Quem é Samael? #
Na Cabala era um dos Sete Anjos que estavam diante do Trono de D’us eles são representações dos Poderes Divinos. Tais poderes cósmicos podem ser polarizados tanto positiva quanto negativamente dentro do ser humano. A Polaridade negativa da energia cósmica é simbolizada em Samael, cuja consorte é Lilith.
Nas tradições judaicas ele é identificado como o Anjo da Morte, o chefe do quinto céu e também um dos sete regentes do mundo material e tem em seu comando por bilhões de anjos.
Conta-se que Samael tomou Lilith como sua esposa depois que esta repudiou Adão. Segundo o Rabi Eliezer, ele (Samael) foi o encarregado de tentar Eva. Após seduzi-la e copular com ela, engendrou Caim.
Também é considerado o anjo que lutou com Jacó (Genesis 32:24-31) e o anjo que segurou o braço de Abraão no momento do sacrifício de Isaque (Gênesis 22:1-13). Segundo a Cabala é descrito como a “ira de D’us” e é considerado o quinto arcanjo do mundo de Briah. Foi o anjo guardião de Esaú, Regente desta dimensão material, segundo a tradição foi ele que teve a missão de tentar o povo no deserto e persuadi-los a introduzir a idolatria através do bezerro de ouro, enquanto D’us entregava a Torah para Moshé.
Samael corresponde a Sefirot Geburah, significando “a severidade”. Os demônios associados a ele são descritos como monstros amarelos. Geburah também está associado ao racionalismo, ao intelectualismo, a justiça cega e ao oculto. Assim sendo, Samael se converte no justiceiro impiedoso, responsável por executar o olho por olho-dente por dente, aquele que utilizando a lei não tem piedade. Por isso é considerado por leigos como maligno.
A visão cristã #
Na crença cristã, Satanás é um anjo caído que tem liberdade de escolha e se rebela contra D’us. Os cristãos usam convenientemente “Satanás, para explicar qualquer comportamento mau ou irracional (como não acreditar em Yeshu como messias ou deus). O chamado Novo Testamento é um terreno fértil para essa perspectiva. É somente aqui que Satanás se torna um anjo do mal e rebelde, quando provavelmente o personagem chamado Satanás evoluiu para um anjo maligno e inimigo de D’us, baseado no dualismo teológico persa, onde essa idéia está presente.
A visão judaica #
Ele (Satanás) está claramente subordinado a D’us, um membro de Sua corte celestial (Heb. Beni ha-elokim), que não pode agir sem a sua permissão. Em nenhum lugar é, de qualquer forma, um rival de D’us. Os cristãos da Enciclopédia Judaica dizem que foi Satanás quem criou o mal, isso é completamente fraudulento, de acordo com nosso Tanach: “Eu (D’us) formo a luz e crio as trevas”, (Isaías 45: 7). Deus cria todas as coisas, não apenas as boas. Não há um único versículo em todo o Tanach que diga que Satanás criou o mal ou desobedeceu uma ordem de D’us. No Tanach, Satanás é um servo obediente de D’us que cumpre o papel de acusador do homem na corte de D’us.
Criações de tentações #
D’us criou a tentação de fazer o mal em parte para provar nossa lealdade e em parte para nos melhorar. É por isso que a palavra (Satanás) em hebraico significa literalmente um adversário (Números 22:22) que vem nos desafiar. Encontramos essa noção em todo o Livro de Jó, onde D’us dá a Satanás permissão para desafiar o justo Jó. De fato, uma das expressões mais dramáticas e poderosas da luta do homem com D’us e sua consciência envolve Jó e Satanás. D’us havia dado a Satanás permissão para afligir Jó com todo tipo de dificuldades e infortúnios. Por sua vez, Jó perde sua família e seus bens e é afetado por furúnculos e doenças. Sentados em agonia, seus colegas íntimos comentam: “Sua misericórdia é sua bobagem”. Até sua esposa o incomoda e diz: “Você ainda mantém sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra”. Mas Jó lhes diz: “Você fala como alguém que é desprezível. Devemos aceitar apenas o bem de Deus e também não aceitar o mal?” (Jó 2: 9-10)
Pergunta: que espírito atormentava o Rei Saul? #
Resposta: É uma figura de linguagem para descrever o “yetzer hara” inclinação para o mal que cada ser humano tem quanto mais se afasta de D’us. Acontece com as pessoas, ou mesmo já aconteceu com você, de encontrar alguém que esta cheio de ira e raiva praticamente descontrolado. De repente, chega alguém que começa a conversar com ela, trocando boas ideias e a natureza das coisas melhoram aos poucos, a raiva, o ódio e o descontrole passam.
