É permitido instrumentos de percussão nos cultos?

A Ausência do Tamborim (tof) em 1 Crônicas 15:16: Impacto no Debate sobre Percussão na Música Religiosa

A análise da ausência do tamborim (tof) em 1 Crônicas 15:16 é crucial para o debate sobre a pertinência de instrumentos de percussão na música religiosa. O texto descreve a segunda tentativa de Davi de levar a Arca da Aliança para Jerusalém, mencionando alaúdes, liras e címbalos, mas omitindo o tof. Essa omissão é utilizada por alguns autores para defender a restrição de instrumentos de percussão, como bateria e cajon, na música religiosa contemporânea.

A mera ausência do termo “tof” em 1 Crônicas 15:16 não constitui evidência suficiente para sua proibição em contextos religiosos. É importante considerar que o objetivo do livro de Crônicas não é fornecer um inventário exaustivo de todos os instrumentos utilizados em cada cerimônia. O foco principal do livro é a história de Davi e seus sucessores, com ênfase na organização do culto e no papel dos levitas.

A primeira tentativa de transportar a Arca, relatada em 1 Crônicas 13, menciona o tof entre os instrumentos utilizados. O fracasso dessa tentativa, culminando na morte de Uzá, é frequentemente atribuído à negligência de Davi em consultar a Deus e seguir as instruções divinas para o transporte da Arca. A ênfase na segunda tentativa recai sobre a obediência de Davi às instruções divinas e a participação exclusiva dos levitas no transporte e na música.

Alguns autores argumentam que a ausência do tof na segunda tentativa demonstra uma mudança intencional, refletindo uma compreensão mais madura sobre a música adequada para o culto. No entanto, essa interpretação não encontra respaldo explícito no texto bíblico. É plausível que o tof estivesse presente na segunda procissão, mesmo sem ser explicitamente mencionado. Doukhan argumenta que a dança mencionada em 1 Crônicas 15 sugere a presença do tamborim, visto que a dança e o toque de tambores eram frequentemente associados em culturas antigas.

A presença do címbalo, outro instrumento de percussão, na segunda tentativa de transportar a Arca, enfraquece o argumento da restrição de instrumentos de percussão com base em 1 Crônicas 15:16. Embora alguns autores argumentem que o címbalo tinha uma função rítmica mais discreta, sua presença demonstra que instrumentos de percussão não eram intrinsecamente inadequados para o culto.

Doukhan observa que a presença de instrumentos como o címbalo, associados a cultos pagãos em culturas vizinhas, demonstra a capacidade de Israel de reinterpretar e adaptar elementos culturais para o culto a Deus. O mesmo processo pode ter ocorrido com o tof, sem ser explicitamente mencionado no texto bíblico.

A análise de 1 Crônicas 15:16 deve considerar o contexto histórico e literário do livro, reconhecendo suas limitações como fonte para estabelecer proibições absolutas sobre instrumentos musicais. A ausência do tamborim não constitui evidência suficiente para sua restrição na música religiosa. A Bíblia não apresenta uma proibição explícita ao tof, e sua presença em outros relatos bíblicos demonstra sua utilização em contextos de celebração e adoração a Deus.

É fundamental avaliar a função e a intenção por trás da música, e não apenas os instrumentos utilizados. A música religiosa deve ter como objetivo glorificar a Deus e edificar os fiéis, independentemente dos instrumentos específicos utilizados.

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