- Um estudo sobre o nome de Jesus
- Capítulo 01 - Qual a importância desse tema para o cristão?
- Capítulo 02 - Resumo do Estudo Anterior
- Capítulo 03 - Recapitulação
- Capítulo 04 - É preciso crer!
- O mais antigo registro do nome de Jesus em Aramaico
- Qual é o Verdadeiro Objetivo Desta “Nova doutrina”
- O Poder de Deus
- Que as fábulas, mitologias, e novas doutrinas não nos façam rebaixar aquilo que Deus exaltou
- As escrituras ensinam que nós e o Próprio Jesus, teremos um novo nome!
- O Evangelho Não está restrito para apenas uma nação e língua
- A versão grega da Bíblia
- A língua falada por Jesus
- Os originais grego do novo testamento
- O Evangelho no Mundo Grego
- Conclusão
Um estudo sobre o nome de Jesus #
Editorial
Programa A Bíblia Diz , 25 de Novembro de 2019
Esta apostila foi elaborada com base em uma série de programas transmitidos nos anos de 2019 pelo programa A Bíblia Diz, veiculado na web rádio da Igreja de Deus, Rádio Encontro com Deus.
Desde já, registro meus agradecimentos ao ministro Lenilson, que à época se dispôs a tratar do tema com dedicação e excelência, contribuindo significativamente para o conteúdo que agora apresentamos.
Com o auxílio de ferramentas modernas de transcrição e revisão, foi possível compilar este material de forma clara e acessível, com o objetivo de que a Palavra de Deus seja amplamente divulgada, dissipando dúvidas e evitando que muitos sejam enganados por falsas doutrinas.
Cooperador Gilliard Sáboia.
Capítulo 01 – Qual a importância desse tema para o cristão? #
A importância é para que não se seja envolvido em qualquer vento de doutrina e não se seja tão facilmente enganado, pois a Escritura Sagrada é uma fonte inesgotável de sabedoria, a sabedoria que vem de Deus para o bom andamento da vida cristã e a certeza da vida eterna.
Esse é um tema importante, que várias pessoas usam como uma armadilha para recém-convertidos e para pessoas que ainda viram pouco sobre esse tema: o nome de Ieshua ou Iarrochuá. Muitas pessoas começam a duvidar da fé por causa do nome de Jesus, e isso é uma questão séria.
Existe respaldo bíblico que proíba o uso do nome de Yeshua em outra língua?
O tema proposto neste estudo é sobre o nome de Jesus. A pergunta que se faz é: o nome de Jesus é de origem grega, hebraica ou latina? Qual a origem desse nome?
Quando é predito o nascimento de Jesus, em Lucas (1:30-31), está escrito:
“Mas o anjo lhe disse: Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Jesus.”
O anjo é um mensageiro enviado por Deus. Entre as filhas de Judá, encontra Maria, uma jovem virgem e santa, separada de tudo aquilo que o mundanismo pode afetar. Aquela jovem é agraciada por Deus e recebe a promessa de que seria portadora de uma vida que traria à humanidade não apenas a vida física, mas a vida eterna. Quando o anjo diz: “Não temas, Maria, você foi agraciada por Deus”, ele também anuncia que ela conceberia um filho e lhe poria o nome de Jesus.
A questão que se levanta é: em que língua o anjo falou? É possível que tenha sido em hebraico, talvez Yehoshua ou Yeshua, ou mesmo em aramaico. Surge então o questionamento: se o anjo falou com Maria em hebraico ou aramaico, só se pode usar o nome do Filho de Deus nessas línguas? E a resposta é: não.
Em Isaías (9:6) está escrito:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
Isaías profetiza o nascimento do Messias, relacionando adjetivos à sua função e à sua missão.
Em Mateus (1:20-21) encontramos o cumprimento:
“Mas depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: ‘José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do espírito santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados’.”
O nome do Filho de Deus está diretamente relacionado à missão que ele cumpriria na terra. Yeshua ou Yehoshua trazem em si a ideia de “Deus é salvação”, “Deus salva” ou “Deus é salvador”. Pois por meio de Jesus, Deus salvaria o seu povo dos seus pecados.
Louvado seja Deus por isso.
Esse nome, Jesus, no belo e expressivo idioma português, está isento de qualquer influência pagã. Pode-se confirmar essa afirmação por meio das leituras de Lucas (2:6, 4:12, 24:46-47), nas quais se observa que o nome está intimamente relacionado à função do Messias, conforme já indicado em Mateus (1:21). É esse o nome dado entre os homens pelo qual importa que se seja salvo. Portanto, é pelo nome de Jesus que, em língua portuguesa, se anuncia a salvação.
Quando se conhece o evangelho do Reino de Deus em português, o nome revelado como sendo do Filho de Deus é Jesus, o Messias, o Cristo de Deus. O uso do nome de Jesus em outros idiomas também é constatado nas Escrituras. A importância de observar isso é notável, pois os 66 livros sagrados que compõem a Palavra de Deus nos trazem registros históricos reais e revelam que o nome de Jesus foi usado em diversos idiomas ao longo dos séculos.
Afirmar que o nome de Jesus só pode ser usado em hebraico, aramaico ou grego é não ser fiel às Escrituras, pois elas mesmas registram o uso desse nome em várias línguas. Por exemplo, em Lucas (23:38):
“Havia uma inscrição acima dele que dizia: Este é o Rei dos Judeus.”
E em João (19:19-20):
“Pilatos mandou preparar uma placa e pregá-la na cruz com a seguinte inscrição: Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus. Muitos dos judeus leram a placa, pois o lugar em que Jesus foi crucificado estava próximo da cidade, e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego.”
Assim, é evidente que o nome de Jesus era escrito em múltiplos idiomas já nos seus dias. As versões das Escrituras, como a de João Ferreira de Almeida, trazem esse mesmo relato, mencionando os idiomas aramaico (ou hebraico), latim e grego. Vale destacar que, embora o hebraico e o aramaico sejam línguas semíticas parecidas, não são idênticas, ponto importante para observações futuras.
Nos tempos de Jesus, o nome dele já era escrito em outros idiomas, e não há qualquer registro bíblico que proíba esse uso. Isso mostra que o nome de Jesus, mesmo quando transliterado, não perde seu poder e significado.
Em Apocalipse (3:12) está escrito:
“A quem vencer, eu farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca saíra. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.”
Esse texto se relaciona com Jeremias (23:5-6):
“Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo Rei, reinará e agiraá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O Senhor, Justiça Nossa.”
Apocalipse (3:12) revela que o Filho de Deus terá um novo nome, o que também se confirma em outros trechos de Apocalipse, como no capítulo 2. Já em Jeremias (23:5-6), o profeta anuncia um nome profético relacionado à futura missão do Messias. Quando Jesus vier reinar sobre a terra, sentando-se no trono de Davi, ele utilizará um nome referente à sua nova missão: Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Senhor, Justiça Nossa.
O novo nome de Jesus estará, portanto, diretamente vinculado à sua missão futura, conforme o anunciado em Apocalipse (5:9-10).
A questão de que se deve pronunciar o nome do Filho de Deus apenas nos idiomas originais — hebraico, aramaico ou grego — não possui respaldo escritural. Trata-se de uma construção religiosa que tenta semear dúvidas na mente das pessoas. Entretanto, à luz das Escrituras, compreende-se que as palavras de salvação foram ocultas aos homens considerados sábios deste mundo, mas reveladas aos pequeninos, àqueles que se aproximam de Deus como filhos e buscam na Escritura Sagrada a palavra de convicção, para terem certeza da vida eterna.
O Argumento da língua original #
“O hebraico é uma língua santa, então devemos pronunciar os nomes em hebraico, no original”. Essa é uma afirmação dos que defendem a teoria do “nome sagrado”. Deus conversava em hebraico com Adão no Gênesis?
Em Gênesis (11:1) está escrito:
“No mundo todo havia apenas uma só língua, um só modo de falar.”
Na versão Almeida: “Era toda a terra de uma mesma língua.”
Nos primórdios da vida humana na terra, existia apenas um idioma. Esse idioma, por meio do qual Deus se comunicava com os homens, não podia ser o hebraico, o aramaico ou o grego, pois esses idiomas ainda nem existiam à época. Esses idiomas surgiram apenas muito tempo depois.
Sobre o hebraico, compreende-se que não está associado à santidade em si, pois no princípio ele nem existia. As línguas conhecidas hoje vieram a surgir após a torre de Babel, quando os três filhos de Noé povoaram a terra — Sem, Cã e Jafet —, alcançando os continentes e estabelecendo as bases para os idiomas atuais.
Do capítulo 1 ao 10 do livro de Gênesis, tem-se o relato da criação, a formação do jardim do Éden, a tentação e a queda do homem, a corrupção do gênero humano e o dilúvio universal, que foi o juízo de Deus sobre a humanidade. Após o dilúvio, Noé e sua família saem da arca, e ainda havia um único idioma em que Deus se relacionava com os homens.
Em Gênesis (11:1-9), Deus dispersa as nações sobre a terra e confunde as suas línguas, originando os novos idiomas. Desde então, surgiram várias línguas, algumas das quais deixaram de existir.
Diante disso, surge uma pergunta natural: qual era o idioma falado antes da torre de Babel? Não há resposta definitiva. A história está tão distante no tempo — cerca de seis mil anos — que é impossível recuperar todos os fragmentos necessários para formar uma narrativa completamente aceita e confirmada. Portanto, não se sabe qual era o idioma falado antes da torre de Babel.
Deus se comunicava verbalmente com os homens no jardim do Éden. Essa comunicação se deu em um idioma que hoje é desconhecido da humanidade. Assim, afirmar que a santidade da comunicação com Deus está condicionada ao uso do hebraico ou do aramaico é um erro, pois nem mesmo esses idiomas existiam quando Deus falava com Adão, Caim e Noé.
Observa-se que Deus dialogava com Adão e Eva em um idioma universal, uma língua-mãe, que pode ser considerada a base para todos os demais idiomas que surgiriam posteriormente. Em Gênesis (3:8-10):
“E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.”
Para que esse diálogo acontecesse, era necessário que houvesse compreensão mútua da linguagem. Assim, fica evidente que existia uma linguagem verbal entre Deus e o homem desde o início.
Em Gênesis (3:8-10), Deus fala com Adão e ele responde. Em seguida, em Gênesis (4:6-12), Deus dialoga com Caim. Mais adiante, em Gênesis (9:8-16), Deus fala com Noé. Nota-se que a língua utilizada nessas comunicações divinas não poderia ser o hebraico, pois esse idioma surge posteriormente, a partir dos povos semitas, descendentes de Sem, filho de Noé. Portanto, a língua utilizada por Deus nesses eventos foi uma língua primitiva e desconhecida atualmente.
Resumo até o momento: o nome de Jesus, no Novo Testamento, foi registrado em três línguas — hebraico, grego e latim — conforme visto nos relatos de Pilatos. Isso demonstra que não havia restrição quanto ao uso do nome em diferentes idiomas, mesmo no primeiro século. Por conseguinte, afirmar que somente o hebraico é a língua santa para o nome de Deus é um equívoco, pois Deus não utilizou o hebraico para comunicar-se com Adão, Noé ou Caim, visto que o idioma só surgiu após a torre de Babel, a partir da confusão das línguas.
Após o dilúvio universal, toda a humanidade ainda falava uma só língua, até que Deus confundiu as línguas e espalhou os povos pela terra (Gênesis 11:1-9). Cada filho de Noé ocupou uma região do planeta, desenvolvendo suas próprias culturas, modos de falar e línguas, formando as chamadas famílias linguísticas.
A introdução do hebraico no contexto religioso como se fosse uma obrigatoriedade para o entendimento ou para a pronúncia correta do nome do Filho de Deus é um engano. Infelizmente, muitos consideram o hebraico como lei máxima, impondo que, sem ele, não se pode conhecer a verdade divina. Contudo, isso não se sustenta diante da história e nem da própria revelação bíblica.
É surpreendente como muitas pessoas ignoram fatos simples que poderiam ser facilmente verificados em um dicionário. Hoje, com os recursos disponíveis, como dicionários hebraico-português e ferramentas de transliteração, já é possível compreender o hebraico por meio do próprio idioma nativo, sem que seja necessário o domínio absoluto da língua original.