Na verdade esta é uma luta interna do próprio homem e de cada um. Cabe ao homem não se deixar alimentar e seduzir e reagir por este sentimento interno dele. Se o próprio homem trabalhar isto internamente ainda que ocorra algumas vezes, mas não será como viver como escravo desses sentimentos. Quanto mais o homem se entrega a ele e deixa de ser racional para ser irracional por causa deles, mas sua alma humana (nefesh) será subjugada pelo yetzer hara. Disse D’us: veja que tenho colocado dois caminhos diante de ti o do bem e o do mal, escolha portanto, o do bem para que viva.”
Quem colocou o yetzer hara inclinação para o mal e o yetzer hatov inclinação para o bem dentro de cada homem?: ”D’us”. Por quê? Para que o homem se esforce e trabalhe suas midot (virtudes) qualidades e supere seus defeitos para que sua alma (nefesh) se eleve e sua materia haguf (corpo humano) se aperfeiçoe para que consiga bons resultados enquanto estiver neste mundo físico. Quando um dia deixar este mundo físico e voltar para o gan eden (Paraíso) terá todo o prazer e recompensa por todo o esforço de seu árduo trabalho de retificar seus erros e de melhorar sua personalidade.
Quando você consegue bons resultados em relação a algo, não se enche de orgulho e felicidade? Imagine este sentimento multiplicado por ”agradar a D’us”. Shaul tinha todas as ferramentas dentro de si mesmo para se esforçar e retificar seus terríveis defeitos de personalidade. Controlar seu ódio por Davi, (como D’us disse para Caim ”seu desejo é contra você, mas cabe a você derrotá-lo”).
Muitos acham o trabalho humano de aperfeiçoamento do caráter um esforço pessoal muito exaustivo. Shaul preferiu não se esforçar contra seu próprio yetzer hara mas alimentá-lo ainda mais com suas perseguições a Davi, que o próprio D’us tinha dito para deixa-lo em paz. Com suas desobediências diversas ao próprio D’us, alimentando seus caprichos humanos, quanto mais forte a pessoa vai deixando seu yetzer hara, mais espiritualmente cega e fraca ela fica.
Isto aconteceu com Shaul e pode acontecer comigo com você. Pois o bem (yetzer hatov) e o mal (yetzer hara) são dois caminhos colocados de propósito por D’us dentro de nós para que entendamos e aceitemos que precisamos nos esforçar e não nos acomodar a uma vida estabilizada em nossos próprios pensamentos e sentimentos, mas nos dedicar a uma vida de aperfeiçoamento.
Conclusão #
A missão de toda pessoa consciente é vencer as tentações e fazer a coisa certa. A própria Torá (Gênesis 4: 7) ensina que é uma missão ao nosso alcance cumprir. Não há nada a temer das tentações de Satanás quando alguém se concentra na piedade e no auto-aperfeiçoamento. (Rav Berl Schtudiner z”l).
“D’US criou um anjo para desempenhar o papel de provocador; ele é um mensageiro e subordinado do D’US. Ele não é um anjo caído nem enviado do inferno, que começou a lutar contra D”US; ele foi criado por D’US para ser hasatan (o nosso opositor). Satanás também não passa os seus dias assoprando as chamas do inferno com a sua forquilha, ele é uma presença na terra com uma missão especifica que foi dada por D’US: provocar as pessoas para contrariar a vontade de D’US.
De fato, a noção dualista de uma poderosa figura anti-D’us que luta contra D’us pelo destino e poder sobre raça humana é incompatível com a crença judaica. Não há poder do mal independente de D’us; caso contrário, isso implicaria uma falta de controle e poder integrais de D’us. Para citar o livro de Isaías: [“… desde o lugar onde o sol sai até o lugar onde se coloca, não há nada mais do que Eu. Eu sou D’us, não há mais nada. [EU SOU] quem forma luz e cria escuridão, quem faz a paz e cria mal; eu sou D’us, Quem faz tudo isso”. (Isaías 45: 7)]
Obviamente, então, Satanás não é uma força autônoma e independente, com vontade própria que se opõe a D’us e recruta pessoas para a sua milícia. Mais bem, satanás é uma entidade espiritual, um anjo, que é completamente ‘fiel’ ao Seu Criador. Por exemplo, no que diz respeito à história bíblica da tentativa particularmente agressiva do Satanás de seduzir Jó para que acanhe, o rabino Levi declara no Talmud: [“Satanás agiu por amor a D’us. Quando viu como D’us estava tão concentrado em Jó, disse :” não se permita que D’us esqueça o seu amor por (‘nosso’ antepassado) Abraão!”” (Bava Batra, 16 a.)]
