O Apóstolo Paulo atesta sobre o Senhor Jesus:
“O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra”, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”, Col 1:15-17
A NVI diz,
O qual é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda criatura, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste”.
A passagem parece dizer que Jesus é o primogênito de toda criatura humana, como também diz que ele criou os céus e a terra e tudo quanto neles há, sendo, portanto, pré-existente, o que é reforçado pela sentença: “Ele é antes de todas as coisas”. É bastante comum para a ortodoxia cristã convencional ler Colossenses 1:16 como referência ao ato da criação do Gênesis. Acredita-se que aqui nesse contexto Paulo está discursando sobre Jesus presente na criação, que Jesus foi o meio pelo qual Deus criou todas as coisas. Mas, será que o Apóstolo dos gentios está discursando sobre a preexistência de Jesus e o apresentando como o criador de todo o universo?
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra… Tudo foi criado por ele e para ele”.
A maioria cristã aprendeu com essa passagem que o uso desta palavra indica que Deus, o Pai, estava com o Filho como parceiros iguais na criação.
Este é um exemplo clássico de como é importante para nós considerar todo o contexto quando estudamos a Bíblia sobre qualquer assunto importante. Ademais, o maior erro das pessoas que lêem versículos isolados é não considerar quem está falando, e quais são as circunstâncias. Aqui, Paulo escreve aos santos na igreja dos colossenses lembrando-lhes quão abençoados eles são de estar em Cristo Jesus e “participar da herança dos santos na luz.” (versículo 12)
Para entender o que ele quis dizer quando escreveu de Cristo como o primogênito de toda a criação, e que nEle foram criadas todas as coisas, é preciso ler todo o texto circundante. Em particular, devemos olhar para os versículos 17 e 18 neste primeiro capítulo.
“E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência.“
Perceberam alguma mudança? Observe que o texto acrescenta que ele é o princípio e o primogênito dentre os mortos. Além do mais, como mostro mais adiante, a palavra sobre Jesus, atestando que ele é antes de todas as coisas, significa que ele é superior a todas as coisas, que ele tem autoridade e primazia, e não que ele é “antes de todas as coisas” criadas no Gênesis. O contexto aqui não trata da criação original dos céus e da terra.
Parafraseando o texto: “Ele é superior a todas as coisas… ele é o cabeça… para que em tudo tenha a preeminência“.
As próprias palavras dos versículos 17 e 18 expostas mais acima falam por si só, elas são auto-explicativas e são consistentes com outros versos, como a profecia do Salmo 89:27. Este fala sobre um evento que ainda era futuro quando os Salmos foram registrados, “Também por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra“.
Os fatos bíblicos nos mostram que Paulo não está se referindo ao ato da criação do Gênesis em Colossenses 1:16. Ele está falando sobre a nova criação, a criação da estrutura de autoridade no reino de Cristo, a nova criação que é a reconciliação do velho. Paulo tinha em mente o que pode ser chamado de “nova criação” que teve início com a vitória de Cristo. Paulo passa a definir esta criação como compreendendo todas as coisas “no céu e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele“. Assim, Jesus é o primogênito e as primícias de uma nova criação – chamado de um “novo e vivo caminho” em Hebreus 10:20. Tudo foi feito por ele e por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Quando vemos a palavra “criar” ou “criação” não podemos simplesmente assumir que se refere ao relato da criação de Gênesis. Deus está criando de novo através de, e em Cristo. Em Efésios 2:10, Paulo diz que somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus. Nós morremos para a velha criação e nascemos de novo para a nova criação de Deus. Em 2 Coríntios 5:16-19, aprendemos que Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo e se estamos em Cristo ressuscitado fomos reconciliados com Deus e participamos de uma nova criação.
“Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo. Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. 2 Cor 5:14-19. Se alguém está em Cristo pelo batismo, ele é uma nova criação. Observe o verso chave,
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”, v 17
Assim uma pessoa “em Cristo” é descrito como uma “nova criatura”, ou “nova criação” (Gl 6:15), e que as “coisas” que em Cristo é dito terem sido criadas e estão “nele”, é, obviamente, esta “nova criação” citada pelo apóstolo Paulo. Cristo é o começo desta nova criação de Deus (Ap 3:14), abrindo o caminho para que seus seguidores possam atingir o mesmo objetivo (Filipenses 3:21, 1 João 3:1-2).
Estas novas criaturas não podem viver conforme a velha criação. O planeta literal não pode ser creditado por estar em Cristo. A criação anterior permanece existindo paralela à missão completa de Jesus, estando ainda subjugada ao príncipe deste mundo. Portanto, a nova criatura participa da nova criação apresentada por Paulo em Colossenses, o qual insiste: “nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra”, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele”.
