O Império Romano acabou no Ocidente, mas continuou no Oriente até o século XV, sob a cidadania romana e a cultura grega. O Império Oriental, ou Bizantino, como também era conhecido, ostentava o orgulho e o poder dos romanos, cuja capital era protegida por fortes muralhas.
Estamos no primeiro milênio da Era Cristã. Até o presente momento, observamos o Cordeiro abrindo os sete selos do livro. Eles guardavam a revelação da História. Os seis primeiros simbolizaram a decadência do Império Romano. O sétimo selo, que engloba uma cadeia de profecias, as sete trombetas, representa a queda do Império. As quatro primeiras trombetas representaram a queda da parte ocidental. As duas próximas trombetas mostrarão a queda da parte oriental. A quinta e sexta trombetas são as invasões muçulmanas e turcomanas no Império Oriental.
O ISLÃ: Quando os homens foram atormentados #
O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caíra sobre a terra… Apocalipse 9:1a
Final do século VI, nasce um homem que mudará a História. Ele fundou uma religião, criou um novo conceito sobre Deus, arregimentou um exército, proclamou uma “guerra santa”. Mesmo depois de morto, milhões de fiéis seguiram suas ordens. E ai daqueles que não lhe obedecessem.
Essa profecia retrata a invasão dos exércitos muçulmanos no Império Bizantino e a algumas partes do mundo ocidental. O objetivo dessas invasões foi disseminar o islamismo como uma alternativa religiosa aos romanos. Maomé, fundador do Islã, foi representado pela estrela que do céu caiu sobre a terra.
Os símbolos estrela e anjo representam uma pessoa que possui grande influência, principalmente através do poder da palavra.[1] O toque de trombeta significa guerra. Isso permite uma definição concreta: uma quinta batalha contra o Império Romano comandada por uma pessoa influente.
O anjo e a estrela dessa trombeta figuram Maomé e sua mensagem. Essa estrela que do céu caíra sobre a terra é o fundador do islamismo. Maomé era, e sempre é, representado por uma chama. É notável a sua influência religiosa sobre a humanidade através da religião que fundou. Segundo Joseph Rhymer, a religião islâmica se tornou o maior empecilho à contínua expansão do cristianismo. Ela veio do deserto arábico, onde Maomé nasceu, em Meca, por volta de 570 d.C. O Islã consiste num rigoroso monoteísmo que ensina que Alá é o único Deus do universo, o qual deve ser adorado com exclusividade.[2]
Maomé convocou uma “guerra santa” contra o mundo romano com o objetivo de converter os homens a Alá. Sob a influência do islã, os muçulmanos trouxeram o primeiro “ai” do Apocalipse sobre a Europa, no sentido de que suas conquistas transformaram as nações romanizadas em territórios exclusivamente islâmicos.
A Difusão do Islã #
… e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha; e com a fumaça do poço escureceram-se o sol e o ar… Apocalipse 9:1b,2
Essa parte da profecia retrata a difusão do Islã. Maomé fundou uma nova religião, que disseminou uma mensagem pelo mundo romano. A estrela recebeu uma chave, com ela abriu o poço do abismo e saiu uma grande fumaça que escureceu o sol e o ar.
O brilho do sol simboliza no mundo real: cultura, conhecimento, sabedoria, santidade, justiça.[3] O ar nos dá uma ideia de universalidade. A fumaça representa doutrina, mensagem, adoração. A chave do abismo representa o poder para formular uma doutrina religiosa. Simbolicamente, quem possui uma chave tem poder para abrir ou fechar uma religião. Jesus tinha a chave de Davi, Ele inaugurou uma religião.[4]
Semelhantemente, Maomé tinha uma chave, porém do poço do abismo. Ele também abriu uma religião, o Islã. A idolatria reinava no mundo romano, e Maomé se aproveitou disso para divulgar a sua doutrina. A doutrina islâmica se espalhou contra a idolatria romana por todo o Império Bizantino como fumaça cobrindo o ar. O pouco que restava da cultura grega foi substituído por um sistema mais rudimentar de vida, a muçulmana.
Essa nova doutrina, o Islame, é uma mistura de superstições árabes com ideias cristãs e judaicas. Ensina a existência de um só Deus, Alá, que enviou à Terra vários profetas, como Abraão, Moisés, Jesus, os quais revelaram parte da verdade religiosa; depois enviou Maomé, o último e o maior. Os fiéis devem crer na imortalidade da alma, no juízo final. Alá tem a sorte dos homens escrita no livro do destino (fatalismo). Os que morrem por sua causa e os bons irão para um paraíso de sete céus, cheio de prazeres materiais.[5]
O paraíso que Maomé descrevia era um verdadeiro jardim de delícias: lá não faltavam alimentos saborosos, água gelada, divãs adornados de pedrarias, belas mulheres — as huris — e, principalmente, a visão de Deus, que provocaria um êxtase sensual. Essa visão do paraíso deixava com água na boca os árabes do deserto. Eles não demoraram em segui-lo.[6] Maomé morreu em Medina, onde fez construir a Mesquita de Kuba, a primeira do islão. Segundo a tradição religiosa, Maomé subiu aos céus a partir da torre da Mesquita, no ano de 632 da Era Cristã.[7] Quando ele morreu, apenas a Arábia estava convertida. Para seguir as ordens do profeta, os califas procuravam expandir o islão. Seu sucessor, Abu-Bekr, dominou algumas tribos árabes revoltadas e, em seguida, iniciou o avanço em direção à Síria e a Pérsia. Entre 634 e 644, o grande Omar transformou o Estado nacional árabe num Império Teocrático mundial. Para governá-lo, estabeleceu um regime militar: o comandante das tropas de ocupação tornava-se o governador civil, o chefe religioso, o juiz. Omar realizou a conquista da Síria, Palestina, Pérsia e do Egito.[8]
Os exércitos muçulmanos invadiram o Império Bizantino, declararam “guerra santa” e propagaram a doutrina islâmica. Simbolicamente, essa nova religião e sua mensagem foram representadas pela fumaça que escureceu o sol e o ar. A cultura e o desenvolvimento estagnaram-se também no Oriente.
[1]. Apocalipse 3:7.
[2]. Rhymer, Joseph. Os povos da Bíblia. p. 99.
[3]. Daniel 12:3; Mateus 13:43; 5:14; Atos 13:47; João 1:9; II Coríntios 4:6; Mateus 3:11; Lucas 12:49; Salmos 39:3.
[4]. Apocalipse 3:7.
[5]. Silva, op. cit., p. 162.
[6]. Arruda, op. cit., 307.
[7]. Ibid. p. 307.
[8]. Ibid. p. 309, 310.