O curioso é que muitos que insistem na obrigatoriedade do hebraico têm dificuldades com o próprio português, que é uma língua complexa e rica. Nosso idioma é belo, preciso e de origem latina. No entanto, ao mesmo tempo que se encontram dificuldades no português, tentam-se impor regras baseadas no hebraico como se fossem fundamentais para a fé.
Origem histórica do Hebraico #
O hebraico é uma língua semítica da família afro-asiática. A primeira aliança bíblica — comumente chamada de Antigo Testamento — foi redigida majoritariamente em hebraico, com algumas partes em aramaico.
Na época de Moisés, há cerca de 3.300 anos, a Torá foi escrita em hebraico clássico. No entanto, essa forma antiga de hebraico é hoje praticamente impronunciável, devido à ausência de vogais em seu alfabeto original. Os judeus sempre chamaram essa língua de Lashon Hakodesh (a língua sagrada).
O título de “língua sagrada” atribui ao hebraico uma aura que, por vezes, gera temor e uma impressão de que apenas por ela é possível invocar corretamente o nome do Salvador. Assim, surgem as formas transliteradas do nome de Jesus: em hebraico Yehoshua, em aramaico Yeshua, e em grego Iesous.
Muitos acreditam que a língua hebraica foi escolhida por Deus para transmitir Sua mensagem à humanidade. Contudo, essa não é a realidade apresentada nas Escrituras. O apóstolo Paulo esclarece em Gálatas (3:8):
“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.”
Portanto, Deus anunciou o evangelho a Abraão, um homem oriundo da região da Mesopotâmia, mais especificamente de Ur dos Caldeus, uma terra babilônica. Abraão ouviu a mensagem de Deus em sua própria língua, não em hebraico. Isso demonstra que a língua hebraica não foi escolhida como meio exclusivo da revelação divina.
Abraão é feito nosso pai na fé, pois foi o primeiro a ouvir diretamente de Deus o evangelho. Conforme a promessa, veremos Abraão, Isaque e Jacó no Reino de Deus. A origem histórica do hebraico mostra que sua santidade atribuída por alguns é um equívoco.
Com a destruição de Jerusalém pelos babilônios por volta de 607 a.C., o hebraico clássico foi substituído pelo aramaico no uso cotidiano. O aramaico tornou-se uma língua franca regional, sendo utilizado na liturgia, no estudo da Mishná (parte do Talmude) e também no comércio.
O hebraico renasceu como língua falada apenas no final do século XIX e, no início do século XX, consolidou-se como o hebraico moderno, agora com a introdução das vogais, o que o tornou pronunciável. No tempo de Moisés, o hebraico clássico não continha vogais e era extremamente difícil de pronunciar. Os sinais vocálicos foram inseridos mais tarde pelos massoretas.
Assim, a evolução do hebraico resultou no hebraico moderno. Este, inclusive, adota elementos do idioma árabe, devido à origem semítica comum entre essas línguas. Além disso, também surgem outras línguas judaicas, como:
- Ladino: idioma dos judeus sefarditas.
- Ídiche: idioma dos judeus oriundos da Europa.
Portanto, concentrar-se exclusivamente no hebraico para compreender o nome de Deus ou para relacionar-se com Ele é criar uma barreira desnecessária. Isso não se sustenta diante da diversidade lingüística dentro do próprio povo judeu ao longo da história.
Se fosse exigido o domínio do hebraico arcaico para a santificação, muitos nunca alcançariam a compreensão adequada, dado o quão distante está a versão original do hebraico dos dias de Moisés. O idioma mudou muito desde então. Assim, é um engano exigir esse conhecimento como requisito para fé ou salvação.
Como observado, os caldeus e babilônicos, sendo povos semitas, tinham seu idioma — provavelmente o árabe ou algum idioma ancestral — e essa língua foi, com segurança, aquela em que Deus falou com Abraão em Ur dos Caldeus, na região da Mesopotâmia.
Ainda dentro do estudo, observa-se que outras línguas acompanharam a diáspora judaica. No Estado de Israel atual (Medinat Yisrael), as línguas oficiais são o hebraico e o árabe. Isso reforça a pluralidade lingüística mesmo dentro do povo hebreu.
No registro bíblico, Gênesis (14:13) é o primeiro texto onde Abraão é chamado de “o hebreu”:
“Mas veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu, ele habitava junto aos carvalhais de Manre…”
Esse é o primeiro uso do termo “hebreu”, indicando uma identidade étnica ligada a Heber (Gênesis 10:21), filho de Sem. Abraão era trineto de Sem e descendente direto de Heber. Daí se origina o termo “hebreu”.
A Bíblia de Estudo Arqueológico (p. 672) apresenta um resumo sobre as línguas no mundo antigo. Entre elas, estavam o sumério, egípcio, acádio, ugarítico, aramaico e hebraico. Muitas dessas já se extinguiram e hoje são consideradas línguas mortas, sem uso cotidiano ou compreensão total de sua fonética e escrita.
Nova doutrina sobre o nome #
Surge a discussão se é correto ou não pronunciar o nome do Filho de Deus apenas em hebraico, grego ou aramaico.
Essa doutrina, embora nova para alguns, é objeto de debate há tempos. O estudo em questão foi publicado em 2012 sob o título: “A autenticidade do nome de Jesus: Hebraico, Grego e Aramaico”. Já em anos anteriores, em regiões como Ji-Paraná, surgiram grupos autodenominados “o grupo do nome”.
Esse grupo ensinava que somente seria salvo quem invocasse o nome do Salvador em hebraico. Entretanto, o hebraico utilizado por eles era mesclado com outras línguas e variações, mostrando influências de movimentos internacionais semelhantes que já existiam, inclusive nos Estados Unidos.
A discussão sobre o nome do Salvador tem surgido novamente em diversos contextos cristãos, surpreendendo muitos irmãos com uma suposta nova doutrina. Essa doutrina afirma que, se o nome de Jesus não for citado em seu idioma original — hebraico, aramaico ou grego —, a pessoa estaria profanando o nome santo e, por isso, não poderia ser salva nem ter parte na vida eterna. Surge então a pergunta: será que essas coisas são assim, como dizem?
Tal como os anciãos de Israel questionaram Estêvão em Atos (7) após seu discurso inspirado, é preciso perguntar: “É isso assim?” Essa doutrina afirmações graves, levando muitos, por falta de conhecimento, a rejeitarem o nome de Jesus em sua língua nativa e, com isso, desconsiderarem a obra de salvação alcançada por meio desse nome.
A Igreja tem trabalhado durante décadas para anunciar a salvação em nome de Jesus, com milhares de vidas batizadas e transformadas por esse nome. Afirmar agora que esse nome é blasfemo ou profano é desconsiderar toda a história de fé e compromisso cristão construída ao longo dos séculos. É preciso que a Igreja esteja preparada para responder com clareza e firmeza aos que se opõem e confundem.
A responsabilidade sobre esses ensinos é grande. Levar outros por caminhos tortuosos é um erro que não ficará impune. A Palavra adverte que todos darão conta diante de Deus por aquilo que ensinam.
Os defensores dessa doutrina argumentam que a forma latina “Jesus” é uma corrupção feita por Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina, a partir de elementos pagãos. Alegam que “Jesus” deriva da letra “J” (relacionada a Júpiter) e ao deus celta “Sus”, afirmando falsamente que é uma blasfêmia.
Contudo, é preciso conhecer a história. Jerônimo foi um homem de grande cultura, teólogo, escritor, filósofo e historiador. Foi ele quem traduziu, no século IV, as Escrituras do hebraico e do grego para o latim — a chamada Vulgata. A palavra “Vulgata” significa exatamente isso: versão comum, simples, acessível ao povo.
Naquela época, o latim era a língua falada pelo povo. A tradução de Jerônimo permitiu que pessoas simples tivessem acesso à Palavra de Deus em seu próprio idioma. É um trabalho louvável, fruto de grande dedicação e profundidade de estudo.
Vale lembrar que a primeira parte das Escrituras (o Antigo Testamento) foi escrita em hebraico, com pequenas partes em aramaico, como já vimos. O Novo Testamento foi escrito em grego koinê, e não em hebraico. Portanto, Jerônimo traduziu diretamente dessas fontes para o latim, visando a compreensão do povo da época.
Vamos refletir: se o argumento de que Deus apenas salva por meio do hebraico fosse verdadeiro, como então as nações seriam alcançadas? Como se poderia manejar corretamente a Palavra para responder aos contradizentes, se não houvesse acesso aos idiomas originais? O trabalho de Jerônimo, portanto, não só foi louvável, como também, ao que parece, providencial. Foi por meio dele que o povo do império romano — cujo idioma era o latim — teve acesso às Escrituras.
A versão Vulgata, ou versão popular, foi fiel aos textos hebraicos e gregos. Jerônimo nasceu na Dalmácia (atual Croácia) por volta de 340 d.C., em uma família rica e culta, de tradição cristã. Após a morte dos pais, mudou-se para Roma, onde estudou retórica e oratória com os melhores mestres de sua época. Mais tarde, mudou-se para Belém, onde viveu como monge e trabalhou na tradução da Bíblia com o apoio de Paula, sua amiga e auxiliar. Morreu aos 80 anos, em 30 de setembro de 420.
Uma das frases que deixou registradas foi: “Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus; quem ignora as Escrituras, ignora a Cristo”. Inspirou-se em Romanos 1 para desenvolver esse pensamento.
Portanto, o argumento de que o nome “Jesus” deriva da letra “J” (associada a Júpiter) ou do suposto deus celta “Sus” não se sustenta, pois trata-se, na realidade, de uma transliteração direta das línguas originais, respeitando suas equivalências fonéticas. Não se trata de uma combinação arbitrária de letras ou expressões para atribuir ao nome um significado estranho ou desviante do propósito original da tradução realizada por Jerônimo. Jerônimo simplesmente transliterou esse nome grego para o latim, como Iesus, sem adicionar elementos pagãos. Em breve, abordaremos neste estudo a questão da transliteração com mais profundidade.
A suposta blasfêmia do nome “Jesus” #
Outro argumento dessa nova doutrina é apresentado: a suposta blasfêmia do nome “Jesus”. Os proponentes dessa ideia afirmam que, ao tomar a forma latina “Iesus” e dividi-la em “Ie” e “Sus”, e em seguida traduzir essas partes isoladamente para o hebraico, teria-se “Deus cavalo” — o que, para eles, seria uma blasfêmia.
Esse argumento é um equívoco linguístico grave. Como foi dito, não se trata de tradução, mas de transliteração. A transliteração é o processo de representar sons de uma língua com caracteres de outra, e não o significado da palavra. Portanto, não se pode dividir uma palavra de um idioma e aplicar a cada parte traduções de outro idioma totalmente diferente.
No grego, “Iēsoûs” (Ἰησοῦς) não tem qualquer relação com os significados de palavras em hebraico. Dizer que “Ie” significa Deus e “Sus” significa cavalo, formando assim “Deus cavalo”, é uma distorção que revela falta de conhecimento tanto da língua grega quanto da hebraica.
Esse argumento ignora completamente os princípios da linguística, da exegese e da história da formação dos nomes nas Escrituras. O resultado é uma ideia absurda e sem qualquer fundamento, que acaba por espalhar confusão e desrespeito à fé sincera de milhares de pessoas que invocam o nome de Jesus com reverência e fé.
Usar Isaías 52:5 para apoiar essa doutrina é mais uma distorção. O texto menciona: “e o meu nome é blasfemado incessantemente todo o dia”. No entanto, essa profecia se refere ao desprezo ao nome de Deus pelos opressores de Israel, e não a uma questão linguística sobre a pronúncia do nome de Jesus.
Sensacionalismo e os impactos dessa doutrina #
Muitos irmãos, ao ouvirem tal doutrina pela primeira vez, são surpreendidos, ficando em dúvida e se sentindo culpados por, supostamente, terem blasfemado. Isso acontece porque, num primeiro momento, não possuem retórica ou conhecimento suficiente para refutar tais afirmações. No entanto, ao estudarem com profundidade e lerem essa apostila, encontram respaldo bíblico e histórico para compreenderem que tais argumentos são fracos e sem fundamento.
