Selecionamos alguns dos principais símbolos proféticos Apocalipse e procuramos os seus significados de acordo com o consenso da maioria dos interpretes.
PRETO: A fome é um juízo de Deus. Na Bíblia é representada pela cor preta.[1] Com a falta de alimentos, ela prepondera. Um exemplo bíblico é o tempo do profeta Eliseu, quando houve uma grande fome em Samaria e certas mercadorias eram vendidas a peso.[2] Assim, a balança na mão do cavaleiro indica que os alimentos eram escassos e vendidos sob medida (racionados).
AMARELO: Geralmente, a cor amarelo está associada a doenças, pestes e mortes. A espada e a fome são juízos de Deus. A peste e as feras da terra também são.[3] No segundo selo veio a espada, na abertura do terceiro a fome e o quarto selo, por sua vez, os mencionam juntos, ao lado das pestes e das feras da terra. A morte é a consequência imediata destes quatro juízos de Deus. Tais como numa profecia de Ezequiel,[4] aqui estes juízos aparecem juntos e trazem a morte sobre a quarta parte da terra.
ESTRELAS: Isto é percebido nas cartas às igrejas da Ásia nos primeiros capítulos do livro do Apocalipse onde as estrelas representam os pastores da igreja. No livro de Daniel também existe esta mesma referência, os sacerdotes judeus foram comparados a estrelas. Um rei também foi comparado a uma estrela.[5] Estas estrelas de Apocalipse 6, caíam do céu sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes.
TROMBETA: Antes de continuar, é necessário entender um importante simbolismo: a trombeta. Na Bíblia, trombeta possui um significado bem específico: guerra. Em Josué 6, sete sacerdotes com sete trombetas rodearam a cidade de Jericó por sete dias e tocaram as trombetas sete vezes no sétimo dia. Tudo isto era sinal para o início da conquista de Jericó. “Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas; ouvindo o povo o sonido da trombeta, deu um grande brado, e o muro caiu rente ao chão, e o povo subiu à cidade, cada qual para o lugar para que ficava defronte, e tomaram a cidade” (Js 6:20). Gideão na luta contra os midianitas reuniu seus homens e deu a cada um dos trezentos valentes uma trombeta. “Pois, ao tocarem os trezentos as trombetas, o Senhor tornou a espada de um contro o outro, e isto em todo o arraiel” (Jz 7:22).
MONTES: Uma importante argumentação. Muitos tentam colocar esta profecia no futuro, mas algo precisa ser observado. Se montes, em profecia, são reinos, então as cavernas e penhascos destes montes são as características dos reinos representados por eles, não são cavernas e penhascos reais. O grande dia da ira de Deus e do Cordeiro aqui retratado era contra o Império Romano dos tempos de Constantino e dias imediatos ao seu governo. Os homens daqueles tempos sofreram as consequências de uma grande revolução social que trouxe transformações radicais no comportamento ocidental.
Contudo, pode-se fazer duas importantes observações. Primeira, é o detalhe do segundo anjo com a segunda trombeta, que indica uma segunda guerra contra o Império Romano. A outra observação, é que na primeira trombeta (invasão dos Godos) os acontecimentos se deram na terra e, agora, na segunda trombeta (invasão dos Vândalos) um grande monte é lançado no mar e indica que os acontecimentos referentes a esta trombeta são no mar. A primeira foi lançada na terra e os acontecimentos foram na terra, a segunda foi lançada no mar e os acontecimentos foram no mar.
CHAVE DO ABISMO: Quem possui uma chave tem poder para abrir ou fechar uma porta ou algo congênere. Isto é notado no livro do Apocalipse, quando diz: “…o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”.[6] Todos os intérpretes entendem que é Jesus que tem a chave de Davi. Ele pregou a mensagem do reino dos céus aos homens.
