A mulher e o dragão

Este estudo é uma panorama dos possíveis eventos que cumprem a profecia de Apocalipse 12...
Imagem: site Esdudo Bíblico

Esta é uma introdução inicial e simplificada ao capítulo 12 do livro do Apocalipse. Não se trata de um estudo abrangente e definitivo, no qual todas as verificações necessárias são apresentadas em detalhes. O objetivo aqui foi apenas elucidar o significado simbólico e sugerir os eventos que podem corresponder a cada uma das profecias. Portanto, não foram incluídas todas as evidências históricas com citações de fontes, nem todas as passagens bíblicas pertinentes, como seria necessário em um estudo completo desse tipo.

Em algum momento no futuro, se for viável, o estudo poderá ser expandido para incluir mais detalhes e evidências históricas. No entanto, mesmo com essa limitação, esperamos que este estudo contribua para esclarecer esta profecia impressionante.

1. A mulher vestida do sol

E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. Apocalipse 12:1

A primeira consideração que devemos fazer é que o Apocalipse possui um caráter simbólico em sua totalidade. Portanto, quando se menciona o “céu”, está se referindo a um ambiente espiritual que nos envolve, e não ao céu físico ou ao lugar descrito na Bíblia como o trono de Deus. Dessa forma, um “grande sinal no céu” representa um evento significativo que ocorre aqui na Terra, mas que tem impacto em nosso mundo espiritual. Essa compreensão se torna mais clara quando analisamos os demais símbolos presentes nessa profecia.

A figura da “mulher” é uma representação da religião de uma cidade ou nação, conforme visto em Apocalipse 17, onde a grande Babilônia é retratada como uma mulher prostituta assentada sobre muitas águas, simbolizando a religião de várias nações. Muitos estudiosos dessa profecia entendem que o “sol”, a “lua” e as “estrelas” são referências a Jacó, Raquel e os doze patriarcas. Essa interpretação parece apropriada, uma vez que o “sol” representa a justiça, conforme mencionado em Malaquias 4:2. Portanto, nessa profecia, temos uma representação de uma religião pura.

É fácil decifrar esse simbolismo: a “mulher” mencionada no Apocalipse 12 refere-se à nação de Israel, porém não a todo o Israel, mas apenas à parte fiel a Deus, àqueles que não se curvaram perante Baal. Existe uma linhagem de pessoas que serviram a Deus e deram origem ao Messias, o Filho que estava por nascer.

As expressões “lua debaixo dos seus pés” e “uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça” indicam o domínio dessa mulher sobre as doze tribos de Jacó, evidenciando que essa profecia se cumpriu em um momento em que a nação de Israel estava unida sob sua religião. Isso porque a “mulher” estava grávida, sentindo as dores de parto e clamando para dar à luz, como descrito em Apocalipse 12:2. Portanto, a aplicação desta profecia dever retroceder a Era Cristã para o tempo dos grandes impérios.

2. O dragão vermelho

E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. Apocalipse 12:3

Em oposição ao simbolismo da mulher pura, outro sinal é apresentado na forma de um “dragão”. No entanto, esse dragão não carrega nenhuma santidade consigo e também é mencionado no “céu”. É importante ressaltar que não estamos nos referindo ao céu literal nem ao lugar onde Deus habita, pois como mencionado anteriormente, a mulher também está no céu, representando a religião de Israel aqui na terra. Portanto, o “céu” também possui um significado simbólico, representando um ambiente espiritual que se manifesta em nossa mente ou se desenvolve a partir dela. Podemos fazer uma associação com as palavras de Paulo sobre os “lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1:3).

O “dragão” é uma representação do mal, dos inimigos, do desconhecido, do perigoso e do caos. Nas culturas antigas, ele era identificado como uma nação inimiga. Por exemplo, no Livro de Ezequiel, lemos: “Fala e diz: Assim diz o Senhor DEUS: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, grande dragão, que te deitas no meio dos teus rios e dizes: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim” (Ezequiel 29:3). Nas culturas antigas, a terra era vista como um local seguro em contraste com o mar inseguro e perigoso. Em Isaías 27:1, encontramos a seguinte passagem: “Naquele dia, o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa; e matará o dragão que está no mar”.

Os “dragões” ou monstros míticos estavam associados a tudo o que não possuía forma e geralmente eram símbolos das trevas e da morte. Era necessário matar o dragão para que o “Cosmos viesse à luz” (Eliade, 1992, p.29). Da mesma forma, sempre que uma batalha era vencida contra invasores da cidade, repetia-se o ato da criação do mundo, estabelecendo a ordem sobre o Caos (TAKEUCHI, 2017).[1]

Portanto, o simbolismo do “dragão” pode ser resumido como algo que é oposto ao nosso modo de vida, uma cultura diferente, o paganismo. No caso da “mulher”, que representa a religião de Israel, seu oposto era representado pelas nações pagãs personificadas pelo “dragão”. A expressão “grande dragão” significa a inclusão de todas as nações desde o início do mundo, mas especialmente aquelas que oprimiram o povo de Deus, como o Egito, o primeiro império a fazê-lo, seguido pela Assíria, Babilônia, Média, Grécia e Roma. Esses reinos são as sete “cabeças” do dragão. No tempo do nascimento do “filho” (Jesus), que ocorreu sob o domínio romano, Roma era o sexto reino na sucessão, representando o “dragão”.

