Este estudo não está conforme nossa crença, mas serve para entendermos e comprovarmos que Jesus não é a primeira criação de Deus, como alguns irmãos estão apresentando aqui no Brasil. A Igreja de Deus (7º Dia) de Denver, apesar de ser binitária, isto é, ela entende que Jesus é Deus, não se utiliza dessas passagens para comprovar sua teoria, seguindo a opinião corrente, pois, segundo ela, claramente estas passagens não estão falando que Jesus foi a primeira criação de Deus.
Jesus criado ou gerado?
Devemos notar que há uma importante diferença entre o ato de “criar” e o ato de “gerar”:
Criar = fazer = dar origem a algo de natureza distinta.
Gerar = ser o Pai de = dar origem a algo da mesma natureza.
O ser humano pode criar uma estátua, mas gera um filho. O que o ser humano faz ou cria não é humano; o que gera é. O que Deus cria não é divino; o que gera é.
Deus criou os anjos e os seres humanos, mas gerou seu Filho (João 3.16; 1 João 4.9).
“Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.” 1 João 4.9
Os termos usados na Bíblia em relação a Cristo como “gerar” e “Filho” servem para que pensemos em Cristo não como criatura, mas como alguém gerado sobrenaturalmente de dentro do próprio Deus.
Deus é eterno, está além dos limites do tempo; logo, se o Filho tem a natureza do Pai, então Ele é eterno, tal como o Pai.
Alguns “argumentos” são usados para defender a criação de Cristo e não a sua geração, nomeadamente, Colossenses 1.15 e Apocalipse 3.14.
Vejamos esses dois textos.
Colossenses 1.15 – “o primogênito de toda a criação”.
“O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;” Colossenses 1:15
A palavra grega usada é “prototokos”, que significa primeiro gerado. Para primeiro criado, teria sido usada a palavra “protoktistos”.
A palavra “prototokos” é usada no Novo Testamento em dois sentidos:
sentido literal: o primeiro a nascer
sentido figurado: o superior hierárquico ou aquele que tem a proeminência.
O tipo de uso tem de ser determinado pelo contexto. Em relação a Cristo, esta palavra é usada em sentido figurado cinco vezes (Romanos 8.29; Colossenses 1.15; 1.18; Hebreus 1.6; Apocalipse 1.5) e somente uma vez em sentido literal (Lucas 2.7).
No que diz respeito a Colossenses 1.15, o seu uso significa que Jesus tem a proeminência sobre toda a criação, visto ser ele o Criador.
No contexto da carta aos Colossenses, compreendemos que o apóstolo Paulo pretendia refutar os ensinamentos dos falsos profetas que reduziam Cristo à condição de anjo e adoravam os anjos (Colossenses 2.18-19).
“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.” Colossenses 2:18-19
Apocalipse 3.14 – “o princípio da criação de Deus”
“E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” Apocalipse 3:14
A palavra grega traduzida por “princípio” é “arche”, que pode significar “primeiro no tempo, ordem ou lugar”, “causa prévia”, “governante, autoridade ou principado”, “esquina ou canto” (no sentido de ponto de partida).
A palavra “arche” de Apocalipse 3.14 deve ser entendida como causa primeira, ou seja, a origem da criação, e nunca como o primeiro a ser criado. Jesus é o determinante pelo qual toda a criação existe.
Em relação à argumentação que nega a “geração” de Cristo e defende a Sua “criação”, cabe perguntar:
Como pode Cristo ter sido criado se Ele é o criador de todas as coisas? (pelo menos sete vezes apresentado como tal no Novo Testamento) – João 1.3;1.10; 1Coríntios 8.6; Colossenses 1.16; 1.17; Hebreus 1.2; 1.10.
A Bíblia fala-nos do termo “gerado” muito mais do que criado (nas traduções portuguesas o termo “unigênito” tem o significado de único gerado e o termo “primogênito” tem o significado de primeiro gerado): João 1.14; 1.18; 3.16; 3.18; Hebreus 1.5; 1.6; 1 João 4.9.
Cristo é designado pelo menos 129 vezes no Novo Testamento como “Filho”, o que pressupõe geração e não criação, ou seja, termos em relação com a natureza ou composição, que indicam que a natureza do filho é semelhante à do Pai Celestial.
Assim, no Novo Testamento existem pelo menos 143 versículos que apresentam Cristo como gerado e apenas dois que poderiam levantar algumas dúvidas quanto ao ter sido criado, e que já vimos, não têm esse significado.
Extraído do e-book: Eu e o Pai somo um, da Igreja de Deus de Denver.