na deidade, mas que três pessoas coexistem eternamente nesta única essência e exercem uma única inteligência e vontade. Uma análise detalhada da trindade será feita no próximo capítulo.
  2. Triteísmo. O triteísmo é a crença de que Deus é três em essência assim como três pessoas. O triteísmo acredita que “existem três Deuses, genericamente um, individualmente distintos” (A.A. Hodge). Eles creem que existem três deuses distintos, unidos em propósito e obra, mas não em essência.

Os representantes mais destacados do triteísmo foram John Ascusnages, de Constantinopla, e John Philoponus, de Alexandria (no sétimo século), e Roscelinus (no século onze).

  1. Monarquianismo.Esta teoria, também conhecida como Sabelianismo, refere-se à crença de que Deus, Jesus e o Espírito Santo são uma única pessoa e uma única essência. Os que acreditam nesta teoria afirmam que há somente uma pessoa divina que algumas vezes se manifesta como Pai, algumas vezes como Jesus e algumas vezes como o Espírito. Esta visão afirma a divindade de Cristo, mas nega que sua personalidade seja distinta do Pai. Aqueles que creem nesta teoria rejeitam a trindade. O trinitarianismo afirma que Jesus e o Pai são um em essência. O monarquianismo afirma que Jesus e o Pai são a mesma pessoa. De acordo com esta teoria, quando Jesus orou, Sua natureza humana estava orando para Sua natureza divina.

Os adeptos desta teoria são encontrados em vários períodos da história da igreja. Um grupo moderno que aceita esta crença é a Igreja Pentecostal Unida. Sua teoria é expressa na obra “Jeovah–Jesus”, de C. Haskell Yadon, e no livreto “A doutrina dos apóstolos”, de S. R. Hanby. O trecho a seguir foi retirado de “O que nós cremos e ensinamos”, os pontos de fé da Igreja Pentecostal Unida:

“Cremos no único Deus sempre vivo e Eterno, infinito em Seu poder, Santo por natureza, atributos e propósitos; possuidor de divindade absoluta e indivisível. Este Único Deus verdadeiro se manifestou de várias maneiras, como Pai na criação; no Filho, enquanto andou entre os homens; como o Espírito Santo depois da ascensão.”

No terceiro século, esta visão foi mantida por Praxeas da Ásia Menor, Noetus de Smyrna, Beryl de Bostra, na Arábia, e Sabélio de Ptolemais.

Esta teoria também é falsa. Jesus constantemente revelou que Ele e o Pai tinham duas personalidades distintas. Ele disse que Ele e o Pai eram duas testemunhas separadas (João 8:16-18).

  1. Comparação Dessas Três Teorias.Todas essas três teorias são falsas. Todas são semelhantes no fato de considerarem o Pai, Jesus e o Espírito incluídos na figura de Deus. A diferença é que no Trinitarianismo se crê que o Pai, Jesus e o Espírito constituem três pessoas mas apenas uma essência. O triteísmo acredita que eles constituem três essências, bem como três pessoas. O monarquianismo crê que Eles constituem apenas uma essência e são apenas uma pessoa. Todas essas três teorias são falsas.

A Bíblia ensina corretamente que existe apenas um Deus, o Pai, que é um em essência e pessoa. Existe apenas uma pessoa que é Deus. Ensina que Jesus não é Deus, mas o Filho de Deus. Ele é divino, mas não divindade. Ao lado de Deus, Jesus é a pessoa mais exaltada no universo. Cristo estará eternamente sujeito ao Seu Pai, o único Deus Supremo. O Espírito Santo é o poder impessoal de Deus através do qual Ele realiza as Suas obras.

Capítulo 10 – Trinitarianismo #

A mais predominante entre as muitas teorias falsas a respeito da unidade de Deus é o trinitarianismo. Esse erro foi introduzido para dentro da Igreja vindo do paganismo e manteve seu lugar na teologia através do governo totalitário dos imperadores romanos e da Igreja Católica de Roma. Os reformadores protestantes saíram da igreja papal, mas trouxeram consigo algumas doutrinas pagãs. Além de falsas doutrinas, como a imortalidade da alma, batismo infantil e por aspersão, eles também retiveram o falso ensino da trindade.

A reforma foi boa na medida em que novamente chamou a atenção dos homens para a Palavra de Deus e restaurou doutrinas Bíblicas negligenciadas para o seu devido lugar na igreja. A reforma, porém, não foi longe o suficiente. Muitos erros da igreja de Roma foram mantidos. Outra reforma se faz necessária hoje para livrar a Igreja de todos os erros pagãos e retornar às verdadeiras doutrinas da Bíblia.

1.       Definição de Trindade

Trindade é a crença na existência de um Ser divino que subsiste em três pessoas, Pai, Filho e Espírito. O dicionário Webster define a palavra: “A união de três pessoas ou hipóstases (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) em uma Divindade, de modo que todos os três são um Deus com relação à substância, mas três pessoas ou hipóstases com relação à individualidade’’ (Webster’s Collegiate Dictionary, 5ª edição). Os trinitarianos não acreditam que as três pessoas são uma pessoa ou que as três pessoas são três deuses. Eles creem em três pessoas que constituem um Deus.

2.       Três Propostas Envolvidas

Existem três propostas primárias envolvidas na doutrina da Trindade.

Estes três pontos são: 1) A unidade composta de Deus. 2) A divindade do Pai, do Filho e do Espírito. 3) A personalidade do Pai, do Filho e do Espírito.

O fracasso em provar qualquer uma dessas três propostas resultará no colapso dessa teoria. Para refutar a trindade, portanto, alguém precisaria estabelecer apenas um destes três fatos: 1) A unidade simples de Deus. 2) Jesus não é Deus. 3) O Espírito não é uma pessoa.

1 – A Unidade Composta de Deus. Os trinitarianos afirmam acreditar na unidade de Deus. Caso eles não afirmassem acreditar que Deus é um, seria revelado que sua doutrina não é outra coisa senão o politeísmo. Os trinitarianos, portanto, não creem na unidade de Deus como ensinada na Bíblia. Eles rejeitam a verdade bíblica de que existe apenas uma pessoa que é Deus. Eles negam a unidade simples de Deus. O trinitarianismo insiste que a unidade de Deus é composta. Advogam que existe apenas uma substância, uma inteligência e um propósito na Divindade, mas que essas três pessoas coexistem eternamente nessa única essência e exercem essa única inteligência e único propósito. Eles dizem que a unidade de Deus refere-se à sua substância, essência ou ser.

2 – A Divindade do Pai, do Filho e do Espírito. O segundo ponto que os trinitarianos tentam estabelecer é que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito é Deus. Tentam mostrar que cada um deles é mencionado como sendo Deus e que cada um possui atributos e obras de Divindade. Afirmam que os três são iguais em tudo. A única diferença é que eles se distinguem por certas propriedades individuais, que são: o Filho foi gerado pelo Pai, e o Espírito procede do Pai e do Filho.

3 – A Personalidade do Pai, do Filho e do Espírito. Como terceiro ponto, os trinitarianos procuram provar que o Pai é uma pessoa, que o Filho é uma pessoa e que o Espírito também é uma pessoa. Cada um tem uma personalidade distinta dos outros dois. Ou seja, cada pessoa possui supostamente a completa essência divina e todos os atributos divinos. Presume-se que seja Deus em Si mesma. As três pessoas juntas compartilham uma essência única comum, todos os atributos, uma substância, uma inteligência e um propósito.

3.        Origem Histórica desta Doutrina

1- Não Mencionada na Bíblia. O trinitarianismo não é uma doutrina Bíblica. Essa teoria sequer é mencionada nem ensinada na Bíblia. As palavrastrindade e triúnojamais foram usadas pelos escritores da Palavra de Deus. A doutrina da trindade era desconhecida dos Israelitas do Antigo Testamento e pelos cristãos do Novo Testamento. Essa teoria foi elaborada muitos anos após a morte do último apóstolo.

Não existe autoridade bíblica para a trindade. Os teólogos tentam ler nas entrelinhas das Escrituras buscando pela trindade. Eles misturam textos das Escrituras na intenção de dar suporte à sua teoria, mas a verdade é que a doutrina da trindade não é ensinada pela Bíblia.

Graham Greene, um inglês convertido ao Catolicismo, escreveu um artigo para a revista Life para apoiar o dogma da Igreja Católica a respeito da ascensão de Maria aos céus. Nesse artigo, ele admitiu que não existe autoridade bíblica para a trindade:

Nossos oponentes algumas vezes afirmam que não se deve acreditar dogmaticamente naquilo que não esteja explicitamente exposto nas Escrituras (ignorando que é somente pela autoridade da Igreja que nós reconhecemos certos Evangelhos e não outros como verdadeiros). Mas as igrejas Protestantes, por si mesmas, aceitam dogmas como a trindade, para a qual não existe autoridade precisa nos Evangelhos” (Graham Greene “The Catholic Church’s New Dogma: The Assumption of Mary,” Life, 30 de outubro, 1950, p. 51).

A doutrina da trindade, além de não ser bíblica, é também antibíblica. Não somente é verdade que a Bíblia não apoia tal teoria como também o ensino da palavra de Deus é diretamente oposto a ela. A Bíblia claramente afirma a verdade da unidade não composta de Deus, que é o Pai. Ensina que Jesus é o Filho de Deus, não o próprio Deus. Revela que o Espírito é o poder impessoal de Deus.

2 – Origem Pagã. A doutrina da trindade é de origem pagã. A trindade, assim como a falsa doutrina da imortalidade da alma, penetrou gradativamente  na teologia da igreja durante os primeiros séculos da era da igreja. Pagãos que aparentemente não estavam completamente convertidos tornaram-se membros da igreja visível. Na medida em que esses homens assumiram posições de liderança, como professores e teólogos, a teologia da igreja foi gradualmente paganizada. Os ensinamentos da Bíblia foram reinterpretados e ajustados para acomodar os ensinamentos da filosofia pagã.

Tríades de divindades eram predominantes na mitologia pagã. Embora muitos deuses fossem adorados em nações politeístas, geralmente havia três divindades que eram consideradas como principais. O hinduísmo cria em uma essência Brahma expressa em três personalidades: Brama, o Criador; Vishnu, o preservador, e Shiva, o destruidor. O Zoroastrismo Persa cria em Ahura Mazda, a divindade boa; Angra Manya, a divindade má, que eram expressões de Mitra, a grande causa primal. Confúcio, segundo é relatado, escreveu: “Tao (Deus) é por natureza único; o primeiro gerou o segundo; ambos em conjunto deram origem ao terceiro; esses três criaram todas as coisas.”

Osíris, Ísis e Neftís parecem ter formado a tríade de divindades no Egito. Na Babilônia, os três eram Ea, o deus dos resíduos aquosos, Enlil, o senhor das tempestades, e Anu, o senhor dos céus. Na Grécia, as três divindades sobre os demais no Monte Olimpo eram Zeus, Hera e Atena. A tríade de divindades para quem os romanos construíram templos no monte Capitólio eram Júpiter, Juno e Minerva. As três principais divindades dos Germanos eram Odin, Thor e Freyr.

Platão personificou três princípios eternos: Bondade, Conhecimento e Felicidade. A filosofia pagã de Platão que permeava o pensamento grego e romano foi o principal fator para o surgimento de falsas teorias, como a imortalidade da alma e a trindade no meio cristão.

Embora a trindade do paganismo e a trindade do cristianismo nominal não fossem idênticos em todos os detalhes precisos da definição, é evidente que uma teve origem na outra.

3 – Primeiro Uso da Palavra. A primeira vez que a palavra “trindade” foi usada em sua forma gregaTrias foi por Teófilo, que se tornou o bispo de Antioquia da Síria no oitavo ano do reinado de Marco Aurélio (168 d.C.). Ele usou a palavra no segundo dos três livros que escreveu endereçados ao seu amigo Autólico. Comentando o quarto dia da criação no Gênesis, ele escreveu: “Da mesma maneira também os três dias que antecederam os luminares são tipos da trindade, de Deus, de Sua palavra e Sua sabedoria” (Theophilus. “To Autolycus” The Ante-Nicene Fathers).

Tertuliano (160-220 a.D.) foi o primeiro a usar a palavra em latim Trinitas. Educado em Roma e presbítero em Cartago, Tertuliano lançou os fundamentos da Teologia Latina, a qual mais tarde foi construída por Cipriano e Agostinho. Embora tenha denunciado Platão como filósofo herege, Tertuliano expressou sua teologia nos termos da filosofia de Platão. Ele esteve entre os primeiros a ensinar a imortalidade da alma e a tortura eterna para os ímpios. A trindade e a imortalidade da alma foram formuladas e desenvolvidas por Agostinho dentro de um sistema de teologia. Os escritos de Agostinho tornaram-se a base da teologia da Igreja Católica Romana.

Tertuliano mencionou a trindade em seu livro escrito contra Praxeas, que apoiava a teoria Monarquiana. Ele escreveu: “O mistério da dispensação permanece guardado, que distribui a Unidade dentro da Trindade, colocando em sua ordem as Três Pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (Tertullian. “Against Praxeas” – The Anti-Nicene Fathers).

A Controvérsia Ário-atanasiana

Uma atenção específica foi centrada sobre a doutrina da trindade no início do quarto século como resultado da controvérsia entre dois líderes da Igreja em Alexandria, Ário (256-336) e Atanásio (293-373).

Ário sustentava que Jesus, embora grande, era de alguma maneira inferior a Deus. Atanásio, por outro lado, afirmava que Cristo era igual a Deus em todos os aspectos.

Em 318 a.D. a controvérsia foi aberta. Ário argumentou que se Jesus era realmente Filho de Deus, então deve ter havido um tempo em que existia o Pai, mas não o Filho. O Pai, portanto, era maior do que o Filho. No Concílio de uma Igreja local celebrado em 321 d.C., Ário e seus colaboradores foram excomungados da Igreja por causa dessa opinião. Ário, no entanto, tinha muitos amigos e seguidores em todas as Igrejas da Cristandade. A falsa teoria da trindade não alcançou rapidamente uma posição dominante na Igreja.

Pelo mesmo tempo em que a controvérsia entre Ário e Atanásio estava no auge entre as Igrejas, o imperador Constantino tornou-se o principal defensor do Cristianismo. O imperador enxergou a Igreja como uma grande força unificadora e estava ansioso para transformar o Cristianismo na religião universal do Império Romano. Ele queria evitar todas as lutas internas da Igreja. Ele raciocinou que deveria ter uma Igreja unida para ter um império unido.

Buscando restaurar a unidade das Igrejas, Constantino convocou a reunião do Concílio Geral da Igreja para ser celebrado na cidade de Nicéia, em 325 d.C. Os bispos e o clero de todas as Igrejas foram convidados para participar do Concílio com todas as despesas pagas pelo imperador. O Concílio de Nicéia, entretanto, foi um concílio de igrejas da seção oriental do império. Enquanto é dito que compareceram 318 bispos, além de oficiais eclesiásticos menores, não estavam presentes no concílio sequer dez bispos do oeste. O Concílio não foi verdadeiramente representativo da Igreja inteira.

Eusébio, conhecido como o Pai da História da Igreja, logo no início do Concílio ofereceu um credo que usava a linguagem Bíblica em vez dos termos filosóficos usados por Atanásio. Os seguidores de Atanásio perceberam que um voto a favor de Eusébio era na verdade um voto a favor de Ário, porque a Bíblia não confirma a doutrina da trindade. O compromisso de Eusébio, portanto, foi rejeitado. O imperador Constantino, embora ignorante com relação aos fatos teológicos que estavam em discussão, estava ansioso por alcançar unidade e apoiou Atanásio. A maioria dos bispos presentes finalmente assinou o credo formulado pelo grupo de Atanásio. Aqueles que não quiseram assinar, incluindo Ário, Eusébio de Nicomédia e Teógnis de Nicéia, foram banidos e seus livros queimados publicamente.

Isso, entretanto, não foi o fim. O debate prosseguiu por cinquenta e seis anos. Ário e seus colaboradores foram chamados de volta do exílio entre três a cinco anos após o Concílio de Nicéia. Atanásio foi deposto por um grande Concílio em Tiro em 335 d.C., sendo banido para Gaul. Ário morreu em 336. Durante os anos que se sucederam, os seguidores de Ário e Atanásio alternadamente foram banidos e chamados de volta, já que os imperadores que governavam o império ora favoreciam uma ou outra teoria.

O trinitarianismo não se tornou a doutrina “ortodoxa” e dominante da cristandade até que Teodósio fosse imperador (379). Teodósio foi o imperador que fez do cristianismo a religião estatal. A união do Estado com a Igreja pavimentou a estrada para o surgimento da Igreja Católica Romana.

Teodósio convocou um Concílio em Constantinopla, que se reuniu em 381 d.C. Compareceram cerca de cento e cinquenta bispos do leste. No credo adotado, o trinitarianismo foi transfomado numa doutrina oficial da Igreja nas fronteiras do império. Todos os que discordaram foram expulsos de seus púlpitos e excomungados de suas Igrejas. Foi o regime totalitário dos imperadores romanos e mais tarde da Igreja Católica Romana, que possibilitou à doutrina da trindade manter o seu lugar numa teologia pervertida.

Crentes fiéis, mesmo fora da Igreja Católica Romana, continuaram a acreditar no ensino bíblico sobre a unidade simples de Deus. A região norte da Europa, convertida pelo grande missionário Ulfilas (morto em 381), abraçou a doutrina que o Cristianismo Ariano ensinava. Isso foi muitos séculos antes dos Ostrogodos, Visigodos, Burgúndios, Vândalos, Lombardos, e outros povos do norte Europeu finalmente se renderem à crença da Trindade e eventualmente se tornaram parte da Igreja Católica Romana.

A história da Igreja e a história da doutrina revelam muitos crentes fiéis através de todos os vinte séculos da era Cristã que têm repudiado a teoria da trindade e insistido no ensinamento bíblico a respeito da unidade de Deus.

O Trinitarianismo nos Credos

Durante os anos que se seguiram à morte dos apóstolos, muitas pessoas diziam ser cristãs, mas não aceitavam os ensinos apostólicos. A fim de determinar os verdadeiros crentes, cada igreja local listava certas doutrinas que os convertidos ao cristianismo deveriam crer. Estas listas de doutrinas e confissões de fé foram chamadas de “credos” da palavra credo, eu creio. Havia quase tantos credos quanto Igrejas.

O Credo dos Apóstolos, escrito muitos anos após a morte dos apóstolos e chamado assim pois pretendia incorporar os ensinamentos dos apóstolos, foi formulado a partir de vários credos de igrejas locais. Foi escrito para que todas elas pudessem ter uma confissão de fé comum.

O Credo dos Apóstolos não inclui a doutrina da trindade. Embora contenha afirmações referentes a Deus, Jesus e o poder de Deus, o Espírito, a doutrina da trindade não é ensinada e nem mesmo mencionada.

1 – O Credo Niceno. Este foi o primeiro Concílio a ensinar a trindade. O Credo Niceno foi originalmente formulado pelo Concílio de Nicéia, em 325 d.C., como segue:

“Cremos em só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, e em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai; por quem foram feitas todas as coisas que estão no céu ou na terra; o qual por nós homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem. Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus. Ele virá para julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo. E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho não existia, ou que antes que fosse gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo que não existia, ou que ele é de uma essência ou substância diferente (do Pai), ou que ele é uma criatura, ou sujeito à mudança ou transformação, todos os que falem assim, são anatematizados pela Igreja Católica” (Hodge, A.A. Op cit., pp. 115, 116).

2 –  O Credo Niceno-constantinopolitano. O credo de Nicéia, como foi formulado originalmente, não é o credo repetido nas Igrejas de hoje com esse nome. O credo original foi emendado no Concílio de Constantinopla, em 381 d.C., e no Concílio de Toledo, Espanha, em 589 d.C. O anátema do credo original foi omitido e o texto referente ao Espírito Santo foi ampliado. A Igreja Grega rejeitou este credo porque ele ensina que o Espírito procede tanto do Pai como do Filho. A presente forma do Credo Niceno é a seguinte:

“Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.”

3 – O Credo Atanasiano. Este credo, que é considerado pelos trinitarianos como sendo a exposição mais profunda que existe atualmente daquela doutrina, é assim denominado em honra a Atanásio. Entretanto, Atanásio não escreveu este credo. Foi escrito muitos séculos após a sua morte. Este credo apareceu pela primeira vez em Gaul, na escola de Agostinho, por volta do sexto ou sétimo século. Enquanto lê este credo, note as contradições que ele contém:

01. Qualquer um que quer ser salvo, antes de tudo deve seguir a fé católica: 02.aquele que não a guardar integral e intata, sem dúvida perecerá eternamente. 03. A fé católica é esta: que adoremos o único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade, 04. não confundindo as Pessoas, nem separando a substância. 05. Pois, uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho e outra a do Espírito Santo; 06. mas o Pai e o Filho e o Espírito Santo possuem uma só divindade, igual glória e igual majestade eterna. 07. Assim como é o Pai, assim é o Filho, assim é também o Espírito Santo. 08. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo; 09. imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo; 10. eterno é o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo; 11. contudo, eles não são três eternos, mas um só eterno; 12. como não são três incriados nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso. 13. igualmente o Pai é Todo-Poderoso, o Filho é Todo-Poderoso, o Espírito Santo é Todo-Poderoso; 14. contudo eles não são três Todo-Poderosos, mas um só Todo-Poderoso. 15. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; 16. contudo eles não são três deuses, mas um só Deus. 17. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; 18. contudo eles não são três Senhores, mas um só Senhor. 19. Pois assim como nós somos compelidos, pela verdade cristã, a confessar cada Pessoa singular como Deus e Senhor, 20. assim nos é proibido, pela fé católica, falar de três deuses ou três Senhores. 21. O Pai não foi feito por ninguém, nem criado, nem gerado. 22. O Filho não foi feito, nem criado, mas gerado, somente pelo Pai. 23. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado pelo Pai e Filho, mas está procedendo deles. 24. Então, um só Pai, não três Pais; um só Filho, não três Filhos; um só Espírito Santo, não três Espíritos Santos. 25. E nesta Trindade não há nada anterior ou posterior, nem maior ou menor, 26. mas todas estas três Pessoas têm a mesma eternidade e igualdade. 27. Por isso, como já foi dito, seja venerada, em tudo, a Unidade na Trindade, assim como a Trindade na Unidade. 28. Portanto, quem quer ser salvo, deve reconhecer assim a Trindade. 29. Mas é necessário para a salvação eterna crer também fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo. 30. Então, a verdadeira fé é que cremos e confessamos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é igualmente Deus e homem. 31. Ele é Deus da substância do Pai, gerado antes de todos os tempos, e Ele é homem da substância da mãe, nascido no mundo; 32. perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de alma racional e carne humana; 33. igual ao Pai, visto a natureza divina; menor que o Pai, visto a natureza humana. 34. Ele, mesmo sendo Deus e homem, não é dois, mas um só Cristo. 35. Ele é um, não por ser convertida a Divindade em carne, mas porque Deus assumiu a natureza humana; 36. Ele é um, não por confusão da substância, mas pela unidade de uma Pessoa. 37. Pois assim como a alma racional e a carne são uma Pessoa, assim Deus e homem são um só Cristo. 38. Ele padeceu por nossa salvação, desceu ao reino dos mortos, ressurgiu dos mortos no terceiro dia, 39. subiu ao céu, está sentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, 40. de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos: 41. com a vinda d’Ele todas as pessoas vão ressurgir com seus corpos 42. e dar contas de seus próprios atos; 43. os que tiverem feito o bem, entrarão na vida eterna, os que tiverem feito o mal, no fogo eterno. 44. Esta é a fé católica: quem não crer nela fielmente e firmemente não poderá ser salvo (Curtis, W. A. A History of Creeds and Confessions of Faith; Schaff, Philip. Creeds of Christendom).

