Em todos os tempos o homem alcançou a graça de Deus pela fé. A graça não é produto da lei. Existem dois tipos de lei: a lei de Deus que aponta os nossos pecados, esta é para todos os homens em todos os tempos, e a lei de Moisés, que corrigia os homens de Israel quando pecassem contra a lei de Deus. A distinção destas duas leis é nítida, mas nem todos os religiosos percebem.
Quando nos deparamos com a história da fé, obsevamos algumas dispensações de Deus que caracterizam esta história. Abaixo seguem algumas pontuações sobre estas ações divinas na história, tendo como analalogia a construção de uma obra, ou um produto da indústria.
1. O homem como obra (produto) de Deus desperta no Criador toda a atenção e desejo de que ela se complete. Neste processo, não há desprezo por ninguém. Do mais perfeito dos homens ao mais imperfeito, ladrões e assassinos, ricos e pobres, gays e lésbicas, santos ou pecadores, todos são alvos do amor de Deus. Ainda que são produtos não acabados, quase no estado de matéria-prima.
2. Na busca de acabar esta obra, Adão e Eva representam o primeiro ponto de contato entre Deus e a humanidade. Em Adão, o homem biológico estava pronto, mas o homem sociológico estava apenas no começo. Não havia sociedade e as relações sociais se mostraram perturbadoras à medida que a humanidade se dispersava pela terra.
3. Diante dessa ameaça real de perturbação social (os homens não tinham uma referência padrão de comportamento) um plano criativo, que chamamos de plano de salvação, estava montado na mente de Deus e incluía uma referencia, um homem cujo viver representaria toda a vontade de Deus para com a humanidade. Nós, o conhecemos como Messias Jesus.
4. De Adão a Jesus, tudo o que temos na Bíblia é a história de como Deus agiu para gerar o seu Filho amado. Jesus é o homem perfeito, a obra ou produto acabado. A referência que Deus criou para que toda homem se molde por Ele. Jesus é a matriz, a imagem de Deus. O homem natural é informe quanto à vontade de Deus. Por isso, quem passar por essa matriz se torna filho de Deus. Jesus é o homem perfeito no sentido material e espiritual.
5. Por isso, toda a atividade humana, seja antes ou depois de Cristo, está subscrita a Jesus. Ele é o centro de tudo. Ele é superior a tudo. Quando Deus disse: “façamos o homem”, Ele terminou em Cristo. Por isso, antes de Cristo o esforço de Deus foi em criá-Lo. Depois, o esforço é no sentido de torná-Lo conhecido.
6. Então, temos duas dispensações: uma anterior a Cristo, que conduz a Ele e outra posterior que tudo deduz dEle.
A primeira dispensação está dividida em duas partes: antes da formação da nação de Israel e durante a história da nação. Em cada momento, Deus agiu de formas diferentes para tornar sua revelação conhecida.
Até Moisés Deus agiu pontualmente em alguns homens como Enoque, Noé, Melquisedeque, sendo Abraão o último deles. Independente da nação que pertencessem.
Depois que Israel foi formado, a ação divina ficou restrita aos limites da nação. A razão disso é o pacto com Abraão, Isaque e Jacó. A fé de Abraão, que era gentio, conduziu Deus a fazer um acordo com o ele.
Prestem muita atenção no valor disso. Deus fazendo um acordo com o homem? Não parece estranho? Mas não é! E este pacto vai além de um acordo. Ele é cercado de promessas e juramentos, não da parte do homem, mas da parte de Deus. Não foi o homem que prometeu obedecer a Deus, foi Deus que prometeu fazer algo pelo homem. Tudo porque entrou um elemento-chave: a fé. Assim, tudo o que a nação de Israel é, não é por seus méritos, ou porque Deus fez um pacto com ela. Toda a nação de Israel está sustentada na fé de Abraão.