A profecia engloba toda a extensão histórica desses seis reinos, além do sétimo que ainda estava por vir, como indicado em Apocalipse 17:10. Isso é confirmado pela presença de “diademas” sobre as cabeças (diadema significa exercer o domínio). Portanto, o dragão representa os inimigos do povo de Deus desde os tempos de Abraão até os dias atuais.

3. A terça parte das estrelas

E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. Apocalipse 12:4

Neste versículo, encontramos simbolismos de grande importância: a “cauda” e as “estrelas do céu”. A “cauda” simboliza o falso ensinamento, representando o falso profeta. Encontramos uma referência a esse simbolismo no livro de Isaías: “Assim o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia. O ancião e o homem de respeito é a cabeça; e o profeta que ensina a falsidade é a cauda” (Isaías 9:15, 15).

Quanto às “estrelas do céu”, elas representam aqueles que ensinam em conformidade com a verdade celestial. Simbolicamente, a “luz” está ligada ao conhecimento. As estrelas que brilham são consideradas representativas da disseminação do conhecimento no meio das “trevas”. Encontramos o uso dessa simbologia na profecia de Daniel: “Engrandeceu-se até contra o exército do céu; e a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou” (Daniel 8:10). Expressões como “lançou as estrelas por terra” ou “as estrelas caíram do céu” indicam que pessoas que deveriam transmitir o verdadeiro conhecimento de Deus foram seduzidas por Satanás. Dessa forma, as “estrelas do céu” representam os sacerdotes que ensinam conforme a verdade de Deus, mas, ao serem levados pela “cauda” do dragão (falso profeta), passaram a ensinar o engano.

Com esses elementos em mente, podemos decifrar a profecia. O “dragão”, representando o paganismo, seduziu os sacerdotes de Deus com seus falsos ensinamentos, desviando-os da verdade. Um terço dos sacerdotes de Deus foi contaminado pela religião oferecida pelos povos pagãos, e a religião de Israel foi desacreditada. Entretanto, essa profecia da mulher não se aplica apenas à religião de Israel.

As profecias do Apocalipse são voltadas especialmente para a Era Cristã. No entanto, essa profecia do capítulo 12 é um resumo da história de perseguição, que se inicia desde o Antigo Egito, do verdadeiro povo de Deus. Por isso, seus detalhes mencionam fatos anteriores. Aliás, essa é uma característica distintiva do Apocalipse: retroceder nos eventos históricos, como uma espécie de pós-profecia. Ele se autodefine como: “Escreve as coisas que tens visto [história passada], e as que são [história presente], e as que depois destas hão de acontecer [história futura]” (Apocalipse 1:19). Portanto, essa “mulher” é uma referência a uma religião pura que existiu antes da Era Cristã e continuou a existir durante ela.

Algumas pessoas tendem a afirmar que essa “mulher” é a nação de Israel, enquanto outras associam à igreja cristã. Abordar as coisas dessa maneira dificulta a compreensão, uma vez que a profecia claramente aborda eventos tanto do antigo Israel quanto da Era Cristã. Assim, precisamos resolver essa questão. Não estamos diante de uma interpretação exclusiva de uma ou outra possibilidade. Estamos diante de uma interpretação que engloba tanto o período histórico de um quanto o do outro. A interpretação adequada aqui é a de uma religião pura, já que estamos falando de uma “mulher vestida de sol”. Essa religião pura existiu no antigo Israel e durante o Império Romano.

Uma relação que nos ajuda a desvendar esse mistério é a conexão entre o dragão e a besta. A besta que recebeu o trono e toda a autoridade do dragão também recebeu uma boca que atuou por 42 meses (1260 dias), correspondendo aos mesmos 1260 anos históricos em que a mulher foi perseguida. Essa besta é o Império Romano. Uma dedução simples é que as duas ações da mulher mencionadas na profecia, 1) dar à luz e 2) fugir para o deserto, ocorreram durante a história desse império. No primeiro caso, Jesus nasceu de uma religião pura em Israel. No segundo, essa religião precisou se esconder da sociedade para sobreviver. Portanto, na história cristã, encontraremos detalhes mais precisos sobre o cumprimento dessa profecia. Analisemos então a relação da profecia com o Império Romano.

No Apocalipse, principalmente no capítulo 8, diversas vezes aparecem expressões como estas: “E queimou a terça parte da terra, e a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada” (Apocalipse 8:7); “e tornou-se em sangue a terça parte do mar” (Apocalipse 8:8); “morreu a terça parte das criaturas viventes que estavam no mar” (Apocalipse 8:9); “e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas” (Apocalipse 8:10); “e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse” (Apocalipse 8:11). Essa terça parte é identificada por alguns estudiosos das profecias como referindo-se ao Império Romano Ocidental.