O resultado é que muitos tentam alterar a pronúncia do nome de Jesus para formas como “Yeshua”, “Yehoshua” ou “Iesus”, acreditando, equivocadamente, que a forma portuguesa seria uma blasfêmia. No entanto, essa crença está baseada em mitos e argumentações falaciosas.
Sobre o argumento mitológico que associa “Jesus” a “Deus cavalo”, foi demonstrado que não existe fundamento algum nessa afirmação. Primeiro, a referência ao suposto deus celta “Esus” é extremamente limitada na literatura mitológica, e ele não era conhecido no império romano. Os deuses predominantes eram greco-romanos, não celtas.
Segundo, afirmar que a letra “J” em “Jesus” remete a Júpiter é uma suposição arbitrária. Por que não poderia remeter a Juno, Jacinto, ou mesmo Jumata, deus fino-húngaro? A letra “J” é uma convenção fonética moderna e não tem implicação espiritual.
Terceiro, a tentativa de dissociar o nome “Jesus” em partes (“Je” e “sus”) e atribuir a elas significados hebraicos isolados é um erro metodológico grave. Esse tipo de divisão resulta em uma lógica absurda, pois qualquer nome comum poderia, com a mesma técnica, ser associado a entidades mitológicas. Por exemplo:
- Mario: “Mar” (Marte, deus romano da guerra) + “Io” (sacerdotisa de Juno).
- Maria: pode ser ligada a nomes de deusas do mar ou do amor em outras culturas.
- Kelly: pode ser dividida e associada a outras entidades místicas.
Logo, qualquer nome, usando tal método, poderia ser “acusado” de ter origem pagã. É uma lógica infantil e irresponsável, semelhante a brincadeiras infundadas de inverter letras ou formar palavras ao acaso.
O motivo pelo qual essa doutrina ataca especificamente o nome de Jesus é claro: há poder no nome de Jesus. É o nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, conforme Atos (4:12).
Portanto, essa tentativa de desconstruir o nome de Jesus não é mais que um ataque contra a obra salvífica de Cristo. Em vez de revelação, trata-se de um acaso forçado, sem qualquer base lógica, histórica ou teológica.
Conclui-se, então, que: #
- O nome de Jesus foi transliterado desde os tempos antigos (João 19 mostra a placa de Pilatos escrita em três línguas).
- A língua hebraica surgiu apenas após a torre de Babel e não foi usada por Deus ao falar com Adão.
- Deus não santificou uma língua específica para ser o canal exclusivo da revelação.
- Dividir nomes e buscar sentidos mitológicos aleatórios é irracional.
- A tradução ou transliteração não diminui a autoridade e a santidade do nome de Jesus.
O nome de Jesus em hebraico é Yehoshua, em aramaico Yeshua, em grego Iēsous, em latim Iesus, e em português: Jesus. É neste nome que crêmos e pelo qual importa que sejamos salvos.
Capítulo 02 – Resumo do Estudo Anterior #
O estudo sobre o nome de Jesus, em suas formas grega, hebraica ou latina, teve seu início com a análise do nascimento de Jesus conforme descrito em Lucas 1:26-38, onde o nome “Jesus” foi revelado de forma profética. O nome foi estabelecido por seu significado: salvação. No início de sua missão, Jesus recebeu esse nome, que simboliza redenção, e no futuro, conforme indicam as Escrituras, terá um novo nome: Senhor, Justiça Nossa.
Há quem defenda que a língua hebraica é a única apropriada para falar com Deus, considerando-a uma linguagem santa. No entanto, ao se observar Gênesis 11, vê-se que, no princípio, toda a Terra tinha uma só língua, e essa não era o hebraico. Isso desmistifica a ideia de que apenas o hebraico seria apropriado para falar com o Criador. Deus conversava com o ser humano em uma língua anterior ao hebraico.
A Torre de Babel marca o momento em que Deus confunde as línguas (Gênesis 11:7), originando diversos idiomas, entre eles o hebraico. O hebraico é uma língua semítica, originada de Heber, como demonstrado na genealogia bíblica. Essa língua tem relação também com outras línguas semíticas, como o árabe. Abraão, conhecido como “o hebreu” (Gênesis 14:13), é descendente direto de Heber, e é desse contexto que surge a designação “hebreu”.
A partir dessa base, foi introduzido o estudo de uma nova doutrina que contesta o nome “Jesus”. Essa doutrina afirma que o nome “Jesus” é adulterado e que deve ser pronunciado apenas em aramaico, como Yeshua ou Yehoshua. Os proponentes dessa doutrina alegam que o nome Jesus resulta de corrupções linguísticas e, ainda, de intenções blasfemas.
Contudo, essa tese não se sustenta diante da história da transliteração. O nome “Jesus” vem da forma grega Iēsoûs (Ἰησοῦς), usada no Novo Testamento, que por sua vez deriva do hebraico Yehoshua, a mesma forma que aparece em Números 13:16, quando Moisés muda o nome de Oséias para Josué (Yehoshua). A forma latina “Iesus” foi usada por Jerônimo na Vulgata, sem qualquer intenção de blasfêmia ou associação com divindades pagãs.
Um dos argumentos refutados é o de que “Jesus” significaria “Deus cavalo”, numa suposta divisão silábica Je-sus, onde “Je” representaria “Deus” e “Sus” significaria “cavalo”. Essa é uma distorção grosseira e sem base em qualquer língua original. Também foi demonstrado que se essa lógica fosse aplicada a outros nomes, como Maria, Mário, Kelly, entre outros, poder-se-ia criar associações absurdas com deuses mitológicos, o que mostra a falta de consistência desse raciocínio.
O grupo que sustenta essa doutrina realiza uma divisão silábica artificial no nome “Jesus”, separando-o em Je e sus, para chegar a Exus (forma associada a entidades espirituais de origem africana), mas isso é uma manobra ilógica e sem respaldo linguístico. A divisão correta em português seria Je-sus, sem relação com entidades mitológicas.
Portanto, é equivocado associar o nome “Jesus” a divindades pagãs, pois seu significado, origem e uso têm base sólida nas Escrituras, nas traduções antigas (como a Septuaginta) e na história da transmissão do texto bíblico. O nome Jesus tem a mesma origem de Josué e representa a salvação providenciada por Deus ao seu povo.
Como traduzir corretamente o nome do Salvador #
Dando continuidade ao estudo, avança-se para uma parte importante do tema: como traduzir corretamente o nome do Salvador.
A leitura de Atos 2:5-13 é fundamental para a compreensão do contexto e da validade do uso do nome de Jesus em diferentes línguas. O texto relata o derramamento do espírito santo sobre os crentes, em Jerusalém, durante a festa de Pentecostes. O milagre ocorrido não foi apenas a capacidade de falar em outras línguas, mas também o de ser compreendido por judeus tementes a Deus vindos de todas as partes do mundo, cada um ouvindo “em sua própria língua materna” (Atos 2:6).
Entre os presentes estavam partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frígia, Panfília, Egito, regiões da Líbia próximas à Cirene, romanos, cretenses e árabes (Atos 2:9-11). O texto é claro: todos ouviam os discípulos declarando as maravilhas de Deus em sua própria língua. Isso prova, de maneira inequívoca, que o Evangelho e o nome do Salvador não estão restritos a uma língua específica como o hebraico, o aramaico ou o grego.
A ocorrência em Atos 2 tem respaldo histórico, arqueológico e teológico. O livro de Atos, assim como o Evangelho de Lucas, é reconhecido por sua precisão histórica, tendo sido cuidadosamente elaborado com dados geográficos, nomes de autoridades e eventos confirmados por registros extrabíblicos. Sendo assim, a narrativa em Atos 2 revela que o nome de Jesus foi proclamado em diversas línguas sob a ação do espírito santo.
Isso invalida a tese de que o nome do Salvador deve ser pronunciado apenas em sua forma hebraica (Yehoshua) ou aramaica (Yeshua). Se assim fosse, o Espírito de Deus, que é perfeito e infalível, não teria permitido que o nome fosse compreendido em diversas línguas por ouvintes de tantos lugares distintos.
É importante lembrar que o hebraico antigo, conhecido como paleo-hebraico, era uma escrita composta apenas por consoantes. Somente após o trabalho dos massoretas, entre os séculos VI e X d.C., é que se estabeleceram sinais vocálicos para facilitar a leitura e a pronúncia dos textos. Isso significa que as formas vocálicas atuais dos nomes hebraicos são reconstruções posteriores.
Portanto, o argumento de que o nome de Jesus precisa ser pronunciado exclusivamente em hebraico é refutado pela própria Escritura. Atos 2 demonstra que o nome do Salvador foi compreendido em múltiplas línguas desde o início da pregação apostólica, mostrando que o Evangelho é para todos os povos, em todas as línguas, como testifica a Palavra de Deus.
Louvado seja Deus por esse testemunho bíblico, que é único, eficaz e digno de toda confiança.
A questão da transliteração #
Nesta etapa do estudo, aborda-se a diferença entre os idiomas envolvidos na transmissão do nome do Salvador e a forma correta de representá-lo em cada língua. Observa-se que o aramaico é uma língua semelhante ao hebraico, mas não idêntica. Ambas compartilham a mesma raiz semítica, porém possuem estruturas fonéticas e lexicais distintas.
Surge então a pergunta: qual seria a tradução correta do nome Yehoshua (ou Yeshua)? A resposta é que, ao ser adaptado para o idioma português, o nome passa pelo processo de transliteração, resultando na forma Jesus. Assim, tem-se a seguinte linha de transmissão:
- Hebraico: Yehoshua (forma original, também usada no paleo-hebraico);
- Aramaico: Yeshua (forma comumente falada à época de Jesus);
- Grego: Iēsoûs (Ἰησοῦς);
- Latim: Iesus;
- Português: Jesus.
A transliteração consiste em adaptar os sons e as letras de um nome de um idioma para outro, buscando um equivalente fonético e ortográfico. Quando os idiomas não são similares, como é o caso do hebraico em relação ao português, utiliza-se a transliteração e não uma tradução convencional.
Por exemplo, a letra hebraica inicial do nome Yehoshua corresponde foneticamente ao som de “Y” ou “I”. Como no latim clássico a letra “J” foi introduzida posteriormente como forma de diferenciar o som do “I”, o nome foi transliterado como Iesus, vindo a se tornar Jesus em português com a evolução da língua.
É importante compreender que o nome do Salvador foi transmitido de forma fidedigna em cada idioma, sempre com base na pronúncia e na escrita compatível com o sistema linguístico de cada povo.
A alegada proibição de traduzir ou transliterar nomes próprios é um argumento falho, pois toda língua possui regras próprias para a representação de nomes estrangeiros. Inclusive, isso ocorre até mesmo com nomes comuns. Em português, por exemplo, o nome “John” é traduzido como “João”. Isso demonstra que o argumento de que “nome próprio não se traduz” não se sustenta diante das práticas linguísticas amplamente reconhecidas.
Dando prosseguimento ao estudo sobre a transliteração do nome do Salvador, torna-se necessário compreender o motivo pelo qual não se traduz nomes próprios entre idiomas cujos alfabetos e fonéticas são essencialmente distintos. No caso do hebraico e do português, a tradução direta é impraticável, pois os sistemas linguísticos não compartilham uma base comum. Assim, é utilizado o processo de transliteração, que consiste em adaptar letra por letra, respeitando a pronúncia original dentro das limitações do alfabeto receptor.
A língua portuguesa, considerada uma das mais complexas do mundo, possui um sistema gramatical e ortográfico repleto de regras e exceções. Sua dificuldade é tamanha que constantemente passa por reformas ortográficas. Em contraste, idiomas antigos como o hebraico e o grego exigem um estudo apurado para estabelecer correspondências precisas.
Na transliteração, toma-se, por exemplo, o alfabeto grego: alfa (A) torna-se a; beta (B) torna-se b; gama (G) torna-se g; delta (D) torna-se d, e assim por diante. Essa correspondência sistemática permite adaptar nomes entre os sistemas de escrita, garantindo fidelidade à estrutura fonética original.
A questão de Jerônimo é também levantada: autor da Vulgata Latina, Jerônimo foi um erudito do cristianismo nominal e utilizou a Septuaginta como uma das bases para sua tradução da Escritura. A Septuaginta é uma versão grega do Antigo Testamento, amplamente utilizada pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos, inclusive por Jesus, como indicam diversas citações e alusões nos Evangelhos.
