A complexidade da narrativa Joanina
Ao longo dos séculos, o cristianismo tem sido permeado por um entendimento de que Jesus e o Cristo são entidades idênticas desde a fundação do mundo. No entanto, ao abordarmos a leitura da Bíblia de forma imparcial, desprovida das implicações teológicas desenvolvidas pelos primeiros teólogos da Igreja, percebemos uma perspectiva distinta.
De acordo com as Escrituras, Deus concebeu, antes da criação de todas as coisas, o plano de enviar o Cristo, o qual foi concretizado em Jesus. Jesus, antes de sua ascensão nunca esteve no céu. Quando a Bíblia fala, por exemplo, do “cordeiro morto antes da fundação do munto”, está falando do plano presente na mente de Deus. Deus não gerou o Cristo no princípio, apenas planejou. Este plano divino era o de criar um ser humano perfeito no momento adequado. Portanto, Jesus e o Cristo são, primariamente, conceitos distintos. Jesus é um homem, o segundo Adão, do ponto de vista biológico, gerado para substituir o primeiro Adão. O Cristo, por sua vez, é a ideia divina que se concretiza em Jesus. Jesus e o Cristo se unem no tempo determinado, cumprindo as promessas e profecias divinas.
A confusão que permeou a mente dos teólogos decorreu do encontro entre aquilo que Deus proclamou que ocorreria e o próprio evento em si. Esse encontro, quando relatado no Evangelho de João, deu origem a uma trama circular que entrelaçou profecia, sua concretização e referências a elas. Não há nenhuma falha nessa narrativa joanina, porém ela se tornou um terreno fértil para interpretações e leituras equivocadas.
Deus possui conhecimento prévio de todas as coisas, mesmo antes de sua existência. Portanto, Ele revelou antecipadamente aos profetas os acontecimentos futuros. Como expresso em Isaías 46:10: “Anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não aconteceram; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”. Jesus foi a concretização das profecias, e Ele próprio estava ciente disso, citando as Escrituras para corroborar sua identidade como o Cristo. Os primeiros intérpretes bíblicos não compreenderam essa circularidade de referências: Jesus citava as Escrituras nas quais Deus falava sobre o Cristo.
Neste artigo, buscaremos compreender o significado do Cristo, a identidade de Jesus e a dinâmica circular presente na narrativa joanina.
Deus anteviu o Cristo
Talvez a maior dificuldade para as pessoas compreenderem que Jesus não pré-existiu, ou seja, que Ele não era uma espécie de Ser celestial, seja anjo ou um deus, é a capacidade que Deus tem de prever o futuro. Todas as coisas passadas, presentes e futuras estão na mente de Deus. Ele é capaz de predizer as coisas que acontecerão antes que elas realmente aconteçam. Antes de Cristo existir, Deus previu sua existência. Isso incluía seu nascimento, vida, morte, ressurreição e a glória que se manifestaria.
Leia aqui um artigo específico que explica porque Jesus não existiu antes de nascer de Maria.
Quando Jesus, que era o Cristo, estava no mundo pregando a Palavra de Deus, Ele mencionava essas profecias que antecipavam os eventos de Sua vida, faladas pelos profetas sob a inspiração divina. Um exemplo foi quando Ele se levantou na sinagoga em Nazaré e leu uma escritura do profeta Isaías que falava do Cristo. Prestem atenção: Era Jesus lendo uma profecia que falava dele mesmo. Não deixe o assunto se tornar confuso em sua mente, compreenda isso antes de continuar a leitura. Vamos ver a história completa:
E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. (Lucas 4:16-21)
Indubitavelmente, existem passagens nas Escrituras que apresentam uma complexidade maior, especialmente no Evangelho de João. No entanto, antes de nos aprofundarmos na análise do Evangelho de João, é válido examinar outras passagens bíblicas que nos mostram Jesus seguindo as profecias feitas para Si mesmo.
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? (Mateus 26:52-54)
Jesus usava as Escrituras para controlar os acontecimentos à sua volta. Ele bem poderia deixar Pedro ferir algumas das pessoas que ali estavam para prendê-Lo. Bem poderia, também, pedir a Deus muitos anjos para protegê-Lo. Ele não fez nenhuma nem outra coisa e disse: Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? Jesus se guiava pelas profecias a Seu respeito, e, ao invés de iniciar uma rebelião, seguiu em frente para cumprir o que estava escrito.