No verso 18, Paulo fala de Jesus como “o primogênito dentre os mortos”, o que é uma referência a ser ele o “primogênito de toda a criação”. Ou seja, o primogênito da nova criação de Deus. Primogênito por que foi o primeiro a ressuscitar e não morrer mais, o que também nos deu o direito de participarmos da ressurreição sendo novas criaturas de uma nova criação. Devemos aceitar isso pela fé, pois o Apóstolo afirma categoricamente que nós fomos ressuscitados por Deus juntamente com Jesus e estamos assentados nas regiões celestiais ( Efésios 2:6). Em 2 Sam 7: 14 e Salmos 89:27 falam de um descendente literal de Davi a se tornar o primogênito de Deus com a profecia enfatizando um acontecimento no futuro. Isso demonstra claramente que o Filho não existia na época que as passagens foram escritas, Jesus tornou-se “o Filho de Deus com poder” por sua ressurreição dentre os mortos (Rm 1:4). Deus “ressuscitou Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje te gerei” (Atos 13:32,33). Pela sua ressurreição, Jesus tornou-se o primogênito de uma nova criação. Sua ressurreição foi o selo de aprovação do Pai, no Filho (Rm 1, 1-4). Isto constituiu o Primogênito.
Paulo escreveu: “Ele é … o primogênito dentre os mortos, para que em todas as coisas ele tenha a preeminência” (Cl 1:18). Ele é o “primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29), o que deve ser associado ao contexto de Jesus como ”o primogênito de toda criatura” ou a criação, que é o sentido em Apocalipse quando fala do “primogênito dentre os mortos … o princípio da criação de Deus” (Ap 1:5; 3:14). Jesus foi o primeiro a ser ressuscitado para a imortalidade (Lázaro e outros ressuscitados nas Escrituras morreram posteriormente). Uma vez que Jesus é o primeiro homem a ser ressuscitado para a imortalidade, fez dele o “primogênito dentre os mortos”, o primeiro e o último descrito em Apocalipse 2:18, chamado por Paulo o novo homem,
Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, Efe 2:15
E vos renoveis no espírito da vossa mente; E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade, Ef 4:23,24
O novo homem, a nova criatura, não mais se ajusta ao mundo presente, mas para ele também foi antecipado viver sob uma nova criação – esta é a mesma ideia que vemos aqui em Colossenses. Jesus foi a primeira pessoa a ressuscitar dentre os mortos e ter a imortalidade, sendo o primeiro da nova criação, e os verdadeiros crentes seguirão o padrão em seu retorno.
Cristo é a “cabeça do corpo, da igreja”. Consequentemente também pode ser dito que ele é o criador deste novo e vivo caminho. Foi a sua vida de obediência à vontade do Pai e do seu sacrifício fiel que lançou a pedra fundamental do seu templo espiritual, o corpo de crentes. Ele também é considerado o “autor e consumador da nossa fé” em Hebreus 1:2. Todos estes termos de louvor e exaltação são apropriados para Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre na nova criação. Jesus é o autor, o Senhor, o criador desta nova ordem de coisas.
“Porque nele foram criadas todas as coisas que estão no céu, e que estão na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades: tudo foi criado por ele e para ele”, Colossenses 1:16.
Certamente Paulo não está aqui nos dando uma aula de teologia sistemática relacionado à criação original dos céus e da terra. Observe que o contexto não revela que Cristo criou todas as coisas. Um exame atento da passagem irá revelar algo estranho e curioso, pois afirma que ele criou todas as coisas “no céu”. Isso incluiria o próprio Deus, para não falar dos anjos!
Isso está, obviamente, fora de ordem. Certamente, a criação falada em Colossenses um, refere-se à nova criação através do trabalho de Jesus, quando foram criadas todas as coisas: tronos, domínios, salvação, perdão, reconciliação, novo homem e tudo que diz respeito a antecipação do reino de Deus na terra. Paulo não diz que Jesus criou todas as coisas e, em seguida, nos mostra exemplos de rios, montanhas, pássaros, etc. O sentido em dizer que “nEle foram criadas todas as coisas nos céus e na terra” diz respeito ao seu domínio nas eras que se seguiram a sua ressurreição e ascensão e a sua vitória sobre a desordem causada pela queda do homem. Assim, podemos também ler em Efésios 2:6, como a ordem das coisas mudaram no céu, pois aqui é dito que os crentes estão em Cristo como assentados em “lugares celestiais”.