No original grego, o nome do Salvador aparece como Iēsoûs (Ἰησοῦς), como se pode observar, por exemplo, em Filipenses 2:11. A transliteração do nome Iēsoûs segue as regras acima, resultando em Iesus no latim, posteriormente adaptado para Jesus em português.
Para reforçar a validade do uso do idioma grego, lê-se João 7:35: “Então os judeus comentaram entre si: ‘Para onde ele pretende ir, que não o possamos encontrar? Pretende ir para a dispersão entre os gregos, para ensinar os gregos?’”
Esse versículo revela que os próprios judeus reconheciam a existência de conterrâneos vivendo entre os gregos, e que o ensino poderia ser levado a eles. Isso demonstra que o idioma grego não era visto como impuro ou inadequado para propósitos sagrados. Se os discípulos cogitaram que Jesus poderia ensinar entre os gregos, é porque reconheciam o grego como um meio válido de comunicação e transmissão da mensagem divina.
Nesta etapa do estudo, aprofunda-se a compreensão da transliteração do nome Iēsoûs a partir do grego para o latim, demonstrando com clareza que a forma Jesus, como utilizada em português, é resultado direto desse processo linguístico.
Na planilha de transliteração apresentada, observa-se a estrutura do nome Iēsoûs (Ἰησοῦς):

- Primeira coluna: letra grega
- Segunda coluna: nome da letra grega
- Terceira coluna: correspondente latina
Segue a equivalência:
- Iota (ἰ) → I
- Eta (η) → E
- Sigma (σ) → S
- Omicron (ο) → O
- Upsilon (υ) → U
- Sigma final (ς) → S
Portanto, a transliteração direta resulta em Iesous ou Iesus, que posteriormente se torna Jesus no português moderno. O ditongo no grego, representado por omicron e upsilon (ου), tem pronúncia equivalente a “u”. Ambos os sigmas (σ e ς) têm o mesmo valor fonético, sendo transliterados como “s”.
Fica evidente, portanto, que o nome Jesus não tem origem em invenções de Jerônimo, mas sim na transliteração pura e fiel do nome Iēsoûs, como usado no Novo Testamento em grego.
Para remover qualquer dúvida, recomenda-se a consulta à versão da Septuaginta, uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita por cerca de 70 ou 72 eruditos judeus no segundo século a.C. Essa versão foi produzida para atender às necessidades dos judeus da diáspora que, devido ao exílio e ao helenismo, não dominavam mais o hebraico.
O grego era a língua predominante no Império Romano, junto ao latim, por causa da influência do helenismo. Assim, a Septuaginta desempenhou um papel essencial na difusão das Escrituras e foi amplamente citada pelos apóstolos, inclusive por Jesus.
Na Septuaginta, o nome Josué (do hebraico Yehoshua ou Ierrochua) é transliterado para o grego com a mesma estrutura usada para o nome de Jesus no Novo Testamento. Isso pode ser confirmado, por exemplo, em Números 13:16, onde Moisés muda o nome de Oséias para Josué. A forma Ierrochua é transliterada para o grego da mesma maneira que o nome Iēsoûs, reforçando que não houve corrupção no processo.
Conforme se observa no livro de Josué 1:10-12 na versão da Septuaginta, o nome apresenta a mesma estrutura fonética, comprovando a fidelidade da transliteração. Assim, o nome de Jesus, como hoje usado, é plenamente legítimo e deriva de um processo histórico consistente, fiel e respaldado pelas Escrituras.
Louvado seja o nome santo do Senhor por essa clareza e por termos acesso às Escrituras em nossa própria língua.
Dando continuidade ao estudo, vamos nos aprofundar na análise da transliteração da letra hebraica Shin (ש) para a letra grega Sigma (Σ), um ponto fundamental para compreensão da formação fonética do nome Iēsoûs em grego.
Lê-se em Atos 18:4: “Assim, todos os sábados ele argumentava na sinagoga e convencia tanto a judeus quanto a gregos”. Esse texto contextualiza o cenário linguístico do Novo Testamento, onde judeus e gregos conviviam, confirmando o uso do idioma grego como meio comum de comunicação.
Retomando Números 13, especificamente os versículos 8 e 16, observa-se que Oséias, filho de Num, teve seu nome mudado por Moisés para Josué (Yehoshua ou Ierrochua). Essa alteração é fundamental para entender a origem do nome Jesus, pois Josué é a forma hebraica que, ao ser transliterada para o grego, segue o mesmo padrão utilizado no nome Iēsoûs.
A transliteração da letra hebraica Shin para a letra grega Sigma é uma decisão tomada pelos 70 sábios judeus que traduziram a Septuaginta. Assim, essa escolha não tem qualquer relação com Jerônimo ou com posteriores influências latinas, mas foi feita por autoridades eruditas judaicas ainda no período anterior a Cristo.
A tabela presente no estudo apresenta diversos nomes transliterados, demonstrando a consistência desse processo:

- Ezaú:
- Hebraico: Ezav
- Septuaginta: Ezam
- Latim/Português: Ezaú
- Sete:
- Hebraico: Shin ou Shet
- Septuaginta: Seth (com letras S-H-Q)
- Latim/Português: Sete
- Moisés:
- Hebraico: Moshê ou Moshe
- Septuaginta: Mōsês
- Latim/Português: Moisés
- Isaías:
- Hebraico: Yeshayahu (Ieixaiá)
- Septuaginta: Esaias
- Latim/Português: Isaías
- Oséias:
- Hebraico: Hoshea (Rochea)
- Septuaginta: Osee
- Latim/Português: Oséias
Essa tabela demonstra que diversos nomes hebraicos passaram pelo mesmo processo de transliteração que o nome Jesus, e a mesma equivalência fonética foi aplicada com rigor pelos tradutores judeus. Sendo assim, ao aplicar a mesma regra ao nome Yehoshua, transliterando-o como Iēsoûs no grego, conclui-se que a forma portuguesa Jesus é legítima, fiel e respeita os mesmos critérios utilizados amplamente nas Escrituras.
Portanto, não há qualquer irregularidade na transliteração do nome de Jesus. A letra “S” presente em seu nome é o resultado da equivalência da letra Shin, assim como em outros nomes, conforme demonstrado na tabela. Trata-se de uma prática comum e devidamente registrada na história textual judaica e cristã.
Louvado seja Deus por essas evidências, que confirmam a legitimidade da pronúncia do nome Jesus em português e em tantas outras línguas ao redor do mundo.
Evangelismo sem restrições linguísticas #
Avançando, vamos à leitura de Romanos 1:14: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”. Essa declaração de Paulo demonstra a universalidade do Evangelho. A mensagem do Reino deveria alcançar todas as nações, raças e línguas. Não haveria sentido em restringir a pregação do Evangelho a apenas um idioma. Paulo não ensinava hebraico aos povos antes de pregar; ele comunicava-se nas línguas conhecidas pelas pessoas, como o grego e o latim, conforme a realidade cultural do Império Romano.
A transliteração, portanto, não apenas é um recurso linguístico, mas também uma ferramenta de alcance missionário. Assim como os nomes apresentados anteriormente foram transliterados do hebraico para o grego e, posteriormente, para outras línguas, o nome de Jesus passou pelo mesmo processo.
A diferença de pronúncia entre Mashiach (aramaico) e Messias (português), por exemplo, ilustra que a fonética pode variar, mas a identidade, a função e o significado são preservados. Isso acontece porque nem todos os fonemas de um idioma possuem uma representação precisa em outro. A transliteração busca equivalências, não uma reprodução idêntica.
Dessa forma, a forma Iēsous no grego, Iesus no latim e Jesus em português são absolutamente válidas e coerentes para se referir ao Salvador. Não há blasfêmia, nem manipulação. Jerônimo não foi o autor da forma Jesus, mas apenas utilizou aquilo que os textos e a tradição judaico-cristã já haviam transliterado.
1 Coríntios 1:22-24: “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.”
Esse texto confirma que Cristo é anunciado em todas as línguas, para todos os povos, e é compreendido em suas respectivas culturas e idiomas. A pregação da cruz ultrapassa barreiras linguísticas, pois sua essência é comunicada com fidelidade em qualquer idioma, inclusive em português, onde se proclama Jesus, o Cristo.
O novo testamento foi escrito em hebraico? #
Os defensores da chamada nova doutrina do nome reconhecem que Jesus é o resultado da transliteração do grego para o latim. Por isso, tentam argumentar que o Novo Testamento teria sido originalmente escrito em hebraico, a fim de validar o uso exclusivo da forma hebraica do nome.
Contudo, essa afirmação é frágil, pois não há evidência textual ou arqueológica de que o Novo Testamento tenha sido escrito, em sua totalidade, em hebraico. Existem versões hebraicas de alguns livros, como o evangelho de Mateus, mas não se trata de manuscritos originais, e sim de traduções posteriores.
O Novo Testamento foi redigido em um contexto dominado pelo Império Romano, cuja língua oficial era o latim, mas cuja população falava majoritariamente o grego, por causa da herança do helenismo. Logo, é lógico que os textos apostólicos tenham sido redigidos em grego koinê, o idioma de comunicação universal da época.
Chega-se à constatação, através da Escritura e de fontes históricas, de que o Novo Testamento, incluindo as epístolas e o livro do Apocalipse, foi originalmente escrito em grego, e não em hebraico. Essa afirmação é confirmada não apenas por uma leitura cuidadosa do contexto histórico do Novo Testamento, mas também por referências confiáveis, como a Enciclopédia Bársa, que afirma:
“Jesus, cuja doutrina e pregação está contida nos livros do Novo Testamento, pregava em aramaico, língua em que, certamente, pregaram inicialmente os apóstolos e os discípulos. Sua mensagem, entretanto, foi escrita em grego, língua do Oriente helenizado da segunda metade do primeiro século de nossa era. Não era o grego clássico ou ático, mas a língua comum, o grego koiné.”
Assim, o Novo Testamento foi redigido em koiné, a língua franca do Império Romano, destinada a comunicar a mensagem do Evangelho a todas as nações. Isso confirma que não faz sentido argumentar que os textos inspirados tenham sido escritos em hebraico, quando os destinatários eram de origem gentílica e de diversas nações.
A questão de YAOHUSHUA E YAUHUSHUA #
Dando continuidade, discute-se a questão dos nomes YAOHUSHUA com ditongo “ao” e YAUHUSHUA com “au”, formas levantadas por diferentes grupos defensores da doutrina do nome. A discussão entre esses grupos é intensa, pois nem mesmo entre eles há consenso sobre a forma correta. Alguns defendem Yeshua, outros Yahushua, e outros ainda variantes como YAOHUSHUA, mas todos se afastam da estrutura original do hebraico.
O nome Jesus em português é resultado direto da transliteração do aramaico Yeshua, passando pelo grego Iēsoûs e o latim Iesus. Essa forma é fidedigna e historicamente comprovada, como demonstrado em Mateus 1:21 e Atos 2. Estudos sérios, com fontes acadêmicas e teológicas, mostram que a transliteração seguiu padrões consistentes desde a Septuaginta, feita por 70 eruditos judeus.
Há ainda aqueles que, sem dominar plenamente nem mesmo a língua portuguesa, tentam impor ensinos sobre o hebraico arcaico, demonstrando desconhecimento linguístico ao utilizar ditongos e tritongos que simplesmente não existem no hebraico antigo. O hebraico é uma língua composta essencialmente por consoantes, e as vogais só foram inseridas posteriormente com os sinais massoréticos. Assim, qualquer tentativa de inserir ditongos como “ao” ou “au” não possui respaldo na estrutura gramatical do hebraico.
Portanto, é irracional e linguisticamente incorreto afirmar que o nome do Salvador deve conter ditongos como esses. A grafia com ditongos como YAOHUSHUA ou YAUHUSHUA é, além de forçada, fruto de interpretações equivocadas da estrutura da língua hebraica.
Analisa-se Jeremias 42:1, onde se lê: “Então todos os líderes do exército, inclusive Joanan (Yohanan), filho de Careá, e Gesanias, filho de Osaias, e todo o povo, desde o menor até o maior, se achegaram a Jeremias…”. Nesse versículo destaca-se o nome Osaias, forma portuguesa cuja etimologia remonta à raiz hebraica que significa “Iavé salva” ou “Ia salva”.