De maneira semelhante, a expressão “um terço das estrelas do céu” que foram arrastadas pela cauda do dragão é simplesmente uma referência aos ministros da igreja que foram cooptados pelo poder do Império Romano. A frase “um terço das estrelas do céu” sugere fortemente o período de apostasia da Igreja quando aqueles chamados “Pais da Igreja”, influenciados pelas artimanhas de Satanás, distorceram a verdadeira doutrina. Isso ocorreu principalmente no Império Romano do Ocidente. Seja como for, o “um terço das estrelas do céu”, tanto pode ser aplicado aos sacerdotes judeus, quanto aos sacerdotes cristãos.

Enfim, o “dragão” esteve diante da “mulher”, aguardando a oportunidade para destruir sua descendência. Essa tentativa ocorreu em diferentes momentos: na infância de Jesus, na tentação, na crucificação e na ressurreição. Em qualquer um desses momentos, o dragão poderia ter vencido a mulher, mas a soberania de Deus prevaleceu. O dragão também estabeleceu uma perseguição contra aqueles que guardavam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus em todas as épocas, a igreja, mas especialmente durante os 1260 anos proféticos.

4. O filho varão

E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. Apocalipse 12:5

A mulher, representando a linhagem santa de Israel, está destinada a dar à luz um filho, indiscutivelmente Jesus. Ele é o cumprimento da promessa de ser o filho de Davi que ocuparia o trono para governar não apenas Israel, mas também todas as nações da Terra. Conforme relatado nos Atos dos Apóstolos, Jesus foi elevado aos céus e, atualmente, encontra-se à direita de Deus, aguardando o momento oportuno para assumir o domínio sobre as nações.

5. A fuga da mulher

E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias. Apocalipse 12:6

As novidades simbólicas de texto é o “deserto” e o tempo de “mil duzentos e sessenta dias”. Descobrindo o que eles significam, podemos encaixar a igreja (mulher) neste contexto.

“Deserto” não parece ser difícil de entender. Os quarenta anos que Israel passou no deserto já lançam luz sobre este símbolo. O termo “deserto” é frequentemente empregado simbolicamente para transmitir significados além de sua interpretação literal. O deserto, como símbolo, representa um lugar de isolamento, aridez, escassez e provação. Nas profecias bíblicas, o uso simbólico do termo “deserto” pode ser entendido como uma representação de um período de dificuldade, aflição ou desolação experimentado por um indivíduo, uma nação ou o povo de Deus como um todo.

A interpretação dos estudiosos da escatologia sobre a frase bíblica “mil duzentos e sessenta dias” é que ela representa simbolicamente 1260 anos na história. Essa interpretação é embasada nas profecias de Daniel, que mencionam os “tempos, tempo e metade de um tempo” (Daniel 7:25; 12:7). Além disso, essa interpretação está relacionada à passagem do Apocalipse que menciona os “quarenta e dois meses” (Apocalipse 11:2; 13:5). Os estudiosos estabelecem uma associação entre essas expressões, com base em referências como Ezequiel 4:6 e Números 14:34, buscando encontrar uma conexão entre os “mil duzentos e sessenta dias” e os “quarenta e dois meses” do Apocalipse com o “tempo, tempos e metade de um tempo” de Daniel. Essa associação permite uma compreensão mais aprofundada dos 1260 anos proféticos e dos eventos históricos que ocorreram durante esse período.

Tendo em mente o que é o “deserto” e os “mil duzentos e sessenta dias” na linguagem profética, podemos encaixar a “mulher” no contexto e aplicarmos à história. Existem vários períodos em que são aplicados os 1260 dias proféticos, o mais aceito é o que vai do ano 538 até o ano de 1798. Dois eventos estão associados marcando início e final do período. Primeiro, em 538, foi quando o Imperador Justiniano decretou que o bispo de Roma seria o chefe supremo de toda a Igreja na Europa. O segundo, quando Napoleão prendeu o Papa em 1798. Este período parecer o provável cumprimento da profecia. Porque em 538 um poder fora constituído para dominar sobre a igreja, abrindo uma era de perseguição contra aqueles que se rebelassem contra tal autoridade e, em 1798, esta provação da igreja é cessada pela destituição deste poder. 

Considerando o simbolismo do “deserto” e dos “mil duzentos e sessenta dias” na linguagem profética, podemos contextualizar a figura da “mulher” e aplicá-la à história. Existem diversos períodos em que os 1260 dias proféticos são aplicados, sendo o mais aceito aquele que abrange o período de 538 a 1798. Dois eventos marcantes estão associados ao início e ao fim desse período. Primeiramente, em 538, o Imperador Justiniano decretou que o bispo de Roma seria o líder supremo de toda a Igreja na Europa. Em segundo lugar, em 1798, Napoleão prendeu o Papa, encerrando assim a prova enfrentada pela igreja durante esse período. Esses eventos parecem ser o cumprimento provável da profecia, uma vez que em 538 um poder foi estabelecido para exercer domínio sobre a igreja, desencadeando uma era de perseguição contra aqueles que se opusessem a tal autoridade, e em 1798, essa prova da igreja foi encerrada com a destituição desse poder.