Existem vários exemplos deste tipo de acontecimento, vamos ver apenas alguns: E todos, na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira. E, levantando-se, o expulsaram da cidade, e o levaram até ao cume do monte em que a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem. Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se. (Lucas 4:28-30) Ao contrário do momento mencionado anteriormente, aqui, Jesus correndo o risco de morte, sabendo que ainda não era a sua hora, retirou-se “de fininho” por entre a multidão.
Próximo aos dias finais de sua missão, o risco de morte era maior, principalmente se subisse a Jerusalém. Até os discípulos tinham medo de morrer junto com ele: Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? (João 11:8); Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele. (João 11:16). O risco de morrer no dia não planejado por Deus aumentava. Jesus tomou providência para que isso não acontecesse:
Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem. Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali ficou com os seus discípulos. (João 11:53,54)
Quando chegou o dia de sua morte, Ele se entregou conforme diziam as profecias. Vejamos a decisão que Ele tomou cerca de três dias antes:
E, tomando consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito; Pois há de ser entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia ressuscitará. (Lucas 18:31-33)
Jesus se comportou de modo diferente em cada situação. Quando não havia chegado seu tempo, Ele fugiu; no tempo determinado, Ele prosseguiu.
Em certo momento, logo no início de seu ministério, sua mãe pediu que Ele começasse a agir, mas Ele respondeu: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. (João 2:4)
Há, ainda, outro instante importante. Quando Jesus estava celebrando a Páscoa, Ele se certificou sobre o traidor ao lavar os pés dos seus discípulos. O fato foi orientado pela profecia de Salmos 41:9. Compare com João 13:18.
De fato, o manual da vida de Jesus estava nos profetas. Ele controlava sua rotina se orientando pelas Escrituras. O que Ele fez foi seguir:
Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. (Lucas 24:26,27)
O problema da referência na narrativa
As passagens anteriormente mencionadas apresentam uma compreensão acessível. Contudo, existe uma categoria de passagens, presentes exclusivamente no Evangelho de João, que demandam um esforço adicional para serem devidamente apreendidas. Majoritariamente, essas narrativas abordam as palavras de Jesus dirigidas aos judeus acerca do testemunho das Escrituras e de Deus sobre o Messias, o qual Ele próprio era. Trata-se de um intrincado ciclo de informações que facilmente escapa à percepção do leitor inexperiente.
A fim de compreender a manifestação desse ciclo no texto de João, é essencial estabelecer de forma clara a distinção entre Jesus e o Cristo, evitando considerar o Cristo como uma entidade específica, mas sim como uma função, posição e missão. Jesus é o ser humano que nasceu de Maria, desvinculado de qualquer conexão com eventos passados. Por outro lado, o Cristo representa um conceito que denota o Ungido, isto é, a posição de autoridade ou incumbência que seria ocupada por um indivíduo libertador de Israel, uma ideia que já residia no plano divino desde a origem do mundo. Jesus é o homem de carne que nasceu de Maria, de acordo com as profecias. O Cristo, ou Filho do Homem, Filho de Deus, era a ideia que Deus concebia sobre o homem perfeito, segundo Sua imagem, desde tempos imemoriais.
Essa dissociação conceitual assume uma importância significativa, facilitando a compreensão e a clareza das passagens presentes no livro de João, nas quais Jesus proclama sua autoridade como o Cristo. A autoridade é a palavra-chave que permeia o Evangelho de acordo com João. Tudo neste evangelho converge para a afirmação da autoridade de Jesus. O Cristo, especialmente antes do nascimento de Jesus, não se caracterizava como um indivíduo específico, mas sim como a esperança, a crença, a fé de que um homem especial viria para redimir Israel. Para os judeus, o Cristo seria um homem de tremendo poder e autoridade.
Jesus não era originalmente o Cristo, mas veio a ser quando consentiu ser batizado por João e demonstrou tal fato ao triunfar sobre as tentações do diabo. Ao superar o adversário, Deus o aprovou para exercer essa função. Podemos fazer uma analogia com o processo governamental contemporâneo. Biden, Trump, Bush, Clinton, entre outros, não nasceram como presidentes dos Estados Unidos, mas assumiram a posição. De maneira semelhante, Jesus não nasceu como o Cristo, mas tornou-se. Mesmo que as profecias indicassem, foi somente quando uma voz vinda do céu proclamou: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo”, que Ele se assumiu como o Cristo.