A partícula Ia deriva do tetragrama sagrado YHWH, tradicionalmente vocalizado como Iavé. A presença dessa partícula em nomes compostos como Osaias, Isaías, Josué, entre outros, aponta para o entendimento teológico de que é o Senhor quem salva. Isso se alinha perfeitamente com a forma Yeshua (em aramaico), e com a tradução para o português como Jesus, que também carrega o significado de “O Senhor é salvação”.
Portanto, nomes como Osaias utilizam a partícula Ia e não Yaohu, uma expressão que só foi registrada em construções linguísticas posteriores ao século IX a.C., no período do reinado de Davi em diante. Yaohu não aparece nas formas mais antigas da língua hebraica, sendo um produto de evoluções linguísticas e influências externas. A língua hebraica, assim como o aramaico, passou por transformações fonéticas e gramaticais ao longo dos séculos, e é errado tentar impor estruturas modernas a textos antigos.
Linguisticamente, é importante ressaltar que o hebraico arcaico não comportava vogais nem ditongos como ao ou au, uma vez que era formado por consoantes e as vogais só foram adicionadas posteriormente através dos sinais massoréticos. Portanto, as formas YAOHUSHUA ou YAUHUSHUA não são compatíveis com a estrutura do hebraico original e configuram-se como equívocos linguísticos.
A forma correta, utilizada no hebraico antes do cativeiro babilônico, é Yehoshua (Ierrochua), enquanto no período pós-cativeiro, no aramaico, a forma usada é Yeshua. Ambas as formas são encontradas em versões antigas e autorizadas das Escrituras, como a Septuaginta (versão grega) e a Peshitta (versão aramaica), que trazem respectivamente os nomes Iesous e Yeshua em Mateus 1:21.
Finalizando esta etapa do estudo, compreende-se que o nome Jesus, como utilizado em português, é uma transliteração fiel da forma aramaica Yeshua, via grego Iēsoûs e latim Iesus. Essa forma é correta, legítima, teologicamente sustentada e linguisticamente coerente.
Conclui-se, portanto, que:
- O Novo Testamento foi escrito em grego koiné;
- A Septuaginta foi traduzida por 70 eruditos judeus que usaram regras lógicas de transliteração;
- O nome Jesus segue esse mesmo padrão de transliteração, com base textual e histórica;
- A tentativa de impor formas como YAOHUSHUA ou YAUHUSHUA carece de fundamento linguístico e histórico;
- A fé cristã é firmada na verdade das Escrituras e no nome de Jesus, que é o nome acima de todo nome (Filipenses 2:9-11).
Louvado seja o nome do Senhor Jesus, pelo qual somos salvos, e que pode ser invocado com plena confiança em qualquer língua do mundo.
Capítulo 03 – Recapitulação #
E o resumo breve dar-se-á pelo seguinte fato: trata-se da terceira parte do estudo. Nesta etapa, aborda-se a gramática hebraica e a questão da letra “J”, conforme solicitado no programa anterior. Iniciou-se a apresentação com uma quantidade determinada de slides, mas, à medida que surgiram novos pedidos por dados históricos adicionais, o conteúdo foi ampliado até atingir 74 slides.
O resumo direto é este: o Criador, bendito e santo, que traz o seu evangelho de salvação para a humanidade, preserva sua palavra ao longo dos séculos e comunica-se com a humanidade por meio do idioma compreensível àquela parte da humanidade em questão. Assim foi desde o princípio, quando o Criador se comunicou com Adão e Eva, depois com Caim, Noé e outros. Fala-se, portanto, de uma língua primária, uma língua-mãe. A ideia de que o hebraico seja um idioma sagrado, comum entre grupos do judaísmo messiânico, não corresponde à verdade essencial, pois o sagrado é Deus e sua palavra, que é santa, pura e verdadeira.
Deus é santo e tudo que provém d’Ele é sagrado. As línguas que vieram de Deus foram espalhadas sobre as nações do mundo, todas com igual importância diante d’Ele. Por meio de um evangelho simples e direto, Deus tem salvado a humanidade, anunciando que em breve os céus se abrirão e o Cristo virá para reinar sobre toda a Terra. Esta é a mensagem central do evangelho do Reino de Deus.
O estudo em questão intitula-se: Um estudo sobre o nome de Jesus: grego, hebraico ou latim? Tal abordagem foi motivada por aqueles que defendem que o nome do Salvador deve ser pronunciado apenas em hebraico, excluindo-se a forma “Jesus”.
A questão da gramática hebraica e os erros e exageros #
2 Coríntios (2.17): “Ao contrário de muitos pregadores, não somos mercenários da palavra de Deus, mas anunciamos a Cristo com sinceridade da parte de Deus e na sua presença.”
Com essa passagem, ressalta-se que a explanação da Palavra de Deus deve ser feita com sinceridade, diante da presença de Deus e de Seu Filho amado, Jesus Cristo, para salvação dos que n’Ele esperam.
Com isso, nota-se que o grupo conhecido como “do nome” costuma citar o livro Gramática Hebraica de Gordon Shaw. Contudo, é necessário considerar: quem é o autor Gordon Chown? E mais, o que é uma hipérbole? A hipérbole é uma figura de linguagem que exagera ou reduz a realidade dos fatos. Tal conceito pode ser entendido à luz de Números (13.1-33), cuja leitura pode ser feita posteriormente.
Em Números 13, Deus ordena a Moisés o envio de espias à Terra de Canaã. Doze homens foram enviados, um de cada tribo de Israel. Ao retornarem, dez deles (com exceção de Josué e Calebe) apresentaram um relatório amedrontador: falaram de cidades fortificadas, habitantes poderosos e homens gigantes, chegando a afirmar que se viam como gafanhotos diante daqueles habitantes. Tal relato, no entanto, foi um exagero — uma hipérbole — pois Deus prometeu e entregou Canaã a Israel como herança.
Da mesma forma, ocorre o uso hiperbólico da gramática de Gordon Chown por parte do grupo do nome. Eles argumentam que somente pronunciando YAOHUSHUA, com base no ditongo mencionado por Chown, é que Deus ouviria as orações dos santos — o que não passa de uma distorção. Em 2 Coríntios (4.1,6), há exortações à fidelidade ao evangelho e ao brilho do conhecimento da glória de Deus.
Seguindo com o conteúdo, Gordon Chown: pastor assembleiano no Brasil, perito em línguas, fluente em doze idiomas, nascido em Halley, Inglaterra. Estudou Divindade em Westminster e línguas bíblicas na Universidade de Cambridge. Desde 1963 no Brasil, foi pastor presbiteriano, posteriormente ligado à Igreja Presbiteriana Renovada, e atualmente congrega na Assembleia de Deus em Jundiaí-SP. Autor do livro Gramática Hebraica: como ler o Antigo Testamento na língua original.
O uso exagerado dessa obra é frequente entre os defensores do nome hebraico. Muitos que nunca viram o livro tomam como verdade qualquer afirmação. Porém, especialistas examinam a obra com critério. Após análise, chegou-se à questão das vogais: na imagem apresenta-se o símbolo “T” entre colchetes (Qamets) como vogal. Na lição 2, capítulo 11 da gramática de Chown, trata-se das vogais junto ao álef (א), a primeira letra do alfabeto hebraico.

Na ilustração, um triângulo com o álef fora dele e as vogais dentro: “A” no topo, “E” à esquerda, “I” à direita, “O” e “U” abaixo. O Qamets, vogal sob o álef, é interpretado por alguns como um “A” longo com som oco tendendo ao “O”. Daí se argumenta que YAOHUSHUA conteria o ditongo, confirmando o nome. Contudo, essa não era a intenção de Gordon Chown, tampouco é confirmada por doutores e peritos no estudo do hebraico.
Então, neste ponto do estudo, chega-se ao acesso feito ao site “Caminho”(pesquisa feita em 2019), é destacado que o referido site confirma o que já fora explanado no slide anterior: não existe ditongo na língua hebraica. Tal afirmação é correta e tem sido reiterada. No entanto, para sustentar sua argumentação, os responsáveis pelo site utilizam-se da fonética oral, defendendo que, ao se pronunciar o nome sagrado, a fonética indicaria a presença de um ditongo, formando a expressão “Yaohuh”.
Essa interpretação, contudo, é incorreta. Trata-se de uma hipérbole — um exagero, um erro, uma distorção — que se aproveita do desconhecimento de muitos acerca das línguas bíblicas: hebraico, aramaico e grego. Dessa forma, o conteúdo é utilizado para enganar os mais simples e leigos. Além disso, faz-se um uso indevido do livro Gramática Hebraica de Gordon Chown.
Muitos defendem a forma “YAOHUSHUA” como sendo o verdadeiro nome do Salvador. Para sustentar essa tese, usam o livro de Gordon Chown de maneira descontextualizada. Entretanto, as pesquisas mostram que se trata de um uso equivocado, que não representa nem a intenção do autor nem o conteúdo do livro.
A verdadeira explicação e a questão da distinção silábica #
Mateus (24.4-5): “Então Jesus lhes revelou: cuidado que ninguém vos seduza, pois muitos virão em meu nome, proclamando: ‘Eu sou o Cristo’, e desencaminharão muitas pessoas.”
Jesus adverte claramente quanto aos enganos e falsas doutrinas. Assim, ao investigar a origem do nome de Jesus, constata-se que, na versão da Septuaginta (tradução do hebraico para o grego feita por sábios judeus a pedido de Ptolomeu II, no Egito), o nome de Josué foi transliterado para Iesous, de onde deriva o nome Jesus no grego. A base disso está no hebraico arcaico (paleográfico), já que após o cativeiro na Babilônia, o aramaico passou a ser a língua predominante entre os hebreus, restando ao hebraico o uso litúrgico nas sinagogas.
Sobre a distinção silábica, reforça-se que o Qamets (representado por um símbolo similar a um “T”), nunca é utilizado para formar um ditongo. A gramática hebraica não admite ditongos dessa natureza. O nome do Eterno, representado pelo tetragrama (YHWH), possui duas sílabas. O Qamets nunca atua como vogal dupla na mesma sílaba, e seu som é “A” — jamais “O”. Assim, a tentativa de usar o Qamets para justificar a pronúncia “YAOHUSHUA” é incorreta.
O erro de divisão silábica cometido por alguns é resultado do desconhecimento da língua hebraica. Mesmo aqueles que dominam parcialmente os artigos e formas gramaticais, mas não compreendem a estrutura completa, acabam induzindo ao erro, conforme alerta Apocalipse (21.8), que condena a mentira e o engano como pecado grave.
A questão das letras: sâmer e shin #
É sabido que não existe a letra “S” como em português. Entretanto, existem três letras hebraicas que a representam foneticamente:
- Shin (ש) – com ponto à direita;
- Sin (ש) – com ponto à esquerda;
- Samekh (ס) – uma letra diferente, com aparência circular.
A distinção entre Shin e Sin é feita por meio dos pontos diacríticos posicionados sobre a letra. Tais marcas identificam cada uma em seu uso específico. No nome “Jesus”, o “S” provém do grego sigma, correspondente ao Shin hebraico. Logo, ao transliterar “Josué” para o grego, os tradutores da Septuaginta usaram o Shin, resultando em Iesous, que deu origem às formas latinas (Iesu) e, posteriormente, ao português “Jesus”.
O nome “Jesus” tem origem no hebraico através do uso da letra Shin, e não da Samekh. O Shin é transliterado para o grego como sigma, correspondendo ao S, e mantido no latim e no português. Assim, o nome “Jesus” tem sua representação do “S” ancorada em uma linha fonética e histórica precisa: Shin (hebraico) → Sigma (grego) → S (latim e português).
Na Septuaginta, a tradução grega das Escrituras Hebraicas, os sábios judeus convocados por Ptolomeu II, em Alexandria, utilizaram “Sus” para a transliteração do nome hebraico Yehoshua. Tal uso não tem qualquer relação com Jerônimo, adulterações, influências pagãs ou ordens papais, como frequentemente alegado pelo chamado grupo do nome. A palavra “sus” (cavalo), em hebraico, é escrita com a letra Samekh, e nunca com Shin, demonstrando a separação absoluta entre os termos.