GAFANHOTOS: Os gafanhotos simbolizam exércitos, povos guerreiros, cavalos de guerra. Um exemplo bíblico que permite entender o sentido simbólico dos gafanhotos é a invasão das terras de Israel pelos midianitas no tempo dos juizes. Diz a Bíblia: “Mas os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor os entregou na mão de Midiã por sete anos. […] Porque sucedia que, havendo Israel semeado, subiam contra ele os midianitas, os amalequitas e os filhos do oriente. […] Porque subiam com os seus rebanhos e tendas; vinham em multidão, como gafanhotos”. (Jz 6:1,3,5) Mais um exemplo é a tomada de Babilônia pelos Medos: “Jurou o Senhor dos Exércitos por si mesmo: Certamente te encherei de homens, como de um enxame de gafanhotos, e eles gritarão em triunfo sobre ti.” “Arvorai estandarte na terra! Tocai trombeta entre as nações! Preparai as nações contra ela, convocai contra ela os reinos de Arará, Mini e Asquenaz. Ordenai contra ela um comandante; fazei subir cavalos, como um enxame de gafanhotos”. (Jr 51:14,27) — Bíblia Versão Contemporânea. Outro exemplo de que gafanhotos representam povos guerreiros está no livro do profeta Joel, quando fala de algumas invasões às terras de Israel por poderosas nações.[7] Jó fala sobre a ação dos cavalos na guerra e os identifica com os gafanhotos: “Acaso deste força ao cavalo, ou revestistes de força o seu pescoço? Fizeste-o pular como o gafanhoto?”[8]
PRINCÍPIO DIA-ANO: Na linguagem literal, tem-se: aquela hora igual a 15 dias literais, e dia é igual 1 ano literal, e mês, que possui 30 dias, é igual a 30 anos, e ano de 360 dias é igual a 360 anos. Soma-se estes valores, totaliza-se 391 anos e 15 dias. O cálculo é baseado no calendário judaico que possui o ano de 360 dias, todavia, a aplicação é feita no calendário romano de 365 dias, então, é necessário um acréscimo de 5 dias, o que resultaria em 396 anos e 15 dias.
CHAGA: A palavra chaga tem uma conotação de perda de influência no aspecto político, econômico e social. A Bíblia fala que uma cidade está com chagas quando ela perde sua influência sobre as regiões que antes dominara. O profeta Jeremias se referiu a Jerusalém como uma cidade cheia de chagas que ninguém mais a procurava.[9]
FOGO: Apesar de ser fácil entender o sentido desta profecia somente pelas atribuições a este período histórico, tais como, Iluminismo e Séculos das Luzes, é bom entender o significado do símbolo empregado: o Sol com o fogo que dele irradia. A Bíblia revela que estas manifestações cósmicas se referen a conhecimento e cultura. O profeta Daniel disse que: Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento. Jesus falou que: os justos resplandecerão como o sol; que os homens podem ser uma luz: Vós sois a luz do mundo. Ele mesmo é a “luz dos gentios”, a “verdadeira luz, que ilumina a todo homem”, “para iluminação do conhecimento”. Há passagens que mostram que fogo significa conhecimento, por exemplo: Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo; vim lançar fogo à terra”; isto é, abrir o entendimento do homem ao evangelho. Ser iluminado, queimado, abrasado representa aumento de conhecimento. Uma citação de Salmos: “Acendeu-se dentro de mim o meu coração; e enquanto eu meditava ateou-se o fogo; então falei com minha língua”. Fogo, calor, luz significam sabedoria e conhecimento.[10] Os homens foram abrasados com grande calor, foram iluminados com grandes conhecimentos.
MORDER A LÍNGUA DE DOR: A palavra dor aparece na Bíblia associada a destruições por guerras, terremotos, fomes, pestes etc. A antiga Babilônia sofreu “dores” e “ais” e muitas outras nações e cidades sofreram “ais”.[11] A língua é o órgão responsável pela fala, ou seja, pela mensagem, consequentemente pelo poder de ditar normas e leis. Morder a língua significa não conseguir falar, ou falar sem expressividade. A frase popular “morder a língua” lembra muito bem o termo empregado. Esta profcia diz, que os homens mordiam suas línguas de dor, isto é, não conseguiam impor uma ordem, uma lei, uma doutrina, a não ser aceitar aquela que, devido os acontecimentos era imposta. Com isto em mente, fica simples o sentido da profecia.