6. A batalha do dragão

Houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. Apocalipse 12:7,8

A “batalha no céu” simboliza um conflito espiritual que ocorre dentro da própria igreja. Como já mencionado anteriormente, o termo “céu” é utilizado de forma figurada para representar o ambiente espiritual da igreja. Uma novidade nessa narrativa é a presença de “Miguel”, um anjo associado à proteção de Israel conforme descrito nos relatos de Daniel (Daniel 10:13, 21; 12:1). Os “anjos” mencionados aqui simbolizam os ministros do evangelho, como pode ser observado nos textos de Apocalipse 1, 2 e 3. Havia tanto anjos comprometidos com a verdade como também aqueles influenciados pelo mal, liderados pelo “dragão”.

Historicamente, encontramos, de um lado, a parte fiel representada por “Miguel e seus anjos”, que seguiam os princípios transmitidos desde os tempos de Moisés. Por outro lado, havia a parte da igreja que se deixou influenciar pelo paganismo imposto por Roma, ficando sob o controle do “dragão e seus anjos”. Essa batalha doutrinária travada no seio da igreja envolvia presbíteros, pastores, padres e outros líderes religiosos, tanto da parte fiel como da parte infiel. A expressão “nem mais se achou seu lugar no céu” significa que a parte infiel já não era mais encontrada na essência da igreja de Cristo; eles se tornaram a própria igreja do Anticristo.

7. O dragão é vencido

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. Apocalipse 12:9

Já identificamos o “grande dragão”. No entanto, este texto traz mais características que nos auxiliam a compreender a identidade desse personagem profético. É crucial, no entanto, compreender sua ação enganadora. O “grande dragão” é a representação do Diabo e de Satanás, ou seja, o adversário do homem de Deus desde os primórdios da criação, quando foi simbolizado como uma serpente. Mencionamos anteriormente que dragões, serpentes e leviatãs eram considerados símbolos do mal, do incompreensível e do caos nas antigas culturas. Essas figuras também foram utilizadas pelo povo de Israel para se referir ao que não se submetia à lei (ordem, organização) de Deus, incluindo seus vizinhos pagãos.

Neste texto, o “grande dragão” é expulso de um ambiente chamado “céu”, que identificamos como sendo o ambiente espiritual da igreja. Ele parte para agir junto com seus anjos em um outro ambiente, a “terra”. Ou seja, seu objetivo era enganar a humanidade que não fazia parte da congregação do Senhor, em outras palavras, tentar levar o mundo ao caos.

Analisando esses comentários de forma ainda mais literal, podemos afirmar que o Império Romano liderou os sacerdotes católicos nessa batalha contra aqueles que permaneceram fiéis aos princípios originais do evangelho, levando assim o restante das pessoas, aquelas que não permaneceram nos ensinos verdadeiros, a acreditar no falso evangelho.

8. A mensagem cristã

E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. Apocalipse 12:10

E ouvi uma grande voz no céu”. No livro do Apocalipse, o termo “voz” possui uma conotação clara: refere-se a uma mensagem significativa. Quando esse termo é combinado com a palavra “grande”, indica que estamos diante de um acontecimento extraordinário. Sem entrar em detalhes neste momento para não desviar do escopo deste texto, podemos observar várias ocorrências de “grande” associadas a outras palavras, como “um grande terremoto” (Apocalipse 6:12), “grande multidão” (Apocalipse 7:9), “grande cidade” (Apocalipse 11:8), “grande Babilônia” (Apocalipse 14:8), “grande voz” (Apocalipse 14:15). Além disso, a expressão “grande voz” também aparece em Apocalipse 1:10, 7:10 e 8:13. Em todas essas ocasiões, podemos encontrar conexões com importantes eventos históricos.

Também é relevante não esquecer o significado da expressão “céu”, que já foi abordado anteriormente. No contexto do Apocalipse, “céu” representa um ambiente espiritual adequado aos padrões divinos, por exemplo, a igreja.

Portanto, a expressão “grande voz no céu” simboliza a mensagem poderosa proferida pelos cristãos. Essa mensagem essencialmente fala sobre a salvação, o crescimento do reino de Deus e o poder de Jesus em oposição à queda e destruição das obras de Satanás.

9. A missão dos cristãos

“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte. Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo”, (Apocalipse 12:11, 12).