A questão da letra J #
Agora entra-se na discussão sobre a letra J, cuja inexistência no hebraico, grego e latim é constantemente usada como argumento pelo grupo do nome. Afirmam que o J só passou a existir por volta do século XVI, tendo cerca de 500 anos, enquanto os textos bíblicos remontam mais de dois milênios. Essa alegação é parcialmente correta, no sentido histórico, pois o J maiúsculo, minúsculo e a letra V são atribuídos a Petrus Ramus (Pierre de la Ramée), nascido em 1512 e falecido em 1572.
No entanto, deve-se compreender que isso não implica corrupção ou invenção do nome, mas sim a natural evolução da transliteração através dos idiomas. O nome original passou pelas formas Yehoshua (hebraico antigo), Yeshua (aramaico), Iesous (grego), Iesus (latim), até chegar à forma portuguesa “Jesus”. Não houve alteração fonética maliciosa, mas apenas adaptação linguística legítima.
Afirmar que tradutores alteraram foneticamente o nome por corrupção é falso. Utilizam ainda o exemplo de Juízes (12.6), onde supostamente 42 mil pessoas morreram por pronunciar um nome errado. A leitura do texto demonstra que, na verdade, tratava-se de um conflito tribal entre Efraim e Gileade, sob liderança de Jefté. O teste de pronúncia da palavra Shibolet ou Sibolet servia para identificar os efraimitas, pois havia uma distinção fonética regional. A falha na pronúncia os denunciava como inimigos, não por usarem o “nome errado de Deus”, mas por questões de guerra e identidade tribal.
Com base nos papiros 45, 46 e 47 — conhecidos como Chester Beatty Papyri — datados do início do terceiro século e atualmente preservados em Dublin, Irlanda. Esses manuscritos já apresentam a forma abreviada de Iesus (IS) e Iesus Christos (IC), evidenciando o uso do nome “Jesus” de forma legítima, ainda em latim, muito antes da existência de Jerônimo.
Além disso, os papiros 66, 75 e 76, preservados na Biblioteca Bodmer, em Genebra (Suíça), reforçam o uso da mesma grafia. O papiro 75, por exemplo, contém partes dos evangelhos de Lucas e João, datado entre os anos 175 e 225 d.C., antes do nascimento de Jerônimo, mostrando que o nome Iesous já era utilizado como transliteração do nome do Salvador.
Atribuir a responsabilidade pela transliteração do nome “Jesus” a Jerônimo, sob influência do Papa Dâmaso, como se fosse um ato de corrupção ou invenção, é um erro histórico e uma falsidade comprovável. Qualquer pessoa sincera e disposta a averiguar os fatos pode, por meios legítimos, consultar os manuscritos originais em museus renomados, como o Chester Beatty Museum, em Dublin, na Irlanda, ou na Biblioteca Bodmer, em Genebra, na Suíça. Nesses acervos encontram-se os papiros 45, 46, 47, 66, 75 e 76, que registram a forma Iesous, em grego, e Iesus, em latim, para o nome de Jesus, datando de séculos anteriores a Jerônimo.
Portanto, conclui-se que a alegação de que o nome Jesus surgiu apenas com Jerônimo, no final do século III, não se sustenta. O nome provém da transliteração iniciada pela Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego, realizada por cerca de setenta e dois sábios judeus, a pedido de Ptolomeu II, entre os anos 285 e 150 a.C., em Alexandria, para servir aos judeus da diáspora que não mais dominavam o hebraico.
A transliteração do nome Yehoshua para Iesous já era aceita e amplamente difundida antes de qualquer envolvimento da Igreja Latina, como comprovado pelos manuscritos mais antigos. Tais registros são encontrados em papiros e códices milenares, que servem como testemunho da antiguidade do nome Jesus em sua forma transliterada.

No final de 2013 e início de 2014, a exposição Livro dos Livros, promovida pelo Museu Terras da Bíblia, em Jerusalém, apresentou ao público fragmentos dos textos bíblicos mais antigos conhecidos. Esta exposição abordou o desenvolvimento da Bíblia desde o judaísmo até o cristianismo, unindo documentos hebraicos, aramaicos, gregos e latinos. A diretora do museu, Amanda Weiss, destacou a singularidade dessa exposição, que pela primeira vez reuniu de forma equilibrada a história do Taná (Antigo Testamento Judaico) e do Brite Chadashá (Novo Testamento).

O acervo incluiu manuscritos, objetos, documentos impressos e fragmentos das Escrituras Sagradas com cerca de dois mil anos. Mostrando não apenas a trajetória do texto sagrado, mas sua preservação ao longo do tempo, a exposição reafirma a veracidade e a integridade das Escrituras tal como as temos hoje. A ideia de que a Bíblia foi corrompida ou se perdeu no tempo é contrariada pelas evidências apresentadas nestes fragmentos e volumes históricos.
Entre os materiais expostos, estavam fragmentos da Septuaginta e obras de grande valor histórico, como os volumes bíblicos destinados ao rei Henrique VIII da Inglaterra. Uma das seções mais importantes da amostra foi dedicada aos manuscritos do Mar Morto, considerados as cópias mais antigas do texto do Antigo Testamento. Os originais destes documentos encontram-se em Amã, na Jordânia, mas pela primeira vez foram exibidos em Israel. Estão escritos em hebraico e mencionam, entre outras coisas, as regras das comunidades judaicas do primeiro século.

Yehuda Kaplan, diretor do Departamento de Educação do Museu, destacou a relevância dessa apresentação, ressaltando que se o grego e o latim fossem línguas pagãs, jamais seriam utilizados em um ambiente sagrado como o Museu da Bíblia em Jerusalém. Ao contrário, o uso desses idiomas na exposição confirma a legitimidade de suas contribuições à preservação do texto sagrado.
Chegando à análise da letra J, observa-se um ponto relevante. Em Mateus (1.21) lemos: “Ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.”.
Na versão da Bíblia em português, o nome aparece como “Jesus”, e, apesar de a conversa entre o anjo e Maria ter ocorrido em aramaico, provavelmente utilizando o nome Yeshua, a forma “Jesus” é uma legítima tradução, fruto da evolução linguística e da transliteração, e não de corrupção.
O argumento de que o nome de Jesus não pode ser “Jesus” por causa da ausência da letra “J” no hebraico é infundado. De fato, o hebraico não possui a letra “J”, nem o grego, nem o latim. O som correspondente era representado por outras letras, como o Yod (י) no hebraico, com valor fonético equivalente ao som de “I” ou “Y”. A utilização das letras “J” e “V” para sons consonantais desenvolveu-se no período do Renascimento, com sua sistematização atribuída a Pierre de la Ramée (Petrus Ramus). Isso explica porque lemos Jerusalém e não Yerushalayim, Jeremias e não Yirmiyahu, Jonas e não Yonah, entre outros exemplos.
A Enciclopédia Barsa, páginas 4.505 e 403, confirma que a letra J é a décima letra do alfabeto e a mais recente, surgida a partir da letra I. Anteriormente, utilizava-se o I maiúsculo para nomes próprios e dois i minúsculos para formar palavras. Com o acréscimo gráfico — chamado de “perninha” — surgiu o J como letra distinta.
O símbolo usado no alfabeto semítico antigo — um desenho com o formato de mão — que, segundo os estudiosos, deu origem à forma gráfica do I maiúsculo e, posteriormente, ao J. Esse desenvolvimento gráfico passou dos egípcios aos gregos e, em seguida, aos romanos.
Autoridades que confirmam a autenticidade do nome de Jesus #
Tal parte é importante, pois demonstra que o compromisso com a verdade ultrapassa os limites da Igreja de Deus. Homens respeitados, de diferentes formações e convicções religiosas, também validam a forma “Jesus” como legítima transliteração.
A Igreja de Deus reafirma sua missão de defender a fé com base nas Escrituras e em testemunhos sólidos. Conforme Apocalipse (5.9-10), o reino de Deus será estabelecido sobre toda a Terra, e essa esperança é parte fundamental da mensagem que é pregada.
As autoridades mencionadas são:
- Flávio Josefo – historiador judeu do primeiro século, também conhecido como Iosef Ben Matityahu (José, filho de Matias), e mais tarde como Tito Flávio Josefo ao tornar-se cidadão romano. Suas principais obras são A Guerra dos Judeus e Antiguidades Judaicas. No capítulo 18 desta última, nas seções 63 e 64 (datadas do ano 93 d.C.), há o chamado Testemunho Flaviano, que cita o nome “Jesus” (Iesous, em grego; Iesus, em latim).
- Reverendo Augustus Nicodemus – teólogo presbiteriano, bacharel em teologia, mestre em Novo Testamento e doutor em hermenêutica. Em vídeo disponível na internet, ele afirma que o nome “Jesus” em português é uma transliteração legítima desde o hebraico Yehoshua, o aramaico Yeshua, o grego Iesous e o latim Iesus.
- Dr. Rodrigo Silva – arqueólogo, teólogo e professor universitário da Igreja Adventista. Em seus programas e palestras, ele também confirma a validade histórica e textual do nome “Jesus”, defendendo a mesma linha argumentativa baseada na transliteração histórica.
- Professor Fábio Sabino – especialista em hebraico, aramaico e grego. Em vídeo de ensino, apresenta argumentos técnicos e linguísticos que confirmam que o nome “Jesus” é fiel ao desenvolvimento histórico das línguas bíblicas.
- Matheus Zandona (O Rosh) – judeu messiânico, descendente de judeus, formado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, professor e líder da Congregação Ratzion. Também reconhece como legítima a forma portuguesa do nome do Salvador.
Todos estes confirmam, com base em seu conhecimento acadêmico e domínio linguístico, a autenticidade da forma “Jesus”. Portanto, a defesa feita pela Igreja de Deus é compartilhada por estudiosos de renome, oriundos de contextos religiosos diversos.
A união entre história, linguística, arqueologia e fé sustenta a convicção de que o nome de Jesus, como registrado em nossa língua, é verdadeiro, bíblico e plenamente legítimo. Que o Senhor nosso Deus seja louvado por esta verdade preservada.
Capítulo 04 – É preciso crer! #
João (20:24-27): “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-se no meio e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.”
Ao analisar esta passagem, observa-se que Tomé havia declarado que, se não visse as perfurações no corpo do Messias, não creria. Aproximadamente oito dias depois, ao reunir-se novamente com os discípulos, Jesus apareceu entre eles, mesmo com as portas trancadas, e dirigiu-se diretamente a Tomé. O Mestre repetiu a saudação tradicional: “Paz seja convosco”, e mostrou a Tomé as marcas, relembrando-lhe aquilo que havia dito anteriormente. O Senhor, conhecedor dos corações, reafirma a importância da fé ao exortar Tomé: “Não sejas incrédulo, mas crente.”
A partir disso, compreende-se que é necessário crer em Deus e em sua Palavra. Por meio do espírito santo, o dom da fé é concedido, e, assim, é possível crer na Escritura como o verdadeiro manual da vida cristã. A Escritura apresenta Deus como o Criador bendito e santo de toda a Terra, e Jesus Cristo como seu Filho unigênito, o Salvador único e suficiente para a humanidade.
Ao longo da história, homens e mulheres se dedicaram a divulgar a mensagem do Evangelho, tornando conhecida a vida e obra de Jesus aos quatro cantos da Terra. Considerando a diversidade de culturas e idiomas, Deus permitiu que a Escritura fosse traduzida em mais de 180 idiomas, alcançando inclusive povos indígenas. Essa diversidade linguística demonstra o cuidado divino em fazer-se compreendido por todas as nações, para que a fé nasça pela pregação da Palavra e a salvação se estenda a todos os povos.
A postura de Tomé, ao exigir ver para crer, se contrapõe à fé verdadeira.
O mais antigo registro do nome de Jesus em Aramaico #
Em Jerusalém, uma câmara mortuária de calcário com mais de dois mil anos representa um dos mais antigos registros arqueológicos da existência de Jesus, além de textos de historiadores como Flávio Josefo. Um ossuário datado de 63 d.C. possui inscrição em aramaico: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Estudos conduzidos por especialistas da Universidade Hebraica de Jerusalém, incluindo Rodrigo Pereira da Silva, atestam a autenticidade da patina e da antiguidade do artefato.

