A Organização da Igreja

A Igreja do Novo Testamento era organizada. A Igreja funcionou de acordo com um plano definido. Ela tinha membros, eleições, oficiais, pastores, encontros regulares, ordenanças, contribuições, cartas de recomendação,...

A Igreja do Novo Testamento era organizada. A Igreja funcionou de acordo com um plano definido. Ela tinha membros, eleições, oficiais, pastores, encontros regulares, ordenanças, contribuições, cartas de recomendação, registro de viúvas e disciplina na Igreja. As Igrejas bíblicas são organizadas; elas realizam a obra do Senhor de maneira ordenada. “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1 Coríntios 14:33). O obreiro cristão que é bíblico evita o caos e a anarquia. Ele ouve as palavras do Apóstolo que disse: “Faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Coríntios 14:40).

  1. Oficiais da Igreja
  1. Anciãos.O ofício mais alto na Igreja local do Novo Testamento era o ofício de ancião. Ancião (Atos 14:23; 15:2,4,6,22,23; 16:4; 20:17; 21:18; 1 Timóteo 5:1; 2 João 1),; bispo (Atos 20:28; Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3:1,2; Tito 1:7),; presbítero (1 Timóteo 4:14; 1 Timóteo 5:17,19; Tito 1:5; Tiago 5:14; 1 Pedro 5:1; 3 João 1); supervisor (1 Pedro 5:2, somente em inglês); e pastor (Efésios 4:11; 1 Pedro 5:2,3) referem-se ao mesmo ofício na Igreja.

O ofício de ancião na Igreja do Novo Testamento é primeiro mencionado em Atos 11:30. “E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo” (Atos 11:29,30). Na primeira jornada missionária, Paulo e Barnabé “elegeram anciãos em cada igreja” (Atos 14:23). Paulo instruiu Tito que ordenasse anciãos em cada cidade. “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei” (Tito 1:5). Cada congregação tinha anciãos, e o número de anciãos quase sempre era plural.

Os edifícios das Igrejas não foram erguidos até o meio do terceiro século. Os trabalhos das Igrejas eram realizados principalmente na casa dos crentes. A Igreja de Éfeso, onde Timóteo servia, por exemplo, consistia de diversas congregações pequenas se encontrando em muitos lares. Cada congregação era supervisionada por anciãos. No litoral de Mileto, Paulo encarregou os anciãos das congregações de Éfeso: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).

As qualificações para o ofício de um ancião são listadas em 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9. “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo” (1 Timóteo 3:1-7). “Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tito 1:6-9). Pedro exortou: “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pedro 5:1-4). Cristo é o principal Pastor, Bispo, e Supervisor de Sua Igreja; os anciãos das Igrejas locais servem sob Seu governo e são responsáveis perante Ele.

A obra dos anciãos está relacionada ao ensino da Palavra de Deus e à supervisão da congregação. A habilidade para ensinar é uma qualificação necessária para o ancião. A maior diferença entre a qualificação do ancião e o diácono é que dos anciãos se exige a habilidade para ensinar, enquanto que dos diáconos não se exige. Paulo instruiu a Timóteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Timóteo 2:2). Ele disse aos anciãos de Éfeso: “apascentem a Igreja de Deus” (Atos 20:28). Ele disse que o bispo deve ser “apto para ensinar” (1 Timóteo 3:2), que ele é o “despenseiro da casa de Deus” (Tito 1:7), e que ele deve reter “firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tito 1:9). Ele se refere aos presbíteros “que trabalham na palavra e na doutrina” (1 Timóteo 5:17) e dos pastores “que vos falaram a palavra de Deus” (Hebreus 13:7). Os anciãos são despenseiros também da congregação. O trabalho deles é governar ou supervisionar o rebanho de membros. Paulo disse aos anciãos de Éfeso: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos” (Atos 20:28). Ele disse a Timóteo que os anciãos devem ser aptos para governar seus próprios lares “porque se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da Igreja de Deus?” (1 Timóteo 3:5). Ele disse: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra” (1 Timóteo 5:17). Pedro exortou: “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele” (1 Pedro 5:2). O escritor de Hebreus aconselhou: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus” (Hebreus 13:7) e “obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hebreus 13:17). Os anciãos também devem “auxiliar os enfermos” (Atos 20:35) e visitar os doentes e orar por eles (Tiago 5:14-16).

  1. Diáconos.O segundo ofício na Igreja do Novo Testamento era o de diácono. A palavra “diácono” é traduzida da palavra gregadiakonos, aquele que serve ou ministra. Os diáconos são mencionados em Filipenses 1:1 e em 1 Timóteo 3:8-13. “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos” (Filipenses 1:1). Paulo listou as qualificações para o diácono: “Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé em uma pura consciência. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1 Timóteo 3:8-13). As qualificações são as mesmas de um ancião, exceto que dos diáconos não é exigido que ensinem.