Esta parte é uma continuação do contexto anterior. Retrata a luta daqueles cristãos que entregaram suas vidas pelo “sangue do Cordeiro.” A palavra “Cordeiro”, apesar de estar relacionada com a figura de Jesus, é uma simbologia perfeita para o cristianismo. O cristianismo é o corpo místico de Jesus. Ou seja, os cristãos compõem a lista de trabalhadores empenhados na missão de Jesus. Estamos falando de pessoas que dedicaram suas vidas, mesmo diante da possibilidade de morte, para alavancar a obra do Mestre. À medida que o trabalho dos cristãos avançava, trazendo alegria, o espaço do diabo é diminuído, o que levará a seu fim. Diante de inegável fato, explode a “grande ira” do diabo contra o mundo cristão. Ele intentará destruir todo o cristianismo. E não foram poucas as vezes que isso aconteceu durante a história.

10. A perseguição e fuga da igreja

E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente. Apocalipse 12:13, 14

Após ser lançado ao chão, o “dragão” passou a perseguir a “mulher”. Interpretando as representações do dragão e da mulher conforme mencionado acima, compreendemos que isso se refere às perseguições sofridas pela Igreja pelo Império Romano.

Para a “mulher”, foram concedidas “duas asas de uma grande águia, para voar para o deserto”. Dentro dos muitos simbolismos presentes, destaca-se o “deserto”. Qual é o seu significado? Uma outra referência à palavra “deserto” é encontrada em Apocalipse 17:3, ao descrever a mulher sentada sobre uma besta escarlate cheia de blasfêmias. Tanto a “mulher vestida de sol” quanto a “besta” estão associadas a um “deserto”. Sabe-se que essa besta representou o Sacro Império Romano, indicando que estamos falando da mesma localidade. Não há dúvida de que isso se refere à igreja cristã. Entretanto, é fundamental compreender melhor o simbolismo do “deserto”.

Na linguagem bíblica, o “deserto” frequentemente representa maldição. O profeta Isaías faz uso frequente deste termo. Algumas passagens ilustram isso: “As tuas cidades santas se tornaram um deserto; Sião virou um deserto, Jerusalém foi devastada.” (Isaías 64:10); “Quem transformava o mundo em um deserto e destruía suas cidades?” (Isaías 14:17); “Tornarei os montes e os outeiros em deserto, secarei toda a vegetação, transformarei os rios em ilhas e secarei os lagos.” (Isaías 42:15). Em contrapartida, a presença de águas no deserto é sinal de bênção: “Os animais do campo me honrarão, os chacais e os avestruzes; porque darei águas no deserto e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido.” (Isaías 43:20); “Até que sobre nós seja derramado o espírito lá de cima; então o deserto se tornará em campo fértil e o campo fértil será considerado uma floresta.” (Isaías 32:15); “Farei delas e dos lugares ao redor do meu monte uma bênção; farei a chuva descer a seu tempo, serão chuvas de bênção.” (Ezequiel 34:26).

Outra profecia que auxilia na compreensão do “deserto” é Apocalipse 11:6, relacionada às duas testemunhas (Antigo e Novo Testamento): “Estas têm autoridade para fechar os céus, para que não chova nos dias de sua profecia; e têm autoridade sobre as águas para convertê-las em sangue e para afligir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem.” A falta de chuva é equivalente a dizer que a terra se torna um deserto. A profecia das “duas testemunhas” também menciona um período de tempo, os “mil duzentos e sessenta dias”, que em interpretação literal representa mil duzentos e sessenta anos. Isso corresponde ao mesmo período de “tempos, tempo e metade de um tempo”. Isso sugere um mesmo momento profético. Conclui-se que a igreja foi perseguida durante esses mesmos mil duzentos e sessenta anos, período em que a Bíblia foi restrita à elite da Igreja Romana. Alguns intérpretes situam esse período entre 538 e 1798 d.C.

Assim, entende-se que a palavra “deserto” simboliza uma maldição, uma falta de prosperidade nas terras europeias durante a Idade Média. Esse foi o período em que o poder (a pequena ponta de Daniel 7) teve a capacidade de perseguir, eliminar e expulsar o povo de Deus dos territórios do Sacro Império Romano, conhecido como a Idade das Trevas, uma época em que o progresso cultural e científico praticamente estagnou.

Outra interpretação aplicável a esse contexto é considerar o “deserto” como áreas pouco habitadas. Portanto, os cristãos perseguidos em regiões mais desenvolvidas migraram para regiões menos populosas, que despertavam pouco interesse das autoridades romanas, onde poderiam viver em paz. Devido às interpretações simbólicas e literais das profecias apocalípticas, é altamente provável que uma explicação que englobe essas duas possibilidades seja a mais plausível.

Ainda existem mais elementos a serem desvendados, os quais nos auxiliam a compreender a profecia. A mulher parte para o deserto auxiliada por “duas asas da grande Águia” e permanece oculta da “visão da serpente”. Não é difícil compreender isso. Asas foram criadas para oferecer liberdade de movimento às aves. As aves não ficam confinadas por obstáculos naturais como montanhas, rios ou mares. Entre as aves, a Águia representa a máxima expressão de liberdade. A libertação de Israel do Egito é comparada a ser transportado “nas asas de águias”: “Vocês viram o que fiz aos egípcios, como os levei sobre asas de águias e os trouxe a mim;” (Êxodo 19:4). Um elemento intrigante nesse simbolismo é a inclusão de “duas asas da”, em vez de somente “asas da”. A profecia parece sugerir que haveria dois episódios de voo. A expressão “grande águia” deixa claro que se trata de uma liberdade de grande amplitude.