A presença do nome Yeshua no primeiro século é uma evidência histórica que comprova o uso daquele nome antes mesmo de Jerônimo, o tradutor da Vulgata. O argumento de que Jerônimo inventou ou corrompeu o nome é, portanto, insustentável frente aos registros arqueológicos e textuais.
Com base em Atos (2:1-11), verifica-se que, por ocasião do Pentecostes, os discípulos falaram em várias línguas e foram compreendidos por pessoas de diferentes regiões. Isso reforça a idéia de que Deus se revela em todos os idiomas, pois toda a humanidade lhe pertence. A diversidade linguística é uma expressão da sabedoria divina, e cada idioma tem seu valor e propósito no plano de Deus.
Portanto, ao defender que somente é legítimo invocar o nome de Jesus em hebraico ou aramaico, não apenas se incorre em erro teológico, mas também se transgride o mandamento divino que ordena a propagação universal do Evangelho. A acusação de que as traduções das Escrituras sagradas foram adulteradas por Jerônimo carece de base histórica e arqueológica. As Bíblias atuais derivam de cópias fidedignas de manuscritos antigos encontrados no Oriente Médio, reconhecidos pela Igreja primitiva como inspirados e dignos de compor o cânon sagrado.
A Septuaginta, tradutiva grega dos textos hebraicos, já era utilizada no primeiro século pelos seguidores de Jesus. O Novo Testamento, por sua vez, foi sendo consolidado nos séculos seguintes, até sua canonização nos concílios do segundo e terceiro século. Portanto, insistir na exclusividade de certos idiomas para nomear o Salvador é uma tentativa de restringir a graça divina e negar o caráter universal do Evangelho. Tal prática não só revela ignorância, mas também pode ser considerada transgressão e pecado diante de Deus.
Qual é o Verdadeiro Objetivo Desta “Nova doutrina” #
Por trás de um assunto aparentemente sem importância, está oculta uma das mais sutis armadilhas de Satanás. Ao se aceitar essa “nova doutrina” sem qualquer análise ou questionamento, coloca-se em dúvida toda a integridade da Palavra de Deus. Observe que os defensores dessa “nova luz”, em geral, afirmam que a suposta adulteração feita por Jerônimo não foi a única — segundo eles, houve inúmeras, talvez milhares de adulterações em todo o Livro Sagrado.
A partir dessa lógica, passa-se a questionar não apenas o nome “Jesus”, mas todo o conteúdo das Escrituras. Estaria o Livro Sagrado repleto de blasfêmias e adulterações inseridas pelos pais da Igreja Católica? A Bíblia que temos em mãos é digna de confiança ou precisaria de correções? Perceba a forma astuta e sutil com que satanás tenta golpear a autoridade da Palavra de Deus.
Vivemos em um país de língua primária portuguesa, onde muitos têm dificuldade até mesmo de ler e escrever em seu próprio idioma. Surge, então, no meio religioso, a ideia de que é obrigatório aprender apenas as línguas originais da Bíblia. Isso, além de um equívoco, é um pecado. Pois Deus declarou que usaria um idioma diferente do hebraico para anunciar a sua salvação
Isaías (28:11): “Assim por meio de homens de lábios trôpegos e de língua estranha falará o Senhor a este povo.”
Esse versículo encontra eco em 1 Coríntios (14:21), onde Paulo reafirma: “Na lei está escrito: Por gente de outras línguas e por boca de outros falarei a este povo; e ainda assim não me ouvirão, diz o Senhor.” Aqui se revela o plano divino de anunciar sua Palavra a todas as nações, inclusive ao seu povo de Israel, através de uma nova língua.
O Senhor, prevendo a rejeição do Messias por parte de Israel, anunciou que falaria com seu povo por meio de outras nações. Isso se cumpriu com a formação da Igreja, na qual gentios passaram a anunciar que Jesus é o Messias, provocando ciúme em Israel, como menciona Paulo em Romanos 11. A autoridade para essa pregação veio de Deus, que comissionou Pedro para os judeus e Paulo para os gentios.
Atos (4:29-30) mostra que o poder de Deus se manifesta ao mundo por meio de Jesus Cristo: “Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra, enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus.” Tal manifestação é possível somente através do espírito santo.
O Poder de Deus #
É neste momento que entra a obra do espírito santo. É Ele quem nos ilumina na compreensão da Palavra de Deus e nos torna “perfeitamente habilitados para toda boa obra”. Apesar das imperfeições decorrentes do uso da linguagem humana e das eventuais dificuldades de interpretação causadas pelas diferenças culturais, não se pode afirmar que a Bíblia sofreu milhares de adulterações, tampouco que contém blasfêmias inseridas por Roma que, se não forem corrigidas, conduzirão seus leitores à perdição. Isso seria um absurdo! Seria o mesmo que duvidar do poder do espírito santo, que inspirou e, ao longo dos séculos, Deus preservou a Sua Palavra.
João (16:13) confirma: “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.” A Igreja, ao anunciar o evangelho do reino, age com autoridade conferida pelo espírito santo, recebido em Atos 2, por ocasião da festa de Pentecostes, conforme profetizado em Joel.
1 Timóteo (1:3-7) traz uma advertência contra doutrinas estranhas e discussões fúteis: “Como te roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina…” A mensagem se aplica diretamente àqueles que, ignorando o contexto da fé, desejam instituir novas doutrinas sobre o nome do Salvador, afirmando que apenas uma forma arcaica e hebraica é válida para a salvação.
Que as fábulas, mitologias, e novas doutrinas não nos façam rebaixar aquilo que Deus exaltou #
Filipenses (2:9-11): “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”
Cada servo fiel deve honrar o nome do Salvador com atitudes de fé e santidade. Assim como Jesus viveu o que pregava, também devem viver os que o seguem. Essa é a essência da verdadeira confissão e do testemunho cristão, reconhecendo que a salvação vem por meio do Filho de Deus, independentemente do idioma em que seu nome é pronunciado, pois ele conhece os corações e julga pela justiça.
“Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra com poder todo desejo de bondade e toda obra de fé. Para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.” – II Tes. 1:11 e 12.
As escrituras ensinam que nós e o Próprio Jesus, teremos um novo nome! #
Apocalipse (2:17): “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, darei do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedrinha branca, e na pedrinha um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.”
Esse versículo está em harmonia com Isaías (65:15), onde se profetiza que Deus daria aos seus servos um novo nome. Trata-se da promessa divina de transformação dos filhos de Deus na primeira ressurreição, conferindo-lhes uma identidade nova e eterna.
Apocalipse (3:12) complementa essa promessa: “Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca saíra; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.” Aqui, o próprio Jesus declara que possuirá um novo nome. Essa revelação reafirma que o nome de Jesus, embora significativo por sua obra redentora (Mateus 1:21), não está limitado a uma forma fonética estática.
Jeremias (23:5-6) profetiza: “E este é o nome pelo qual será chamado: O Senhor, Justiça Nossa.” Tal título aponta para a função messiânica de estabelecer um reino de paz e justiça.
O Evangelho Não está restrito para apenas uma nação e língua #
Esses textos sustentam que o evangelho transcende línguas e nações. O texto de João (7:35) questiona: “Iá para os dispersos entre os gregos, e ensinará os gregos?” Mostrando que os judeus reconheciam que havia israelitas entre os gregos, de fala grega, e que possivelmente seriam ensinados nesse idioma.
Em João (12:20), registra-se que “havia alguns gregos entre os que tinham subido a adorar na festa”, o que mostra a interação e a inclusão de povos gentílicos no culto ao Deus de Israel.
Atos (18:4) informa: “E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos.” Paulo falava a todos de forma compreensível, comunicando o evangelho a judeus e gentios em suas próprias línguas. Paulo, poliglota, preferia falar de maneira clara e inteligível a usar línguas incompreensíveis.
Romanos (1:14) declara: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.” Os bárbaros aqui são os não-romanos, povos estrangeiros, o que reforça o caráter universal da missão de Paulo.
1 Coríntios (1:22-24) conclui: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos; mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.”
A Igreja de Deus foi chamada para cumprir uma missão: anunciar o evangelho a todas as nações. Conforme declara Marcos (16:16): “Quem crer e for batizado será salvo.” É imperativo que a Palavra de Deus seja proclamada aos quatro cantos da terra, e cada povo a compreenda em sua própria língua, como atestado em Atos (2:6), quando o espírito santo fez com que cada um ouvisse em seu próprio idioma.
O evangelho não foi concebido para ser dificultado. A intenção divina é de que todos tenham acesso à verdade. Por isso, enviou Jesus Cristo como o caminho para a salvação, não como um entrave linguístico ou cultural, mas como a manifestação do amor de Deus à humanidade.
A versão grega da Bíblia #
É essencial compreender o surgimento da Septuaginta, a primeira tradução da Escritura Hebraica para o grego. Após o cativeiro babilônico, o povo judeu se espalhou entre as nações, conforme Isaías (11:11). Uma grande parte foi viver no Egito, que se tornou uma das quatro divisões do império de Alexandre. Sob os ptolomeus, a cultura grega dominava, e Alexandria, com sua famosa biblioteca, tornou-se um centro do saber helênico.
As profecias de Daniel (2 e 7) apontavam para um império universal sob o comando dos gregos. O império de Alexandre foi dividido, e as casas ptolomaica e selêucida dominaram regiões cruciais. A língua grega tornou-se essencial, pois os judeus habitavam terras estrangeiras. Alexandria acolheu uma grande comunidade judaica, que passou a buscar a Palavra de Deus através do idioma grego.
A Septuaginta surgiu dessa necessidade histórica e espiritual. A tradução da Escritura para o grego possibilitou que os judeus da diáspora tivessem acesso à Palavra de Deus. A língua grega era então a mais influente, a língua da ciência, do comércio e do pensamento filosófico, e passou a ser o meio pelo qual muitos conheceram a Deus. Segundo Werner Keller, em “E a Bíblia Tinha Razão”, p. 339, esse contexto refletia o grande alcance e importância dessa tradução.
Deus havia advertido em Deuteronômio que o povo seria expulso da terra por desobediência. Ainda assim, o Senhor não os abandonaria. Onde quer que estivessem, deveriam buscar a Deus e sua Palavra. A Septuaginta foi uma manifestação desse cuidado divino.
A história e a Escritura convergem: todas as línguas pertencem a Deus. Salmo (24:1) afirma: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” Toda a humanidade, com sua diversidade linguística e cultural, pertence ao Criador. Israel, ainda que disperso, continuava sendo povo da promessa, e necessitava aprofundar-se em Deus mesmo entre as nações.
Os textos de Mateus (24) e Romanos (11) reforçam a extensão do plano salvífico de Deus e o uso da Septuaginta como ferramenta divina. Conclui-se que a Palavra de Deus foi traduzida não por conveniência humana, mas por propósito divino, para que todos, em qualquer lugar e língua, tivessem acesso à verdade do evangelho de Cristo.
A versão grega da Bíblia, a Septuaginta, confirma a presença de judeus no Egito nos tempos greco-romanos. Atos (2:10) menciona explicitamente judeus provenientes do Egito em Jerusalém. Além disso, é importante lembrar que o próprio Jesus, ainda criança, refugiou-se no Egito com sua família para escapar da perseguição de Herodes, conforme Mateus (2:13-15).
Com o passar das gerações, os judeus da diáspora no Egito deixaram de falar o hebraico, restringindo-o ao uso litúrgico nas sinagogas. O aramaico passou a ser o idioma cotidiano, enquanto o grego se consolidou como a língua da cultura, do comércio e da ciência. Diante desse cenário, surgiu a necessidade de traduzir as Escrituras Hebraicas para o grego.
Por volta de 250 a.C., durante o reinado de Ptolomeu II, foi realizada a tradução da Torá para o grego. Enviaram-se 72 sábios judeus a Alexandria, onde foi efetuada a tradução conhecida como Septuaginta. Esse feito teve impacto imensurável na cultura e espiritualidade do mundo ocidental (Werner Keller, “E a Bíblia Tinha Razão”, p. 339).