Ao assumir essa posição e desempenhá-la, Jesus passou a enfrentar adversidades junto às autoridades judaicas. O Evangelho segundo João retrata os debates de Jesus com os judeus acerca de sua autoridade como o Cristo. Evidentemente, a posição de Cristo não poderia ser atribuída indiscriminadamente, e os judeus que tanto ansiavam por sua vinda não aceitariam um impostor, visto que depositavam elevadas esperanças nesse protagonista. Assim, Jesus defrontou-se com inúmeras dificuldades para ser aceito pelos judeus, resultando em debates acalorados e contínuos com os líderes judaicos.
As discussões e as insurgências por parte dos judeus eram exacerbadas precisamente pelas fontes de autoridade que Jesus invocava. Ele fazia constante menção às Escrituras e ao Pai. As Escrituras testemunhavam a respeito dEle, enquanto o Pai o ratificava mediante suas obras. Essas autoridades endossavam sua condição de Cristo. Contudo, os judeus não dispunham de tal certeza.
Para concluir este raciocínio, é imprescindível ressaltar que o desígnio do Cristo foi concebido por Deus nas esferas celestiais, antecedendo a própria criação do mundo. Ao longo da história de Israel, Ele revelou esses planos aos profetas, depositando em seus ombros a incumbência de comunicar tal mensagem. Todas as informações relativas a esse desígnio se encontravam nas Escrituras sagradas. Jesus, ao lê-las, compreendia que elas testemunhavam a seu respeito. Tais informações eram um reflexo dos desejos e propósitos divinos, destinados a serem concretizados na esfera terrena. Elas não se referiam a uma pessoa ou ser celestial, mas sim a uma função ou papel que seria desempenhado por um indivíduo humano na Terra.
A seguir, algumas passagens que Jesus recorre às Escrituras e a Deus como fonte de sua autoridade:
Testemunhos de Deus:
João 5:36: “Eu tenho um testemunho maior do que o de João; pois as obras que o Pai me concedeu para realizar, as mesmas obras que faço, testificam a meu respeito que o Pai me enviou.”
João 6:27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.”
João 6:38: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.”
João 8:29: “Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que lhe agrada.”
João 10:34-36: “Jesus respondeu: ‘Não está escrito na Lei de vocês: ‘Eu disse: vocês são deuses’? Se ele chamou ‘deuses’ àqueles a quem veio a palavra de Deus (e a Escritura não pode falhar), então, de quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vocês estão blasfemando porque eu disse: ‘Sou o Filho de Deus’?”
João 12:49: “Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento sobre o que dizer e sobre o que falar.”
Testemunhos das Escrituras:
João 5:39-40: “Vocês estudam diligentemente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida.”
João 13:18: “Não estou me referindo a todos vocês; conheço aqueles que escolhi. Mas esta é a finalidade de se cumprirem as Escrituras: ‘Aquele que partilhava do meu pão voltou-se contra mim’.”
João 19:28: “Depois, sabendo que tudo estava concluído, para que a Escritura se cumprisse, Jesus disse: ‘Tenho sede’.”
Essas são passagens que apresentam Jesus recorrendo às Escrituras ou a Deus como prova de que Ele era o Cristo. Em João 6:27, vemos a mais especial de todas: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou”. Selado pelo Pai quer dizer autorizado, confirmado como Cristo.
O texto bíblico joanino apresenta uma estrutura narrativa complexa. Quando os judeus questionavam a autoridade de Jesus, Ele recorria às Escrituras para justificá-la. Essas Escrituras falavam sobre o Cristo, que era o plano divino realizado na Terra através de Jesus. Jesus afirmava que o Cristo havia descido do céu e que Ele mesmo era essa figura. No entanto, isso não significava que Jesus tivesse estado no céu antes, mas sim que Deus o designara para cumprir essa função. Jesus estava simplesmente comunicando aos judeus que Ele era o Cristo prometido por Deus desde tempos antigos.