Capítulo 11  – Argumentos Trinitarianos Considerados #

É quase patético considerar os frágeis argumentos que os trinitarianos utilizam para defender sua teoria. Eles admitem que a doutrina não é declarada na Bíblia, e então se agarram desesperadamente a toda pequena frase nas Escrituras que possa ser usada de alguma forma para apoiar sua falsa doutrina.

1.       Um Texto Espúrio

O único verso da Bíblia que parece ensinar a trindade está em I João 5:7, “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a palavra e o Espírito Santo; e esses três são um.”

É consenso geral entre todos os estudiosos que esse verso é espúrio. Não é parte genuína da Bíblia. Não tem autoridade. Foi forjado. Não consta nos manuscritos originais; foi inserido por algum escriba trinitariano durante a Idade Média. Os trinitarianos honestos de hoje não usam este verso no ensino de sua doutrina. Quase todas as versões e traduções modernas omitem corretamente as palavras deste verso.

2.       Ocorrência de Três Palavras Juntas

O principal argumento usado pelos trinitarianos é o fato de que Deus, Jesus e o Espírito Santo são mencionados juntos em alguns poucos versos. Eles alegam que isso prova a trindade. Isso não é verdade. O fato de três palavras ocorrerem na mesma sentença não é uma indicação em si mesma de que os fatores ou pessoas mencionados são iguais ou estejam necessariamente relacionados. Eis alguns dos versos que os trinitarianos usam:

  • Mateus 3:16,17                    O batismo de Jesus
  • João 14:16                             A promessa do Consolador
  • Mateus 28:19                       A Grande Comissão
  • 2 Coríntios 13:13                A Bênção
  • 1 Pedro 1:2                           Os Eleitos

Mateus 3:16,17.Esse texto descreve eventos conectados com o batismo de Jesus. Depois que Jesus foi imerso no Rio Jordão, Deus enviou o Seu poder, o Espírito, sobre Jesus e declarou que Jesus é Seu Filho. Incluídos nesse incidente estão Jesus, Deus e o Espírito de Deus. No entanto, isso não prova nem indica a trindade. O Espírito, que é o poder de Deus, desceu na forma de pomba sobre Jesus batizado. Não há absolutamente nada neste incidente que mostre que o Espírito é uma pessoa. Também não há nada aqui indicando que Jesus, Deus e o Espírito são coiguais e coeternos. Além disso, a subordinação do Filho ao Seu Pai é revelada pelo fato de que o Pai é aquele que envia o Espírito, enquanto que o Filho é aquele que recebe. O Pai nos céus foi aquele que falou. O Filho, saindo da água, foi aquele que o Pai reconheceu como Filho.

João 14:16. Jesus prometeu aos Seus discípulos que depois de sua ascensão aos céus Ele receberia o Consolador de Seu Pai e então o enviaria sobre eles. O Pai deu Seu poder para Jesus; Jesus deu Seu poder para os discípulos. A promessa foi cumprida no Pentecostes (Atos 2:33). Deus, Jesus e o Espírito são mencionados juntos aqui. Esse fato, entretanto, não prova nem indica a trindade. Deus, Jesus, e o amor de Deus são mencionados juntos em diversos versos. Esse mesmo argumento usado pelos trinitarianos poderia personificar também o amor de Deus e fazer dele uma pessoa da Divindade. O mesmo poderia ser aplicado também à sabedoria de Deus e outros atributos. Os argumentos trinitarianos resultariam em um número de pessoas na Divindade similar ao número dos atributos na natureza de Deus. Isso é um absurdo. O fato de uma das habilidades ou atributos de Deus ser usado em conexão com Deus e Seu Filho não é indicação de que uma trindade de pessoas esteja sendo ensinada através disso. Somente o Pai é Deus. Jesus é o Filho de Deus. O Espírito Santo é o poder impessoal de Deus.

Mateus 28:19.Nesse texto, a palavranome está no singular. Essa palavra não se refere a um nome pessoal. Ela designa autoridade. O Pai não é o nome pessoal de Deus, é um título. O nome pessoal de Deus é Jeová. O Filho não é o nome pessoal do nosso Salvador, também é um título. O nome pessoal do nosso Salvador é Jesus. O Espírito é o poder de Deus. Não é uma pessoa, portanto, não tem um nome pessoal.

É preciso mencionar que as palavras na versão inglesa Holy Ghost e Holy Spirit têm o mesmo significado. Ambas as palavras ghost e spirit são traduzidas do vocábulo grego pneuma, que significa poder. Os tradutores não têm uma razão válida para usarem a palavra ghost em vez de spirit.

Esse texto, registrando a comissão evangelística de Cristo, autorizou os discípulos a irem por todo o mundo e pregar o Evangelho. É similar a Marcos 16:15,16.

No verso anterior a esse texto, nós lemos: ”E chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28:18). Aqui a palavra “poder” (do grego exousia) significa autoridade.

Depois de receber autoridade divina de Deus, Jesus autorizou Seus discípulos a irem e ensinarem a todas as nações. Então, quando os discípulos foram, ensinando e batizando, eles o fizeram pela autoridade investida neles pelo Pai, que havia dado toda a autoridade para Seu Filho. Dessa maneira, eles fizeram tudo no “nome” ou na autoridade recebida do Pai.

Os discípulos foram por todos os lugares pregando e ensinando, porque Jesus os autorizou e instruiu a fazerem isso. Dessa maneira, eles trabalharam no “nome” ou na autoridade do Filho.

O poder de Deus, o Espírito, foi dado aos discípulos para transformar o seu caráter e habilitá-los a realizar milagres. Através das obras miraculosas do Espírito, Cristo estava “cooperando com eles e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Marcos 16:20). O poder de Deus confirmava a mensagem deles através dos milagres. Isso revelava que eles eram representantes de Deus e Jesus. Então os discípulos foram, ensinando e batizando “em nome de” ou com uma autoridade confirmada pela operação do poder de Deus, o Espírito Santo.

A autoridade recebida de Jesus e do Pai e revelada através do poder do Espírito era uma só autoridade divina. Portanto, a palavra nome ou autoridade é singular.

Nada há nesse verso que ensine a trindade. Não há nada indicando que o Espírito é uma pessoa ou que os três formam uma unidade composta de uma só substância e essência.

II Coríntios 13:13. Essa é outra escritura em que o Pai, Jesus e o Espírito Santo são mencionados juntamente. Os trinitarianos afirmam que o Pai é sempre o primeiro, o Filho sempre o segundo e o Espírito sempre o terceiro. Os apóstolos, no entanto, aparentemente nunca ouviram essa regra trinitariana. Em muitos versos, o objeto da discussão requer que Jesus seja mencionado no texto antes de Deus. Na maioria dos textos do Novo Testamento, onde Jesus e o Pai são mencionados juntos, o Espírito não é mencionado de forma alguma. É interessante notar que nesse verso Jesus é mencionado primeiro, Deus é mencionado em segundo e o Espírito por último. Nesse verso, Jesus e Deus são representados como pessoas. O Espírito é revelado como o poder de Deus.

Paulo não ensinou a trindade nessa amável bênção. Ele orou para que a divina graça, amor e comunhão estivessem com os crentes de Corinto. Ele queria que eles experimentassem os benefícios da graça de Cristo. Ele desejava que fossem introduzidos nas bênçãos resultantes do amor de Deus. Ele queria que eles se alegrassem na comunhão espiritual com Deus, Seu Filho e irmãos na fé, que se torna possível através da operação do poder de Deus, o Espírito Santo.

Note que Paulo menciona a comunhão do Espírito Santo, não a comunhão com o Espírito Santo. Os crentes têm comunhão com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo (I João 1:3-7) porque o Pai e o Filho são personalidades. Os crentes não podem ter comunhão com o Espírito Santo, pois o Espírito não é uma pessoa. Na verdade, os cristãos experimentam a comunhão do Espírito, mas não com o Espírito. Essa bênção de Paulo não ensina de modo algum a falsa doutrina da trindade.

O fato de Pedro, Tiago e João serem mencionados juntos repetidamente na Bíblia não indica que eles formam uma trindade. Por que isso seria verdade no caso de Deus, Jesus e o poder de Deus serem mencionados no mesmo verso?

Outras escrituras utilizadas equivocadamente da mesma maneira pelos trinitarianos são: Gênesis 19:24; Números 27:18; Salmos 51:11; Isaías 34:16; 40:13; 48:16; Oséias 1:7; Ageu 2:4-5; I Coríntios 12:4-6; I Pedro 3:18; Apocalipse 1:4-6.

3.       Frase Repetida Três Vezes

Outro grupo de Escrituras no qual os trinitarianos tentam ler sua doutrina incluem aqueles versos onde uma certa frase é repetida três vezes. Três textos utilizados indevidamente dessa maneira estão relacionados abaixo:

  • Isaías 6:3                    Santo, Santo, Santo
  • Apocalipse 4:8          Santo, Santo, Santo
  • Números 6:24-26     O Senhor, o Senhor, o Senhor

Isaías 6:3.O serafim adora a Deus clamando um ao outro: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória.” O fato de o atributo divino da santidade é repetida três vezes na adoração dos serafins não indica que alguma referência é feita a três pessoas de uma trindade assentadas sobre um trono. A palavra “Santo” é repetida três vezes para dar ênfase. Isso significa que Deus é o mais santo.

Repetição para dar ênfase é uma prática comum entre os escritores da Bíblia. Note os seguintes exemplos: “Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor” (Jeremias 22:29). Jeremias ensinava uma trindade de terras? Certamente não! “Ao revés, ao revés, ao revés a porei, e ela não será mais, até que venha aquele a quem pertence de direito, e a ele darei” (Ezequiel 21:27). Deus declara que o reino de Israel seria suspenso e o trono de Davi seria posto ao revés. O efeito dessa medida vai permanecer até que o Messias venha reinar como rei. Nesse texto a palavra “ao revés” é repetida três vezes para dar ênfase.

Apocalipse 4:8. Esse verso é similar a Isaías 6:3. Aqui os quatro seres viventes “não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” O contexto desse verso nos mostra que essas palavras foram dirigidas somente ao Pai. Embora seja verdade que o Filho é Santo e que o poder de Deus é Santo, as palavras de adoração desse texto são dirigidas somente ao Pai. O Filho não é incluído aqui.

O contexto descreve Deus assentado sobre Seu trono no Céu segurando um livro selado com sete selos (Apocalipse 5:1). Um anjo forte clama por alguém que venha abrir o livro (Apocalipse 5:2-4). Finalmente, após tornar-se claro que ninguém mais era digno, Jesus é descrito como o Cordeiro que vem e toma o livro da mão direita de Deus (Apocalipse 5:5-7). Jesus não era aquele, nem parte d’Aquele, que Se assentava sobre o trono. Aquele que estava assentado no trono não era uma trindade.

Em Apocalipse 4:2-3, notamos que “um” estava assentado sobre o trono. Esta pessoa única era o Pai, o Criador. É essa pessoa sentada sobre o trono que as quatro criaturas viventes adoram com as palavras: “Santo, Santo, Santo.” Esse texto, assim como Isaías 6:3, não oferece qualquer suporte para a falsa doutrina da trindade.

Números 6:24-26.“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.”A frase “o Senhor” é usada como o sujeito de três sentenças consecutivas. Esse fato, entretanto, não é prova de que a trindade tenha sido indicada. Nessa bênção sacerdotal, Aarão referiu-se apenas a uma pessoa, o Senhor Deus de Israel. No verso seguinte, Deus fala de si mesmo, no singular, “Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Números 6:27).

“Os próprios Judeus se ressentem severamente da imputação de que suas Escrituras contêm alguma prova ou até mesmo insinuação da doutrina da trindade ortodoxa, e Jesus e os Judeus nunca discordaram nesse assunto, ambos sustentam que Deus é único, e que essa é a maior verdade revelada para o homem” (Gifford, Ezra D. “The True God, the true Christ, the true Holy Spirit. San Diego, Califórnia, 1912, pp. 44, 45).

4.       A Palavra Hebraica Plural

A palavra hebraica mais comumente usada para designar Deus no Velho Testamento é Elohim. É um substantivo plural. “No princípio, criou Deus o céu e a terra” (Gênesis1:1)

Elohim não é o nome pessoal de Deus. É uma referência à Sua divindade, Sua posição em relação às criaturas. Significa “O Forte”. Essa palavra plural hebraica é usada 2470 vezes no Antigo Testamento. É aplicada a homens que exerciam autoridade, a anjos, aos muitos deuses do paganismo como também para o único Deus verdadeiro. Quando aplicado ao único Deus verdadeiro, Elohim geralmente é associado com verbos, adjetivos e advérbios no singular. Por exemplo, a palavra hebraica, bara, para “criou” em Gênesis 1:1 é singular.

Elohim designando o único Deus verdadeiro não indica uma pluralidade de deuses (politeísmo ou triteísmo), nem uma pluralidade de pessoas em uma só substância (trinitarianismo).

Se o substantivo plural Elohim fizesse referência a uma pluralidade de pessoas ou pluralidade de deuses quando usado em referência ao único Deus verdadeiro, Ele sempre seria identificado por essa palavra no plural. No entanto, esse não é o caso. A forma singular Eloah também é usada em referência a Deus. Isso é especialmente verdade nos livros poéticos do Antigo Testamento. Quarenta e uma das cinquenta e seis ocorrências de Eloah encontram-se no Livro de Jó.

Os escritores do Antigo Testamento usaram a palavra Elohim para designar o único Deus verdadeiro, mostrando Sua infinita superioridade sobre as divindades politeístas e indicando Sua singular existência. A pluralidade de atributos e poderes que o politeísmo distribui entre muitas divindades finitas pertence a uma só pessoa infinita, o Deus verdadeiro. As divindades pagãs não existem. É um equívoco prestar adoração, reverência e sacrifícios a esses deuses. Todo o louvor, obediência e amor da raça humana pertencem ao único Deus infinito. Esse Ser infinito declarou: “Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:2,3).

O Plural Majestático. Quando usado em referência ao único Deus verdadeiro, o substantivo plural hebraico Elohim denota majestade, excelência, superioridade. Refere-se à infinita plenitude de Deus e Sua ilimitada grandeza. Designa mais uma pluralidade quantitativa do que numérica. Fala mais de intensidade do que de número. O uso de substantivos e pronomes plurais em referência à pessoa de Deus é comumente conhecido como “plural majestático”. Esse pensamento é substanciado nas seguintes citações:

Numa nota sobre Gênesis 1:1, Joseph Bryant Rotherham fez o seguinte comentário:

“Devemos observar cuidadosamente que, embora Elohim seja plural na forma, quando, como aqui, está construído com um verbo no singular, naturalmente é singular em sentido; especialmente porque o “plural de qualidade” ou “excelência” é abundante na língua hebraica em casos onde a referência é inegavelmente a alguma coisa que deve ser entendida em número singular” (Rotherham, Joseph Bryant. “The Emphasized Bible”. Londres: H.R. Allenson, 1901. Vol. 1. p. 33).

 Louis Berkhof, presidente do Seminário Teológico Calvinista, faz a seguinte observação concernente à palavra Elohim:

“O nome raramente ocorre no singular, exceto em poesia. O plural deve ser considerado como intensivo e, portanto, serve para indicar plenitude de poder” (Op. cit. p. 48).

O doutor William Smith da Universidade de Londres, um século atrás, foi descrito como o “mais eminente lexicógrafo de língua inglesa no mundo”. A seguinte afirmação encontra-se no Dicionário Bíblico que o doutor Smith editou:

“A forma plural Elohim tem gerado muita discussão. A ideia fantasiosa de que ela se refere a uma Trindade de Pessoas na Divindade dificilmente encontra agora algum apoio entre os estudiosos. Isso é o que os gramáticos chamam de “plural majestático” ou então denota a plenitude da força divina, a soma dos poderes manifestos de Deus” (Smith, William. “A Dictionary of the Bible” Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1863, p. 216).

Mesmo sendo trinitariano, Dr. Augustus H. Strong mostra que a palavra Elohim frequentemente adquire o significado singular:

“Havia o pensamento de que o estilo real de linguagem era um padrão que surgiu depois do tempo de Moisés. O Faraó não usou isso. Em Gênesis 41:41-44, ele diz: “Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito… eu sou Faraó.” Mas investigações posteriores parecem provar que o plural para Deus foi usado pelos Cananitas antes da ocupação dos hebreus. Um único Faraó é chamado de “meus deuses” ou “meu deus” indiferentemente. A palavra “senhor” é geralmente encontrada no plural no Antigo Testamento (cf. Gênesis 24:9, 51; 39:19; 40:1). O plural fornece o senso de imponência. Significa magnitude ou plenitude.

Os hebreus tinham muitas formas plurais que nós podemos usar no singular, como “céus” em lugar de “céu”, “águas” em lugar de “água”. Nós também falamos de notícias ou vencimentos” (Op. cit. pp. 318, 319).

Strong cita Gustav Friedrich Oehler, “Old Testament Theology”, que designa Elohimcomo um “plural quantitativo”, significando grandeza ilimitada (Ibidem, 318).

5.       Pronomes Pessoais Plurais

Existem quatro trechos do Antigo Testamento onde pronomes pessoais plurais são usados para se referir a Deus. Os trinitarianos alegam que isso ensina sua teoria. Não é verdade. De maneira nenhuma esses quatro textos ensinam que existe uma pluralidade de pessoas em Deus. Os quatro textos em questão são os seguintes:

  • Gênesis 1:26 – Façamos o homem à nossa imagem
  • Gênesis 3:22 – Eis que o homem é como um de nós
  • Gênesis 11:7 – Desçamos e confundamos ali a sua língua
  • Isaías 6:8 – Quem há de ir por nós?

O pronome pessoal plural nesses versos referem-se a um Deus singular. Isso fica claro pelo fato de que pronomes singulares são usados no contexto em referência a Deus.

Em Gênesis 1:26, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” Entretanto no próximo verso nós lemos: “E criou Deus o homem à Sua imagem; à imagem de Deus os criou; macho e fêmea os criou.”

Em Isaías 6:8, lemos: ”Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Note que o Senhor disse: “A quem enviarei…?” Deus falou de Si mesmo no singular.

Em todo o restante da Bíblia, exceto nesses quatro textos, Deus é designado por pronomes singulares. Quando falando de Si mesmo, Deus diz: “Eu, meu, mim, me.” Quando os homens falam a respeito de Deus, dizem: “Ele, d’Ele, lhe.” Se o pronome plural nesses quatro textos refere-se a uma pluralidade de pessoas em Deus, por que Deus não é designado sempre por pronomes plurais?

Além disso, se esses pronomes plurais denotassem realmente pluralidade em Deus, não haveria absolutamente nada revelando quantas pessoas existem naquela pluralidade, se seriam dois, três, dez ou mil. Aplicar pluralidade a Deus resultaria em politeísmo, não trinitarianismo.

Esses pronomes plurais, como o substantivo plural Elohim, referem-se ao “plural majestático”. Deus é representado como dizendo: “Façamos”, em vez de dizer: “Farei”, como uma indicação de Sua glória e grandeza.

O Dr. William Evans, apesar de ser trinitariano, escreveu o seguinte:

“Alguns diriam que o “façamos”, em Gênesis 1:26,: “Façamos o homem,” se refere à consulta de Deus aos Seus anjos, com quem Ele se aconselhou antes de executar algo de importância. Mas Isaías 40:14 diz: “Com quem tomou conselho?”, mostra então que não é esse o caso; e Gênesis 1:27 contradiz essa ideia por repetir a declaração: “à imagem de Deus”, não à imagem de anjos; também que Deus criou o homem à Sua própria imagem, à imagem de Deus (não de anjos) os criou. O “façamos” de Gênesis 1:26, portanto, é devidamente compreendido como plural majestático, como indicativo da dignidade e majestade de quem fala. A tradução apropriada desse verso não deveria ser “façamos”, mas “nós faremos”, indicando mais a linguagem de decisão do que de consulta (Evans, William “The Gospel Doctrines of the Bible”. Chicago: Moody Press, 1939, p. 27).

Capítulo 12 – Contratrinitarianismo #

A trindade, como mencionamos anteriormente, está fundamentada sobre três propostas. É como uma mesa montada sobre três pernas. Se uma das pernas for removida a mesa inteira cairá.