A prova do uso da Septuaginta por Jesus e seus discípulos é evidente. Em Mateus (24:15), Jesus declara: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação, de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê, entenda)…” O livro de Daniel, que na tradição judaica não figurava entre os profetas, é aqui citado por Jesus como profético, confirmando o reconhecimento canônico conforme a Septuaginta.
Em Romanos (11:26), Paulo afirma: “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador e desviará de Jacó as impiedades.” Essa citação deriva de Isaías (59:20), mas em sua forma grega, apresenta diferenças significativas da versão hebraica, evidenciando que Paulo citava diretamente da Septuaginta.
A língua falada por Jesus #
“Abrirei a minha boca numa parábola; proporei enigmas da antiguidade” (Salmo 78:2).
Jesus falava o aramaico, a língua utilizada pelo povo comum da Palestina. O hebraico clássico, desde o cativeiro babilônico, já não era mais uma língua viva, sendo utilizado apenas como língua litúrgica nas sinagogas. Os eruditos ainda o estudavam, a fim de examinar o Antigo Testamento, mas o povo simples pouco compreendia dessa linguagem.
Um exame atento de alguns textos do Novo Testamento indica que Jesus se expressava em aramaico. Que o estudante da Bíblia não se esqueça: o que se pretende demonstrar é que a descrição dos fatos aponta claramente que o Senhor falava aramaico.
Mas não seria o aramaico uma língua quase idêntica ao hebraico? Leia II Reis 18:26-28. Nesta passagem, o enviado do rei da Assíria falava em hebraico (ou judaico), enquanto os judeus Eliaquim, Sebna e Joá compreendiam o siríaco (aramaico). Veja que os judeus pediram ao mensageiro do rei inimigo que não falasse ao povo de Jerusalém em hebraico, mas sim em aramaico, para que as ameaças dos assírios não fossem compreendidas pelos moradores da cidade.
O que isso ensina? Que, evidentemente, há coincidências linguísticas entre os dois idiomas, mas também existem diferenças significativas que não podem ser ignoradas.
O aramaico é um dialeto do siríaco. Um dialeto consiste numa variedade regional ou social de uma língua. Dessa forma, o aramaico pode ser considerado uma variedade do siríaco.
Mas que textos deixam transparecer que as instruções de Jesus foram dadas em aramaico? A resposta encontra-se principalmente no Evangelho de Marcos, que preservou diversas expressões aramaicas seguidas de sua respectiva tradução, revelando que os ouvintes originais falavam essa língua.

Alguns dos versos do Evangelho de Marcos possuem confirmação em outros Evangelhos. Um exemplo é Mateus 27:46, em que se lê: “Eli, Eli, lamá sabactâni”. Já em Marcos 15:34, a expressão é: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni”. Ambas as formas significam: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Trata-se de uma citação direta do Salmo 22:1, revelando o cumprimento profético e a escolha consciente das palavras pelo Messias.
Uma das declarações de Jesus que envolve um jogo de palavras aramaicas encontra-se em Mateus 23:24: “Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo”. As palavras “mosquito” e “camelo” são bem distintas em português, mas no aramaico são foneticamente similares. “Mosquito” é galma, e “camelo” é gamla. A frase ficaria: “vós escoais um galma e engolis um gamla”. O trocadilho sugere fortemente o uso do aramaico como idioma cotidiano de Jesus.
Há outros exemplos desse tipo nos Evangelhos. Em João 8:34, Jesus afirma: “Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. No aramaico, as palavras “cometer” e “escravo” possuem grafia e pronúncia semelhantes, tornando a construção da frase ainda mais expressiva e retórica na língua original.
Também no epistolário apostólico encontramos vestígios do aramaico. Em I Coríntios 16:22, Paulo utiliza a palavra aramaica Maranata, que significa: “O Senhor vem” ou “Vem, Senhor”.
Os originais grego do novo testamento #
“Eis que presto venho: bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Apocalipse 22:7).
O Novo Testamento foi escrito em grego. Ao se ler a Bíblia, de Mateus a Apocalipse, percebe-se que o idioma utilizado em sua composição foi o grego. Embora muitos conceitos e referências sejam tipicamente judaicos, é evidente a presença da gramática e da estrutura linguística gregas nos manuscritos originais.
Este fato é, para muitos, motivo de desgosto — especialmente para aqueles que blasfemam contra o nome de Jesus. No entanto, compreender os detalhes deste assunto é de grande importância para a defesa da fé e da doutrina ensinada pela Igreja de Deus.
É possível explicar, de forma clara, a diferença entre transliteração e tradução. Na transliteração, busca-se representar os sons de uma palavra de um idioma usando as letras de outro, preservando a fonética o máximo possível. Já na tradução, o foco é transmitir o significado da palavra, independentemente de sua sonoridade original.
Exemplos desse processo podem ser observados no nome do Senhor Jesus, o Cristo:
- Em hebraico: Ieshua
- Em grego: Iesous
- Em latim: Iesus
- Em português: Jesus
O caso trata-se claramente de uma transliteração. Conclui-se, portanto, que o nome Jesus é uma transliteração. A tradução desse nome é: “Salvação de Deus”.
Um caso análogo pode ser encontrado em Apocalipse 9:11, onde se lê:
- Em hebraico: Abadom
- Em grego: Apolion
Ambos são formas transliteradas de um mesmo nome, cuja tradução é “destruidor”.
Mas que versos contidos nos livros neotestamentários comprovam o uso de um idioma diferente do hebraico na redação dos textos originais? Vários apontamentos textuais indicam isso com clareza:
- Mateus 27:46 – Ao registrar: “isto é”, o autor revela que está traduzindo uma expressão de outra língua, ou seja, não escreveu originalmente em hebraico ou aramaico.
- Marcos 7:34 – Aplica-se a mesma observação: “Efatá, isto é, abre-te”.
- Lucas 1:5 – O nome Isabel não é de origem judaica. O correspondente judaico seria Elizabeth, o que demonstra adaptação ao grego.
- João 1:38 – O texto apresenta a explicação: “Rabi (que quer dizer Mestre)”, revelando que a audiência original necessitava da tradução.
- Apocalipse 16:16 – A expressão “em hebreu se chama Armagedom” evidencia que o restante do texto está em outro idioma, neste caso, o grego.
Além disso, há versos que fazem referência direta ao alfabeto grego:
- Apocalipse 1:8 e 22:13 – A declaração: “Eu sou o Alfa e o Ômega” indica o uso das primeiras e últimas letras do alfabeto grego, o que reforça a identidade linguística dos escritos.
A Epístola aos Hebreus é considerada por muitos estudiosos como a prova mais conclusiva de que os originais do Novo Testamento foram redigidos em grego. Mesmo sendo dirigida a judeus, seu vocabulário grego é notavelmente rico, e suas características de argumentação seguem a lógica clássica helênica, típica da cultura filosófica greco-romana.
O Evangelho, inclusive entre alguns judeus, foi pregado em grego. Atos 9:29 é claro nesse aspecto. Na versão da Bíblia na Linguagem de Hoje, lê-se: “Depois disso, Saulo ficou com eles, anunciando com coragem o nome do Senhor. Ele também conversava e discutia com os judeus que falavam a língua grega, mas eles procuravam um jeito de matá-lo”.
O Evangelho no Mundo Grego #
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Romanos 1:16).
A forma como o Evangelho foi pregado no mundo grego revela um modelo de adaptação cultural e linguística sem perda da essência espiritual. O Evangelho não foi limitado à Judeia ou à língua hebraica; pelo contrário, alcançou rapidamente as cidades gregas, romanas e suas colônias, sendo anunciado em grego, a língua franca do mundo antigo.
Atualmente, muitos pregam e ensinam que o nome do Senhor deve ser pronunciado apenas em sua forma original, em hebraico, e que os costumes judaicos devem ser rigidamente observados. Todavia, ao examinar o Novo Testamento, percebe-se que os primeiros cristãos — inclusive os judeus convertidos — não adotaram essa prática de modo absoluto. Os apóstolos utilizaram os idiomas disponíveis à sua época para que a mensagem de salvação fosse compreendida universalmente.
Há uma distinção clara entre a influência de leis e práticas pagãs, que devem ser rejeitadas, e o uso de uma língua ou de suas regras gramaticais como ferramenta legítima de comunicação e ensino. Rejeitar o grego ou o latim por não serem línguas semíticas seria o mesmo que rejeitar hoje o árabe, o alemão, o italiano, o inglês ou o português. Seria um absurdo funcional e doutrinário. Não se deve perder de vista que a grande multidão vista por João, em Apocalipse 7:9, era composta por homens e mulheres de todas as nações, tribos, povos e línguas — o que reforça a ideia da propagação do Evangelho.
Qual foi a nacionalidade do primeiro gentio a ouvir e aceitar o Evangelho durante a era apostólica? A resposta encontra-se em Atos 10:1-2: o centurião romano Cornélio, homem temente a Deus, falava o italiano e, provavelmente, também o latim. Esse episódio marca a abertura oficial da mensagem do Reino aos gentios, com o Espírito Santo descendo sobre eles sem que tivessem se tornado judeus antes.
Outra evidência do alcance do Evangelho entre os não judeus está em Atos 11:19-26. Fora dos limites da Terra Santa, na cidade de Antioquia da Síria — a terceira maior cidade do Império Romano — formou-se uma célebre e ativa igreja gentílica.
De que forma Paulo se utilizava dos próprios feitos culturais dos gregos para anunciar-lhes a Jesus? A resposta encontra-se em Atos 17:22-23, quando, ao observar os altares e monumentos religiosos em Atenas, Paulo declara: “Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos. Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio”.
Paulo, de maneira sábia, aproveita-se de elementos culturais familiares aos gregos para apresentar o Evangelho. Ele não confronta diretamente suas tradições logo de início, mas parte de algo que eles já conheciam, utilizando-o como ponte para apresentar o Deus verdadeiro.
Que poesia grega foi citada por Paulo para demonstrar a fé em um único Deus? Em Atos 17:28-29, Paulo afirma: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Porque dele também somos geração”. Esta citação é retirada de um hino a Zeus, provavelmente do poeta Estoico Arato. Ainda que a fonte literária seja pagã, Paulo não confere a ela caráter sagrado; apenas utiliza uma expressão familiar aos ouvintes para introduzir a doutrina do Deus único. Essa estratégia didática demonstra que o apóstolo sabia comunicar-se com públicos distintos sem comprometer a verdade do Evangelho.
No último livro da Bíblia, que grupos de igrejas receberam uma mensagem especial? Apocalipse 1:11 responde: “Escreve num livro o que vês, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia”. Essas igrejas estavam localizadas na região da atual Turquia e receberam a palavra escrita em grego, já que o Apocalipse foi redigido neste idioma.
As cartas às sete igrejas demonstram também algo muito importante sobre o nome de Jesus Cristo. Para cada uma delas, o Senhor se identificou por títulos ou atributos específicos, não por seu nome pessoal:
- Apocalipse 2:1 – “Aquele que tem na sua destra as sete estrelas” — demonstra condição de privilégio e autoridade.
- Apocalipse 2:8 – “O Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu”
- Apocalipse 2:12 – “O que tem a espada aguda de dois fios” — expressa condição de poder e justiça.
- Apocalipse 2:18 – “O Filho de Deus” — destaca sua filiação divina.
- Apocalipse 3:1 – “Aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas” — sugere condição de santidade.
- Apocalipse 3:7 – “O Santo, o Verdadeiro, que tem a chave de Davi” — santo e verdadeiro
- Apocalipse 3:14 – “O Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” .
Conclusão #
Não há, em parte alguma, qualquer referência que imponha o uso exclusivo do nome em hebraico. Pelo contrário, a expressão de Apocalipse 2:8 está vinculada ao “alfa” e ao “ômega”, primeiras e últimas letras do alfabeto grego. Alguns desses atributos revelam um nome não pessoal, como se observa em Apocalipse 19:11-13, onde Cristo é chamado de Palavra ou Verbo de Deus.
Posição da Igreja de Deus no Brasil: A pronúncia do nome do Senhor em hebraico é válida, assim como o é em qualquer outro idioma. O que não aceitamos é a doutrina que afirma que o nome sagrado do Salvador deve ser escrito e pronunciado exclusivamente na língua dos judeus.
Que Deus abençoe a todos que participaram deste estudo. Que o Senhor conceda a todos a maior riqueza que o ser humano pode possuir: a paz.