O contexto de Colossenses não diz que Jesus é o primogênito da velha criação, pois se ele adentrou a este mundo em semelhança da carne do pecado (Rom 8:3) crucificando com ele nosso velho homem, levando-o a sepultura (Rom 6:6-8), vantagem alguma haveria neste louvor Paulino de Colossenses capítulo um. O Novo homem não nasceu da antiga criação. Toda criação humana está ainda torta, sujeita à vaidade, na servidão da corrupção, gemendo e labutando na dor como resultado do pecado de Adão (Romanos 8:19-22). A velha criação humana está agora sob a servidão da corrupção, e não pode libertar-se (Romanos 5:12; 1 Pedro 4:1-4)
Colossenses ensina que houve uma mudança enorme feita na posição espiritual de muitas criaturas, as quais agora podem experimentar os efeitos da missão do nosso Salvador, que é aquilo que apenas se transforma em realidade para àqueles que crêem em Cristo e estão nEle. O mundo não pode experimentar essa realidade presente,
“Porque Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado”, Cl 1:13.
É importante lembrar aqui que foi o próprio Cristo quem descreveu a criação original como sendo trabalho de Deus, e não dele,
“Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá”, Marcos 13:19. Compare com Heb 4:4, onde Deus, não Jesus, descansou da obra da criação,
“Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia”.
Parece que muitos não consideram Isaías quando testifica que Deus criou tudo sozinho,
A João Ferreira de Almeida Revista Atualizada, diz,
Isaías 44:24 “Assim diz o SENHOR, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra”.
João Ferreira de Almeida Atualizada,
“Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a terra quem estava comigo?”, Isaias 44:24
Observe a versão Almeida Corrigida e Revisada, Fiel,
Isaías 44:24 “Assim diz o SENHOR, teu redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o SENHOR que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo”.
A NTLH piora bastante a situação,
“O SENHOR, o Salvador de Israel, diz: “Meu povo, eu sou o seu Criador; antes que você tivesse nascido, eu já o havia criado. Sozinho, eu criei todas as coisas; estendi os céus e firmei a terra sem a ajuda de ninguém”.
Paulo, na verdade, parece dar uma descrição exata do que ele quer dizer com “todas as coisas” criadas – “tronos, poderes, governantes, autoridades“, ou seja, Cristo está sendo chamado de criador porque está nos dando uma antevisão do seu reino na terra. Em outras palavras, “todas as coisas” – neste caso, “tronos, dominações, principados e potestades” – foram criados em Jesus, através” dele e “para” ele. Paulo não está dizendo aqui que Jesus foi o criador no versículo de abertura de Gênesis , mas que ele era o centro da hierarquia cósmica de Deus. Todas as autoridades deveriam ser submetidas ao Filho, que iria finalmente entregar tudo de volta para o Pai, o Senhor a quem devia fidelidade, para que “Deus (o Pai) possa ser tudo em todos” (1 Cor. 15:28). E é exatamente isso que nos esclarece o contexto da passagem em discussão. Observe,
Colossenses 1:20 “… havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus”.
Paulo diz que quando Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, e foi colocado à mão direita de Deus nos “lugares celestiais”, sua nova posição levou a um estado “muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que pode ser dado , não só no presente século, mas também no vindouro” (Efésios 1:21). Não só isso, mas “Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés” (v. 22). Colossenses 1:17 ecoa, ao dizer que “nele tudo subsiste“; Colossenses 2:10 descreve-o como “a cabeça de todo poder e autoridade“. Deus recompensou a “obediência até a morte” de Jesus e muito o exaltou dando-lhe o nome que está acima de todo nome, o que Paulo confirma, “Ao nome de Jesus todo joelho deve se curvar, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:8-11) .
Estas atribuições de autoridade suprema a Cristo, sob Deus, sugerem que, quando Cristo veio para ser assentado à destra de Deus, ele – por sua vez – criou um novo sistema de regências entre os seres angelicais, bem como preparou um lugar de honra diante do Pai para todos os seus fiéis, tanto no presente como na idade vindoura (João 14:2,3). Tudo isso é, então, parte da “nova criação.” É esta a nova criação o tema de Colossenses 1:15-17.
O impacto da ressurreição de Jesus foi tão grande que, mesmo agora, um seguidor do Senhor é elevado a uma posição de privilégio em relação a Deus e Seu Filho, descrito como “os céus em Cristo” (Ef 1: 3). Esses “céus” foram trazidos à existência por meio de Cristo, e eles são os precursores dos políticos “céus” para se manifestar na idade para vir quando ele governará na terra. Neles são encontrados gradações de autoridade, descrito como tronos, dominações e assim por diante, alguns dos quais são visíveis e alguns dos quais ainda estão para se manifestar, e, portanto, ainda são invisíveis. A ordem das novas coisas, incluindo céus e terra, mundo por vir, ressurreição dos santos, redenção e etc, foram criadas por ele e para ele, sendo que tudo será revelado após a volta do Senhor Jesus.