As três propostas sobre as quais a trindade está estruturada são: 1) A unidade composta de Deus. 2) A divindade do Pai, do Filho e do Espírito. 3) A personalidade do Pai, do Filho e do Espírito. A incapacidade de se provar qualquer uma dessas três propostas causará o colapso dessa falsa teoria.

Para refutar a trindade, portanto, é preciso estabelecer apenas um dos três fatos verdadeiros a seguir: 1) A unidade de Deus não é composta. 2) Jesus não é Deus. 3) O Espírito não é uma pessoa. Nas três subdivisões deste capítulo, planejamos considerar esses três fatos.

1.       A Unidade de Deus Não é Composta

Só existe uma pessoa que é Deus. Ele é a origem e o governante do universo. Ele é o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. A unidade de Deus é simples, não é composta.

1. Um Deus Significa Uma Pessoa. Deus é único. Ele é um indivíduo singular, uma unidade só, um único Ser. Indicamos ao leitor o capítulo sobre a Unidade de Deus (Capítulo IX) para conferir uma lista de escrituras ensinando a verdade de que Deus é único.

Jesus se referiu a Seu Pai como “o único Deus verdadeiro” (João 17:3). Moisés declarou: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é um único Senhor” (Deuteronômio 6:4). Paulo escreveu: “Para nós há um só Deus, o Pai” (I Coríntios 8:6).

Existe apenas um Deus (do grego heis e do hebraico echad). Deus é só, separado, solitário. Ele é o único Deus (do grego monos e do hebraico bad). Todos os demais estão excluídos. Não há ninguém mais. Ele é uma pessoa única. Além d’Ele não há nenhum outro. Todas essas palavras denotam unidade simples. A respeito da palavra echad (único, um) R. H. Judd escreveu:

“Esta palavra hebraica echad ocorre aproximadamente quinhentas vezes no Antigo Testamento, e não existe um único exemplo sequer onde a palavra, em qualquer sentido, perca seu valor numérico; nem pode ser negado que esta é a base sobre a qual todos os outros numerais têm seu valor.

É verdade que temos palavras como ‘nação’, ‘grupo’, ‘assembleia’, mas quando falamos de “uma nação”, comparando duas ou mais nações, absolutamente não há alteração do valor numérico do numeral.” (Judd, R. H. “One God: The God of The Ages”. Oregon, Illinois: National Bible Institution, 1949, pp. 28, 30)

 Sobre a questão da unidade simples de Deus, citamos o seguinte trecho do famoso Catecismo Racoviano:

“Prova-me que na única essência de Deus há somente uma Pessoa. De princípio já podemos notar que a essência de Deus é única, não na forma, mas em número. Pelo que não pode de modo algum conter uma pluralidade de pessoas, já que uma pessoa nada mais é do que uma essência inteligente individual. Portanto, onde quer que existam três pessoas numéricas, devem ser reconhecidas da mesma maneira, três essências individuais; no mesmo sentido, quando é afirmado que há uma essência numérica, também deve ser mantido que há apenas uma pessoa numérica” (The Racovian Cathecism, Seção III, cap. 1).

2. Pronomes Pessoais Singulares.O fato de se utilizar pronomes pessoais singulares em referência a Deus é um excelente testemunho da unidade simples de Deus.

“Na contagem, são centenas, de fato são milhares, os pronomes da Bíblia em relação a Deus que permanecem como luzes de um farol em cada página do Gênesis ao Apocalipse, nos revelando a singularidade pessoal, literal e individual de Deus com uma clareza tal que nenhum trinitariano, ou qualquer outro argumento, é capaz de negar com sucesso. “Eu”, “Mim”, “Meu”; “Ele”, “Dele”, “Ele mesmo”, “Tu”, “Ti”, “Teu”, jamais foram e nunca serão corretamente aplicados a mais do que uma personalidade individual. Tais palavras carregam uma dignidade e uma certeza que não pode ser expressa nem por um nome ou qualquer outro método” (Judd, R. H. Op. cit. p. 32).

3. Esta Única Pessoa é o Pai. O testemunho da Bíblia é que existe uma única pessoa que é Deus. Então, quem é esta pessoa? Ele é o Pai. Numerosos textos bíblicos identificam o único Deus como o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Algumas destas muitas Escrituras são as seguintes:

  • João 17:3                               A ti só por único Deus verdadeiro
  • Romanos 15:6                      Glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo
  • I Coríntios 8:6                       Para nós há um só Deus, o Pai
  • I Coríntios 15:24                  A Deus, ao Pai
  • II Coríntios 1:3                     O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo
  • Efésios 1:17                           O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo
  • Efésios 4:6                              Um só Deus e Pai de todos
  • I Tessalonicenses 3:13       Nosso Deus e Pai
  • II Tessalonicenses 2:16       Nosso Deus e Pai
  • Tiago 3:9                                  A Deus e Pai
  • II João 3                                    De parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai

A unidade de Deus não é composta. Um Deus significa uma pessoa. Esta única pessoa é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

2.       Jesus Não é Deus

1 – Somente Uma Pessoa é Deus.Jesus não é Deus porque há somente uma pessoa que é Deus. Esta pessoa única tem sido identificada como o Pai. Jesus, portanto, não pode também ser Deus. Não há outra pessoa que possa ser Deus no mesmo sentido em que o Pai é Deus. “Para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo, e para quem nós vivemos” (I Coríntios 8:6). “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Efésios 4:6). Jesus é divino, mas não divindade. Ele é o divino Filho de Deus, mas Ele não é a divindade, o Ser Supremo.

2 – Jesus Como Mediador Não Pode Ser o Próprio Deus.“Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Timóteo 2:5). Jesus é Mediador entre Deus e os homens. Jesus, portanto, não é o próprio Deus. Se Jesus fosse o próprio Deus e igual a Deus, como declaram os trinitarianos, Ele não estaria numa posição para servir como mediador. Servindo como mediador, alguém precisa ser uma terceira parte. Se Jesus fosse Deus ou igual a Deus, Ele seria uma das duas partes e não serviria como Mediador entre os dois – Deus e o homem (Gálatas 3:20). O fato de que Jesus é um Mediador anula a possibilidade de que Ele seja parte de uma trindade.

Jesus insistiu que Ele e Seu Pai não são idênticos. Ele e Seu Pai são separados em personalidade, essência e existência. Ele declarou que Ele e Seu Pai constituem duas testemunhas separadas: “E na vossa Lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou” (João 8:17,18)

3. Jesus é o Filho de Deus. Jesus em Si mesmo não é o próprio Deus, nem parte de um Deus triúno, porque Ele é o Filho de Deus. Ele não pode ser Deus e também o Filho de Deus ao mesmo tempo. O Pai e o Filho não são nem iguais, nem idênticos. O Pai vivia antes do Filho. O Filho recebeu Sua vida do Pai. O Pai é maior do que o Filho. Jesus foi gerado de Seu Pai e nascido de Maria. Ele é o Filho do Deus vivo. O Novo Testamento está repleto de textos afirmando que Jesus é o Filho de Deus.

4 – Deus é o Deus de Jesus. Jesus reconheceu o Pai, o único Deus verdadeiro, como seu Deus. Jesus jamais reivindicou ser Ele o próprio Deus. Ele não pretendia ser igual a Deus. Ele sempre se referiu ao Pai como sendo superior a Ele, Seu Deus. Nos textos a seguir, Jesus faz referência ao Pai como Seu Deus, ou Deus é descrito como o Deus de Jesus.

  • João 20:17                            Meu Deus e vosso Deus
  • Apocalipse 3:12                  Meu Deus, meu Deus, meu Deus, meu Deus
  • Mateus 27:46                       Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste
  • Marcos 15:34                       Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste
  • Salmos 22:1                          Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste
  • II Coríntios 11:31               O Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • Efésios 1:3                            O Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • Efésios 1:17                         O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • I Pedro 1:3                           O Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • Hebreus 1:8,9                      Por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo
  • Salmos 45:6,7                      Por isso Deus, o teu Deus, te ungiu
  • Apocalipse 1:6                    Para Deus, seu Pai (BJ)
  • II Coríntios 1:3                    Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo (BJ)

5. Jesus Orou Para Seu Deus, o Pai. Jesus revelou que Ele próprio não era Deus quando orou a Seu Pai como Deus. Se Jesus fosse igual a Deus, por que então Ele orou a Deus? Os trinitarianos afirmam que Deus, Jesus e o Espírito têm todos uma mesma inteligência e uma só vontade. Se Jesus e Deus compartilhassem uma única vontade, ou poder de decisão, teria aparência de zombaria ver uma pessoa de uma trindade orar a uma outra pessoa de uma trindade. Pelo fato de ter orado a Deus, Jesus mostrou ser inferior a Seu Pai e que somente Seu Pai é Deus.

  • Hebreus 5:7-8          Fez orações e súplicas a Deus (NTLH)
  • Lucas 6:12                Passou a noite em oração a Deus
  • Mateus 11:25           Ó Pai, Senhor do céu e da terra
  • João 17:1                   Pai, é chegada a hora
  • Mateus 26:38,42     Meu Pai, se é possível

6 – Jesus é Inferior a Deus.Jesus ocupa a mais alta e exaltada posição no universo junto a Deus. Jesus não é igual a Seu Pai. Deus é maior do que Seu Filho; o Filho é inferior ao Seu Pai. Jesus, portanto, não é Deus. Reconhecer esse fato não quer dizer que não estejamos dando a glória devida a Cristo; é simplesmente o reconhecimento da verdadeira relação entre o Pai e Seu Filho.

Jesus declarou: “O Pai é maior do que eu” (João 14:28). Quando Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30), Ele não ensinou que Ele e Seu Pai eram um em essência ou existência (como os trinitarianos afirmam) ou uma única pessoa (como os Sabelianos ensinam). Ele se referiu à unidade de propósito e perfeita concordância que existe entre Ele mesmo e Seu Pai. Jesus orou para que essa mesma unidade fosse uma realidade entre Seus seguidores (João 17:11, 21-23). Jesus sempre reconheceu que Seu Pai é maior do que Ele. Isso mostra claramente o fato de que Jesus não pode ser parte de um Deus triúno.

  • João 14:28                            O Pai é maior do que eu
  • João 10:29                            Meu Pai… é maior do que todos
  • I Coríntios 11:3                   Deus, a cabeça de Cristo
  • I Coríntios 3:23                   Cristo é de Deus
  • Mateus 20:23                       Não me pertence dá-lo (…), mas a meu Pai
  • I Coríntios 15:24-28          Quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai

Depois que Cristo completar o Seu governo redentor e Deus tenha colocado todos os inimigos debaixo de Seus pés, Jesus continuará a ser sujeito a Deus. Deus será supremo. Ele será tudo em todos. “Porque todas as coisas sujeitou debaixo de Seus pés. Mas quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o Filho mesmo se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (I Coríntios 15:24-28).

Jesus viveu como Servo de Deus. Ele rendeu perfeita obediência a Seu Pai. Ele sempre fez aquilo que agradava a Deus. Isso mostra que Ele reconhecia a Si mesmo como sendo inferior a Deus.

  • Zacarias 3:8              Meu servo, o Renovo
  • Mateus 12:18           Eis aqui o meu servo
  • Filipenses 2:7-8        A forma de servo
  • Hebreus 10:7,9        Venho para fazer a Tua vontade
  • João 4:34                   Fazer a vontade daqu’Ele que me enviou
  • João 5:30                   Busco a vontade do Pai que me enviou
  • João 6:38                   Não para fazer a minha vontade
  • João 8:29                   Eu faço sempre o que lhe agrada
  • Lucas 22:42              Não se faça a minha vontade, mas a tua
  • Romanos 5:19          Pela obediência de um

7 – Jesus é Inferior a Deus em Atributos. O Novo Testamento revela Jesus Cristo como inferior a Deus em atributos. Essa é uma indicação definitiva de que Jesus em si mesmo não é Deus. Ele não é igual nem idêntico a Deus. Ele não é parte de um Deus triúno.

Deus é infinito e perfeito em todos os Seus atributos. Em todas essas coisas, Deus é imutável. Sua perfeição infinita não pode aumentar, nem diminuir. O que Ele tem sido, Ele sempre será. Jesus demonstrou ser Ele mesmo inferior a Deus em Seus atributos.

Inferior em conhecimento. Deus é onisciente. Ele é perfeito em conhecimento. “Conhecidas de Deus são todas as Suas obras desde o começo do mundo.” Seu conhecimento é infinito, eterno e completo. Jesus, por outro lado, não era onisciente. Jesus “crescia em sabedoria” (Lucas 2:52). Se Jesus era Deus com conhecimento infinito, como Ele poderia ter “crescido em sabedoria”?

O conhecimento de Deus não é derivado nem adquirido. Seu conhecimento é originário de Si mesmo. “Que conselheiro o ensinou?” (Isaías 40:13, 14). Por outro lado, Jesus recebeu Seu conhecimento de Deus (João 8:28).

O conhecimento de Deus inclui todas as coisas presentes, passadas e futuras. Ele conhece todas as coisas. Jesus, por outro lado, era limitado em conhecimento com relação à data de Sua volta (Marcos 13:32). Jesus não é Deus.

  • Lucas 2:52                Jesus crescia em sabedoria
  • João 5:19                   O que Ele vê o Pai fazer
  • João 8:28                   Como o Pai me ensinou
  • Marcos 13:32           Não sabe a data de Sua volta
  • Atos 1:7                     Na autoridade do Pai

Inferior em Poder. Deus é onipotente. Ele é Todo-Poderoso. Ele tem poder infinito. “Mas a Deus tudo é possível.” O poder de Deus origina-se nEle mesmo. Com seu poder Deus realiza todas as Suas obras. Jesus por outro lado, não era onipotente. O poder que Cristo exercia quando operava milagres era proveniente de Deus. Ele disse: “O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma” (João 5:19). O poder que Cristo usa para realizar Sua obra na Igreja de hoje, e que Ele usará para governar a terra em Seu futuro reino, foi recebido de Deus. O poder de Deus tem origem em Si mesmo; Jesus recebeu poder de Deus. Jesus não é Deus.

  • João 5:19       O Filho por Si mesmo não pode fazer coisa alguma
  • João 5:30       Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma
  • João 8:28       Nada faço por mim mesmo
  • João 14:10     O Pai é quem faz as obras

Menor em Vida. Deus sempre existiu. Nunca houve um tempo no qual Deus não existisse. Deus não somente viverá para sempre no futuro, como também viveu eternamente no passado. A vida de Deus não teve um começo. A vida de Cristo, por outro lado, teve um começo definido. Houve um tempo em que Jesus não existia. Jesus viverá por toda eternidade no futuro, mas não viveu por toda a eternidade no passado. Jesus é inferior a Deus com relação à idade e à extensão da vida passada.

Deus é a fonte de toda a vida. Sua existência não é derivada de ninguém. Ele possui vida em Si mesmo. Jesus, por outro lado, recebeu vida de Deus. Se não fosse Deus, Jesus jamais teria existido. Jesus foi gerado do Pai. Sua vida foi derivada de Deus. O poder de Deus foi a causa de Maria conceber e dar à luz um filho. Se não fosse pelo santo poder de Deus, Jesus jamais teria nascido. “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35). Jesus disse: “O Pai que vive me enviou, e Eu vivo pelo Pai” (João 6:57).

Jesus também recebeu vida ressurreta do Pai. Deus levantou Jesus dos mortos através de Seu poder, o Espírito (Atos 10:40; 13:30; Romanos 10:9). Jesus voluntariamente entregou Sua vida como um sacrifício. Ele tinha autoridade para entregar Sua vida e para recebê-la de volta (João 10:17,18). Jesus não ressurgiu dos mortos por Si mesmo. Ele foi levantado da morte através do poder de Deus. Deus é a fonte de toda a vida; Jesus recebeu a vida de Deus, portanto, Jesus não é Deus.

Deus Não Pode Morrer. Deus é imortal. Ele não está sujeito à morte. Deus sempre foi imortal e sempre será imortal. Morrer é impossível para Deus. Jesus, por outro lado, nasceu mortal. Ele morreu. Jesus tinha as características de um homem mortal. Ele experimentou a fome (Mateus 4:2), sede (João 19:28), cansaço (João 4:6), tentação (Mateus 4:1) e sofrimento (Lucas 24:46). Jesus morreu (João 19:33; I Coríntios 15:3). Deus não pode morrer; Jesus morreu. Jesus não é Deus.

Jesus tornou-se imortal quando Deus o levantou da sepultura. Jesus recebeu a imortalidade de Deus. Jesus não pode morrer novamente (Romanos 6:9). Quando Jesus voltar, todos os verdadeiros crentes se tornarão imortais como Ele (I Coríntios 15:52,53; Filipenses 3:20,21).

8 – Atributos Divinos e Posições Recebidas de Deus. Alguns acreditam que Jesus deve ser Deus e parte de uma trindade porque Ele exerce certa autoridade divina e revela certos atributos divinos. Exaltado à mão direita de Deus, Jesus recebeu autoridade divina e poder de Deus. Isso, entretanto, não prova que Jesus é igual a Deus, Deus em Si mesmo, nem uma parte de Deus.

O fato de Jesus ter sido exaltado pelo Pai mostra que o Pai é maior que Jesus. O fato de Jesus receber posição e obras divinas mostra que Jesus é inferior a Deus. Hoje, Jesus tem sido exaltado a mais alta posição no universo, abaixo apenas do próprio Deus.

Autoridade Recebida de Deus. Jesus disse: “Todo o poder (autoridade) me é dado no céu e na terra” (Mateus 28:18). Jesus sempre entendeu que Seu Pai era superior a Ele em autoridade. Ele viveu em perfeita obediência a Deus. Após a Sua ressurreição, Jesus recebeu autoridade divina de Deus. A autoridade de Deus não é derivada de ninguém; é originária do próprio Deus. Deus é maior do que Jesus; Jesus é inferior a Deus; Jesus não é Deus.

Reinado recebido de Deus. Jesus é chamado de Rei dos Reis. Deus sempre foi o Rei do universo. Jesus recebeu Sua autoridade real de Deus. A base do reinado de Cristo é o fato de que Ele é o Filho de Davi (Lucas 1:31-33) e também o Filho de Deus (Salmos 2:6-9 e Daniel 7:14). Jesus não se tornou Filho de Davi e Filho de Deus até que tivesse nascido de Maria.

Obra de Julgamento. Deus autorizou Jesus a ser Juiz da humanidade. Deus entregou o julgamento ao Seu Filho. Deus julgará a humanidade através da obra de Cristo, o Juiz. Jesus recebeu essa posição e função de Deus (João 5:22,27; Atos 10:42; 17:31). O fato de que Jesus recebeu essa prerrogativa do Pai, demonstra que o Pai é superior a Ele. Jesus não é Deus.

Sua Presença Invisível. Embora Jesus esteja nos céus, Ele pode estar presente em todos os lugares com Seus seguidores. Ele disse: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20). Jesus pode fazer isso através do poder de Deus, o Espírito. Jesus recebeu esse poder de Deus. (João 15:26; Atos 2:33). Durante Seu ministério terrestre Jesus pôde curar o servo do centurião (Mateus 8:5-13) mesmo que o servo doente estivesse a uma grande distância. Ele também tinha a habilidade de conhecer o que havia no coração do homem. Jesus podia fazer essas coisas não porque Ele é parte de um Deus triúno, mas porque Deus O revestiu de poder para executar tais obras.

9 – Quatro Argumentos Trinitarianos Considerados. Os trinitarianos contestam a verdade de que Jesus não é Deus. Os quatro argumentos mais importantes que utilizam para ensinar que Jesus é o próprio Deus são: 1) Atributos divinos são atribuídos a Cristo; 2) Prerrogativas divinas são atribuídas a Cristo; 3) Certas escrituras atestam que Jesus era a imagem ou plenitude de Deus; 4) Jesus recebe o título de “Deus” em certas Escrituras.

Já consideramos o primeiro argumento e observamos que Jesus era inferior a Deus nos atributos de conhecimento, poder e vida durante Seu ministério terrestre. Ele era dependente de Deus em todas as coisas. Em lugar de provar que Jesus é Deus, seus atributos provam que Ele não é Deus.

O segundo argumento também já foi considerado. O fato de que Jesus exerceu ou irá exercer certa autoridade divina e executar funções divinas (Rei, Juiz, etc.) não indica que Jesus é Deus. Ao contrário, notamos que Jesus recebeu todas essas posições e funções de Deus, mostrando que Ele é inferior a Deus.

O terceiro argumento usado pelos trinitarianos contra a verdade de que Jesus não é Deus é o fato de que algumas Escrituras atestam que Jesus é a imagem de Deus. Estas Escrituras são as seguintes:

  • Filipenses 2:6            Sendo em forma de Deus
  • Colossenses 1:19      Toda a plenitude n´Ele habitasse
  • Colossenses 2:9        Porque n’Ele habita toda a plenitude da divindade
  • Colossenses 1:15      O qual é imagem do Deus invisível
  • 2 Coríntios 4:4          Cristo, que é a imagem de Deus
  • Hebreus 1:3               A expressa imagem da sua pessoa
  • João 12:45                  Quem me vê a mim vê aquele que me enviou
  • João 14:9                     Quem me vê a mim vê o Pai

Essas Escrituras não ensinam que Jesus é Deus. Não indicam também que Jesus é parte de uma trindade. A palavra “imagem” significa semelhança ou caráter impresso. Jesus era a semelhança moral de Deus. Seu caráter refletia os atributos morais de Deus – santidade, amor e verdade. O homem poderia conhecer como é o caráter ou imagem de Deus olhando para a bela vida de Cristo. Sua vida revelou santidade, retidão, justiça, amor, compaixão, misericórdia, verdade, autenticidade e fidelidade. Jesus era divino. Ele era semelhante a Deus em caráter e conduta. Jesus não era Deus em Si mesmo; Ele refletia o caráter de Deus em Sua vida perfeita.