A profecia divina se concretiza em Jesus
Antes de criar o mundo e os seres humanos, Deus já sabia de tudo que ocorreria. Ele tinha em mente o modelo de comportamento que desejava para a humanidade. No entanto, Deus sabia que o homem, por si só, não seria capaz de cumprir Suas leis. Por isso, havia um plano divino para conduzir o homem à obediência, e nesse plano estava incluído o Cristo. Deus planejou as obras, a glória e os sofrimentos de Cristo desde o início. Mesmo antes de criar qualquer coisa, o Cristo já existia na mente de Deus, embora não houvesse um ser concreto com esse título.
Após criar todas as coisas, Deus começou a revelar o Cristo ao mundo. O Cristo não era uma pessoa em si, mas uma ideia, um plano, uma concepção, uma imagem que refletia o caráter de Deus. Quando Deus revelava o Cristo, estava revelando a Si mesmo. Para permitir que os seres humanos vissem o Cristo, Deus enviou Jesus. A Bíblia menciona várias vezes que devemos olhar para Jesus, pois quem O vê, vê a Deus. Da mesma forma, aqueles que se comportam como Cristo se comportam como Deus; aqueles que realizam as obras de Cristo, realizam as obras de Deus; e aqueles que possuem o espírito de Cristo, possuem o espírito de Deus.
Esse Cristo, que é a imagem de Deus, precisava encontrar um ser humano para habitar. No entanto, esse ser humano não poderia ser pecador. Pois como poderia refletir a imagem santa de Deus? Então, Deus gerou o segundo Adão, Jesus, sem pecado, e implantou nEle o Cristo. Jesus, o Cristo, é o modelo que devemos seguir. Um espelho para o novo homem, aquele que reflete a imagem de Deus.
Até atingir os trinta anos de idade, Jesus era conhecido nominalmente entre os judeus como o filho de José. Para Maria, sua mãe, era apenas seu filho. Contudo, após seu batismo e a superação das provações impostas pelo Diabo, Ele assumiu a identidade do Cristo. A partir desse ponto, Ele se tornou o homem Jesus Cristo. Sabemos que Cristo, Messias, Filho do Homem e Filho de Deus – compartilham o mesmo significado. Todos estes termos expressam aquela imagem divina construída por intermédio de ações virtuosas. Na verdade, a expressão Filho de Deus, foi aplicada a Jesus depois de levar uma vida em santidade e somente depois de sua ressurreição, conforme Romanos 1:4. Isso indica uma geração espiritual, não substancial.
Para concluir, é necessário recapitular e compreender adequadamente o que foi exposto. Cristo representa um conceito divino, a ideia concebida nas alturas celestiais, antes da fundação do mundo, de que futuramente um homem se manifestaria na Terra como um ser perfeito, em conformidade com a imagem moral de Deus. Por sua vez, Jesus foi o homem real, sem pecado, por meio do qual Deus concretizou Seu plano aqui na Terra. Jesus não existia previamente no céu, foi gerado por Deus neste mundo. Após trilhar os caminhos do Senhor, Deus transformou o ser humano Jesus no Cristo. É por essa razão que, em inúmeras ocasiões, a Bíblia menciona que Ele foi elevado, glorificado e exaltado. Portanto, Jesus não esteve no céu antes da criação do mundo, mas, atualmente, encontra-se à direita de Deus, ainda assumindo a condição humana (conforme I Timóteo 2:5).
Os trechos desafiadores do Evangelho de João são aqueles nos quais o autor explana sobre o conceito do Cristo, entrelaçando-o com Jesus. Parecem ficar ainda mais confusos quando narram as referências às profecias que mencionam Deus e ressaltam a figura do Cristo, a qual é representada por Jesus. Nessa perspectiva, temos o Filho do Homem falando sobre o Filho do Homem. No entanto, apesar da aparente confusão, não há falhas na narrativa joanina. A dificuldade surge quando os leitores não se dedicam a observar atentamente os detalhes, deixando de perceber o ciclo vicioso das referências e, consequentemente, chegando a uma conclusão equivocada de que Jesus afirmava ter vindo diretamente do céu. Na realidade, Jesus apenas enfatizava que sua autoridade vinha do céu, assim como a autoridade de João Batista. Na narrativa joanina, a profecia e a promessa de Deus se concretizam em Jesus, o homem.