Os diáconos assistem aos anciãos na obra espiritual e temporal da Igreja. Eles servem especialmente na distribuição da caridade aos pobres e do cuidado com as necessidades temporais da Igreja. Embora os sete homens que foram escolhidos para ministrar às viúvas pobres da Igreja em Jerusalém (Atos 6:1-6) não sejam mencionados como diáconos, é possível que o ofício de diácono tenha tido início com a obra deles. Deve-se notar que Estevão e Filipe, dois dentre os sete homens escolhidos, foram importantes evangelistas. Diaconisas, que auxiliavam os diáconos em sua obra, também serviram na Igreja do Novo Testamento. Paulo descreveu Febe como uma serva (diakonos, diaconisa) da Igreja em Cencreia (Romanos 16:1). Outras possíveis alusões a diaconisas incluem: Filipenses 4:3; Romanos 16:12; 1 Timóteo 3:11.

  1. Governo da Igreja

Muitos sistemas de política ou governo da Igreja tem prevalecido entre as Igrejas na cristandade. A política da Igreja refere-se ao sistema pelo qual uma congregação local se governa mediante a autoridade de Cristo e designa a relação dessa congregação com outras congregações dentro da organização da Igreja. Política tem como foco o sistema; governo tem como foco a autoridade dentro desse sistema. Alguns grupos, incluindo os Quakers e os Irmãos de Plymouth, rejeitam todos os sistemas de governo da Igreja. Eles afirmam que o governo e organização da Igreja são desnecessários e pecaminosos. Alguns grupos que não têm uma organização externa formal, na verdade são altamente organizados na prática. Se forem reconhecidos ou não, algum tipo de organização e governo sempre existe todas as vezes que pessoas se unem para um propósito específico.

As três formas primárias do governo ou política da Igreja são a política Episcopal, a política Presbiteriana e a política Congregacional. A política Episcopal é o governo pelos bispos; a política Presbiteriana é governada pelos anciãos; a política Congregacional é o governo pelos próprios membros.

  1. A Política Episcopal.A política Episcopal é o governo da Igreja pelos bispos; na verdade, por três ordens de ministros: bispos, sacerdotes e diáconos. Os membros das Igrejas não compartilham o governo da Igreja. A maior autoridade é investida num grupo de bispos. Esse sistema sustenta que Cristo confiou o governo da Igreja a uma ordem de bispos e que hoje os bispos seguem numa “sucessão apostólica”, direta e ininterrupta desde os apóstolos até o tempo presente. Variações e modificações desse tipo de governo têm sido adotadas por muitos grupos de Igrejas.

A política da Igreja Católica Romana é o sistema Episcopal levado ao seu último grau. No Catolicismo Romano, ele se tornou um tipo monárquico de governo.

“O sistema Católico Romano pretende abranger não somente os sucessores dos apóstolos, mas também um sucessor de Pedro, de quem se diz possuir a primazia entre os apóstolos, e do qual o sucessor é reconhecido como representante especial de Cristo. A Igreja de Roma tem a natureza de absoluta monarquia, sob o controle de um Papa infalível, que tem o direito de determinar e regular a doutrina, adoração e governo da Igreja. Abaixo dele estão classes e ordens inferiores, a quem uma graça especial é concedida e de quem é a obrigação de governar a Igreja em plena submissão aos seus superiores e ao supremo Pontífice. O povo não tem voz no governo da Igreja em absoluto” (Berkhof. Op. cit., pág. 580).

  1. A Política Presbiteriana.A política Presbiteriana é o governo da Igreja pelos presbíteros ou anciãos. É feita uma distinção entre os anciãos que governam e os anciãos que ensinam. Assim como a política Episcopal se assemelha a uma monarquia secular, e a política Congregacional a uma democracia simples, a política Presbiteriana é moldada de uma forma representativa ou republicana de governo secular. A congregação local é governada por uma sessão ou consistório, que consiste do ministro ou ministros e anciãos da Igreja local. As congregações locais dentro de um certo distrito são governadas por uma assembleia conhecida como o presbitério, que consiste de todos os ministros dentro desses limites e um ancião de cada congregação (o presbitério consiste de um ministro e um ancião de cada congregação). A assembleia ou corte acima do presbitério é o sínodo, que consiste de um número igual de ministros e anciãos de cada presbitério incluídos na área governada pelo sínodo. A assembleia geral para toda a organização é composta de uma delegação igual de ministros e anciãos de cada um dos presbitérios. A política Presbiteriana tem sido adotada pelos Presbiterianos, os Reformados e algumas Igrejas Evangélicas.
  1. A Política Congregacional.A política Congregacional é o governo da Igreja feito pelos próprios membros. Toda a autoridade é investida nos membros da congregação local. Os oficiais locais são eleitos pelos membros e governam de acordo com o desejo da maioria dos membros. Cada congregação local é autônoma; ela é administrada dentro dos limites de seu próprio grupo. As congregações locais se unem em distritos ou organização geral com o propósito de cooperação no trabalho missionário. As ações do distrito e da organização geral são somente consultivas; elas não vinculam à congregação local. A Igreja local é a autoridade final nos assuntos de doutrina, adoração e governo. As denominações Batista, A Igreja dos Discípulos de Cristo, As Igrejas Cristãs Congregacionais e os Adventistas estão entre as muitas denominações que tem adotado a política Congregacional.
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PARTE VI - Eclesiologia
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