GRANDE RIO EUFRATES: O rio significa uma nação, um reino ou um povo.[12] Um grande rio, é um grande reino. Na Bíblia, as profecias sobre uma determinada nação, são proferidas contra o seu rio mais importante. A profecia sobre o Egito foi, na verdade, contra o Rio Nilo: “E as águas do Nilo minguarão…”. [13] Significava que o Egito seria entregue a um outro governo. Da mesma forma, nesta profecia, as palavras são contra o grande rio Eufrates.
OS TRÊS ESPÍRITOS IMUNDOS: O dragão é simbolismo dos povos. Ele é a soma da força política e cultural de todos os povos de todos os tempos. A Bíblia afirma que o dragão é satanás e que controla e engana as nações.[14] A besta é simbolismo do Antigo Império Romano. Atualmente, a Comunidade Europeia se encaixa nesta simbologia. O falso profeta é simbolismo da religião mundial dominante. As bocas significam autoridade para ditar normas, leis, doutrinas etc.[15] Espíritos são coisas abstratas, e, neste caso, saem da boca, ou seja, são palavras, mensagens, doutrinas. Imundos, quer dizer que são terrenos e não celestiais, são dos homens e não de Deus, não é santo. Semelhantes a rãs é a qualificação do tipo de imundícia. Têm-se, então, três poderes humanos com autoridade para ditar doutrinas de homens. O espírito imundo que saiu da boca do dragão é uma doutrina que nasceu dos ideais e prática de todos os povos do mundo. O espírito imundo que saiu da boca da besta é uma doutrina que nasceu dos ideais e ação dos europeus. O espírito imundo que saiu da boca do falso profeta é uma doutrina que nasceu dos ideais e prática do sistema religioso dominante, a Igreja Romana. Numa afirmativa literal: a Igreja Romana, a Europa e as demais nações do mundo procuraram determinar o destino político, econômico e social dos homens através das doutrinas socialista, comunista e democrática.
GRANDE CIDADE: Se faz necessário uma explicação para os estudantes da profecia. De acordo com contexto, Roma seria esta grande cidade, pois uma expressão semelhante aparece nas profecias dos capítulos 17 e 18 do livro do Apocalipse e, segundo os estudiosos, se trata de Roma, que em séculos passados subjugava as nações. Mas, em Apocalipse 16:9, a grande cidade é símbolo de algum tipo de influência hegemônica no último século, isso descarta Roma. Para corroborar, perceba que a divisão da cidade é consequência do grande terremoto. E este não é literal, se fosse literal teria destruído e não dividido a cidade. Na realidade, a divisão foi de sua hegemonia, de seu poder, de sua influência. E, se o grande terremoto é a globalização econômica, a divisão é consequência deste fenômeno.
[1]. Gênesis 41:28b-32; II Samuel 21:1; Lamentações 4:1-9.
[2]. Levítico 26:26; Ezequiel 4:16,17; II Reis 6:25.
[3]. Salmos 106:29; Êxodo 23:28; Levítico 26:22; Números 21:6; II Reis 2:24; 17:25; Jeremias 8:17 50:38,39.
[4]. Ezequiel 14:12-23.
[5]. Apocalipse 2:1; Daniel 8:10; Isaías 14:12-17.
[6]. Apocalipse 3:7.
[7]. Joel 1:4-6.
[8]. Jó 39:19-20a.
[9]. Jeremias 30:17.
[10]. Daniel 12:3; Mateus 13:43; Id. 5:14; Atos 13:47; João 1:9; II Coríntios 4:6; Mateus 3:11; Lucas 12:49; Salmos 39:3.
[11]Isaías 13:8; Jeremias 22:23; Ezequiel 30:4; Oseias 13:13; Miqueias 4:9 e 10; Apocalipse 18:10, 16, 18 e 19.
[12]. Isaías 8:7.
[13]. Isaías 19:5-7; Apocalipse 17:15.
[14]. Apocalipse 12:9; Lucas 4: 4, 6.
[15]. Ezequiel 21:22, Apocalipse 13:5, 19:15 e 12:16.