Óbvio que houveram outras promessas de Deus diretamente à nação de Israel, mas estas já estavam garantidas na promessa a Abraão. Por exemplo, a promessa a Davi de levantar um rei de sua descendência que se assentaria no seu trono. Este rei é Jesus. Tal promessa estava dentro do pacto com Abraão: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.” Gálatas 3:16
7. Diante deste pacto baseado na fé, que resulta na consumação do Messias, toda ação humana, principalmente religiosa, está subordinada à fé em Jesus. A nação de Israel tinha que servir a Deus baseado na fé, mas ela não cumpriu, não agiui pela fé, agiu pelas obras.
Por isso, o pacto da lei, feito em Moisés, foi substituído por um novo pacto que resultou na igreja universal, que executou a obra de Deus baseada na fé em Jesus.
Nota: A substituição do pacto não é a substituição da lei (dez mandamentos). Os dez mandamentoes são a expressão da vontade de Deus. O pacto com Israel era justamente para ela conduzir esta regra moral dos mandamentos ao mundo. O pacto da lei, ou de Moisés, não envolve os princípios morais dos dez mandamentos, assim como, o pacto da fé em Cristo. Os dez mandamentos são válidos para todos os homens em todos os tempos porque trata de uma moral universal. Os dez mandamentos não são base do pacto antigo, também não são do novo pacto. Os dois pactos tiveram base na fé. Os dois foram criados para glorificar a lei de Deus, mas somente o segundo forneceu o resultado esperado.
8. Contudo, o pacto de Moisés não era falho, falho foram o judeus que não glorificaram a lei de Deus através do pacto de Moisés. Neste pacto, todo gentio, teria que se tornar judeu para ter direito às heranças prometidas por Deus. Era um movimento de ir, pela fé, até o povo do Messias. No novo pacto, o gentio faz um movimento de trazer o Messias a si, pela fé. Ele não precisava mais ir até Israel. Mas, não foi toda a nação que falhou, muitos permaneceram fiéis. Dessa descendência fiel é que surgiu o Cristo.
9. Usando a analogia do produto inacabado, no sentido espiritual, Adão, criado nos primórdios dos tempos (quando ainda não existia uma sociedade), portanto, sem os desafios dos conflitos sociais, deu origem ao homem pecador. Jesus, o produto acabado, criado na plenitude dos tempos (em meio à sociedade constituída), enfrentou todos os desafios, sem pecar, deu origem ao homem fiel. Assim como, em toda indústria, existe um modelo, um projeto, uma fórmula a ser reproduzida com fidelidade, também Cristo, é um produto acabado, o qual devemos copiar. Ou seja, o Messias estava pronto em Israel e agora seria distribuído pelo mundo.
A parte fiel de Israel, especificamente a igreja messiânica, divulgou o Messias de acordo com o novo pacto, acessível aos gentios pela fé. Os gentios continuaram o processo de divulgação de Cristo. Eles cumpriram a missão dada por Deus. A nação natural de Israel não se submeteu a Deus, por isso, foram dispersos e perseguidos entre as nações.
10. Tanto a primeira dispensação como a segunda, a fé foi a base da ação divina. Quando lemos Hebreus 11, isso fica muito evidente. Por isso, não faz sentido buscar na lei de Moisés a base para gloficar a Deus, uma vez que Ele estabeleceu um “novo e vivo caminho” (Hebreus 10:20). Só iremos glorificar a Deus através da fé em Jesus. É através dEle que cumprimos com os dez mandamentos de Deus. A lei de Moisés não consegue produzir isso no pecador. Não podemos subsitituir o que Deus glorificou por aquilo que era transitório. Pôr Cristo abaixo da lei de Moisés é desconstruir tudo o que Deus fez. Somente olhando para Jesus é que aprenderemos como ser a imagem de Deus, o homem perfeito, o produto acabado. Os homens pecadores, sejam os ladrões, assassinos, idólatras, sodomitas, mentirosos deverão ser revestidos de Cristo, isto é, moldados por Jesus, para alcançarem a salvação. Não é retornando à lei mosaica que a graça será alcançada. A fé não é uma engenharia reversa.