Para resumir, Colossenses 1:16 não ensina a criação literal dos céus e da terra por Jesus, porque:
- Entra em conflito com o testemunho do Antigo Testamento, que ensina que foi Deus que criou.
- Os céus, e tudo criado por ele, em questão aqui em Colossensses, só podem ser entendidos quando aplicados para as coisas espirituais.
- Outras expressões do Apóstolo alinham os “céus” para posições de privilégio em Cristo.
Antes de Todas as Coisas
O versículo 17 diz que Cristo é “antes de tudo” – pró panton, no grego. Esta frase foi tomada como prova de sua preexistência pessoal. Mas é preciso ter cuidado, pois o verbo aqui está no tempo presente – “é”, e não “era”. Paulo não nos diz que Cristo “foi” antes de todas as coisas, a evidência de preexistência. Portanto, esse “antes” deve ter outro significado. A palavra grega usada aqui – pro – tem três usos comuns: antes, no sentido de lugar – na frente; antes, no sentido de tempo = “antes”, e antes, no sentido de preeminência, rank , ou vantagem . O último uso é visto em 1 Pedro 4:8 – pró panton, “antes de todas as coisas“, ou seja, “acima de todas as coisas” = “mais importante de todas“. Aqui, pro, não tem nada a ver com o tempo ou lugar, mas sublinha como o amor cristão é preeminente acima de todas as outras virtudes. Tiago 5:12 é um outro exemplo do mesmo uso da frase pro panton .
Dizer, portanto, que Cristo é pró panton é dizer que a ele é dado o primeiro lugar no universo todo de Deus. Isto lembra o episódio em que Faraó exalta José para o “primeiro lugar” no Egito. Ele lhe disse: “Você deve estar no comando do meu palácio, e todo o meu povo se sujeitará às suas ordens. Somente em relação ao trono eu serei maior do que você. . . Tenho a honra de colocar você no comando de toda a terra do Egito. . . Eu sou o faraó, mas sem a sua palavra ninguém levantará a mão ou o pé em todo o Egito” (Gn 41:40, 41, 44). Este é o tipo de preeminência e regência que Deus concedeu ao seu filho – para ser mais de todos os outros seres – tipificado apenas vagamente pela história da própria exaltação de José!
Paulo também declara que em Cristo “todas as coisas subsistem” – sunistemi, no grego. Vários são os significados, sendo que o mais coerente deles é “coerente”. É isso mesmo, pois todas as coisas coerentes em Cristo dão um significado coerente para o universo. Ele é a razão para tudo isso, porque ele é o Filho unigênito de Deus, a perfeita imagem do próprio pai. Outra definição é “ter o seu lugar próprio“. Todas as coisas no universo têm o seu lugar próprio, projetado pelo Criador, e estão em perfeita relação e harmonia com “o Filho a quem Deus ama” (v. 13).
A liderança de Cristo sobre a igreja é um tema frequente nos escritos de Paulo. O versículo 18 declara sua chefia, e passa a chamá-lo de arche, “princípio”. Esta palavra também significa “governante, autoridade”. Ele dá mais ênfase ao tema de Paulo da preeminência de Cristo e a autoridade suprema em Deus, sendo que a autoridade conferida agora faz com que todas as coisas começem e terminem em Cristo. Como o início da nova criação, ele é o “primogênito dentre os mortos“, o primeiro ser humano a subir imortal da sepultura e tornar-se assim um “participante da natureza divina” (2 Pedro 1:4). Como Senhor e também sendo “o primeiro a ser ressurreto” dentre os mortos, porque ele, por sua vez é o Doador da vida, o Príncipe da Vida, sua voz irá despertar os mortos de seus túmulos (João 5:21-29, Atos 3:15 ). E é pela ressurreição dos mortos que ele alcança sua posição suprema (v. 18: “para que”). Isto significa que ele não tinha essa posição antes.
Como sempre, o contexto (inimigo odiado dos trinitarianos) é um fator importante na interpretação. O foco de Paulo nesta passagem é sobre a “herança” (futuro) “reino”, e “autoridades” (Cl 1:12, 13, 16). Isto sugere fortemente que ele tem em mente a nova criação em Cristo que é o rei messiânico da nova ordem de Deus.
A Deus toda Glória