Reunindo os elementos mencionados em uma interpretação literal, podemos afirmar que a Igreja de Deus, após sofrer intensa perseguição em terras romanas, onde sua voz foi silenciada, alguns de seus membros buscaram novas terras para um recomeço. Inicialmente, encontraram refúgio nas regiões do norte da Europa e, posteriormente, na América. A verdade é que ela fica “oculta da visão da serpente”, representada pelo “dragão”. Ou seja, em termos concretos, ela se encontra fora do alcance do Império Romano.

11. A igreja é ajudada pela terra

E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca. (Apocalipse 12:15, 16)

Da boca da serpente emerge água, como se fosse um rio, que é absorvida pela boca da terra. Primeiramente, examinemos os novos elementos simbólicos presentes nesta parte da profecia: a boca, a água (ou rio) e a terra.

Primeiramente, o que simboliza a “boca”? A figura profética da boca aparece 18 vezes no Apocalipse. De maneira resumida, podemos mencionar a boca do dragão, da besta e do falso profeta (16:13), a boca da terra (12:16), a dos 144 mil (14:5), a das duas testemunhas (11:5) e a do cavaleiro branco (19:15). Essas passagens estão relacionadas a mensagens, doutrinas e ordens emitidas pelas entidades representadas. Ter uma boca significa possuir o poder de falar, comandar, dar ordens e estabelecer leis.

O termo “água” representa nações, povos e línguas. Em Apocalipse 17, temos a seguinte explicação: “As águas que você viu, onde a prostituta está sentada, são povos, multidões, nações e línguas.” (Apocalipse 17:15).

Quanto à palavra “terra”, ela é frequentemente utilizada no Apocalipse, embora sua simbologia seja abrangente, o contexto ajuda a compreendê-la. Por exemplo, “Todos os habitantes da terra a adorarão…” (Apocalipse 13:8); “Vi então subir da terra outra besta…” (Apocalipse 13:11); “Com a qual os reis da terra se prostituíram; e os habitantes da terra se embriagaram com o vinho da sua prostituição.” (Apocalipse 17:2). Por enquanto, podemos considerar que a “terra” se refere à sociedade em si, seja uma sociedade específica ou geral.

Baseado nessa análise dos símbolos, podemos formular uma afirmação com sentido literal. Em resumo: as nações (“água”), sob ordem (“boca”) de povos pagãos (“dragão”), tentaram sufocar a igreja (“mulher”), mas uma nação específica (“terra”), emitindo uma ordem contrária (“boca”), evitou que a igreja chegasse ao fim. Interpretando essa afirmação historicamente: Roma emitiu uma ordem de expulsão de seu território para aqueles que não adotassem suas doutrinas, ameaçando com a morte quem não obedecesse. Diante da impossibilidade de viver nas terras romanas, muitos fiéis da Igreja migraram, entre outros lugares, para os Países Baixos, conhecidos atualmente como Holanda.

O fato de a Holanda ser um país cujas terras estão abaixo do nível do mar pode oferecer uma interpretação interessante da passagem do Apocalipse: “a terra abriu a boca e engoliu o rio”. Os rios seguem em direção às regiões mais baixas. As águas da Europa fluem em direção ao Rio Reno, que deságua no Mar do Norte após atravessar a Holanda. De forma semelhante, no plano histórico, houve uma significativa migração de protestantes para esse país. No entanto, essa interpretação é apenas uma perspectiva intrigante. A interpretação mais adequada da profecia é outra.

Tanto o “dragão” quanto a “terra” têm uma “boca”. Como já vimos, a “boca” é um símbolo de poder para emitir ordens, legislar, comandar, doutrinar, entre outros. Ao observarmos a história e compararmos a cultura política da Holanda com a de Roma, fica fácil compreender o que isso significa. Roma mantinha uma doutrina ditatorial e autoritária, enquanto a Holanda se tornou a primeira nação democrática do mundo. Dessa forma, a força das leis romanas encontrou uma barreira na contraparte da força política democrática que emergiu na Holanda. A doutrina democrática “engoliu” a doutrina autoritária. A igreja havia realizado seu primeiro voo de “águia” em direção à liberdade. A “terra” auxiliou a “mulher”. O segundo voo será para a América, fazendo uma escala na Inglaterra.

11. Os remanescentes da mulher

E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo. (Apocalipse 12:17)

Frente à impossibilidade de destruir a “mulher”, a igreja que havia escapado da Europa, o dragão prosseguirá perseguindo e eliminando os fiéis que permaneceram em sua proximidade. Nenhum novo simbolismo é introduzido no versículo 17. O que este trecho nos apresenta é a ação do dragão em relação à mulher e à sua descendência.