O quarto argumento usado pelos trinitarianos é que algumas poucas Escrituras chamam Jesus pelo título de “Deus”. As três principais são: João 20:28; Tito 2:13; Hebreus 1:8.

Esse argumento é respondido pelo fato de que a palavra “Deus” (do hebraico ’elohim’ e do grego ’theos’) às vezes é aplicada aos homens e anjos na Bíblia. Quando usada no sentido secundário, a palavra ”Deus” indica alguém que é representante daquele que é O verdadeiro e supremo Deus.

O termo Deus é empregado nas Escrituras principalmente em dois sentidos. O primeiro desses é quando designa Aquele que governa e preside sobre todas as coisas no céu e na terra, e desconhece alguém superior… Neste sentido, as Escrituras afirmam que Deus é um. O último sentido é quando designa um ser que recebeu desse único Deus algum tipo de autoridade superior no céu ou na terra sobre os homens, ou poder superior com relação a todas as coisas humanas, ou autoridade para impor julgamento sobre outros homens, sendo dessa maneira e nesse sentido considerado como um participante da Divindade do único Deus (The Recovian Cathecism. Seção 3 cap. I).

Moisés foi designado como Deus em relação a Aarão (Êxodo 4:16) e a Faraó (Êxodo7:1). Moisés foi chamado Deus (elohim), mas ele não era o único Deus supremo e nem parte de uma trindade. Moisés foi um representante de Deus. Juízes humanos, representantes do único Deus verdadeiro, foram designados como Deus. Em Êxodo 22:28, a palavra “deuses” refere-se aos juízes humanos. (Nota do tradutor: neste versículo a palavra elohim já é traduzida como juízes na Bíblia em português, mas a Bíblia tradicional em inglês – King James Version – usa o termo deuses). Em Êxodo 21:6; 22:8,9; e em I Samuel 2:25, a palavra “juízes” é traduzida do hebraico elohim ou Deus. Salmos 97:7 é citado em Hebreus 1:6. Os “anjos” de Hebreus 1 são os “deuses” do Salmos 97. Os anjos são representantes de Deus, mas não são O próprio Deus.

Os Israelitas foram chamados “deuses” no Salmos 82:6,7. Jesus citou o versículo para mostrar esse fato. “Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?” (João 10:34-36).

O fato de que a palavra “Deus” é usada no sentido secundário, como um representante de Deus em Hebreus 1:8, é mostrado no versículo seguinte. Em Hebreus 1:9 o único e supremo Deus verdadeiro é descrito como sendo o Deus do Filho! “Tu amas a justiça e aborreces a impiedade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros” (Hebreus 1:8,9 é uma citação de Salmos 45:6,7).

Jesus não é o próprio Deus. Ele não é parte de uma trindade. Jesus é o Filho de Deus.

3.       O Espírito Não É Uma Pessoa #

O Espírito Santo não é uma pessoa distinta do Pai e do Filho. O Espírito Santo é impessoal. Não é parte de uma trindade. É a energia divina com a qual Deus realiza Suas obras.

1 – O Espírito é o Poder de Deus.O Espírito não é uma pessoa distinta do Pai e do Filho porque é o poder de Deus. O Espírito Santo é o poder impessoal de Deus. Cada obra que Deus faz é executada através de Seu poder ou Espírito.

Espírito é traduzido das palavras hebraicas ruach e neshamah e da palavra grega pneumaPneuma é nas escrituras gregas o que ruach é no hebraico. Espírito significa ar, fôlego, sopro, poder, animação e a manifestação do poder de alguém. O Espírito de Deus é o poder de Deus.

2- A Palavra “Espírito” É Neutra. O Espírito não é uma personalidade porque a palavra gregapneuma, traduzido como Espírito, é neutra em gênero. Artigos e pronomes referentes a essa palavra também são neutros.

3 – Símbolos Impessoais.O poder impessoal de Deus, o Espírito Santo, é designado na Bíblia por símbolos impessoais. Alguns desses são: vento (João 3:8; Atos 2:2), fogo (Mateus 3:11), água (João 7:37-39), óleo (Salmos 45:7; Isaías. 61:1), selo (Efésios 1:13), pomba (Mateus 3:16), lâmpadas (Apocalipse 4:5) e sopro.

4 – Características Impessoais. As características impessoais do Espírito o revelam como o poder de Deus e não como uma personalidade. O Espírito é mencionado como sendo derramado (Isaías 32:15; 44:3; Joel 2:28; Atos 2:17; 10:45), vertido (Tito 3:5,6), soprado (João 20:22) e enchendo pessoas (Atos 2:2-4; Efésios 5:18). Jesus foi ungido com este poder (Atos 10:38). Homens foram batizados nele (Mateus 3:11; Atos 1:5; I Coríntios 12:13) e beberam dele (I Coríntios 12:13). É comparado ao vento que sopra (João 3:8). O Espírito Santo é impessoal.

5 – Sem Um Nome Pessoal. O Espírito mostrasse impessoal pelo fato de não possuir um nome pessoal. Deus é uma pessoa: Seu nome é Jeová. Nosso Salvador é uma pessoa: Seu nome é Jesus. O Espírito não é uma pessoa, não tem nome pessoal. Se o Espírito é uma pessoa, porque ele não tem um nome pessoal? A palavra “nome” de Mateus 28:19 não se refere a um nome pessoal. A palavra “nome” nesse verso significa “autoridade” ou “como um representante de”. O Espírito Santo não é uma personalidade.

6 – Nenhuma Prece Lhe é Dirigida.“ O Espírito Santo não é uma pessoa, porque em toda a Bíblia não há sequer uma oração ou canção ou exclamação endereçada a ele; nem existe um único preceito em toda a Bíblia autorizando tal oração ou hino” (Gifford. Op. cit. p. 172). Miles Grant escreveu:

Outro fato importante que é digno de nota é que em nenhum lugar nas Escrituras somos ensinados a amar, honrar ou adorar o Espírito Santo, ou orar por sua assistência. Por que não, se é uma pessoa, como o Pai e o Filho? (Grant, Miles. “Positive Theology” – Boston: Advent Christian Publications Society, p. 287).

O Espírito não é mencionado nos hinos de adoração no Apocalipse (Apocalipse 5:13; 7:10). Se o Espírito é uma terceira pessoa de uma trindade, por que é omitida a referência a ele?

7 – Não Incluído Nas Saudações Apostólicas. O poder de Deus, o Espírito, geralmente não é mencionado juntamente com Deus e Jesus nos cumprimentos e saudações Apostólicas nas Epístolas do Novo Testamento. O Espírito não é mencionado em nenhuma das saudações das Epístolas de Paulo (Romanos 1:7; I Coríntios 1:3; II Coríntios 1:2; Gálatas 1:3; Efésios 1:2; Filipenses 1:2; Colossenses 1:2; I Tessalonicenses 1:1; II Tessalonicenses 1:2; I Timóteo 1:2; II Timóteo 1:2; Tito 1:4; Filemom 3). Deus e Jesus são mencionados juntos repetidamente, mas raramente o Espírito é mencionado com eles.

Note também as palavras de abertura das epístolas escritas pelos outros escritores (Tiago 1:1; II Pedro 1:2; I João 1:3; II João 3; Judas 1). Todos esses mencionam Deus e Jesus, mas não o Espírito. O Espírito é mencionado em I Pedro 1:2, mas não como pessoa. Alguém notará ainda que o Espírito não é incluído na maioria das doxologias e bênçãos. Uma passagem na qual o Espírito é mencionado (II Coríntios 13:13) já foi considerada.

A questão se repete: Por que não há “graça” solicitada ao Espírito Santo de Deus se ele é uma pessoa? Caso houvesse uma junta de três pessoas, e somente houvesse menção de duas delas em todos os relatórios, não teria a terceira ocasião para se sentir por demais desprezada? Se Paulo soubesse de uma “terceira pessoa” de quem a graça deveria ser recebida, por que ele não solicitou isso a seu favor, em conexão com o Pai e Seu Filho? (Ibid. p. 288).

8 – Não Mencionado Como Entronizado ou Reinando. A Bíblia apresenta Deus, o Pai, sentado sobre Seu Trono, e Jesus de pé ou assentado à Sua mão direita. O Pai e o Filho são juntamente associados ao julgamento e à redenção. O reino vindouro é o reino de Deus e de Seu Cristo. Não há menção alguma do Espírito como sendo uma pessoa ou alguém assentado sobre um trono.

9 – Não se Relaciona Com o Pai como Uma Pessoa Para Outra.A relação do Espírito com o Pai não é aquela de uma pessoa para outra. A relação do Espírito com o Pai é aquela de um poder para uma pessoa. O Espírito é o poder de Deus. O poder de Deus não é uma pessoa distinta de Si mesmo, nada vai além do que é o amor e a sabedoria de Deus. O Pai e o Filho são pessoas, mas o Espírito não é uma pessoa.

O Pai diz “Tu” ao Filho, e o Filho diz “Tu” ao Pai, mas nenhum deles diz “Tu” ao Espírito. O Pai ama o Filho, e o Filho ama o Pai, mas nenhum deles é mencionado amando o Espírito.

O Espírito nunca foi denominado de “o terceiro” ou “a terceira pessoa” em qualquer circunstância. Além do mais, o Pai nunca é chamado de “a primeira pessoa” e o Filho nunca é chamado de “a segunda pessoa”.

10 – Objeções Consideradas.Os trinitarianos afirmam, baseados em Atos 5:3,4 e II Coríntios 3:17, que o Espírito é Deus. Eles insistem que, desde que o Espírito está diretamente identificado com Deus, o Espírito deve ser Deus e uma personalidade distinta. Não há nada nesses dois versos para justificar tal afirmação. Meramente porque a Bíblia afirma que “Deus é amor” (I João 4:8, 16), ninguém está autorizado a dizer que o amor é uma personalidade distinta do Pai e um membro de uma trindade.

O Espírito é o poder de Deus. A obra do Espírito é a obra de Deus e Seu Filho. Quando alguém está cheio do Espírito, ele está cheio do poder de Deus e Cristo. O fruto do Espírito é o resultado da obra de Cristo na vida do crente através de Seu poder.

Quando a Bíblia descreve o Espírito como falando (Apocalipse 2:7), está fazendo referência à obra de Deus falando através de Seu poder. Quando o Espírito é descrito como fazendo intercessão (Romanos 8:26,27), refere-se à intercessão que Cristo, nosso Sumo Sacerdote, faz por nós através de Seu poder (Romanos 8:34; Hebreus 7:25). Jesus é o nosso único intercessor. Ele é o nosso único mediador. Quando Ananias mentiu ao Espírito Santo, ele mentiu para o Deus que operava através desse santo poder. Quando os homens “entristecem” o Santo Espírito de Deus (Efésios 4:30), eles entristecem o próprio Deus que opera através de Seu Santo Espírito.

O Espírito é descrito como eterno e santo porque Deus é eterno e santo. Quando o Espírito, o poder de Deus, é representado como tendo certas características e desempenhando certas funções, a referência é feita ao único Deus eterno que tem essas características e faz essas obras.

11 – Os Pronomes Masculinos em Grego Não Provam Personalidade.Nosso Senhor prometeu aos Seus discípulos que após a Sua assunção aos céus Ele lhes enviaria o poder de Deus, o Espírito Santo. Através desse poder, Jesus continuaria Sua obra com e nos Seus discípulos.

Esse poder foi chamado de Consolador, Paráclito, Advogado ou Auxiliador, porque Jesus pretendia trabalhar através desse poder em favor dos crentes. O próprio Jesus era quem seria Advogado ou Paráclito (I João 2:1). Foi Ele que prometeu estar sempre com os discípulos (Mateus 28:20) e ser a sua fonte de conforto e auxílio. Jesus disse: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14:18). A obra do Espírito de Cristo como Consolador, Advogado e Auxiliador não é nada mais do que a obra do próprio Cristo como Consolador, Advogado e Auxiliador através daquele poder divino.

A palavra grega para Consolador Parakletos é masculina em gênero (João 14:16, 17, 26; 15:26; 16:7,8, 13-15). Então os tradutores utilizaram pronomes masculinos para se referirem ao poder de Deus nesta porção de João, muito embora aquele poder em si mesmo fosse neutro e impessoal. O poder impessoal de Deus foi indicado por uma palavra masculina “Consolador” porque ia ser usado pela pessoa, Jesus Cristo. Jesus é uma pessoa, mas o poder, o Espírito Santo, através do qual Ele opera com Consolador, era impessoal. O uso de pronomes masculinos nos versos citados não são indicações de personalidade.

“Espírito em grego é um substantivo neutro e é sempre representado por pronomes neutros naquele idioma. O Consolador em grego é um substantivo masculino e por isso é representado por pronomes masculinos. Mas isso não prova nada a respeito da personalidade, porque o uso de pronomes masculinos no grego não é prova de personalidade. O grego, diferentemente do inglês, usa pronomes masculinos e femininos com referência a coisas e qualidades, do mesmo modo que se aplica às pessoas. Em grego, um campo é masculino, uma cidade é feminino, dor é feminino, vinho é feminino, mas vinha é masculino, vento é masculino, prata é masculino, mas uma moeda de prata é neutro, um número é masculino, um escudo é feminino, etc., etc., através de todo o léxico de substantivos gregos. O fato de que um objeto seja masculino ou feminino em grego não é prova em absoluto de personalidade. Um substantivo neutro, entretanto, nunca é usado em grego para denotar uma pessoa, exceto no caso de um diminutivo, como uma criança, uma pessoa demente, ou uma pessoa considerada não como uma pessoa, mas sim, como um objeto. Portanto, desde que o Espírito é sempre neutro em grego não pode ser uma pessoa, e jamais pode-se fazer referência ao Espírito como sendo ele, lhe, seu, quem, a quem; e sim, isto, que, o qual (Gifford, Op. cit. 170-172).

A sabedoria em Provérbios é personificada e referida como sendo ela. Isso, no entanto, não indica que a sabedoria seja uma mulher ou uma pessoa. Não significa que ela seja parte de um Deus triúno. O fato de que o Consolador é chamado “ele” e “dele” não indica que seja uma personalidade.

Várias versões e traduções do Novo Testamento usam pronomes neutros em vez de masculinos em João 14:16,17,26. Entre essas versões estão: Edgar J. Goodspeed The New Testament: An American Translation; J. B. Rotherham, The Emphasized Bible, e Wilson The Emphatic Diaglott. Miles Grant afirma que os três manuscritos mais antigos do Novo Testamento, o Sinaítico, o Alexandrino, e Vaticano, usam pronomes neutros em vez de masculinos em João 14 (Op. cit. 290-293).

Considerações adicionais sobre a natureza de Cristo e Seu relacionamento com Deus será feito no tópico Cristologia. Considerações adicionais sobre a natureza do Espírito será feita no tópico Soteriologia.

Capítulo 13 – Os Atributos de Deus #

A existência de Deus estabelece o fato de que Deus é. A personalidade de Deus revela quem Deus é. A natureza e unidade de Deus consideram o quê Deus é. Os atributos de Deus referem-se a como Deus é.

1 – Atributos definidos

Os atributos de Deus são suas características de identificação e de distinção. Elas se referem a estas particularidades e perfeições atribuídas a Ele na Bíblia e reveladas por Ele em Suas obras. Estas características são intrínsecas, essenciais e qualidades permanentes dentro da natureza divina. Elas denotam como Deus é.

“Os atributos de Deus são aquelas características que distinguem a natureza divina, as quais são inseparáveis da ideia de Deus, e constituem a base e alicerce para Suas várias manifestações às Suas criaturas” (Strong. Op. cit., p. 244).

“Por atributos de Deus, diferindo da substância de Deus, queremos indicar as qualidades que são inerentes à substância e constituem uma descrição analítica e mais estreita delas. Elas devem ser entendidas como objetivamente reais e não meramente como um modo subjetivo do homem conceber Deus, e como descrições do modo particular no qual a essência divina existe e opera e não como que denotando partes distintas de Deus. Os atributos são o diferencial do gênero essência ou substância” (Thiessen. Op. cit., p. 123).

2 – Os Atributos de Deus Classificados

Os teólogos têm classificado os atributos de Deus de muitas formas diferentes. Eles têm resumido e agrupado a descrição da natureza de Deus sob vários títulos.

Uma dupla classificação dos atributos de Deus consiste de atributos negativos e atributos positivos. Atributos negativos referem-se às qualidades que negam imperfeições na natureza de Deus. Elas identificam o que Deus não é. Por exemplo, Deus é insondável, imortal e imutável ou invariável. Os atributos positivos referem-se às qualidades que expressam certas perfeições dentro da natureza de Deus.

Uma outra classificação dos atributos de Deus consiste de atributos incomunicáveis e atributoscomunicáveis. Atributos incomunicáveis referem-se aqueles atributos que pertencem unicamente a Deus e não podem ser conferidos ao homem. Atributos comunicáveis são aqueles que podem ser encontrados, em grau limitado, no homem. Essa é a classificação favorita empregada pelos teólogos Reformados.

Uma terceira classificação resulta nos atributos de Deus sendo agrupados sob atributos absolutos ouimanentes; e atributos relativos ou transitivos. Atributos absolutos ou imanentes incluem aqueles que se referem à natureza de Deus, independente da Sua relação com o universo. Atributos relativos ou transitivos incluem aqueles que se referem à Sua natureza expressa em relação ao universo. Santidade, por exemplo, refere-se ao que Deus é em Si mesmo. Justiça e retidão referem-se à santidade de Deus expressa em Sua relação com a humanidade. Verdade é o que Deus é em Si mesmo. Veracidade e fidelidade é Seu atributo de verdade expresso em Sua relação com a humanidade.

Alguns teólogos classificam os atributos de Deus de acordo com os três elementos da personalidade: intelecto, sensibilidade e vontade. Sob o intelecto seria colocado a onisciência de Deus. Sob a sensibilidade seria agrupado o amor, a santidade e verdade de Deus. Sob vontade seria listado a onipotência de Deus. Nosso sentimento é que essas classificações são artificiais e insatisfatórias.

3  – Atributos Naturais e Morais

Nós apoiamos a classificação dos atributos de Deus em naturais e morais. Atributos naturais referem-se às características físicas de Deus e Sua relação com o universo natural como um todo. Atributos morais referem-se ao caráter de Deus. Eles determinam Seu padrão moral e Sua relação com a humanidade.

Descrevendo um homem, por exemplo, se você mencionou que ele era alto, forte e inteligente, você estaria listando seus atributos físicos ou naturais. Se você disse que ele era intelectual, generoso e confiante, você estaria listando seus atributos morais; você estaria descrevendo seu caráter.

Os atributos naturais de Deus são: infinidade, eternidade e imortalidade, imutabilidade, onisciência, onipresença e onipotência. Embora nós já tenhamos dado ao tema extenso tratamento, a unidade de Deus também deve ser considerada como um de Seus atributos naturais.

Os atributos morais de Deus são: santidade, amor e verdade. Santidade inclui a retidão e justiça. Amor inclui a misericórdia, graça, benignidade e bondade. A verdade inclui veracidade e fidelidade.

Quando nós nos referimos a um grupo de atributos de Deus como naturais, nós não queremos dizer que essas qualidades pertencem naturalmente a Deus e todas as outras características são estranhas ou adquiridas. Todos os atributos de Deus são originários de Si mesmo. Todos são intrínsecos em Sua natureza.

Além disso, os atributos de Deus são inter-relacionados. Cada atributo condiciona e modifica todos os outros. O amor de Deus é um amor santo. Seu poder é eterno; Sua sabedoria é infinita; Sua santidade é imutável. Deus é uma pessoa, tendo uma natureza única e indivisível, porém exercendo Seus muitos atributos.

4.       A Glória de Deus

A glória não é um atributo separado de Deus. Glória é manifesta na beleza, luz, esplendor. A glória de Deus resulta do exercício de Seus atributos. Bendito designa a condição da natureza íntima de Deus que resulta do exercício subjetivo de Seus atributos. Deus é reconhecido como glorioso quando Ele é visto em Sua verdadeira natureza. Na eternidade, quando a terra for cheia da glória do Senhor, os homens reconhecerão Deus como Ele realmente é.

Glorificar a Deus significa declarar ou demonstrar que Deus é glorioso. No ato de glorificar a Deus os homens não mudam a natureza de Deus. Eles não fazem Deus glorioso. Deus é glorioso não importando o que o homem faça. Da mesma forma, quando os homens santificam a Deus em seus corações, eles não fazem Deus santo. Eles não alteram Sua natureza de profano para santo. Deus já é infinitamente santo. Sua santidade não pode sofrer acréscimo ou redução. Santificar a Deus significa declarar ou demonstrar que Deus é santo. Glorificar a Deus é o ato mediante o qual os homens declaram que Deus é glorioso.

Deus é glorioso em cada um de seus atributos e na soma total de Sua natureza e obras. “Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, que só Ele faz maravilhas. E bendito seja para sempre Seu nome glorioso; e encha-se toda a terra da Sua glória! Amém, e amém!” (Salmos 72:18, 19).

Capítulo 14 – Atributos naturais de Deus #

Vamos considerar agora as características de Deus relacionadas ao universo físico. Estas estão agrupadas sob seis atributos naturais: infinidade, eternidade e imortalidade, imutabilidade, onisciência, onipresença e onipotência.

Infinidade refere-se ao fato de que Deus é infinito. Eternidade e imortalidade referem-se às verdades de que Deus é eterno e imortal. Imutabilidade refere-se ao fato de que Deus é inalterável. Onisciência designa o conhecimento perfeito de Deus. Onipresença significa que Deus está presente em todo lugar. Onipotência refere-se ao fato de que Deus é Todo-Poderoso.

1.       Infinidade

Deus é infinito. Ele não tem limites nem imperfeições. O homem é limitado pela relação de tempo e espaço. Ele tem limitações mentais e físicas e imperfeições. O homem é finito; Deus é infinito. O poder de Deus é ilimitado. Ele tem uma relação universal e perfeita com todas as outras existências.