[O Zohar compara satanás com uma meretriz contratada por um rei para tentar seduzir o seu filho, pois o rei quer provar a moralidade e a dignidade do seu filho ao reino. Tanto o rei como a meretriz (que é dedicada ao rei) realmente querem que o filho se mantenha firme e rejeite seus avanços sensuais. A meretriz, no entanto, deseja que o filho do rei seja capaz de resistir aos seus avanços e se mostra digno e integro, somente assim, ela mesma também poderá confiar nele como ser humano e um bom líder para seu povo. Na verdade, a meretriz se alegra que o filho do rei a renuncie e se mantenha firme. De forma semelhante, o satanás é apenas mais um dos muitos mensageiros espirituais (anjos) que D’us envia para cumprir o seu propósito na criação do homem. (Zohar vol. 2, p 163 a. Assista também tanya capítulos 9 e 29.)]
Esta não é a descrição completa do trabalho de Satanás. O Talmud resume-o dizendo que Satanás, o impulso ao mal (“Yetzer ha-ra”) e o anjo da morte são a mesma personalidade. (bava battra, ibid.). Assim como (“Yetzer ha-Tov”) é nossa neshema (alma divina, a mesma que D’us soprou em Adão, nossa alma espiritual criada a imagem e semelhança de D’us.
No entanto, o passo acima mencionado em zohar conclui que se uma pessoa que sucumbir à insistência da inclinação para o mal, estará “dando energia para o outro lado”, isso significa que um ato que desafie a vontade de D’us confere a estas forças, que escondem da presença de D’us e da sua vontade, força adicional para esconder ainda mais de D’us. Isso se apresenta como desafios internos e externos ainda maiores para que uma pessoa possa experimentar e se identificar com as verdades de D’us e sua Torá.
Um exemplo extremo disto seria o Faraó, que escravizou o povo judeu no Egito. Embora D’us dissesse a Moisés que ordenou a faraó que libertasse os israelitas, afirmou que ” Eu tenho endurecido o seu coração e o dos seus servos”, (Êxodo 10: 1), para punir os egípcios com as dez pragas. Em consequência da sua anterior opressão e abuso da nação judaica, a sua capacidade de abandonar os seus maus caminhos tornou-se ainda mais difícil, até ao ponto de que parecia ter perdido a liberdade de escolha, e a sua visão e capacidade de se arrepender, (Maimônides, LEIS DE ARREPENDIMENTO 6: 2). Não há nada que possa, em última instância, parar quem realmente procura retornar, (Talmud de Jerusalém, PEAH 1: 1.). Por isso, o faraó também era capaz de superar este bloqueio e, em última análise, de se arrepender. Como se explica em detalhe em por que foi punido o Faraó. (Baseado em Likutei Sichot, Vol. 6, PP. 65-66.). Também ler Maharsha a Chagigah, 15a.
Portanto, mesmo quando alguém parece estar completamente inclinado a obedecer satanás, o mau vem como retribuição divina por suas más ações, não por causa de uma escolha realizada com base numa negociação com o diabo. O homem nunca está completamente vencido e pode vencer o seu instinto e o seu impulso para agir dessa forma. Ser completamente vencido sem esperança de redenção seria contraproducente para a intenção de D’us na criação do homem, e isto não poderia existir.
Independentemente de onde você caiu, nunca se venda a estas forças impuras e a tua alma poderá lutar livremente e voltar a comprometer-se a servir a D’us com sinceridade e paixão. O machado do fervoroso remorso e arrependimento pode derrubar qualquer muro, seja pré-existente ou criado por suas ações, limpando o caminho para que você volte para casa, para o seu verdadeiro ser.” (Andre Artes Portus) Una Mirada Al Judasimo Y Sus Preceptos Eternos
Referencia: Chabad , Morashá.
O texto original foi retirado de Judaísmo: História, Fundamentos e Práticas, aqui sofreu edições para organizar algumas informações.