Devemos compreender o significado de “remanescente”. Esse remanescente é a parte do povo fiel que não fugiu das terras europeias e foi alvo de perseguição e extermínio, seja por terem morrido por sua fé ou por terem renunciado a ela. No ápice do poder, somente uma perspectiva religiosa era tolerada: a de pertencer à única Igreja, a Católica. Quem não abraçasse seus dogmas enfrentava a expulsão do reino ou a eliminação. Como observamos anteriormente, muitos resistiram a essa imposição e preferiram partir. Contudo, outros optaram por permanecer e acabaram por ser aniquilados com o tempo. Algumas dessas comunidades sobrevivem até hoje, porém, suas doutrinas se assemelham mais à Igreja de Roma do que aos seus princípios originais. Consulte a lista abaixo.

No fim das contas, as doutrinas e práticas da igreja primitiva foram praticamente erradicadas da Europa. O que restou, sobreviveu em parte através daqueles remanescentes que persistiram em seguir “os mandamentos de Deus” e a “mensagem de Jesus Cristo”, até que fossem mortos ou dominados pelo “dragão” (Roma). Porém, uma réstia de esperança para encontrar uma igreja fiel permanecia em outras terras para onde a “mulher” havia fugido.

NOTA: “E o dragão ficou em pé sobre a areia do mar.” (Apocalipse 12:18) Nem todas as versões da Bíblia contêm esse versículo. Não examinei a razão dessa variação. Independentemente do motivo, esse texto parece estar em total consonância com a profecia. Portanto, a interpretação que podemos formular é que o “dragão” não conseguiu estender seu poder para além das terras europeias, mantendo-se restrito a esse continente.

Abaixo uma lista desses povos mais conhecidos:

Valdenses 

Os Valdenses eram um movimento laico que surgiu no século XII, liderado por Pedro Valdo. Eles enfatizavam a simplicidade da vida cristã e a importância da pregação direta da Bíblia. Rejeitavam a riqueza da Igreja e a autoridade papal.             

Crenças Principais: Enfatizavam a pobreza apostólica, a rejeição da riqueza material, a importância da pregação vernacular e a busca por uma vida mais próxima ao modelo dos primeiros cristãos.

Época: Século XII e em diante

Lollardos  

Os Lollardos eram seguidores do pensamento de John Wycliffe na Inglaterra do século XIV. Eles criticavam a riqueza e o poder da Igreja, defendiam a leitura da Bíblia em inglês e questionavam a doutrina da transubstanciação na Eucaristia.

Crenças Principais: Enfatizavam a leitura da Bíblia em vernáculo, a rejeição da supremacia papal, a crítica à transubstanciação e a busca por uma igreja mais simples e humilde.    

Época: Século XIV e início do século XV

Cátaros     

Os Cátaros eram um grupo dualista que floresceu nos séculos XI a XIII, principalmente na região sul da França. Eles acreditavam em dois princípios supremos, um do bem e outro do mal, e rejeitavam as instituições da Igreja Católica como corruptas.          

Crenças Principais: Acreditavam na dualidade entre o Deus bom e o Deus mau, rejeitavam o mundo material, defendiam uma vida ascética e criticavam a hierarquia da Igreja Católica.  

Época: Séculos XI a XIII

Hussitas    

Os Hussitas eram seguidores de Jan Hus na Boêmia do século XV. Jan Hus criticava a corrupção da Igreja, a venda de indulgências e pregava a comunhão sob as duas espécies (pão e vinho) para os leigos.              

Crenças Principais: Defendiam a comunhão sob as duas espécies, condenavam a venda de indulgências, questionavam a autoridade papal e buscavam uma igreja mais próxima ao modelo apostólico.

Época: Início do século XV

Irmãos Morávios        

Os Irmãos Morávios eram um movimento de renovação espiritual que surgiu no século XV na região da Morávia (atual República Tcheca). Eles enfatizavam a experiência pessoal com Deus, a oração e a unidade dos crentes.          

Crenças Principais: Valorizavam a experiência pessoal com Deus, a vida de oração, a comunhão fraterna e o testemunho missionário.      

Época: Século XV e em diante

Bogomilos

Os Bogomilos foram um grupo dualista que surgiu nos Bálcãs nos séculos X a XV. Eles acreditavam em um Deus bom e em um Deus mau, rejeitavam a materialidade e acreditavam que Jesus não tinha um corpo físico.              

Crenças Principais: Enfatizavam a dualidade entre o Deus bom e o Deus mau, rejeitavam o mundo material, criticavam as hierarquias eclesiásticas e buscavam uma vida ascética.             

Época: Séculos X a XV

Fraticelli   

Os Fraticelli eram um movimento dissidente dentro da Ordem Franciscana, surgido no século XIII. Eles buscavam uma observância estrita da pobreza e criticavam a riqueza e o poder da Igreja.         