Deus é insondável. O homem limitado não pode compreender a plenitude do Deus infinito. O homem pode conhecer Deus e muito a respeito de Deus, mas ele não pode saber tudo que há para conhecer sobre Deus em todos os detalhes de Sua total perfeição. O homem pode conhecer Deus porque Ele tem se revelado ao homem. O infinito Deus é insondável (Jó 11:7; Salmos 145:3; Isaías 40:28; Romanos 11:33-36).

Deus é transcendente. A transcendência de Deus significa que Ele é infinitamente superior a Suas obras, que Ele tem existência independente de Sua criação e que Ele é mais do que adequado para suprir todas as necessidades do Seu universo.

Uma palavra companheira de transcendência é a imanência. Ambas as verdades são necessárias para apresentar a figura completa da relação de Deus com o universo. Quando a transcendência de Deus é mantida em separado de Sua imanência, o erro resultante é o deísmo. Quando a imanência de Deus é mantida em separado de Sua transcendência, o erro resultante é o panteísmo.

2.       Eternidade e Imortalidade

Deus é eterno. Nunca houve um tempo em que Deus não existisse. Ele sempre foi, sempre é e sempre será. Eternidade é tempo infinito.

  • I Timóteo 1:17                                     Rei dos séculos, imortal
  • Deuteronômio 33:27                         O Deus eterno te seja por habitação
  • Salmos 90:1,2                                       De eternidade a eternidade, tu és Deus
  • Isaías 40:28                                           O eterno Deus
  • Isaías 57:15                                           Que habita na eternidade
  • Apocalipse 21:6                                    Alfa e Ômega

A eternidade se estende em ambas as direções. Ela é distante para trás até a eternidade como é distante para frente até a eternidade. Para o crente, a vida eterna tem um início, mas não tem fim. Deus, porém, não somente viverá para sempre no futuro como também viveu para sempre no passado.

Deus é imortal. Ele não está sujeito à morte. Aquele que é imortal é imperecível, incorruptível, indestrutível, indissolúvel. Nunca definha, nunca morre, nunca termina. Não deprecia, não decai ou corrói. É resultado de uma existência que não tem fim; é isento da morte.

  • I Timóteo 1:17                     Rei dos séculos, imortal
  • Romanos 1:23                      Deus incorruptível
  • I Timóteo 6:16                     Aquele que tem, ele só, a imortalidade

Somente Deus é a fonte original da imortalidade. Todas as coisas criadas são sujeitas à corrupção, mudança e desgaste. Jesus nasceu mortal. Ele foi feito imortal na Sua ressurreição. Os homens são hoje mortais. Os crentes receberão imortalidade na primeira ressurreição quando Jesus voltar.

O fato de que Deus é eterno refere-se à Sua duração em existência sem fim. O fato de Deus ser imortal refere-se ao tipo de natureza física que Ele possui possibilitando ter essa existência eterna. A eternidade e imortalidade de Deus são ligadas entre si.

3.        Imutabilidade

Deus é imutável. O que Ele é agora Ele sempre foi e sempre será. Deus não pode mudar para melhor porque Ele já é o melhor. Ele não pode mudar para pior porque assim Ele deixaria de ser perfeito. A perfeição infinita é imutável.

  • Salmos 102:26,27              Muda a terra, Deus é o mesmo
  • Malaquias 3:6                      Porque eu, o Senhor, não mudo
  • Tiago 1:17                            Não há mudança, nem sombra de variação
  • Hebreus 6:17,18                 Imutabilidade do seu conselho
  • Êxodo 3:14                           Sempre no tempo presente

Todas as coisas criadas estão sujeitas à mudança e deterioração, mas Deus permanece sempre o mesmo. As estrelas morrem, montanhas se desgastam, edifícios desmoronam, plantas secam, flores murcham, animais morrem, metal enferruja, alimento estraga, máquinas se desgastam. A humanidade muda, sofre e morre. Um homem sábio disse certa vez: “Não há nada tão constante quanto a mudança”. No nosso universo mutante, só Deus é imutável.

“Rápido para o seu final flui o curto dia de vida;

A alegria da terra escurece, a sua glória se vai;

Mudança e declínio é o que vejo em toda minha volta;

Oh Tu que não mudas, habita em mim.”

Henry Francis Lyte

Deus muda Sua obra com os homens à medida que mudam do pecado para a retidão, mas Seu caráter nunca muda. Sua santidade, amor e verdade permanecem os mesmos para sempre. Ele é a Rocha eterna, a esperança eterna do homem.

Aqui estão três pensamentos concernentes à imutabilidade de Deus: 1) Deus é imutável; 2) Os homens têm buscado mudar a Deus; 3) Deus está tentando modificar os homens.

4.       Onisciência

Os três seguintes atributos de Deus começam com o mesmo prefixo oni, que significa tudo. Onisciência significa que Deus possui todo o conhecimento. Onipresença significa que Deus está presente em todo o lugar. Onipotência significa que Deus é Todo-Poderoso.

Esses três pensamentos são expressos em ordem consecutivas no Salmos 139. Os seis primeiros versos descrevem a onisciência de Deus. Os próximos seis descrevem a onipresença de Deus. O restante do capítulo refere-se ao poder de Deus e à onipotência.

Deus é Perfeito em Conhecimento. A mente de Deus é perfeita. Sua sabedoria infinita, eterna e completa.

  • Jó 37:16                                Perfeito nos conhecimentos
  • Salmos 147:5                      Seu entendimento é infinito
  • Atos 15:18                            Toda Sua obra desde toda a eternidade
  • I João 3:20                            Deus conhece todas as coisas
  • Hebreus 4:13                       Todas as coisas descobertas aos seus olhos
  • Salmos 139:1-6, 23             Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração
  • Isaías 40:13, 14, 28             Que conselheiro o ensinou?
  • Romanos 11:33, 34             Ó profundidade das riquezas

1 – Origem. Em relação à origem, o conhecimento de Deus não é derivado nem adquirido. Ele não recebe Sua informação de ninguém. Ninguém O ensinou. Seu conhecimento origina-se Nele próprio. Os homens recebem conhecimento dos outros. Eles adquirem informação através da observação e do estudo. Deus, entretanto, tem Seu infinito conhecimento oriundo de Si próprio.

2 – Tempo. Em relação ao tempo, o conhecimento de Deus inclui todas as coisas passadas, presentes e futuras. “O Senhor, que faz todas estas coisas que são conhecidas desde toda a eternidade” (Atos 15:18). Ele “chama as coisas que não são como se já fossem” (Romanos 4:17). “Que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam” (Isaías 46:10). O passado, presente e futuro tem igual realidade na mente de Deus.

3 – Detalhes. Em relação aos detalhes, o conhecimento de Deus compreende cada minúscula partícula de Sua criação em todos os seus pequenos detalhes. Todos os cientistas da terra poderiam somar e concentrar seus intelectos sobre uma única folha de relva. Isso, entretanto, não poderia se comparar com a atenção dada por Deus à mesma folha de relva. “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mateus 10:29, 30).

4 – Magnitude. Em relação à magnitude, o conhecimento de Deus abrange todos os fatos, possíveis e reais, dentro de toda Sua criação. Não há um só átomo que foge a Sua atenção e completo conhecimento. Deus pode oferecer Sua completa atenção a toda partícula de Sua criação ao mesmo tempo. O homem finito só pode considerar um pensamento de cada vez. Deus, no entanto, conhece todos os detalhes de Seu universo inteiro em um simples pensamento eterno. As mentes dos homens são limitadas, a mente de Deus é infinita (Salmos 147:4).

5 – O Coração dos Homens. Os homens veem somente o exterior; Deus vê ambos, exterior e interior. Os homens contam, mas Deus pesa. Os homens não podem esconder de Deus. Com visão penetrante, Ele examina os corações dos homens.

A Bíblia está cheia de escritos que afirmam essa verdade (I Samuel 16:7; I Reis 8:39; I Crônicas 28:9; II Crônicas 16:9; Jó 26:6; 28:23, 24; 34:21, 22; Salmos 33:13-15; 44:21; 94:11; 103:14; 119:168; Provérbios 5:21; 15:3; 16:2; 24:12; Isaías 29:15; Jeremias 16:17; 17:10; 23:24; 32:19; Ezequiel 11:5; Atos 1:24; I Tessalonicenses 2:4; Mateus 6:4, 6, 18).

6 – Seus Filhos. A onisciência de Deus é um alerta aos pecadores, mas é um encorajamento e conforto aos crentes. Eles sabem que Deus está sempre com eles e que nunca estarão sozinhos. Deus sabe de nossos sofrimentos, fraquezas e necessidades (Êxodo 3:7, Salmos 103:14; Mateus 6:32, II Timóteo 2:19).

7 – Presciência.Deus tem conhecimento prévio do futuro. Ele nunca é surpreendido. N’Ele não há reflexões tardias. Ele sabe detalhes do futuro assim como do passado. As profecias divinas são precisas devido à presciência perfeita de Deus. A presciência de Deus quanto ao futuro, entretanto, não o faz culpado dos crimes da história e dos pecados dos homens.

  • Atos 15:18                             Conhecidas de Deus desde a eternidade
  • Isaías 41:4                             Chamando as gerações desde o princípio
  • Isaías 42:9                             Vos anuncio, antes que venham à luz
  • Isaías 44:7                             Anuncie as coisas futuras
  • Isaías 46:10                          Anuncio o fim desde o princípio
  • Isaías 48:5, 6                        O fiz ouvir antes que acontecesse
  • Daniel 2:20, 22, 23              Prediz a história das nações
  • Isaías 44:28; 45:1-4            Presciência a respeito de Ciro
  • 1 Pedro 1:20                          Jesus foi predito
  • Atos 2:23                                A morte de Cristo predita
  • Marcos 13:32                        A data do retorno de Cristo

4.       Onipresença

Deus está presente em todo lugar. Onde quer que estejamos podemos dizer: “Deus está aqui!” Ele é nosso ambiente mais próximo. Alguém não está mais perto da presença de Deus numa montanha do que se estivesse numa caverna. Proximidade de Deus não é uma questão de geografia. Nenhum ponto está mais perto da presença de Deus do que outro ponto. Não há necessidade de gritar ao longo de quilômetros vazios por um Deus ausente. Deus está aqui; Ele pode ouvir o seu menor sussurro.

  • Salmos 139:7-12                 Para onde fugirei da tua face?
  • Jeremias 23:23, 24              Sua presença enche o céu e a terra
  • Atos 17:24-28                      Não está longe de cada um de nós
  • Salmos 23:4                         Tu estás comigo
  • I Reis 8:27                             O céu não pode contê-lo

Definindo onipresença, A. H. Strong escreveu:

Por isto queremos dizer que Deus, na totalidade de Sua essência, sem difusão ou expansão, multiplicação ou divisão, penetra e enche o universo em todas as partes (Op. cit., p. 279).

Deus não está presente em todo lugar no mesmo sentido. Deus está no céu, Seu lugar de habitação (I Reis 8:30); Cristo está no céu à mão direita de Deus (Efésios 1:20); o trono de Deus é no céu (Apocalipse 21:2; Isaías 66:1). O céu é um lugar real. Embora Deus esteja no céu, através de Seu poder e presença Ele está presente em todo lugar e agindo.

Os homens nem sempre percebem a presença de Deus. Adão, o pecador, tentou se esconder da presença de Deus (Gênesis 3:8). Jonas se levantou para fugir da presença de Deus (Jonas 1:3). Jacó disse “Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gênesis 28:16). A atmosfera está cheia de ondas de rádio, mas ninguém tem contato com elas até que sintonize seu rádio no comprimento de onda adequado. Da mesma forma, a presença e o poder de Deus enchem o universo, mas para reconhecer essa realidade alguém precisa estar em sintonia com Ele.

5.       Onipotência

Deus é Todo-Poderoso. Ele é onipotente. Seu poder é infinito. Nada há nada que Ele não possa fazer. Com Ele todas as coisas são possíveis.

  • Apocalipse 19:6                                  Senhor, Deus Todo-Poderoso
  • Apocalipse 21:22                                Senhor, Deus Todo-Poderoso
  • Jó 42:2                                                  Bem sei eu que tudo podes
  • Gênesis 18:14                                      Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?
  • Lucas 1:37                                            Porque para Deus nada é impossível
  • Mateus 19:26                                      Mas a Deus tudo é possível
  • Gênesis 17:1                                        Eu sou o Deus Todo-Poderoso

O poder de Deus é designado na Bíblia como o Espírito Santo de Deus. O Espírito Santo é o poder impessoal de Deus. A Bíblia usa a palavra “poder” e “espírito” indistintamente. Toda obra que Deus faz é executada através do Seu poder ou Espírito.

Capítulo 15 – Atributos Morais de Deus #

Os atributos morais de Deus descrevem seu caráter. Eles designam propriedades dentro da natureza de Deus que determinam Seu relacionamento moral com a humanidade. O que Deus faz é determinado pelo que Deus é. As obras de Deus são baseadas no caráter de Deus.

As doutrinas da salvação têm origem nos atributos morais de Deus. Um entendimento adequado dos atributos morais de Deus é essencial para um entendimento adequado da doutrina do pecado, Cristo e salvação.

Os três atributos morais fundamentais de Deus são santidade, amor e verdade. Santidade inclui retidão e justiça. Amor inclui misericórdia, graça, benignidade e bondade. Verdade inclui veracidade e fidelidade.

1.       Santidade

Deus é santo. A santidade refere-se à perfeição moral de Deus. A santidade de Deus envolve um aspecto positivo e um aspecto negativo. O aspecto positivo da santidade de Deus é o fato de que n’Ele habita toda a bondade. O aspecto negativo é o fato de que n’Ele não existe nenhum mal moral. O primeiro pensamento é designado pela palavra “excelência”. O segundo é designado pela palavra “pureza”.

1 – Excelência Moral.A santidade de Deus está na gloriosa plenitude de Sua excelência moral. Na somatória infinita de Sua perfeita bondade. Observe em sua Bíblia a longa lista de versículos que remetem à santidade de Deus. Alguns dos mais conhecidos estão listados a seguir:

  • Êxodo 15:11                          Glorificado em santidade
  • Salmos 30:4                           Celebrai a memória da sua santidade
  • Salmos 47:8                           Trono de Sua santidade
  • Salmos 60:6                           Deus disse na Sua santidade
  • Salmos 99:3,5,9                     Exaltai ao Senhor, porque Ele é  Santo
  • Isaías 6:3                                Santo, santo, santo
  • Isaías 47:4                             O Santo de Israel
  • Isaías 57:15                           O Alto e o Sublime, e cujo nome é santo
  • João 17:11                             Pai Santo
  • I Pedro 1:15,16                     Sede santos; porque eu sou santo
  • Apocalipse 4:8                       Santo, Santo, Santo
  • Apocalipse 15:3,4                  Porque só Tu és Santo

2 – Pureza Moral. Em segundo lugar, a Santidade de Deus refere-se à absoluta pureza moral de Deus. Ela indica que Ele é livre de pecado, Seu caráter imaculado. Porque Deus é santo, Ele exclui de Si tudo que contradiz Sua natureza divina.

A Bíblia apresenta o poder de Deus em contraste com a fragilidade do homem, a sabedoria de Deus em contraste com a ignorância do homem e a santidade de Deus em contraste com o pecado do homem.

Deus não pode pecar. Ele não pode aprovar o pecado nem mesmo tolerá-lo. Se Deus aprovasse o pecado, Ele deixaria de ser santo. Os cinco primeiros textos listados a seguir estabelecem o fato que Deus não pode pecar. Os outros cinco textos declaram que Deus não pode aprovar o pecado.

  • Deuteronômio 32:4             Não há nele injustiça
  • Jó 34:10                                   Longe de Deus a impiedade
  • Salmos 92:15                         Nele não há injustiça
  • Tiago 1:13                              Deus não pode ser tentado pelo mal
  • I João 1:5                                Não há nele treva nenhuma
  • Deuteronômio 25:16          Abominação é ao Senhor
  • Salmos 5:4                             Não és um Deus que tem prazer na iniquidade
  • Habacuque 1:13                   Tão puro de olhos, que não podes ver o mal
  • Isaías 59:1,2                          Os vossas pecados encobrem o seu rosto de vós
  • I Pedro 3:12                          O rosto do Senhor é contra os que fazem males

3 – O Atributo Mais Importante de Deus.A pessoa mais importante no universo é Deus. O fato mais importante a respeito de Deus é que Ele é santo. A santidade de Deus é Sua característica mais importante. É a Sua natureza moral essencial. Ela é a verdade fundamental da Bíblia. O Velho Testamento pode ser resumido pela palavra “santo”. O Novo Testamento pode ser resumido, nas palavras de Cristo, “Pai Santo”.

Quando um fotógrafo faz a fotografia de uma pessoa, o ponto mais importante da imagem é o rosto da pessoa. Os pés podem ser omitidos na imagem, mas o fotógrafo é muito cuidadoso em incluir a face da pessoa. Da mesma forma, Deus não está tão preocupado com que os homens vejam como é a Sua mão de poder, quanto deseja que os homens vejam a beleza de Sua santidade, Sua face. (Salmos 110:3, II Crônicas 20:21 – KJV).

Frequentemente ouvimos o comentário de que o amor é o mais importante atributo de Deus. O amor porém, é inferior à santidade. É glorioso o fato de que Deus é amor, mas é mais religioso o fato de que Deus é santo. Amor deve ter uma medida. Pode existir um amor maligno ou egoísta. O amor precisa de um padrão para medir sua qualidade. A santidade é a medida do amor de Deus. Seu amor é um amor santo. Então, a santidade de Deus é superior a Seu amor. É Seu atributo mais importante.

A tendência corrente na teologia liberal enfatiza o amor de Deus, mas ignora a santidade de Deus. Isto tem resultado na negação do pecado pessoal e a necessidade do sacrifício de Cristo. A pregação da santidade de Deus revela o estado pecaminoso do homem e sua necessidade de arrependimento. A teologia liberal e atuais igrejas modernistas são voltadas para a redenção da sociedade ao invés da redenção de indivíduos. Não há, entretanto, espaço para a pregação da santidade de Deus, o sacrifício vicário de Cristo e o arrependimento do homem. O amor de Deus nunca deveria ser apresentado isolado de Sua santidade.

A importância do atributo da santidade de Deus é revelada no fato de que os serafins choravam continuamente perante o trono de Deus e declaravam este atributo. Eles clamavam “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos: toda a terra está cheia da sua glória” (Isaías 6:3). Observe que os serafins não diziam, “Amor, amor, amor,” ou “Poder, poder, poder”, ou “Sabedoria, sabedoria, sabedoria, é o Senhor dos Exércitos.” Eles enfatizam a santidade de Deus, pois é Seu atributo mais importante.

Deus disse: “Uma vez jurei por minha santidade”  (Salmos 89:35). Deus confirmou Seu concerto com Davi, não pelo Seu poder ou sabedoria ou amor, mas por Sua santidade. Ele jurou pela Sua santidade porque este atributo é a máxima expressão de Seu caráter.

4 – Expresso na Lei Moral de Deus.O padrão moral de Deus para a humanidade são expressões de Seus próprios atributos morais. As leis morais do universo são determinadas pelo caráter de Deus. O próprio Deus é o padrão para o certo e o errado. Deus disse: “Sede santos, porque eu sou santo”. O amor resume a lei de Deus, e Deus é amor.

Piedade significa: à imagem de Deus. Ser devoto, ou religioso, é ser como Deus. O objetivo da salvação é ajustar a situação e o caráter do homem de forma que sua vida possa refletir os atributos morais de Deus. O caráter e a conduta do homem devem ser preenchidos com santidade, amor e verdade. Hoje é impossível ao homem ser como Deus em Seus atributos naturais. Atualmente o homem não pode se tornar como Deus em Sua infinidade, imutabilidade, onisciência, onipresença e onipotência. Em certa escala porém, hoje o homem pode se tornar semelhante a Deus em Seus atributos morais: santidade, amor e verdade.

Leis promulgadas pelos legisladores humanos são expressões de suas vontades. As leis morais de Deus, ao contrário, são expressões não unicamente de Sua vontade, mas também de Seu caráter. Seus padrões morais eternos são inalteráveis porque Seu caráter é inalterável.

O pecado viola não somente a vontade de Deus, mas também o caráter de Deus. O pecado não só é contrário à obra de deus, mas também à natureza intrínseca de Deus. O pecado, portanto, é anti-Deus.

5 – Exige que o Pecado Resulte em Morte.A santidade de Deus como é manifestada em Sua relação com os homens transforma-se em retidão e justiça. Deus sempre faz aquilo que é correto e justo. Qualquer coisa que Ele faça é consistente com Seu próprio caráter santo.

A santidade de Deus, retidão e justiça exigem que o pecado resulte em morte. O pecado é contrário à própria natureza de Deus; portanto, o pecado é anti-Deus. Deus é vida; o pecado é anti-vida. O resultado do pecado deve ser a morte e a destruição. “O salário do pecado é a morte”. Este não é um arranjo divino arbitrário; o universo está construído sobre este princípio. Ou Deus condena o pecado ou viola Seu próprio caráter. Deus não pode mudar Seu caráter porque Ele é inalterável. O pecado deve ser condenado à destruição.

A justiça de Deus requer que seja paga a pena por todos os pecados cometidos no universo. Os pecadores pagarão a pena por seus próprios pecados ao serem destruídos eternamente pela segunda morte. (Apoc. 20:15; 21:8) A primeira morte não é o pagamento final pelo pecado pessoal do homem. Se fosse, os cristãos que tiveram seus pecados perdoados não morreriam a primeira morte. A primeira morte, entretanto, vem a todos os homens. Os cristãos não podem ser feridos pela Segunda morte, ela não tem poder sobre eles (Apoc. 20:6). A segunda morte é para os pecadores.

6 – O Propósito da Morte de Cristo.É evidente que o pecador não pode ser destruído eternamente e viver eternamente ao mesmo tempo. Se o pecador paga por seus próprios pecados pessoais sendo destruído na segunda morte, ele não pode ter a vida eterna.

Todo pecado que o pecador comete deve ser pago pela morte. Se a pena não é paga pessoalmente pelo pecador, deve ser paga por um substituto. Um pecador não pode ser substituto para um outro pecador. Sendo isento de pecados, Jesus era a única pessoa que poderia servir como substituto do homem.

A morte de Cristo sobre a cruz não foi idêntica à futura morte do pecador na segunda morte. Ele não foi destruído no lago de fogo. Seu sacrifício foi um substituto equivalente. Como pode uma pessoa servir como substituto para milhares de pecadores? Como uma moeda de um dólar é equivalente a cem moedas de um centavo, assim a morte do único perfeito divino Filho de Deus tinha o valor equivalente a um número infinito de pecadores. Jesus morreu potencialmente por todos os homens; os méritos de Seu sacrifício são efetivos somente para aqueles que o aceitam como Salvador e Senhor.

Senhor, eu creio que os pecadores

Eram mais que a areia na praia do mar,

Tu pagaste o resgate por todos,

Plena expiação por todos fizeste.

Zinzendorf

Quando Deus perdoa o crente pecador, Ele não age de forma contrária ao seu santo caráter pois o salário do pecado foi satisfeito através do sacrifício de Cristo, o substituto do pecador (Rom. 3:24-26). Deus pode continuar a ser santo e justo enquanto Ele perdoa e justifica o pecador que crê, porque as demandas de Sua santidade foram atendidas na cruz.

A pena para todo pecado deve ser paga. As demandas da justiça de Deus podem ser satisfeitas por uma de duas maneiras. O pecador pode pagar a pena de seus próprios pecados pessoalmente sendo destruído na segunda morte, ou ele pode aceitar o pagamento vicário que Cristo fez por ele como seu substituto. Em outras palavras, o pecador deve aceitar o sacrifício de Cristo ou ser destruído na segunda morte.

O fato de que Deus não tivesse a obrigação de prover um meio de salvação para os pecadores mostra Seu grande amor, misericórdia e graça para com a humanidade. O fato de Jesus se oferecer voluntariamente por nós, revela Seu amor por nós e inspira nosso amor por Ele.

7 – A Eternidade Justificará a Santidade de Deus.Alguns homens afirmam, “Se Deus é Santo e não pode aprovar nem tolerar o pecado, por que Ele permite que o pecado exista no Seu universo?” “Por que,” eles perguntam “Deus permite guerras, crime e injustiça social prevalecerem sobre a terra? Por que o ímpio prospera? Por que os santos são perseguidos e algumas vezes em miséria? Como pode Deus ser santo e permitir que estas coisas aconteçam na terra?”.

Como um ato de graça, Deus tem prorrogado a execução da pena pelo pecado de forma que os pecadores tenham a oportunidade de aceitar o Seu plano de salvação. A justiça absoluta, separada da graça, teria exigido que toda a raça humana fosse instantaneamente destruída quando Adão e Eva cometeram o primeiro pecado. O fato de Deus reter atualmente a completa punição pelo pecado não é indicação de que Ele não seja santo ou seja injusto. Isto denota Sua graça e misericórdia. (II Pedro 3:9; Rom. 2:4-6).

Embora Deus não ataque os pecadores no momento em que o pecado é cometido, ninguém deve pensar que o pecado nunca será punido. O juízo futuro é certo. Algum dia a era da graça será sucedida pela era do julgamento. Os pecadores serão julgados e punidos; os justos serão recompensados. O que é torto será endireitado; os livros serão analisados. O caráter de Deus será revelado na sua verdadeira natureza. Sua santidade será justificada.

O juízo futuro de Deus revelará seu Santo caráter. “Se, de fato, é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam” (II Tes. 1:6). “Porque verdadeiros e justos são os seus juízos” (Apoc. 19:2). “Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgastes estas coisas” (Apoc. 16:5). “… Ó Senhor, Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos” (Apoc. 16:7).

A Santidade e justiça de Deus serão reveladas não somente na punição do ímpio, mas também na recompensa dos justos. (II Tim. 4:8).

2.       Amor

“Deus é amor.” Amor é um destacado atributo moral de Deus. O amor não tem existência separado de Deus; Deus não executa qualquer obra sem o Seu santo amor. O amor é uma característica básica de Sua natureza. A verdade não é  que Deus meramente ama, mas que Deus é amor. O amor não é simplesmente algo que Deus faz, isto é a Sua natureza. Seu amor não é ocasional nem limitado. Não há ocasião em que Deus não ame, e nenhuma esfera que o Seu amor não cubra. A verdade gloriosa é que Deus é amor. “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. (I João 4:8). “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus, nele”. (I João 4:16).

O fato de Deus ser amor significa que Ele deseja e se regozija no bem-estar de Suas criaturas. Através do desejo, Deus é paciencioso para  conosco, nos busca e nos reivindica para Si mesmo. Através do regozijo Deus se alegra em nós e nos outorga Seus ricos tesouros.

O amor de Deus preenche o universo. Cada partícula da criação está submersa no amor de Deus. O círculo de Sua afeição alcança todas as Suas criaturas. “ Porque Deus amou o mundo”. Embora a vida possa estar cheia de desapontamentos, sabe-se que Deus é amor e Seu amor em algum momento triunfará.

1 – Resumo dos Princípios Morais. O amor é o resumo dos princípios morais de Deus para a humanidade. (Mat. 22:37-40 ) Jesus disse, “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei “(João 15:12). Deus quer que os homens sejam como Ele em santidade, amor e verdade.

Nós temos visto que isto é verdade considerando a santidade de Deus. Quando o crente entra em Cristo, ele adquire uma posição em solo Santo perante nosso Santo Deus. O caráter do crente é transformado pelo Espírito Santo; sua conduta resulta num caminhar santo. O crente, então, reflete em miniatura a santidade de Deus.

A devoção resulta também em que o crente se torne como Deus no tocante ao Seu atributo do amor. A vida cristã em amor reflete o caráter moral de Deus e proclama ao mundo que Deus é amor.

2 – Misericórdia, Benignidade e Graça.A santidade de Deus manifestado aos homens se torna-se retidão e justiça. O amor de Deus manifestado aos homens torna-se misericórdia, benignidade, longanimidade e graça. São palavras relacionadas. O lugar do amor, da misericórdia e da graça na salvação será discutida no tópico Soteriologia.

3 – A Salvação Revela o Amor de Deus.A salvação tem origem no coração de Deus. Pecadores não merecem a salvação; eles são dignos de morte. Deus não estava obrigado a providenciar um meio de salvação para ninguém. Ele poderia ter destruído todos os pecadores e eles teriam recebido o que mereciam. Porém Deus, mediante o amor, dá aos homens o que eles não merecem. Ele ofereceu a salvação através de Seu filho, Jesus Cristo. Isto é a graça ! Graça é o amor gratuito de Deus em relação às necessidades dos homens pecadores. Graça é a misericórdia sem merecimento.

Em primeiro lugar, Deus revela o Seu amor pelo fato de não destruir a raça humana no momento em que Adão e Eva pecaram. Deus em misericórdia, graça e longanimidade prorrogou o momento em que a pena pelo pecado seria executada. Deus “adiou” a execução da pena pelo pecado até a destruição do ímpio na segunda morte. Deus é longânimo. (Num.14:18-20; Salmos 86:15, Lam. 3:22,23; Rom. 2: 4,5; 2Pedro 3:9. ) Ele  impediu a punição para dar aos pecadores a oportunidade de arrependimento.

A  suprema revelação do amor de Deus pela humanidade foi a oferta de Seu filho em sacrifício. Não se pode imaginar um amor maior do que aquele que Deus demonstrou no calvário.

  • 1 João 4:9,10                         Nisto se manifestou o amor de Deus
  • Romanos 5:6-8                      Mas Deus prova o Seu amor para conosco
  • João 3:16                                Deus amou o mundo de tal maneira
  • 1 João 3:16                            Conhecemos o amor nisto
  1. 4 – Bênçãos Espirituais Resultam do Amor de Deus.Deus poderia Ter escolhido os anjos para se tornarem herdeiros com Seu filho. Isto seria louvável; isto teria revelado Seu amor. Ou, Deus poderia ter escolhido o melhor dos homens e poderia lhes dar o que ele prometeu aos santos. Isto também seria admirável. Mas quando Deus alcança as profundezas da humanidade e levanta os pecadores da areia movediça e os coloca sobre a rocha sólida; quando Ele escolhe aqueles que por natureza eram inimigos e lhes concede a glória de reinar com Cristo, isto sim é a revelação do amor.

Todas as bênçãos espirituais que os crentes receberam, tem recebido e ainda receberão, resultam do infinito amor de Deus. (Efe. 2:4-10; Tito 3:4-7; 1João 3:1). Pela eternidade os santos glorificados serão testemunhas vivas de pecadores salvos pela graça de Deus. Os redimidos eternamente glorificarão a Deus. Alguém escreveu:

“Como Tu podes me amar tanto
E ser o Deus que Tu és,
Isto é sombra para o meu intelecto
Mas luz do sol para meu coração.”

5 – O Amor de Deus Inspira o Amor no Homem.A vida do crente é meramente sua resposta ativa à obra de amor de Deus. Deus sempre precede. Ele é o primeiro sempre. Nós cremos n’Ele porque primeiro Ele se revelou a nós pela Sua palavra. Nós procuramos por Ele porque primeiro Ele nos buscou. Da mesma forma o amor de Deus por nós inspira nosso amor por Ele. Nós O amamos porque primeiro Ele nos amou. Ele ganha nossa lealdade e obediência apelando aos nossos corações. Seu amor gratuito faz com que os crentes desejem Lhe servir e obedecer.

6 – O Amor e a Destruição do Ímpio.A futura destruição do ímpio não é inconsistente com o amor de Deus. O amor de Deus é Santo. A santidade é a medida do amor de Deus. A santidade de Deus demanda a destruição dos pecadores. Fazendo isto, Deus não estará agindo contra o Seu amor. De fato, quando Deus não permite que o homem em condição pecaminosa viva pela eternidade, isto pode ser uma evidencia de amor. O egoísmo e a pecaminosidade imortalizados seriam um tormento. Como você poderia gostar de viver pela eternidade com uma aguda dor de cabeça? Seria isso uma evidência do amor de Deus? Da mesma maneira a destruição dos pecadores não será inconsistente com Seu amor.

3.       Verdade

Deus é verdade. O terceiro dos três atributos morais de Deus é a verdade. Na bíblia a palavra “verdade” algumas vezes refere-se à mensagem do evangelho. No presente momento nós pensamos na palavra “verdade” como uma referência ao caráter de Deus.

  • Salmos 31:5                           Senhor, Deus da verdade
  • Isaías 65:16                           O Deus da verdade
  • Deuteronômio 32:4               Deus é a verdade
  • Êxodo 34:6                            Grande em beneficência e verdade
  • Jeremias 10:10                      O Senhor Deus é a verdade
  • Salmos 89:14                         Misericórdia e verdade vão adiante do teu rosto
  • Salmos 146:6                         E que guarda a verdade para sempre
  • Daniel 4:37                            Todas as suas obras são verdades
  • Apocalipse15:3                      Verdadeiros são os teus caminhos
  • Apocalipse 16:7                     Verdadeiros e justos são os teus juízos

Deus é verdade. Isto significa que o que Deus sabe concorda perfeitamente com o que Deus é. Ele é divinamente auto consistente. Ele é real, genuíno e fiel à Sua natureza. A verdade de Deus é a garantia da realidade, a estabilidade da existência, o fundamento da certeza. Os homens podem descobrir fatos científicos e verdades na história somente porque Deus é a verdade e a fonte de toda a verdade.

Os três elementos da personalidade são intelecto, sensibilidade e vontade. Alguém sugere que os três atributos morais de Deus correspondem a estes elementos. Verdade é relacionada ao intelecto; amor é relacionado à sensibilidade de Deus; santidade está relacionada à vontade de Deus.

A verdade de Deus expressa na Sua relação com os homens se torna em veracidade e fidelidade. Veracidade e fidelidade são a verdade transitiva. Misericórdia e graça são o amor transitivo. Retidão e justiça são a santidade transitiva.

1 – Veracidade. Veracidade significa que Deus é verdadeiro, honesto. Ele não pode mentir. Seus preceitos são precisos, Sua revelação da informação ao homem é correta.

  • Números 23:19                     Deus não é homem, para que minta
  • João 3:33                               Deus é verdadeiro
  • Romanos 3:4                         Sempre seja Deus verdadeiro
  • 2 Coríntios 1:20                    Promessas de Deus são nele sim
  • Tito 1:2                                  Deus, que não pode mentir
  • Hebreus 6:18                         É impossível que Deus minta

2 – Fidelidade. Deus é fiel e confiável. Ele cumpre Suas promessas. Ele é fiel à Sua palavra. Podemos depender d’Ele.

  • Deuteronômio 7:9                 É Deus, o Deus fiel
  • Salmos 36:5                             Tua fidelidade chega até às mais excelsas nuvens
  • Salmos 89:8                          Com tua fidelidade ao redor de ti
  • Isaías 25:1                             Teus conselhos antigos são verdade
  • Lamentações 3:22,23            Grande é a tua fidelidade
  • 1 Coríntios 1:9                      Fiel é Deus
  • 1 Coríntios 10:13                  Fiel é Deus
  • 1  Tessalonicenses 5:24        Fiel é o que vos chama
  • 2 Timóteo 2:13                     Ele permanece fiel
  • Hebreus 10:23                      Fiel é o que prometeu
  • 1 Pedro 4:19                         Ao fiel criador

Nós confiamos em Deus porque Ele é confiável. Nós dependemos Dele porque Ele é seguro. Nós temos fé em Deus porque Ele é fiel. Nós acreditamos em Deus porque Ele tem revelado a Si mesmo como a verdade através de Sua palavra.

Capítulo 16 – A Relação de Deus com o Universo #

Vamos considerar agora as sete relações de Deus com Suas obras. A obra e a relação de Deus com o universo pode ser indicada pelas sete posições que Deus ocupa. As sete posições de Deus são agrupadas sob três títulos: A origem do Universo, o Governo do Universo, e a Redenção da Humanidade.

Neste capítulo vamos considerar Deus como a origem ou fonte do universo. Vamos estudar Suas obras como Criador, Mantenedor e Pai.

Dr. William Newton Clarke escreveu as seguintes palavras a respeito da relação de Deus com o universo:

Deus não está só, mas está acompanhado em existência por uma imensa massa de seres que nós chamamos de universo. (Op.cit.,p.272).

De acordo com a concepção cristã, o universo existe em oposição a Deus, e Deus em oposição ao universo. Em existência são dois, Deus e aquilo que não é Deus. Os dois não são idênticos, e os dois nomes não são nomes para uma única realidade. Deus é um e o universo é outro. Sua inteira vastidão e complexidade formam uma segunda unidade de existência. O máximo de unidades de existência são duas, e não mais. Não pode haver mais, mas apenas duas – Deus e o que não é Deus, ou Deus e o universo. ( Ibid, p. 273 )

A relação entre as duas unidades de existência é evidenciada quando se diz que uma é a fonte da outra. A segunda e dependente da primeira, e deve-se à energia produtiva e causal da primeira, ou de forma mais precisa, a existência da segunda deve-se à vontade da primeira. Deus é o primeiro, e o universo é o segundo, e a existência do universo é resultante da energia e da vontade de Deus. ( Ibid, p. 282 ).

1.       Criador

O universo nem sempre existiu. Ele teve uma origem. Deus é o Originador, a Fonte, o Criador do universo. Uma mensagem marcante da bíblia é que Deus é o Criador de todas as coisas. E é o criador do homem.

  • Gên. 1:1                                 Criou Deus
  • Neemias 9:6                           Fizeste o céu, a terra
  • Jó 33:4                                   O Espírito de Deus me fez
  • Salmos 8:3                             Obra de teus dedos
  • Salmos 33:6                           Pela palavra do Senhor foram feitos os céus
  • Salmos 89:11                         Tu os fundaste
  • Salmos 136: 5-9                    Com entendimento fez os céus
  • Salmo 146: 6                         Que fez os céus e a terra
  • Salmo 148: 5, 6                     Mandou, e logo foram criados
  • Provérbios 3:9                       Com sabedoria, fundou a terra
  • Eclesiastes 12:1                     Teu criador
  • Isaías 37:16                           Tu fizeste os céus e a terra
  • Isaias 40: 28                          Criador dos confins da terra
  • Isaias 45:8,12                        Eu, o Senhor, os criei
  • Isaias 45:18                           O Deus que formou a terra
  • Jeremias 10:12                      Ele fez a terra pelo seu poder
  • Jeremias 32:17                      Tu fizeste os céus e a terra
  • Zacarias 12:1                         Que estende o céu
  • Atos 17:24                             Deus que fez o mundo e tudo o que há nele
  • Romanos 1:25                       O Criador, que é bendito eternamente
  • 1 Pedro 4:19                         Ao fiel Criador
  • Apocalipse 4:11                    Tu criaste todas as coisas

2.       Mantenedor

Deus não apenas criou o universo, mas também sustenta e preserva a Sua criação. Como Criador, Deus deu origem a todas as coisas; como Mantenedor, Ele preserva todas as coisas. Criação está relacionada com o início da existência; preservação está relacionada com a continuidade da existência.

Strong definiu preservação como “a ação contínua de Deus pela qual Ele mantém em existência as coisas que Ele criou, junto com as propriedades e forças com que Ele as dotou” (Op.cit,p. 410).

  • Neemias 9:6                           Tu os guardas em vida a todos
  • Salmos 36:6                           Tu conservas os homens e os animais
  • Salmos 104: 5-31                  Deus preservando a natureza
  • Salmos 145:20                      Guarda a todos os que o amam
  • Atos 17:28                             Nele vivemos, e nos movemos

3.       Pai

O fato de Deus ser Pai é um avanço sobre o fato de Deus ser o Criador. Deus é o Criador de todas as coisa, mas Ele é ao mesmo tempo Criador e Pai dos homens. A obra de Deus na criação tem ampla ligação com a origem do universo material; Sua paternidade tem ampla ligação com a origem e natureza da humanidade.

Paternidade implica na semelhança entre os pais e a descendência. Deus criou as rochas, plantas e animais, mas Deus não é como a rocha, a planta ou um animal. Deus não é apenas o Criador dos homens, mas Ele é também o Pai deles. Existe uma certa semelhança, similaridade e parentesco entre Deus e os homens. ( Gên. 1:26,27 ).

A bíblia reconhece uma dupla paternidade de Deus. Num sentido Deus é Pai de todos os homens. Em outro sentido Deus é Pai somente dos crentes que se tornaram devidamente relacionados com Ele através de Seu Filho. Todos os homens são filhos de Deus pela criação; somente os crentes são filhos de Deus pela redenção. Existe portanto, uma distinção entre a paternidade criativa de Deus e Sua paternidade redentora.

Capítulo 17  – O Governo de Deus sobre o Universo #

Deus não é só a fonte da existência, mas Ele é também o governador do universo. Todas as coisas criadas estão sujeitas ao governo de Deus.

Existem três ramificações ou funções de governo. São elas a executiva, legislativa e judiciária. O ramo executivo do governo cumpre a lei, o legislativo cria a lei; e o judiciário interpreta a lei.

No governo dos Estados Unidos, a função executiva do governo está investida na presidência; a função legislativa está investida no congresso; e a função judiciária está investida na Suprema Corte.

De forma semelhante, o governo de Deus sobre o universo inclui estes três ramos de administração. “Porque o Senhor é nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei; ele nos salvará”. (Isa. 33:22). Este é o verso chave deste capítulo.

No estudo do governo de Deus sobre o universo, nós vamos considerar as posições e obras de Deus como Rei, Legislador e Juiz. A posição de Deus como Rei refere-se à função de governo executiva; Sua posição como legislador refere-se à função legislativa; Sua posição como Juiz refere-se a função judicial. Portanto, o governo de Deus sobre o universo é completo.

1.       Rei

Deus é o Rei do universo. “O seu reino domina sobre tudo”. Toda criatura existe dentro dos limites de Seu governo. Toda pessoa deve viver em obediência a Ele.

Os governantes terrenos têm o direito de governar somente porque Deus como Rei lhes outorgou este privilégio. Os governantes terrenos na sua totalidade têm falhado em reconhecer o supremo reinado de Deus. Eles provaram-se indignos de governar. Deus autorizou Seu filho, Jesus Cristo, a ser o Rei eterno na terra. Quando Cristo retornar à terra, os governos humanos serão compelidos a se submeter ao Seu governo. Ele será reconhecido como Rei dos reis e Senhor do senhores.

  • 1 Timóteo 1:17                      Ao Rei dos séculos, imortal
  • 1 Timóteo 6:15                      Bem aventurado e único poderoso Senhor
  • Atos 17:24                             Senhor do céu e da terra
  • 1 Crônicas 29:10-13             Teu é, Senhor, o reino
  • Apocalipse 19:6                     O Senhor, Deus Todo-Poderoso, reina
  • Êxodo 15:18                          O Senhor reinará eterna e perpetuamente
  • Salmos 10:16                         O Senhor é Rei eterno
  • Salmos 22:28                         Ele domina entre as nações
  • Salmos 29:10                         O Senhor se assenta como Rei perpetuamente
  • Salmos 47:2,7,8                     Rei grande sobre toda a terra
  • Salmos 93:1,2                        Vestido de majestade
  • Salmos 96: 10                        O Senhor reina!
  • Salmos 97:1                           O Senhor reina. Regozije-se a terra
  • Salmos 99:1                           O Senhor reina; tremam as nações
  • Salmos 103:19                       O seu reino domina sobre tudo
  • Salmos 145:11-13                 O teu domínio estende-se a todas as gerações
  • Isaias 6:5                                O Rei, o Senhor dos Exércitos
  • Isaias 43:15                           O Criador de Israel, vosso Rei
  • Jeremias 46:18                      Cujo nome é o Senhor dos Exércitos
  • Jeremias 10:10                      O Rei eterno
  • Daniel 4:3                              O seu reino é um reino sempiterno
  • Daniel 4:17,25,32                 Tem domínio sobre os reinos dos homens
  • Daniel 5:21                            Tem domínio sobre os reinos dos homens
  • Daniel 4: 34, 35, 37              Cujo reino é de geração em geração
  • Daniel 6:26                            O seu reino não se pode destruir
  • Daniel 7: 14,18,27                Deu o reino ao Seu filho
  • 1 Coríntios 15: 28                 Deus será tudo em todos

2.       Legislador

Deus governa o universo de acordo com princípios, padrões e leis não escritas. Podemos observar um padrão ordenado através da natureza, desde a estrutura dos átomos até o movimento das estrelas. “O Senhor é o nosso Legislador”. (Isa. 33:22). Ele estabeleceu regulamentos de acordo com os quais Sua criação deve funcionar.