Crenças Principais: Enfatizavam a pobreza radical, rejeitavam a propriedade e o poder eclesiástico, e buscavam uma vida mais próxima dos ensinamentos de São Francisco de Assis.      

Época: Séculos XIII a XV

Beguinos  

Os Beguinos eram grupos de mulheres e homens devotos que viviam vidas religiosas dedicadas à oração e à caridade. Surgiram no século XII e eram especialmente comuns nos Países Baixos e regiões próximas.  

Crenças Principais: Valorizavam a vida dedicada à oração, à caridade e à vida comunitária. Não faziam votos monásticos formais, mas levavam uma vida de devoção religiosa.  

Época: Séculos XII a XV

Irmãos Livres     

Também conhecidos como “Irmãos do Espírito Livre”, esses grupos surgiram no século XIII na Alemanha. Eles enfatizavam a liberdade espiritual e criticavam a hierarquia da Igreja.

Crenças Principais: Buscavam uma relação pessoal com Deus, rejeitavam a autoridade clerical e a estrutura da Igreja, valorizavam a simplicidade e a liberdade espiritual.       

Época: Séculos XIII a XV

Irmãos Apostólicos    

Surgiram no século XIV na região dos Alpes. Eles buscavam uma vida simples e apostólica, rejeitavam o juramento e a propriedade privada, e pregavam a volta à vida dos primeiros apóstolos.          

Crenças Principais: Enfatizavam a vida apostólica em comunidade, rejeitavam juramentos, propriedades e riqueza pessoal, e buscavam viver de acordo com os ensinamentos dos apóstolos.        

Época: Séculos XIV e XV

Albigenses

Os Albigenses foram membros de um movimento religioso cátaro que se espalhou principalmente no sul da França, nos séculos XII e XIII. Eles rejeitavam as autoridades eclesiásticas e sacramentos da Igreja Católica, enfatizando a pureza espiritual e a ascetismo.             

Crenças Principais: Acreditavam em uma dualidade entre o Deus bom e o Deus mau, rejeitavam as práticas sacramentais da Igreja, viam o mundo material como criação do Deus mau e buscavam uma vida ascética e espiritual.           

Época: Séculos XII e XIII

Petrobrusianos  

Os Petrobrusianos eram seguidores do líder religioso Pierre de Bruys, ativo no sul da França durante o século XII. Eles criticavam a adoração de relíquias, a construção de igrejas e enfatizavam a adoração interior e o abandono de práticas que consideravam contrárias aos ensinamentos bíblicos.    

Crenças Principais: Rejeitavam a adoração de imagens e relíquias, não acreditavam na eficácia dos sacramentos, rejeitavam a necessidade de igrejas e valorizavam a adoração interior e a simplicidade.    

Época: Século XII

Conclusão

Com base nas informações apresentadas, podemos concluir que a profecia da mulher e do dragão representa a longa história de luta e perseguição enfrentada pela congregação de Israel e pela igreja ao longo dos tempos, desde os tempos antigos no Egito, passando pela Assíria, Babilônia, Média, Grécia e Roma, até atingir o ápice durante o Sacro Império Romano.

A mulher simboliza o povo fiel a Deus, que inclui tanto os judeus na antiga aliança como os gentios na nova. Ela representa a religião da nação judaica que deu origem a um filho que foi arrebatado para Deus. Enquanto isso, a mulher fugiu para o deserto como uma forma de se proteger do dragão, que representa as forças políticas perseguidoras que representaram todos os povos que tentaram destruir os seguidores do Altíssimo.

A batalha nos “céus” entre Miguel e o dragão simboliza a luta do povo de Deus para preservar sua pureza espiritual diante das influências pagãs. No entanto, apesar de seus esforços, uma parte significativa de seus sacerdotes e ministros sucumbiu ao paganismo das nações vizinhas, principalmente durante o período do Império Romano, como previsto na profecia.

No entanto, o dragão foi finalmente derrotado e a Igreja de Deus foi preservada por 1260 anos, continuando seu caminho de santificação e pureza, e levando a mensagem do evangelho para o mundo.

A mulher também recebeu ajuda da “terra”, simbolizando um lugar no norte da Europa, especificamente os Países Baixos, ou Holanda, de onde ela conseguiu novamente disseminar a mensagem do evangelho. Isso incluiu a passagem pela Inglaterra, América e, finalmente, pelo mundo.

Embora muitos filhos da Igreja tenham deixado a Europa, aqueles que permaneceram sucumbiram, com o tempo, ao processo de apostasia que estava ocorrendo no continente. Portanto, hoje é quase impossível encontrar vestígios da “mulher vestida de sol” e seus “descendentes” neste local.

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[1] TAKEUCHI, Crystian Nobuyuki Botelle. O centro do mundo na perspectiva de Mircea Eliade. Trabalho de conclusão de curso, Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas – Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Juiz de Fora, p. 10. 2017.

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ESCATOLOGIA : Apocalipse
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