As leis que governam o universo material, como o crescimento das plantas, a gravidade, a eletricidade, correntes de ar e o movimento do sistema solar, são chamadas de leis naturais. As leis que governam o universo moral, como a relação do homem com Deus, com seu vizinho e consigo mesmo, são chamadas de leis morais. As ciências naturais, como a astronomia, geologia, física, química e biologia, tratam do estudo das leis naturais. A teologia bíblica trata do estudo das leis morais.

As leis naturais e morais são igualmente eficazes. O Deus da natureza e o Deus da Bíblia são um. O Criador também é também o governador moral. A lei natural e a lei moral originam-se em Deus. Ele é o legislador de ambas. Ninguém pode violar com segurança as leis morais tanto quanto não se pode violar as leis naturais do universo. A violação resulta em destruição final.

As leis naturais e morais estão relacionadas aos atributos morais e naturais de Deus. As leis naturais do universo físico revelam em alguma extensão os atributos naturais de Deus. As leis morais governando o homem expressam os atributos morais de Deus.

Os princípios morais de Deus expressam Seu caráter moral. Deus não poderia alterar Seu padrão moral sem mudar Seu próprio caráter. O pecado é a falha em se conformar às leis morais de Deus. O pecado é contrario ao próprio Deus; portanto, Deus deve desaprovar o pecado, e o resultado do pecado deve ser a destruição. Esta não é uma lei arbitrária de Deus; a vida foi feita desta forma. O homem em pecado está fora de sintonia com o caráter de Deus.

H. Strong observou que a lei implica oito elementos: (1) um legislador, ou vontade autoritária; (2) objetos ou seres sobre os quais esta vontade se encerra; (3) um comando geral, ou expressão desta vontade; (4) poder para impor o comando; (5) dever ou obrigaçãoa obedecer; (6) sanções, sofrimento ou penalidade pela desobediência; (7)  que a lei seja uma expressão da natureza do legislador, e (8) que a lei estabeleça a condição ou conduta dos sujeitos, aos quais é requisito de harmonia com aquela natureza. (Op. cit., pp. 533-549).

Através de seus próprios esforços o homem não pode ser conforme as leis morais de Deus e acatar Sua perfeita retidão. “Não há um justo, nem um sequer”. Os homens são naturalmente pecadores. Jesus Cristo, porém, obedeceu perfeitamente as leis morais de Deus. Sua vida refletiu com perfeição os atributos morais de Deus: santidade, amor e verdade. Ele era sem pecado. Ele teve a retidão perfeita.

Quando o crente se rende ao Cordeiro de Deus, o pecado do crente é imputado a Cristo e a retidão de Cristo é imputada ao crente. (2 Cor. 5:21). Com base na justiça imputada, Deus declara que o crente está justificado. A justiça imputada ao crente na conversão é na verdade transmitida ao crente gradualmente na medida em que Cristo tem permissão para exercer influência na sua vida. O fruto do Espírito (Gal. 5:22,23) é a retidão transmitida. É a retidão de Cristo produzida na vida do crente que se entregou.

Nenhum homem pode ser salvo pela guarda da lei. Ele só pode ser salvo ao se tornar apropriadamente ligado a Cristo, o Salvador. A retidão que conta para Deus é a retidão de Cristo imputada ao crente e transmitida para dentro do crente. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é  dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua”. (Efe. 2:8-10).

3.       Juiz

A terceira função do governo de Deus é a judicial. Em Seu relacionamento executivo, Deus é Rei; no Seu relacionamento legislativo, Deus é Legislador; em Seu relacionamento judicial, Deus é Juiz. “O Senhor é o nosso Juiz”. (Isa. 33:22).

  • Gên. 18:25                             O Juiz de toda a terra
  • Salmos 50:3-6                       Deus é o próprio juiz
  • Salmos 94:2                           És juiz da terra
  • Hebreus 12:23                      Deus, o Juiz de todos

A palavra julgamento é usada de muitas maneiras. Existem muitos aspectos da obra de julgamento. Julgamento pode significar (1) determinar a culpa ou inocência, (2) pronunciar o veredicto de condenação ou absolvição, (3) separar os homens em grupos, ou (4) executar a pena sobre o culpado e conceder a recompensa ao justo.

1 – Base para o julgamento. A santidade e a justiça de Deus constituem a base para o julgamento divino. Porque Deus é Santo, Ele não pode aprovar o pecado. A punição dos pecadores e a recompensa para o reto são exigências do caráter santo de Deus.

  • Salmos  89:14                        Justiça e juízo são a base do teu trono
  • 2 Tess. 1:5,6                           Justo diante de Deus
  • Apocalipse 15:3,4                  Justos e verdadeiros são os teus caminhos
  • Apocalipse 19:2                     Verdadeiros e justos são os teus juízos

2 – Necessidade de julgamento. O salário do pecado deve ser a morte pois o pecado é anti-Deus . Se Deus pudesse aprovar o pecado, Ele deixaria de ser Santo. O caráter de Deus não pode mudar; Deus jamais deixará de ser santo. O pecado, portanto, deve resultar em julgamento e destruição.

  • Romanos 1: 32                      Dignos de morte
  • Romanos 2:6                          Recompensará cada um segundo as suas obras
  • Romanos 6:23                       O salário do pecado é a morte
  • Romanos 8:6,13                    A mente carnal gera a morte
  • Gálatas 5: 19-21                    Excluídos do reino de Deus
  • Gálatas 6:7-9                         Nós colhemos o que semeamos
  • Apocalipse 21:8                     Pecadores destruídos na segunda morte

3 – Certeza de julgamento. O fato de que Deus não faz cair mortos os pecadores hoje no ato do pecado não é uma indicação de que o pecado nunca será punido. O julgamento futuro é certo. Algum dia a era da graça será sucedida pela era do julgamento. Pecadores serão julgados e punidos; o justo será recompensado.

  • Salmos 103:8,9                      Não repreenderá perpetuamente
  • Eclesiastes 8:11-13               Como se não executa logo o juízo
  • Eclesiastes 11:9                     Te trará Deus a juízo
  • Eclesiastes 12:14                  Deus há de trazer a juízo toda a obra
  • Mateus 12:36,37                   As palavras como base do julgamento
  • Atos 17:30,31                        Um dia determinado
  • Romanos 2:2-11                    Não faz acepção de pessoas
  • Romanos 14:10,12                Dará conta de si mesmo a Deus
  • 1 Cor. 4:5                               Trará à luz as coisas ocultas
  • 2 Cor. 5:10                             Porque todos devemos comparecer
  • Hebreus 9:27                         Vindo, depois disto, o juízo
  • 1 Pedro 4:5                            Os quais hão de dar conta

4 – A ira de Deus.A ira de Deus é seu desprezo pelo pecado. É sua santa atitude em relação ao ímpio. O juízo divino revela sua ira.

  • Romanos 1:18                      A ira revelada através do evangelho
  • Salmos 2:5                            Falará na sua ira
  • João 3:18-21                         Quem não crê já está condenado
  • João 3:36                               A ira de Deus sobre o infiel
  • Efésios 2;3                            Filhos da ira
  • Colossensses  3:6                  Ira de Deus sobre os filhos da desobediência
  • Apocalipse 6:12-17               É vindo o grande dia da sua ira
  • Apocalipse 11:17,18             E veio a tua ira
  • Apocalipse 14:7                    Porque vinda é a hora do seu juízo
  • Apocalipse 14:18-20             Grande lagar da ira de Deus

5 – Julgamentos Divino históricos.Embora o julgamento final e a punição dos pecadores não ocorra até a Última Ressurreição e a segunda morte, Deus visitou a terra com julgamento em várias ocasiões. A expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden foi um julgamento divino. O dilúvio durante a vida de Noé revelou a ira de Deus contra o pecado. A dispersão das nações e a confusão das línguas na Torre de Babel também foi um julgamento divino. A destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas contra o Egito, e o cativeiro de Israel foram julgamentos históricos de Deus. Os profetas profetizaram e escreveram juízos de Deus contra várias nações antigas. A morte de Cristo pelos pecadores (João 12:31,32) revelou o juízo de Deus contra o pecado. O Calvário é o tribunal do pecado e o propiciatório para os pecadores.

6 – Deus julgará os homens através de Seu Filho.Deus fará a obra de julgamento através de Seu Filho, Jesus Cristo. Como Deus, o Rei do universo, governará através do reinado de Cristo, o Rei dos reis, e como Deus, o Salvador, realiza toda a Sua obra de salvação por meio de Jesus, o Salvador; assim também Deus, o Juiz , cumprirá a Sua obra de julgamento através de Cristo, futuro Juiz da terra.

  • João 5:22-30                          Deus deu ao filho todo juízo
  • Atos 17:31                             Julgar o mundo, por meio do varão que destinou
  • Romanos 2:16                       Julgará os segredos dos homens, por Jesus Cristo
  • Apocalipse 5:1-9                   Digno é o Cordeiro de julgar

7 – Justificação, uma Obra Judicial de Deus. Quando os crentes aceitam a Jesus como Substituto e passam a estar unidos a Ele, Deus imputa sobre eles a justiça de Cristo. Então como juiz, Deus anuncia que eles não são culpados. Ele declara que não estão debaixo de condenação. Consequentemente eles são justificados. Justificação, o oposto da condenação, é uma obra judicial de Deus através de Cristo.

8 – Julgamentos Futuros. Os julgamentos divinos futuros incluem a recompensa dos crentes quando Jesus vier, julgamento de Israel e as nações sobreviventes, julgamento da Babilônia, da Besta e do Falso Profeta, julgamento de Satanás, e o juízo final e destruição dos ímpios mortos. Para uma consideração detalhada dos julgamentos futuros o leitor é remetido à Escatologia, a sétima divisão da Teologia Sistemática.

4.       Trabalho de Redenção de Deus

O verso chave de nosso estudo sobre o governo de Deus sobre o universo tem sido Isaias 33:22. Leia este verso novamente e note a última frase. “Porque o Senhor é nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso rei; Ele nos salvará”.  Ele nos salvará! Não somente Deus governa, faz leis, pune e recompensa, mas Ele também redime e salva. Em Sua obra de dar existência ao universo, Deus é o Criador, Mantenedor e Pai. Em Sua obra de governar o universo, Deus é Rei, Legislador e Juiz. Na Sua obra de redenção e salvação, Deus é Redentor e Salvador.

      A salvação origina-se em Deus. É proporcionada pelo Seu amor, planejada pela Sua sabedoria, e executada através do Seu poder. A meta da salvação é trazer homens a Deus. Deus realiza Sua obra de salvação através de nosso Salvador, Jesus Cristo. A Bíblia está cheia de referencias a Deus como Redentor e Salvador. Pode parecer confuso para alguns perceberem que ambos, Deus e Seu Filho, ocupem a posição de Salvador. Não precisa perplexidade, este fato é uma verdade gloriosa. Deus executa Sua obra de salvação através de Seu Filho. Jesus é o único Mediador entre Deus e a raça humana. Deus, o Salvador, trabalha através do Salvador, Jesus Cristo. A graça de Deus é a origem da salvação e a morte sacrificial de Cristo é a base da salvação. O homem não pode experimentar a salvação sem Cristo.

Deus sustenta uma dupla relação com a humanidade: um relacionamento criado ou providenciado e um relacionamento redentivo. O relacionamento providencial é efetivo para com todos os homens. É exercitado tendo em vista o fato de que todos os homens são criaturas de Deus e estão sujeitos ao Seu governo universal. Todos os homens estão sujeitos às leis naturais do universo. A relação redentiva de Deus é efetiva para com os homens que cumprem Seus requisitos redentivos. É exercitado tendo em vista o fato de que os crentes passaram a se relacionar com Deus de uma maneira especial através do Seu Filho.

Através da criação, Deus é Pai de todos os homens; através da redenção Ele é o Pai somente dos crentes. Todos os homens, portanto, são filhos criados por Deus, mas somente os crentes são filhos redimidos de Deus. Assim também, todos os homens são irmãos através de Adão enquanto que somente os Cristãos são irmãos por meio de Cristo.

Todas as criaturas têm o Espírito de Deus ou poder ( Salmos 104:30 ) na forma como Deus usa este poder para dar-lhes vida. Somente os cristãos, porém, têm o Espírito de Deus (Rom. 8:9 ) na forma como Deus usa este poder para dar aos homens a salvação. O Espírito de Deus na sua obra de dar vida natural pode ser contatado diretamente por todos os homens. O Espírito redentor de Deus porém, só pode ser contatado pelos crentes através de Cristo.

A realeza de Deus também é dupla. Deus é o Rei do universo, exercendo ambas, a majestade providencial e a redentiva. Através da Sua majestade providencial, Deus é Soberano; através de Sua majestade redentiva, Ele é Salvador. A majestade providencial de Deus refere-se ao Seu governo sobre Sua criação natural; Sua majestade redentiva refere-se ao Seu governo sobre os redimidos. Todo homem entra no reino providencial universal de Deus através do nascimento no mundo. Porém somente os redimidos podem entrar no reino redentivo de Deus através de Seu plano de salvação.

Capítulo 18 – A adoração a Deus #

Havendo considerado o ensinamento bíblico a respeito de Deus em sua existência, natureza, atributos e obras, nós agora avançamos para meditar sobre a adoração a Deus.

1.       Adoração, obediência e amor

O tríplice dever do homem para com Deus é adoração, obediência e amor. Os homens adoram a Deus por causa de Seus atributos e obras. Eles O obedecem porque Ele é Rei, Legislador e Juiz. Eles O amam porque Ele tem revelado Seu amor para com eles na Sua obra de criação, preservação e redenção.

Nesta tríplice obrigação para com Deus, os homens devem responder com todo seu ser. Eles devem adorar a Deus com todo seu interior. (Salmos 103:1 ) Eles devem obedecer a Deus por completo em todas as esferas da vida. Eles devem amar a Deus de todo o coração, alma e mente. (Mat. 22:37) Os homens encontram unidade de personalidade e propósito na lealdade total a um Deus supremo.

A adoração, obediência e amor do homem a Deus não são opcionais; são requisitos divinos. Deus tem o direito de receber a adoração do homem, a submissão da vontade e o coração amoroso. Os homens pertencem a Deus. Eles são a obra de Suas mãos. Ele tem completa autoridade sobre eles. Deus não tem dívida com os homens; os homens têm dívida para com Deus. Deus não deve obrigação aos homens, os homens devem tudo a Deus. Quando o homem adora, obedece e ama o Seu Criador, Soberano e Redentor, ele está fazendo um serviço racional e esperado.

Os homens foram criados para adorar a Deus. Deus fez o homem de forma que fique incompleto até que esteja centrado em Deus. Agostinho disse: “Fizeste-nos Senhor para Ti, e o nosso coração anda inquieto, enquanto não repousar em Ti”. O homem é naturalmente  religioso. Seu coração já nasce faminto por Deus.

Porém, habitando na escuridão separado de Deus, o homem caído se distorce e é pervertido. Ao invés de centrarem-se em Deus, os pecadores estão centralizados em si mesmos. Ao invés de adorar o Criador, ele adoram a criatura e a obra de suas próprias mãos. Ao invés de obedecer a vontade de Deus, eles declaram sua independência de Deus e caminharam em seus próprios caminhos. Ao invés de estarem cheios do amor de Deus, seus corações estão cheios do amor egoísta.

O homem pecador não pode adorar, obedecer e amar a Deus de forma aceitável até que seja apropriadamente vinculado a Deus pela obra mediadora de Jesus Cristo. O pecador deve dar as costas ao pecado em arrependimento, antes de levantar o rosto em adoração a Deus. Deve exercer a confiança em Cristo como Sacrifício antes que possa render-Lhe a obediência apropriada como Senhor. Ele deve se entregar à graça salvadora de Deus e ao poder transformador, antes que ele possa ser cheio da justiça imputada por Cristo que é o amor. Portanto, somente através da redenção feita por Jesus Cristo, pode o homem preencher satisfatoriamente sua tríplice responsabilidade de adorar, obedecer e amar.

2.       O significado de adorar

Adoração a Deus é reverência. É reconhecer o que Deus é e o que Ele tem feito. Reverenciar é reconhecer o mérito. A adoração do crente revela o quanto Deus é valioso para ele. A adoração é o coração do homem curvando-se diante de Deus em contemplação. Os homens são redimidos não apenas para servir a Deus, mas também para reverenciar e adorar. A conversão não é o fim da experiência cristã. Ela é a abertura da porta para uma vida de comunhão com Deus.

Alguém observou que a teologia é uma ciência, religião é uma vida; moralidade é uma lei ; adorar é uma arte.

Os seguintes parágrafos foram retirados do artigo escrito por Robert W. Battles. O título do artigo é: “A arte perdida da adoração e como encontrá-la novamente”. (The lost art of worship and how to find it again) O artigo apareceu na revista The Alliance Weekey, em 22 de agosto 22 de 1951.

Adoração é aquele ato e atitude do povo de Deus no qual e pelo qual eles reconhecem a Sua supremacia, buscando render-Lhe a homenagem e a reverência que Lhe é devida, reconhecendo suas faltas para com Ele e agradecendo por Suas misericórdias, e logo ficam em silêncio para ouvir a Sua voz. A adoração atinge o seu mais alto grau quando nós estamos tão submetidos ao sentido da glória transcendental de  Deus que ficamos “perdidos em maravilha, amor e louvor”.

Frequentemente a adoração assume a forma espontânea, uma resposta não premeditada que vem quando as janelas da alma foram violentamente abertas, e a luz do sorriso de Deus e o calor, o doce sopro do Seu Espírito vêm sobre nós.

Adoração é uma arte amplamente perdida em nossos dias, porque a carência de uma pregação bíblica tem feito com que o povo de Deus tenha uma concepção de Deus muito aquém daquilo que Deus realmente é. Uma concepção inadequada de Deus não produz a adoração.

As maravilhas de Deus precisam ser vistas como transcendentes. Precisamos reconhecer o quanto Deus é digno. Nossas vontades precisam ser rendidas. Sem estes três elementos a adoração é impossível.

A maravilhosa transcendência de Deus sobrevém quando nós vemos o que Ele é. A dignidade de Deus é reconhecida quando nós vemos o que Ele tem feito. E a renúncia de nossa vontade nos alcança num relacionamento que se torna possível por conta do que Ele é, e do que Ele tem feito.

3.       Cinco Elementos da Oração

A adoração é um dos cinco elementos da oração. Os cinco elementos ou tipos de oração são: adoração (veneração), confissão, gratidão, petição ( súplica) e intercessão. Na confissão a pessoa está preocupada com os seus pecados. Na gratidão está envolvida com as bênçãos. A petição tem relação com as necessidades desta pessoa. Na intercessão ela se preocupa com as necessidades dos outros. Na adoração ou veneração, porém, a pessoa que ora está envolvida com o próprio Deus. A adoração é a mais elevada forma de oração.

  • Adoração                              O próprio Deus
  • Confissão                              Nossos pecados
  • Gratidão                                Nossas bênçãos
  • Petição                                  Nossas necessidades
  • Intercessão                            Outros

Muitas orações e hinos da bíblia e do cristianismo podem ser classificados de acordo com sua ênfase num destes cinco aspectos. Exemplos são listados a seguir.

Orações de adoração na Bíblia: 1 Crônicas 29:10-13; Salmos 72:18,19; Salmos 103; Apocalipse 5:13; Orações de confissão: Lucas 18:13; Daniel 9: 4-19; Salmos 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143. Orações de gratidão: Salmos 107; João 11: 41,42;  Orações de petição: 1 Samuel 1:11; Salmos 13. Orações de intercessão: Êxodo 32:31,32; Números 14:17-20; João 17.

Seguem algumas orações famosas e hinos ilustrando estas cinco classificações.

Adoração

Bendito és Tu, Senhor, Deus de nosso pai Israel, de eternidade em eternidade. Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre todos como chefe. E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e dar força a tudo. Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos e louvamos o nome da tua glória. ( 1 Crônicas 29: 10-19 )

Santo, Santo, Santo, Senhor Deus todo poderoso, que eras, que é, e que hás de vir. (Apocalipse 4:8 )

Glória a Deus nas alturas, paz na terra e boa vontade entre os homens. Nós te louvamos, bendizemos, adoramos, glorificamos e te damos graças por Tua grande glória. Ó Senhor Deus, Rei do céu, Deus Pai onipotente. ( De um hino antigo: Gloria in Excelsis)

Confissão

Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. (Salmos 51: 1, 2 )

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai-nos a paz. (Agnus Dei)

Pai poderoso e misericordioso; Nós temos errado, e nos desviado de teus caminhos como ovelhas perdidas. Nós temos seguido os desígnios e desejos de nossos próprios corações. Nós temos ofendido Tuas santas leis. Nós não temos feito aquelas coisas que devíamos fazer; E temo feito aquelas coisas que nós não devíamos fazer. Nós não estamos limpos. Mas Tu, ó Senhor, tem misericórdia  de nós, ofensores miseráveis. Tem misericórdia daqueles, ó Deus, que confessam suas faltas. Tu restauras aqueles que são penitentes; De acordo com Tua promessa declarada para a humanidade em Cristo Jesus nosso Senhor. E concede, ó tão misericordioso Pai, por causa dele; Que nós possamos no porvir viver uma vida agradável, reta e sensata. Para a glória do Teu Santo nome. Amém. (Livro de Oração Comum)

Gratidão

Pai misericordioso e todo-poderoso; de quem procede toda boa dádiva e todo dom perfeito; Nós damos a Ti louvor e gratidão de coração por todas as tuas misericórdias; Pois pela tua bondade nos criaste, Tua generosidade nos tem sustentado; Tua disciplina Paternal nos tem corrigido; Tua paciência que tens tido para conosco, e Teu amor que nos tem redimido.

Concede-nos por Teus dons um coração que Te ame; e nos habilita a mostrar nossa gratidão por todos os Teus benefícios; dando nós a Ti culto, e regozijando em todas as coisas para fazer Tua bendita vontade; Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém. (Livro de Oração Comum)

Petição

Deus todo poderoso, a quem todos os corações estão descobertos, todos os desejos são conhecidos, e de quem os segredos não estão escondidos: Limpa os pensamentos de nossos corações pela inspiração do Teu Santo Espírito, de forma que possamos amar perfeitamente a Ti, e dignamente magnificar Teu Santo nome; Por Cristo nosso Senhor. Amém. ( Uma coletânea antiga)

Intercessão

Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da Tua benignidade. ( Números 14:19 )

Ó Deus, eu me levanto para a luz do Teu amor, este que tens derramado em meu coração, N…, sabendo que Tu farás por ele coisas melhores do que eu possa pensar ou pedir. Querido Pai, eu o coloco em Tuas mãos, corpo, mente e alma, em nome de Cristo. Amém. ( Garret, Constance. Growth in Prayer. New York: Macmillan, 1950, p.82).

4.       Adoração e atributos de Deus

Os homens se tornam parecidos com a divindade que adoram. Eles são transformados à imagem daquilo que adoram. Assim como as flores crescem belas ao olharem para o sol, os homens se tornam religiosos pela adoração de Deus em toda a Sua glória. Os crentes experimentariam um enriquecimento em sua vida espiritual se gastassem vários minutos a cada dia adorando a Deus em Seus atributos e obras.

Os atributos naturais de Deus, os atributos morais e Suas relações com o universo constituem a estrutura para a adoração. Quando nós mencionamos os seis atributos naturais de Deus, nós indicamos que Ele é infinito, eterno e imortal, imutável, perfeito em conhecimento, onipresente e todo-poderoso. Os três atributos morais de Deus são santidade, amor e verdade. As sete posições relativas de Deus: Criador, Mantenedor, Pai, Rei, Legislador, Juiz e Redentor.

Com um coração cheio de amor o crente pode adorar a Deus em cada um de Seus atributos. Ele pode orar: “Infinito Deus eu Te adoro. Deus Eterno e imortal, eu Te adoro. Imutável Deus, eu Te adoro. Tu que és perfeito em sabedoria, eu me ponho em reverência diante de Ti. Tu que és onipresente, meu coração busca por Ti. Tu que és todo-poderoso, eu Te adoro. Ó Deus que és santo, santo, santo, eu Te adoro. Ó Deus, cujo coração é amor, eu Te adoro. Ó Deus, que és verdade, eu Te adoro.”

O cristão pode adorar a Deus tendo em vista Suas sete posições relativas ao universo. Cada obra divina de Deus revela Seu glorioso merecimento e clama pela adoração do crente. O crente pode orar : “Criador de toda existência, eu te adoro. Mantenedor e Preservador de todas as coisas que fizeste, eu te adoro. Pai amoroso, que fizeste o homem e lhe deste vida, eu Te adoro. Exaltado Rei do universo, meu coração se dobra ante a Ti. Legislador que formulaste as leis da natureza e os padrões de conduta para o homem, eu exalto Teu nome. Santo juiz de toda a terra, eu Te adoro. Benigno Redentor que por meio de Jesus Cristo redime o homem pecador, meu coração Te adora em amor”.

Na adoração a Deus, o crente reconhecerá que sua própria natureza se opõe aos atributos de Deus. Deus é infinito; ele é finito. Deus é perfeito; ele é imperfeito. Deus é de eternidade em eternidade; a vida do homem é um sopro, transitória. Deus é imortal; ele é mortal, etc…

Quando o crente vê a sua vida em contraste com os atributos de Deus, ele rogará para que Deus, em Sua perfeita vontade possa vir de encontro com suas necessidades e transforme sua vida. Por exemplo, ele orará a Deus, que é perfeito em conhecimento, que o conduza nos caminhos da verdade. Ele orará para que o Deus imutável transforme seu coração e sua vida à semelhança de Seu Filho. E pedirá a Deus, que é amor, para remover todo o orgulho de seu coração, preenchendo-o totalmente com o Seu amor.

A adoração a Deus é uma prática que deveria ser cultivada por todo cristão. A adorar e a oração estão alicerçadas na obra sacrificial de Cristo. Jesus é uma janela aberta pela qual Deus pode ser visto em toda Sua beleza. Jesus é uma porta aberta, pela qual nós podemos entrar numa bendita amizade com Seu Pai. Ele é o nosso templo vivo, nosso eterno Sumo Sacerdote e nosso sacrifício absolutamente suficiente. Ao iniciarmos uma relação redentora com Cristo formamos a base da adoração que o fiel presta a Deus.

PARTE 05 #

Capítulo 19 – A Origem do Homem #


Cada geração deriva sua existência de uma geração precedente. O homem hoje recebe vida de seus pais, dois seres humanos que já possuem vida. Cada geração constitui um elo adicional na longa corrente de transmissão da vida de pais para filhos. Esse é um processo eterno? A raça humana teve uma origem?

Sim, o homem teve uma origem. Nem sempre ele existiu. Houve um tempo em que não havia homens vivendo sobre a Terra. A espécie humana teve um princípio definido no passado. Houve um elo original na corrente da vida humana. Num dado momento, ganharam vida o primeiro homem e a primeira mulher.

Qual, então, foi a origem do homem? De onde veio a raça humana? Como começaram as espécies humanas?

I. A Criação do Homem por Deus

A Bíblia claramente ensina que o homem deve sua origem a Deus. “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gênesis 1:27). Deus fez duas pessoas, Adão e Eva, que se tornaram os progenitores de toda a raça humana. Adão e Eva receberam a vida de Deus. Através deles, a vida humana foi transmitida a todas as gerações posteriores.

O homem não resultou de qualquer “lenta operação de causas naturais não inteligentes e da variação acidental da natureza”. A raça humana não foi produzida por nenhum processo de desenvolvimento das formas de vida inferiores. O homem resultou de um ato criativo particular e direto de Deus.

O relato histórico da origem do homem está registrado nos dois primeiros capítulos de Gênesis. O primeiro estabelece o fato da criação do homem; o segundo descreve a maneira de sua criação. O primeiro capítulo apresenta um majestoso resumo da criação do universo por Deus, com o homem sendo criado no sexto dia. O segundo apresenta uma explanação detalhada da formação do homem. O primeiro capítulo anuncia que Deus criou a raça humana. O segundo explica como Deus criou o primeiro homem e a primeira mulher.

A criação do homem por Deus é descrita em Gênesis 2:7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego de vida; e o homem foi feito alma vivente”.

A formação da primeira mulher é descrita em Gênesis 2: 21, 22: “Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão”.

O fato de que Deus criou o homem é apresentado repetidamente na Bíblia. “Deus criou o homem sobre a Terra” (Deuteronômio 4:32). “Lembra-te do teu criador” (Eclesiastes 12:1). “Ajoelhemos diante do Senhor que nos criou” (Salmos 95:6). “Foi Ele que nos fez” (Salmos 100:3). Jó escreveu: “O Espírito de Deus me fez, e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida” (Jó 33:4). Deus disse: “Eu fiz a Terra e criei nela o homem” (Isaías 45:12). Jesus ensinou: “No princípio, o criador os fez macho e fêmea” (Mateus 19:4). Paulo declarou: “Sendo nós, pois, geração de Deus” (Atos 17:29). O ensino uniforme em toda a Bíblia está em perfeito acordo com o relato de Gênesis sobre a origem do homem. Aquele que rejeita o relato da criação no Gênesis rejeita um ensino básico da Bíblia como um todo.

O homem existe porque Deus o criou e lhe deu a vida. O homem foi criado não porque quisesse ser criado, mas porque Deus desejou criá-lo. “Porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Apocalipse 4:11). O propósito da existência do homem repousa no coração e na vontade de Deus.

O homem ocupa a mais alta posição entre as criaturas da Terra. Ele é superior ao reino animal, vegetal e mineral. Tendo sido criado depois de todas as criaturas, ao homem foi dada a posição de senhorio sobre a Terra (Gênesis 1:26-28; 9:2; Salmos 8:6-8; 115:16). O redimido experimentará os benefícios completos do senhorio do homem sobre a natureza no futuro reino de Cristo (Hebreus 2:6-10). Cristo será Rei dos reis, governando sobre a Terra. Ele exercerá completo controle sobre toda a natureza. Seu futuro reino na Terra será universal em extensão e eterno em duração. Os redimidos serão coerdeiros com Ele.

II. A Teoria da Evolução

A mais predominante das falsas teorias a respeito da origem do homem é a evolução. De acordo com essa teoria, o homem resultou de um processo de desenvolvimento de formas inferiores de vida. Alguns evolucionistas acreditam que o homem evoluiu de um macaco antropoide já existente. Eles afirmam que cada raça humana evoluiu de uma diferente variedade de macaco. Eles sugerem que a raça amarela evoluiu do orangotango, a raça negra do gorila e a raça branca do chimpanzé. Muitos evolucionistas, entretanto, acreditam que o homem moderno e os macacos antropoides existentes hoje evoluíram de um único animal ancestral que está agora extinto.

Certos elementos da teoria da evolução foram estabelecidos por Lamarck (1744- 1829) na sua obra Philosophie Zoologique. A teoria foi desenvolvida por Charles Darwin (1809–1882). Suas duas obras famosas são “A origem das espécies” (1859) e “A descendência do homem” (1871).

O problema da origem do homem é apenas uma das preocupações da evolução. Essa teoria é usada para explicar a origem e o desenvolvimento de todos os seres vivos. Evolucionistas creem que todos os seres viventes tiveram sua origem numa única massa de protoplasma ou num vapor ardente. Eles creem que todos os organismos, vivos ou extintos, tiveram origem nessa partícula original de vida através da lenta operação de causas naturais e variação acidental.

De acordo com essa hipótese, novas espécies de plantas e animais foram originadas e perpetuadas por um processo de seleção natural e de sobrevivência do mais adaptado. As plantas e os animais produziram descendência com variações. As variações eram acidentais e imprevisíveis. Aquelas plantas e animais que apresentavam fracas características de adaptação aos seus ambientes foram extintas. Somente o mais adaptado sobreviveu. Aqueles que se adaptaram melhor ao seu ambiente sobreviveram e transmitiram qualidades especiais que acidentalmente adquiriram de seus antepassados. A geração sobrevivente era tão diferente dos pais que era presumível o surgimento de novas espécies. As novas espécies eram mais complexas e avançadas que seus predecessores. Elas evoluíam constantemente para formas de vida superiores. Supõe-se que depois de milhões de anos nesse processo, a frágil partícula original da vida foi sendo transformada de espécie em espécie na escala evolucionária até o macaco antropoide, resultando finalmente no homem.

Os quatro argumentos geralmente utilizados pelos evolucionistas para ensinar que o homem evoluiu de animais ancestrais são: (1) Anatomia comparativa, em algumas particularidades os corpos dos animais e homens são similares; (2) Órgãos rudimentares, órgãos internos do homem; como o apêndice vermiforme que parece inútil hoje pode ter sido útil para os animais ancestrais do homem; (3) Embriologia, supõe-se que a criança humana ainda não nascida passa por vários estágios animais que representariam certos animais, como peixe e réptil. (4) Paleontologia, fósseis remanescentes de homens ancestrais supostamente indicam um ancestral animal do homem.

A evolução não é verdadeira. É uma hipótese falsa. Nunca foi verificada mediante fatos. Não pode ser provada. A evolução, adotada por muitos cientistas como uma teórica válida, é em si mesma anticientífica. A evolução é rejeitada por muitos cientistas.

A falsa premissa, sobre a qual a evolução está baseada, é a suposição de que uma espécie pode se transformar em outra. No entanto, as espécies de plantas e animais são fixas. Elas constituem círculos que nunca se rompem. Deus criou cada planta e cada animal “conforme a sua espécie”. Uma espécie não pode ser transformada numa outra espécie.

É verdade que alguém pode observar variação e mudança nas características externas de plantas e animais dentro da mesma espécie. O grau de variação entre gerações é determinado, porém, por certas características que as espécies herdaram dos pais. Pode haver variação de adaptação entre os seres vivos dentro do mesmo círculo de espécies, mas a vida não pode passar de um círculo para outro. Deus estabeleceu na criação fronteiras com limites fixos entre cada espécie básica de plantas e animais. Existe um abismo fixo entre os reinos animal e vegetal e entre o reino animal e a raça humana. Sobre essas linhas divisórias, o processo de evolução jamais poderá cruzar. Os botânicos têm produzido rosas de quase todas as cores, tamanhos e formas imagináveis, mas eles não podem transformar uma rosa em outra planta. Entomologistas fazem experiências com insetos, produzindo-os de forma a exibir várias  características, mas eles nunca estarão aptos a evoluir um inseto de uma espécie para outra espécie.

Dr. Wilbur M. Smith cita o relato do geneticista vegetal sueco, Heribert Nilson, sobre a imutabilidade das espécies.

“O indivíduo é constituído por unidades hereditárias… chamadas genes, os quais são supremos e imutáveis como os átomos da química… A variação é causada pela recombinação dos genes, não pela sua mudança. A variação é, portanto, restrita pelas possibilidades de combinação dos genes. E estes estão limitados pelas possibilidades de cruzamento. Então novamente, desde que indivíduos pertencentes a diferentes espécies de plantas e animais não podem acasalar, muito menos produzir descendentes, a combinação de variações está confinada à espécie. Variantes são formadas, cruzadas e se levanta uma sequência caleidoscópica dentro da espécie. Mas as espécies permanecem na mesma esfera de variação. As várias espécies permanecerão como círculos que não se cruzam. Espécies são constantes” (Smith, Wilbur M. Therefore, Stand, Boston: W. A. Wilde Co., 1946, pp. 570, 571).

Dr. A. H. Strong escreveu:

O espaço entre o macaco inferior e o gorila superior é repleto de inumeráveis gradações intermediárias. O espaço entre o homem inferior e o homem superior está também repleto de muitos tipos em tonalidades próximas um do outro. Mas o espaço entre o gorila superior e o homem inferior é absolutamente vazio, não existem tipos intermediários; não foram encontrados elos de conexão entre o macaco e o homem (Op. cit., p. 471).

Não existem graduações intermediárias entre o macaco e o homem. Huxley, na obra Man’s Place in Nature, p. 94, nos conta que o mais baixo gorila tem uma capacidade do crânio em 24 polegadas cúbicas, enquanto o maior gorila tem 34,5. Em contrapartida, o homem inferior tem uma capacidade de crânio de 62; embora homens com menos de 65 sejam invariavelmente idiotas; o homem superior tem 114. Professor Burt G. Wilder da Universidade de Cornell: “O maior cérebro de macaco é somente a metade do tamanho do menor cérebro humano normal (Ibid, p. 470).

Mesmo que o  argumento da anatomia comparativa seja considerado, o fato de existir certa similaridade com relação ao corpo dos homens e animais, não indica que animais são ancestrais dos homens. Semelhança estrutural não é prova de relação genética. A semelhança revela a obra unificada e harmoniosa de um criador. A estrutura do átomo é similar à estrutura planetária do sistema solar. Toda a criação evidencia a obra de uma mente, um arquiteto divino.

As assim chamadas rudimentares ou glândulas de vestígio, as quais por anos foram consideradas inúteis e restos atrofiados do animal ancestral do homem, agora sabe-se que são partes vitais do corpo do homem. A glândula pituitária, por exemplo, foi listada certa vez pelos evolucionistas como um vestígio, uma glândula inútil. Agora aquela glândula é reconhecida como sendo de extrema importância. Toda glândula e órgão foi designada para um uso específico. A falha do homem em descobrir esse propósito não indica que sejam inúteis.

A similaridade com vários animais no estágio embrionário não prova que eles tenham relação genética. Isso não provê evidência de que o homem teve um ancestral animal. Além disso, os paleontologistas não descobriram nenhum fóssil remanescente que prove um elo, a conexão entre homens e animais.

Evolucionistas ateístas creem que o material original do qual a presente ordem dos seres vivos evoluiu não foi criado. Eles acreditam que a matéria é eterna e que a vida originalmente veio a existir através de algum processo químico desconhecido.

Evolucionistas teístas acreditam que Deus criou a partícula original da vida, mas declaram que a evolução é o método pelo qual todas as espécies de criaturas alcançaram sua atual existência.

Ambas as teorias da evolução são falsas. O homem não evoluiu a partir dos animais, nem através dos animais. Ele resulta de um ato particular e direto de Deus.

III. Outras Teorias Sobre a Origem do Homem

  1. Eternidade da Matéria.Os homens que acreditam na eternidade da matéria asseguram que o universo não teve origem. Eles dizem que a matéria sempre existiu e é autoevolutiva. De acordo com essa teoria, o universo material contém tudo que haveria de necessitar e passa por estágios de desenvolvimento de acordo com certas leis eternas. O homem, sustenta essa teoria, é resultado desse processo de desenvolvimento.
  2. Geração Espontânea.Geração espontânea, também conhecida como “abiogenesis”, é a teoria que a terra reteve em si os germes de vida de todas as criaturas viventes, e quando as circunstâncias se tornaram favoráveis, a terra espontaneamente produziu plantas, animais e homens. Richard Owen e H. C. Bastian estão entre aqueles que defenderam essa teoria.
  3. “Emanação”.O panteísmo afirma que o universo, incluindo o homem, é da mesma substância de Deus, que o universo é meramente uma projeção da existência de Deus, e que o homem e o universo são partes de Deus. Essa teoria é falsa. Deus tem existência independente de suas criaturas. O homem é uma criatura de Deus; ele não é uma projeção da própria existência de Deus.

Capítulo 20 – A Origem Comum do Homem #

A origem comum do homem e a unidade da raça humana são fatos intimamente associados à origem divina do homem. Oriundo de um ato criativo direto e instantâneo de Deus, a raça humana constitui uma espécie. Originalmente essa única espécie era constituída apenas de duas pessoas, Adão e Eva. Toda a vida da humanidade inteira residia nesse único homem e nessa única mulher. Eles compreendiam, a princípio, toda a raça humana.

Todos os homens, tanto os vivos quanto os mortos, são descendentes desse primeiro homem e dessa primeira mulher. A ancestralidade de todo homem pode ser traçada até essas duas pessoas. Adão e Eva estão posicionados no princípio de toda genealogia humana. Como progenitores das espécies humanas, Adão e Eva transmitiram vida a seus filhos e, consequentemente, a todas as sucessivas gerações. Os filhos de Adão foram gerados “à sua semelhança, conforme a sua imagem”(Gênesis 5:3). Todos os homens, portanto, têm uma origem comum e uma natureza comum.

O Ensino das Escrituras

A origem comum do homem é um ensinamento claro da Bíblia. Deus fez um homem e uma mulher. Ele os instruiu: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gênesis 1:28). Todo povo descendeu de Eva. “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes” (Gênesis 3:20). Todos os homens vivendo no tempo do dilúvio foram destruídos, exceto Noé e sua família (Gênesis 7:21-23). Portanto, todas as pessoas vivendo hoje são descendentes de um dos três filhos de Noé. “Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a Terra” (Gênesis 9:19). Paulo declarou que Deus “de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da Terra”(Atos 17:26).

A unidade da humanidade é de muita importância para a teologia. Esse fato forma a base do ensino de Paulo de que o pecado de Adão foi imputado a sua posteridade (Romanos 5:12,19). A natureza caída de Adão é uma herança comum para todos os homens. Todos os homens são pecadores, eles pecaram. Todos os homens são pecadores; eles possuem a natureza de Adão. Todos os homens são um em Adão. “Todos morrem em Adão” (1 Coríntios 15:22). Todos os homens são condenáveis diante de Deus (Romanos 3:19). A raça humana é uma unidade. Jesus se tornou um com a humanidade (Hebreus 2:9-16). Ele morreu pela raça humana inteira. O evangelho da salvação através de Cristo deve ser pregado a toda criatura (Marcos 16:15). Todos os homens se tornaram um em Cristo (Gálatas 3:28; Colossenses 3:11).

O Testemunho da Ciência

A pesquisa científica confirma o fato de que a raça humana é uma unidade. Vários fatores indicam que todos os homens tiveram uma origem comum.

História.A história das nações revela que os homens em vários continentes migraram de um lar original na Ásia Central. De acordo com o capítulo onze de Gênesis, as línguas se originaram e as nações foram dispersas a partir de Babel. “Dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a Terra” (Gênesis 11:9). Os cientistas geralmente concordam que os índios vieram a este hemisfério oriundos da Ásia Oriental, possivelmente cruzando o Estreito de Bering. Muitos creem que os índios descendem dos ancestrais mongóis. Obviamente, muitos dos norte-americanos de hoje podem traçar sua ancestralidade dos países europeus, e os ancestrais dos europeus originalmente migraram da Ásia.

Línguas.O estudo da história das línguas e suas relações entre si revela que elas tiveram uma origem comum. Todas as línguas modernas são derivadas de uma língua original. A filologia comparativa, portanto, indica a origem comum do homem.

Natureza física comum.Todos os homens compartilham uma natureza física comum. Diversidade entre as raças é basicamente secundária. Todas as raças formam uma espécie e são férteis entre si. Os homens de várias raças estão sujeitos às mesmas doenças. Estruturalmente seus corpos são normalmente semelhantes. A temperatura normal do corpo, pulsação e respiração são os mesmos. A natureza física básica é comum e evidencia uma origem comum.

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